ROBERTO DOS SANTOS Show Resumo: Palavras-chave: Sociologia. Religião. Fenômenos Sociais. Sociedade. Abstract: Keywords: Sociology, religion, social phenomena, society. 1. INTRODUÇÃO A pesquisa em Sociologia da Religião se dá de forma empírica, através de autores clássicos como Émile Durkheim, Max Weber, Georg Simmel, e outros autores que colaboram pra essa
análise como Sigmund Freud e William James. Vou me concentrar a falar um pouco sobre os Clássicos. Lembrando que, a orientação pessoal de cada sociólogo emerge de modo claro por meio das próprias definições de religião. 2. O SÉCULO XIX E A TEORIZAÇÃO DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO Para compreendermos o
surgimento de uma disciplina acadêmica dedicada, especificamente, a entender e explicar os processos sociais que envolvem as religiões, precisamos voltar às origens da sociologia. A sociologia é uma ciência tipicamente moderna, produto das grandes transformações sociopolíticas, culturais e econômicas ocorridas na Europa nos séculos XVI e XVII. O longo processo histórico de constituição da Modernidade culmina no século XIX com a instauração de um novo modelo de sociedade, regido por valores
burgueses, por arranjos sociais e políticos condizentes com as novas formas de organização do sistema produtivo e, consequentemente, das relações sociais. A ascensão de uma nova classe social – a burguesia – tem como resultado a perda de poder dos monarcas e senhores feudais. O desenvolvimento das cidades, acelerado pela Revolução Industrial, transforma camponeses e artesãos em operários. A forma capitalista de produzir os bens necessários à vida substitui a economia fundada nas relações
familiares. O tempo da enciclopédia – “das ciências, das artes e dos ofícios”. E “dos esforços do espirito humano em todos os seus gêneros” – substitui o universo da “Summa”, em que Deus era o principio e o fim, e cujos selos a teologia guardava. A revolução da sociedade que sacode o Ocidente cristão de 1775 a 1818 não é senão urna peripécia, um entusiasmo da historia diante desta revolução da consciência e inteligência. (Poulat, É. Liberté, laïcité, p. 391). O sentido religioso da vida e da sociedade dá lugar a uma visão racionalizada e secularizada. Afirmam-se a liberdade de pensamento e a autonomia da consciência. Trata-se de uma verdadeira revolução do pensamento, “a emergência de novas formas de pensar, uma reestruturação das grandes evidencias que,
durante muito tempo, haviam animado a sociedade ocidental e fundado sua unidade cultural” (POULAT, 1987). O pensamento mítico-religioso, em um processo lento, mas inexorável, é pouco a pouco substituído pelo calculo racional do pensamento das luzes. Octavio Ianni fala do “destino trágico” dos seres humanos obrigados a confrontar-se, na modernidade, com si próprios, prescindindo de Deus (IANNI, 1989, p. 20). 3. A SOCIOLOGIA APLICADA A RELIGIÃO Desde o seu início, a sociologia interessa-se pela religião. Poder-se-ia mesmo dizer que, no limite, nasce como sociologia da religião, na medida em que, ao se propor entender a sociedade de maneira
científica, a sociologia confronta-se imediatamente com o fato religioso. Os fundadores da sociologia – Marx, Durkheim e Weber – ocuparam-se, em graus diversos e de maneiras diferentes, da religião. Não para discutir a veracidade de suas afirmações teológicas, mas porque entendê-la era fundamental para compreender a sociedade moderna. Dá-se, então, uma profunda ruptura. A fragmentação da ciência e a constituição de campos especializados do saber abalam a pretensão totalizante da filosofia e da
teologia. A ciência toma a religião como seu objeto. Ela é “confinada” a um campo. Torna-se objeto da investigação de um campo do conhecimento alheio e “liberto” da religião: as ciências sociais. 4. TAREFAS DA SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO Negativamente, podemos dizer que não é tarefa da sociologia ocupar-se da religião “em si mesma”. O que está em questão para o sociólogo da
religião são as relações entre religião e processos sociais. Neste sentido, uma das tarefas definidoras do trabalho da sociologia da religião é identificar as origens e as funções sociais dos mitos, das doutrinas e dos dogmas religiosos. Essa tarefa realiza-se em três dimensões. A primeira delas é a compreensão do papel da religião nas diferentes sociedades e culturas. A segunda, a análise do significado e do impacto da presença e da força das religiões no correr da história humana. E,
finalmente, a identificação das forças sociais que modelam as religiões, por um lado, e o reconhecimento do papel das religiões na transformação dos processos sociais, por outro. 5. OS TEÓRICOS DA SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO Para Marx, Weber e Durkheim, a religião apresentou-se como um problema a ser analisado para se entender a sociedade. Abordaram diferentemente a questão da possibilidade da ordem social nas sociedades modernas, cujas bases são a legitimidade e a extensão de direitos e interesses individuais. Como pode a sociedade manter-se coesa, se o seu centro passou da
comunidade ao indivíduo? Em seu famoso livro Comunidade e sociedade, Tonnies havia proposto a forma comunitária como própria das sociedades tradicionais e a societária como a forma organizacional especificamente moderna. Ora, se a religião organizava os laços comunitários e garantia a coesão, agora é em torno da figura do indivíduo que os laços sociais se tecem. O que acontece, então, com a religião? E com a sociedade que prescinde dela? Nossos três autores concordam em que as religiões são
importantes elementos na construção dos laços sociais. Mas diferem na consideração do quanto o são e de que forma. 6. A FUNDAMENTAÇÃO FEMINISTA CRÍTICA DA SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO Pode-se afirmar que, no século XX, o feminismo alterou profundamente as práticas sociais e políticas, os padrões culturais correntes e as formas do conheci- mento humano. Entre os campos que sofreram de maneira intensa o impacto das ideias feministas está o religioso, seja pelas mudanças provocadas nas práticas religiosas das mulheres, seja pela influência sobre o desenvolvimento de um novo discurso – a teologia
feminista. Os efeitos da crítica feminista às religiões, especialmente ao cristianismo no Ocidente e ao islã, no Oriente, foram dos mais contraditórios: do abandono de qualquer fé religiosa pelas mulheres à criação de espaços feministas de espiritualidade de vários tipos, expressando uma enorme criatividade, inclusive com a reinterpretação de textos tidos por sagrados, como a Bíblia e o Corão. Começaram a rever sua conclusão de que a religião contribuía inevitavelmente para a subordinação das mulheres. O movimento de espiritualidade das mulheres e as teologias da libertação feministas sugeriam que as ideias religiosas retrabalhadas podiam ser mais uma fonte de empoderamento das mulheres do que de sua subordinação. Entretanto, o consenso sobre a mutabilidade das religiões e seu papel potencialmente liberador é consideravelmente menos desenvolvido entre feministas do que entre estudantes de religião e política. Grande parte da teoria feminista ainda duvida da capacidade de um movimento iniciado em uma igreja dominada por homens emancipar as mulheres. (DROGUS, 1997, p. 1-11). Na avaliação de Rita Gross, apesar do domínio histórico dos homens no campo dos estudos da religião, as estudiosas feministas foram bem-sucedidas em seus esforços para estabelecer uma presença respeitada e influente. Assim como a prática religiosa foi transformada pelas feministas, também o fora m os estudos acadêmicos da religião. Todas as áreas dentro dessa disciplina fora m afetadas pelos métodos feministas, dos estudos bíblicos ao estudo com parado das religiões. (GROSS, 1996, p. 45). Levantando rapidamente a história dessa área de estudos, Gross cita o primeiro encontro de teólogas e especialistas em estudos das
religiões, em junho de 1971, nos Estados Unidos. Dessa reunião saiu uma serie de propostas com o objetivo de estabelecer uma agenda específica – painéis, conferências, papers – que tratasse da temática “mulheres e religião”, na American Academy of Religion (AAR) e na Society for Biblical Literature (SBL): duas das mais influentes associações profissionais nesse campo de estudos. Como resultado da atuação política dessas acadêmicas, uma mulher, Christine Dowing, é eleita presidente da AAR.
Estabelece-se uma rede de contatos entre essas acadêmicas, com efeitos positivos sobre o desenvolvimento de suas carreiras, na teologia ou nos estudos de religião. Tentar contribuir […] para a elucidação da lógica social que preside a estruturação dessas atitudes e desses comportamentos religiosos ditos “femininos”. Lógica social que a ideologia dominante – servida em primeiro lugar pelo discurso oficial das instituições religiosas – oculta e reforça, imputando tais atitudes e comportamentos à ordem eterna da natureza, identificada à vontade divina, e que define para a mulher uma vocação específica. (Hervieu-Léger, 1980, p. 1). A explicação dada por Hervieu-Léger ao título escolhido para o colóquio – religião e opressão das mulheres – é reveladora do tipo de análise proposto: Trata-se de uma tomada de posição metodológica [sublinhado no original] que engajava a problemática deste colóquio. Poder-se-ia ter proposto “As mulheres e a religião”; não fazê-lo era recusar a ideia de uma relação homogênea das mulheres com a religião, relação que procederia de uma suposta “natureza feminina”; era excluir a hipótese de uma religiosidade feminina inscrita em alguma parte […] na estrutura biopsíquica das mulheres; era romper com o pressuposto que toma como um fato da natureza o que nós tentamos compreender como fato social. (Hervieu-Léger, 1980, p. 1). Esse tipo de abordagem teórico-metodológica permitiu interrogar as religiões do ponto de vista das relações sociais entre os sexos, ou de gênero. Algumas pesquisas empíricas foram dedicadas a dissecar as formas pela quais crenças, práticas e representações religiosas contribuem, seja para a
reprodução da desigualdade entre mulheres e homens, seja para sua transformação. Em todos os campos de estudo das religiões, uma das questões fundamentais passou a ser a compreensão da maneira pela qual atividades simbólicas – crenças, ritos e discursos religiosos -, que parecem escapar à diferenciação colocada pelo gênero, são, na verdade, moldadas por sua ação. A preocupação de pesquisadoras femininas tornou-se, assim, mostrar como as religiões apresentam-se em uma realidade social e
histórica, atravessadas e conformadas pelas relações de gênero. Suas pesquisas mostraram haver evidência sociológica de que mulheres e homens interpretam símbolos religiosos diferentemente, confirmando hipóteses que propõem o gênero como mediador da experiência religiosa. 7. OS TEMAS ATUAIS DA SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO E OS ESTUDOS BRASILEIROS NO CONTEXTO CONTEMPORÂNEO Não é tarefa simples fazer, de forma rápida e sintética, um balanço dos temas de que se tem ocupado a sociologia da religião contemporaneamente. Um bom parâmetro para se
aquilatar a multiplicidade das questões que ocupam os cientistas sociais da religião são as conferências da Sociedade Internacional de Sociologia das Religiões/SISR. Realizadas a cada dois anos, essas reuniões organizam-se em torno de uma temática específica. Algumas das temáticas já abordadas são: a regulação do corpo e das concepções da natureza próprias a diferentes tradições religiosas, no cruzamento com problemáticas transversais, como ecologia, desenvolvimento da ciência; etnias,
coexistência e choque cultural no contexto das migrações; aceleração dos processos de mudança e a dinâmica da transmissão religiosa às novas gerações de crentes. BOLOGH, Roslyn W. Love or greatness; Max Weber and masculine thinking – A feminist inquiry. London: Unwin Hyman, 1990. DROGUS, Carol. Women, religion, and social change in Brazil’s popular church. Notre Dame: University of Notre Dame Press, 1997. ERICKSON, Victoria Lee. Where silence speaks; feminism, social theory and religion. Minneapolis: Fortress, 1993. FALK, Nancy Auer & Gross, Rita. Unspoken words: women’s religious lives. Belmont: Wadsworth Press, 1989. GIDDENS, Anthony. Em defesa da sociologia; ensaios, interpretações e tréplicas. São Paulo: Unesp, 2001. GROSS, Rita M. Feminism & religion; na introduction. Boston: Beacon Press, 1996. HERVIEU-LÉGER, Daniele et al. Oppression des femmes et religion. Colloque de l’ Association Française de Sociologie Religieuse. Paris: Centre d’Etudes Sociologiques, 1980. HERVIEU-LÉGER, Danièle. Vers um nouveau Christianisme? Introduction à la sociologie du christianisme occidental. Paris: Cerf, 1986. _______________& WILLAIME, Jean-Paul. Sociologies et religions; approches classiques. Paris: PUF, 2001. IANNI, Octávio. A sociologia e o mundo moderno. São Paulo: USP, 1989. MARIZ, Cecília. A sociologia da religião de Max Weber. In: TEIXEIRA, Faustino (org.). Sociologia da religião; enfoques teóricos. Petrópolis: Vozes, 2003. MERNISSI, Fatima. Sexe idéologie islam. Paris: Tirece, 1983. MONTERO, Paula. Religiões e dilemas da sociedade brasileira. In: MICELI, Sergio (org.). O que ler na ciência social brasileira. São Paulo/Brasília: Sumaré, ANPOCS/CAPES, p. 237-286, v. 1 Antropologia, 1999. PIERUCCI, Antônio Flávio. Sociologia da religião – Área impuramente acadêmica. In: MICELI, Sergio (org.). O que ler na ciência social brasileira. São Paulo/Brasília: Sumaré, ANPOCS/CAPES, p. 237-286, v. 1 Antropologia, 1999 ________________. O desencantamento do mundo; todos os passos do conceito Marx Weber. São Paulo: Editora 34, 2003. POULAT, Émile. Liberté, laïcité; la guerre des deux France et le príncipe de la modernité. Paris: Cerf/Cujas, 1987. SHARMA, Arvind (ed.). Women in world religions. New Work: University of New York Press, 1987. VEILLETTE, Denise. Introductions, hiérarchisation social des sexes, occultation des femmes et appropriation masculine du sacré. In: VEILLETTE, Denise (dir.). Femmes et religions. Québec: Corporation canadienne des Sciences Religieuses/Les Presses de l’Université de Laval, p. 1-40, 1995. Qual é a importância da religião para os povos antigos e atuais?É inegável a grande contribuição para o desenvolvimento humano, a partir disto, compreendemos que as religiões podem ser um significativo movimento em busca da harmonia, paz, progresso e dignidade humana.
Qual a importância da religião para um povo?A religião permite conhecer o local onde as pessoas vivem seus valores em uma cultura. Ela é influenciada pela cultura, mas ela também influencia a cultura daqueles que vivem em seu entorno. A religião permite um conhecimento maior dos valores que envolvem uma dada sociedade, principalmente seus valores éticos.
Qual a importância da religião para as civilizações antigas?Resposta. A religião era e ainda é uma forma de explicar por que existimos e qual o nosso papel no universo, ela foi utilizada tanto para a dominação de outros povos e tanto para a interpretação e justificativa de nossa existencia e papel no universo!
Qual era a religião dos povos antigos?Na antigüidade, para ser considerado ateu bastava que alguém despre- zasse os costumes religiosos. A religião estava vinculada estreitamente a Polis, à vida cívica e social da cidade. Quem se negava ao culto religioso excluía-se da comunidade, e, sendo ateu, era considerado prejudicial à sociedade.
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