O que que é libido

O que é libido? Essa simples pergunta é, na verdade, uma das mais complexas da história da humana. Complexa porque a sexualidade e o desejo, tão reprimidos nas sociedades contemporâneas, são forças motrizes para a nossa vida. Amar, desejar, gozar, aproveitar são parte importantíssima da nossa existência e o variado conceito de libido pode nos ajudar a nos compreender melhor e compreender melhor o nosso prazer.

Nesse texto, iremos utilizar várias lentes para entender a libido e seu significado. Seja a sua observação pela perspectiva da psicanálise – e de nosso querido amigo Sigmund Freud -, seja pela lente mais fisiológica do desejo humano.

O que que é libido

A psicanálise enxerga o conceito de libido de forma ampla, como uma energia que nos faz viver e nos preservar; entretanto, conceito ganha contornos sexuais quando na fisiologia e na vida cotidiana

Se você deseja entender melhor o que é libido, acompanhe o texto até o final para entender como o nosso desejo funciona – ou às vezes, não funciona – e aproveite.

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O que é libido? – Psicanálise

O que que é libido

Sigmund Freud, criador da psicanálise, enxerga o conceito de libido como fundamental para a compreensão da existência humana. Autor abordou o conceito em diversos textos.

O conceito de libido é importantíssimo para Sigmund Freud. O inventor da psicanálise vai afirmar que a libido – centrada na vontade sexual – é uma das forças principais do id e do ego, e será o que motiva a nossa vontade de amar, viver e se proteger. Portanto, o que é alta libido? Para Freud, apenas desejo de viver.

Para o psicanalista austríaco, essa vontade seria formada justamente nas fases de descoberta do prazer – bucal, anal, oral, fálica, latente e genital – e a libido seria a forma de encontrar os prazeres relacionados a essa forma de existência.

“Chamaremos de libido a energia, considerada uma magnitude que é quantitativa (mas impossível de ser medida), que se refere aos instintos que podem estar resumidos na palavra ‘amor’. O núcleo do que consideramos como amor naturalmente consiste (e é o que comumente chamamos de amor, e geralmente sobre o que os poetas escrevem) em amor sexual e na união sexual”, afirma Freud.

“Entretanto, não é possível separar isso – o que em todos os casos compartilha o nome ‘amor’ – do amor próprio, e, por outro lado, o amor entre pais e filhos, a amizade e o amor pela humanidade em geral, bem como a devoção a objetos e ideias abstratas”, explica.

O que que é libido

A falta de libido ou o aumento da libido tem com questões psicológicas

Os nossos desejos e as pessoas que nos atraem estão originadas na infância e, segundo Freud, quase obrigatoriamente se relacionam com a nossa sexualidade e com a nossa libido. É claro que resumir a teoria do desejo da psicanálise aqui seria uma grande prepotência. Portanto, recomendamos a leitura de “O que é Psicanálise”, de Fábio Hermann, que pode te ajudar a entender os conceitos básicos da teoria freudiana.

O papel central da libido na teoria psicanalítica de Freud foi justamente o motivo de cisão entre o austríaco e seu aluno Carl Jung, fundador da escola da teoria da psicologia analítica, que afirmava que a libido transcendia a sexualidade e tinha origens variadas que, em dado momento, poderiam conter a sexualidade. Mas eu sei que você quer saber sobre o sexo.

Confira um vídeo do professor de psicologia da USP, Christian Dunker, sobre a ótica da psicanálise sobre desejo:

O que é libido? – Fisiologia

O que que é libido

A libido pode ser também descrita como uma série de fenômenos fisiológicos relacionados à questões hormonais do nosso corpo

Entretanto, existe uma parte da ciência que não olha para a libido a partir do processo psicológico, mas busca entender as motivações fisiológicas do que ocorre com a gente quando sentimos tesão. E parte do processo pode ser explicado por hormônios.

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Boa parte das pessoas que menstruam devem saber do que estamos falando: em um ciclo menstrual, é normal que existam períodos do mês em que haja mais vontade transar e períodos do mês onde a libido parece mais estacionada.

Tudo isso está relacionado com a produção de estrogênio, progesterona e, principalmente, a testosterona. A variação dessas substâncias no corpo feminino vai ditar o ritmo da sexualidade e é por isso que, para a maioria das pessoas, o período da ovulação é o pico da libido.

Em corpos testiculares, a situação acontece da mesma forma, só que com menos alterações no sistema endócrino. Apesar de parecer que não, os níveis de testosterona se alteram em ciclos diários e anuais: as ereções matinais são mais comuns por conta do pico de circulação da substância durante a manhã. Estudos também mostram que o pico sexual de pessoas com testículo é ali pelo mês de outubro.

“Os hormônios femininos, como o estrogênio, e os masculinos, como a testosterona, têm um papel preponderante para que isso [o sexo] ocorra”, afirma a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade do Hospital das Clínicas de São Paulo, à Veja.

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O que que é libido

A libido é essencial para uma vida mais saudável; falta de libido deve ser levada aos médicos e a profissionais de saúde mental

A libido ainda vai desencadear diversas substâncias como a dopamina, a endorfina e a oxitocina: esses hormônios irão liberar a sensação de prazer, a sensação de felicidade e a sensação de amor durante a relação sexual.

“Quando está em altos níveis, a dopamina produz alguns ‘sintomas’ característicos da paixão: a atenção totalmente voltada para o ser amado, o encantamento pelas suas qualidades, a preferência por só ficar ao lado do parceiro, excluindo os outros ‘candidatos’. Além, é claro, a sensação de alegria, euforia, contentamento, hiperatividade e aumento de energia”, afirma ao UOL a fisiologista Cibele Fabichak.

Por isso, uma visita ao endocrinologista para saber se seus hormônios estão bem não vai fazer mal: seja para homens ou mulheres, os hormônios justificam boa parte da libido.

“Quanto mais novidades um casal experimenta, mais sexo quer fazer e mais experiências diferentes se mostra disposto a viver. Isso tudo influencia em todos os hormônios ligados ao bem-estar, levando a um aumento da felicidade, da intimidade e da cumplicidade”, completa.

O que que é libido
O que é libido? (Foto: Oleg Magni/Pexels)

Se você é brasileiro e tem pelo menos uma rede social (incluindo o WhatsApp), provavelmente conheceu a frase “oi, razão da minha libido”. É que ela foi dita pelo jogador Neymar a Najila Trindade, em conversas bastante íntimas por mensagens divulgadas em julho de 2019, em um caso que você provavelmente acompanhou. A frase viralizou e a pesquisa “o que é libido” se tornou o termo mais buscado no Google em 2019. Entenda, então, o que é a libido:

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Desejo sexual
Libido é uma palavra que vem do latim e significa desejo ou anseio. Santo Agostinho foi o primeiro a distinguir os diferentes tipos de desejos (de conhecimento, sensual e de dominar). Atualmente, porém, é usada quase como sinônimo para desejo sexual.

Base hormonal e neurobiológica
Há uma relação direta entre a libido e a testosterona, o hormônio masculino. A oxitocina, considerada o “hormônio do amor e da felicidade”, também tem um papel importante no desejo sexual e no ato sexual em si — nos homens, ela ajuda a controlar a ereção do pênis. Finalmente, a dopamina pode mexer com a libido, sendo liberada durante a resposta sexual.

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Vai e vem
Ao longo da vida, é natural haver aumentos e diminuições da libido. As causas para isso podem ser orgânicas, psicológicas, químicas ou mesmo uma combinação de diferentes motivos. Nas mulheres, por exemplo, ela é muito influenciada pelo ciclo menstrual e pode variar de acordo com a produção de testosterona, hormônio masculino. Há teorias de que no período fértil a mulher tem aumento na libido para estimular a procriação.

Tanto em homens quanto em mulheres, a libido pode diminuir por diferentes causas, entre elas transtornos mentais, como depressão e anorexia nervosa, ou doenças como cirrose e hipogonadismo. Alguns medicamentos, estresse, ansiedade e problemas na tireoide também podem prejudicar a libido.

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Algumas doenças têm como sintoma pouco comum o aumento da libido, como a sífilis e a obsessão. Diferentes tipos de drogas também podem provocar picos de desejo sexual. E casos de aumento patológico da libido podem ser considerados vício em sexo, ou ninfomania.

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Na psicanálise
A libido também foi tema de estudos de psiquiatras e psicanalistas. Na obra de Sigmund Freud, considerado o pai da psicanálise, por exemplo, o conceito tem um papel central. Na visão de Freud, ela não está relacionada somente com a sexualidade e começaria a ser desenvolvida na infância, em fases com diferentes características. Um distúrbio nesse desenvolvimento poderia levar a transtornos mentais, segundo Freud. Já Carl Gustav Jung considerava a libido toda a energia mental do homem, numa visão parecida com a dos orientais de chi ou prana.