Quem é o dono da MercadoCar?

Mesmo em momentos de crise ou de pandemia como temos vivido, muitos empresários do varejo de auto peças não engavetaram projetos de expansão, ao contrário, colocaram em prática. Em um país como o Brasil de dimensões continentais e com tantos gargalos logísticos, predominam o transporte de passageiro e de carga, e o transporte individual. No mercado de reposição, há espaço para todos.

“Os espaços se complementam e a forma de fazer negócio vai se modificando e algumas coisas não mudam: o Brasil não tem uma catalogação padronizada de componentes, nunca teve o know how do faça você mesmo (as pessoas não têm o costume de consertar o carro), a manutenção preventiva ainda é muito baixa perto da corretiva e a questão do crédito é uma deficiência muito grande para o dono do carro”, pontua Sergio Alvarenga (foto), diretor da Alvarenga Projetos Automotivos.

Quem é o dono da MercadoCar?

Bem como grande parte das oficinas pelo seu porte não tem poder de compra junto aos distribuidores. Com isso, há uma dependência forte das oficinas em relação ao varejo de autopeças. “As oficinas precisam muito das lojas, pois elas acabam sendo a sua fiadora”, diz Alvarenga, por outro lado, com mais unidades, o varejista tem um poder de compra maior.

“Para financiar com uma margem maior, e sabemos que o varejo sempre tem uma margem maior para vender, a partir do momento em que ele tem um poder de compra grande, ele consegue dosar o preço e atende uma necessidade do mercado, que é a sua disponibilidade logística. A expansão é nesse sentido. Cada um tem o seu espaço, briga pelo mercado e vai se adaptando”, comenta Alvarenga.

Prova disso é o atacarejo. “Ele nasceu do resultado de uma transformação do mercado. O grande fabricante de peças conhecidas, que já tinha os seus distribuidores nacionais, quando lançou a sua marca própria bateu na porta dos varejistas, digamos mais estruturados, para venderem a sua marca, e o atacarejo cresceu muito em termos regionais, no Norte e no Nordeste, mas não veremos um atacarejo nacional”.

Potencial

CEO da MercadoCar, Rodrigo Carneiro (foto), especifica que no Brasil as distribuidoras somam cerca de 2.500 centrais de distribuição de autopeças, suportando 40 mil varejistas e 90 mil pontos de aplicações. “Desconheço qualquer país que tenha esse número de centrais de distribuição”. Além disso, a frota de veículos do Brasil está entre as dez maiores do mundo, o que viabiliza a atratividade desse segmento.

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“No nosso caso que estamos concentrados na Grande São Paulo, o Estado de São Paulo representa 36% da frota nacional e desse total, 60% da frota está na Grande São Paulo. É o maior mercado da América do Sul”, destaca. Atualmente, a MercadoCar tem nove lojas e duas centrais de distribuição que as abastece diariamente. A loja mais recente foi inaugurada no dia 1º de outubro, em Osasco (SP).

“O nosso plano de expansão é realmente trabalhar o maior mercado do País, que é São Paulo. Nós temos previstos os próximos passos e os endereços já estão comprados”. Entre elas, uma segunda loja em Guarulhos e mais uma na Avenida Ricardo Jafet, na zonal Sul da Capital, ambas sem data definida de inauguração.

Sobre o que define a escolha da localização, Carneiro diz que isso não é segredo para ninguém do mercado: o geomarketing, uma ferramenta que permite identificar onde estão, por exemplo, as oficinas mecânicas, qual é o perfil da frota da região, de veículos leves, pesados e de transporte coletivo.

“O que surpreende é que há muitos anos, quando ninguém falava sobre geomarketing, o Sr. Roberto (Gandra, fundador da MercadoCar) já o praticava, pontuando onde queria ter lojas e ia até o local, como faz até hoje, e fazia também muitas prospecções de mercado. Essa sensibilidade que ele tem, o geomarketing ainda não substitui”, ressalta.

Mão de obra empaca em mais expansão a DAU

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Fachada da DAU Auto Peças – Foto: Divulgação

Autopeças tem três unidades no interior de Pernambuco. A matriz fica em Pombos e as outras duas lojas, em Novo Gravatá, e em Vitória de Santo Antão esta última inaugurada em 2018. “Vendíamos muito por telefone, as entregas eram feitas de moto, e muitos clientes saíam dessa cidade e iam até a nossa matriz, que fica a 15 km de distância. Com isso, eu via a oportunidade em montar uma filial”, diz o CEO, Williams Prado.

Com a bem-sucedida empreitada, nesse ano, a unidade de Vitória de Santo Antão ganhou um prédio próprio, ao lado da antiga loja. Nos planos de Prado está expandir mais ainda, inclusive, ele já tem um imóvel na cidade de Caruaru para essa finalidade. O que o impede é a falta de mão de obra.

“Há muita dificuldade em encontrar mão de obra especializada. O gargalo para expandir é conseguir formar a equipe, o que não deveria ser. Podemos ter um estoque abarrotado de mercadoria, mas se não tiver bons vendedores, que entendam do assunto, a coisa não vai”, lamenta. A DAU opera com 70 mil itens da linha leve, utilitários, picapes e vans, nacionais e importados.

Parcerias e lojas próprias

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Na BL Autopeças, em Novo Hamburgo (RS), o primeiro formato de expansão foi o de parceria, em uma época em que mal se falava de franquias, no final dos anos de 1990. “A ideia era que usassem todo o nosso processo logístico, o nosso sistema e o nosso nome”, conta Bruno Reginatto (foto). Nasceu, assim, a primeira unidade em Sapiranga e mais adiante em Parobé, essa por uma inciativa de um ex-colaborador da matriz.

Todas elas estão localizadas no Rio Grande do Sul, bem como as quatro lojas próprias da BL. Em breve, será inaugurada a unidade em Campo Bom. “Já vendíamos bastante para essa cidade, que é vizinha de Novo Hamburgo, e entendemos que ela precisa de uma unidade própria para atender as oficinas e ter um atendimento de balcão qualificado para o público da cidade”, revela Reginatto. A BL trabalha com mais de 40 mil itens para a linha leve, picapes e utilitários, nacionais e importados.

Vitrine

Na Auto Peças Beija-Flor, na zona Sul de São Paulo, uma oportunidade foi identificada e posta em prática, conforme conta o gerente Comercial, Wagner Franco. “Nós somos um empresa de médio porte, a loja ocupa um prédio de três andares e são mais de 45 mil itens para a linha leve e utilitários. O carro-chefe sempre foi peças mecânicas, mas também temos acessórios, porém, faltava dar um pouco de atenção para essa parte”.

Percebida a necessidade de ter um braço para acessórios e com um atendimento personalizado, ao lado da loja eles criaram um showroom. “É um salão acoplado à loja. Ele é pequenininho, funciona como uma vitrine e com o potencial de mostrar tudo o que nós temos. A linha de acessório fica no segundo e terceiro andares da loja. É esse showroom que está dando vazão e projeção de crescimento justamente para esses dois andares”.

O que nas palavras de Franco é uma vitrine. “Tirando a lataria, o que pensar em acessório, da ponta do para-choque dianteiro até a ponta do para-choque traseiro, por dentro e por fora, nós temos”, afirma.

A iniciativa é também uma forma de diversificar mais. “Não sei até quando, nós vamos vender peças mecânicas, porque nos próximos 30 anos a nossa frota vai mudar muito. O que vamos vender são os mimos, os acessórios. Tem países que já anunciaram o fim da frota a combustão até 2030 ou 2050. Aqui vai demorar um pouco mais”, prevê.

Novo CD

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Nas previsões feitas no ano passado por Silvano Ramalho (foto), da Edson Autopeças, em Cuiabá (MT), a meta era abrir três novas lojas até 2022, hoje são quatro unidades, mas os planos foram postergados. O foco agora é a inauguração do novo CD, previsto para o primeiro semestre do próximo ano. “Estamos ampliando a matriz, que é uma loja CD com 1.100 m2 , e vamos mais do que dobrar de tamanho, para aproximadamente 2.500 m2 ”.

Além desse CD, Ramalho também está coordenando a construção de um CD, da Rede Âncora no Estado de Mato Grosso, o qual ele é diretor. “Estamos construindo dois CDs simultaneamente e eu estou empenhado nos dois”, afirma. Sobre os planos de abertura de mais três unidades da Edson Autopeças, diz ele. “A ideia é que elas sejam inauguradas em 2023 ou talvez até antes”, a postergação foi devido à falta de mão de obra na construção civil e o disparo do aumento de preços de materiais de construção, o que fez com ele priorizasse o CD.

Empresário estreante

Há 38 anos no setor de reposição automotiva, antes de abrir a sua primeira loja, no dia 14 de outubro deste ano, a AutoGiva Auto Peças, em Vila Velha (ES), Givaldo Soares começou como mecânico, onde atuou por cerca de vinte e oito anos, incluindo na Firmino Importadora, pioneira ao importar carros no Estado do Espírito Santo, durante o boom das importações com a abertura durante o governo Collor.

“Eu fui trabalhar lá para fazer a manutenção desses carros e acabei cuidando também da parte de peças, compras, vendas e um pouco de tudo”, recorda-se. Anos depois, a parte de peças da Firmino foi adquirida por Fabiano Massariol, da Auto Imports, e Soares foi trabalhar para ele por 20 anos. Há pouco mais de três meses, ele saiu para abrir a sua loja.

Todas essas experiências lhe deram uma grande bagagem e a escolha pela primeira unidade ser em Vila Velha tem um motivo. “Eu sou bem conhecido no Espírito Santo, no leste de Minas Gerais, em parte do Rio de Janeiro e da Bahia, mas nos últimos doze anos, eu estava na matriz da Auto Imports, em Vila Velha”.

A AutoGiva Auto Peças atuará na linha leve e vans, comercializando entre 15 mil e 20 mil itens. E Soares já faz planos para o futuro. “Sou muito conhecido pelo pessoal de oficina em Serra, onde começarei uma loja no começo de 2022, e em breve em Cariacica”, ambos são municípios do Espírito Santo.

AutoZone

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Em 2021, a AutoZone inaugurou a 50ª loja no Brasil – Foto: Divulgação

Neste ano, a AutoZone inaugurou a sua 50ª loja no País, em São Vicente, no litoral Sul de São Paulo. Incluindo as operações no Brasil, a AutoZone gera receitas de cerca de US$ 13 bilhões por ano com mais de 6.600 lojas, das quais mais de 600 estão localizadas no México e agora 50 no Brasil. A escolha de entrar no Brasil está relacionada ao tamanho do mercado local de autopeças e à aceitação do modelo de negócio pelos clientes. Hoje, o País ocupa posição de destaque entre os 10 maiores mercados automotivos do mundo e a atividade responde por 5,4% do PIB nacional.