Qual a espécie de Plasmodium responsável pela maioria dos casos fatais de malária na Amazônia brasileira?

Índice

  • 1 Definição
    • 1.1 Morfologia:
  • 2 Epidemiologia da malária
  • 3 Fisiopatologia da malária
    • 3.1 Patogenia básica:
  • 4 Quadro clínico da malária
    • 4.1 Malária não complicada
    • 4.2 Malária complicada:
      • 4.2.1 Manifestações clínicas e laboratoriais indicativas de malária grave e complicada
  • 5 Diagnóstico da malária
  • 6 Tratamento da malária
    • 6.1 Drogas antimaláricas:
  • 7 Mapa mental
    • 7.1 Autores, revisores e orientadores:
    • 7.2 Posts relacionados:

Definição

A Malária é uma doença infecciosa febril aguda, causada por protozoários transmitido pela fêmea infectada do mosquito Anopheles, ou seja, é uma doença infecciosa não contagiosa.

A Malária pode ser causada por 4 principais espécies de Plasmodium, dispostas a seguir, por ordem de letalidade:

  • Plasmodium falciparum – Responsável pela maioria dos casos fatais de malária;
  • Plasmodium vivax– A espécie mais frequente no Brasil;
  • Plasmodium ovale – Não há relatos de casos autóctones no Brasil;
  • Plasmodium malarie (malariae).

Morfologia:

É bastante variada, tendo em vista a grande diversidade de formas evolutivas e de localidades que podem habitar, seja no hospedeiro vertebrado seja no hospedeiro invertebrado.

Essas variações podem ser sintetizadas de acordo com a seguinte tabela:

Qual a espécie de Plasmodium responsável pela maioria dos casos fatais de malária na Amazônia brasileira?
Qual a espécie de Plasmodium responsável pela maioria dos casos fatais de malária na Amazônia brasileira?
Fonte: Centers for Disease Control and Prevention
  • Sobre o vetor: São mosquitos Dipteros, da família Culicidae e subfamília anophelinae, sendo que a principal espécie é o Anopheles darlingi, conhecido como mosquito PALHA. O mosquito é chamado de hospedeiro invertebrado, pois nele também ocorre reprodução sexuada.  

Epidemiologia da malária

A Malária é a sexta colocada entre as principais causas de morte no mundo, sendo a primeira entre as doenças infectoparasitárias, mesmo sendo uma doença tratável.

Não existem mecanismos de prevenção completamente eficientes (como a vacinação), dessa forma, qualquer pessoa está sujeita a contrair malária, especialmente nas REGIÕES ENDÊMICAS, onde há grande concentração de vetores e de pessoas infectadas.

A nível global, a Malária está presente em mais de 90 países, embora com prevalência diferente, sendo que os mais comprometidos são Índia, Brasil (cerca de 300 mil casos/ano), Afeganistão e países asiáticos, incluindo a China.

Ou seja, de acordo com o CDC, a Malária ocorre principalmente em áreas economicamente desfavorecidas, tropicais e subtropicais do mundo, conforme ilustra o mapa abaixo. Isso porque aspectos climáticos estão diretamente correlacionados com a reprodução e disseminação do vetor.

Qual a espécie de Plasmodium responsável pela maioria dos casos fatais de malária na Amazônia brasileira?

No Brasil, a maioria (cerca de 99%) dos casos de malária se concentra na Região Amazônica, composta pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Na região extra-Amazônica, composta pelas demais unidades federativas e o Distrito Federal, apesar das poucas notificações (responsável por 1% do total de casos notificados no Brasil), a doença não pode ser negligenciada, pois se observa uma alta letalidade que chega a ser 128 vezes (dado preliminar de 2019) maior que na região Amazônica.

Um dos fatores que influencia esses dados é o seguinte: INDIVÍDUOS QUE TIVERAM VÁRIOS EPISÓDIOS DE MALÁRIA PODEM ADQUIRIR UMA IMUNIDADE PARCIAL, apresentando sintomas leves ou ausentes em casos de novas infecções

Fisiopatologia da malária

Qual a espécie de Plasmodium responsável pela maioria dos casos fatais de malária na Amazônia brasileira?

Centers for Disease Control and Prevention: https://www.cdc.gov/parasites/malaria/index.html

Período de incubação: Varia de acordo com a espécie de plasmócito, da seguinte forma:

  • P. falciparum: de 8 a 12 dias;
  • P. vivax: 13 a 17 dias;
  • P. malariae: 18 a 30 dias;

Período de latência: Os esporozoítos P. vivax e P. ovale podem originar HIPNOZOÍTOS (“formas dormentes”) latentes no fígado, que provocam as recaídas da doença dentro de 3 a 9 semanas após o tratamento.

Período de transmissibilidade: Caso não sejam adequadamente tratados, pacientes infectados por P. vivax ou P. malarie podem permanecer com capacidade infectante para o mosquito por até três anos, já no caso de P. falciparum esse período é de 1 ano;

Patogenia básica:

Um dos pilares que determina a gravidade da Malária é a DESTRUIÇÃO DOS ERITRÓCITOS com a liberação de CITOCINAS, podendo levar a um possível quadro de toxicidade.

Assim, a sintomatologia clássica está diretamente correlacionada com os acessos maáricos, que ocorrem em períodos regulares. É válido ressaltar que esses acessos nem sempre são regulares, especialmente nas áreas endêmicas, quando as chances de infecção por diferentes espécies de plasmodiun são maiores.

Os acessos maláricos: Os picos febris dos acessos maláricos estão relacionados com a finalização do Ciclo Esquisogônico do parasita, com consequente rompimento das hemácias e liberação de seu conteúdo. Sendo dividido nas seguintes fases:

  • Fase 1: apresenta início súbito e é marcada por uma intensa sensação de frio e calafrios (condizentes com a elevação da temperatura), tremores incontroláveis, náuseas, vômitos, palidez e “pele fria”, sendo que a duração média está entre uma a duas horas.  
  • Fase 2: ocorre no pico de temperatura (39-41º C), e se manifesta através de um calor intenso, rosto afogueado, delírios, náuseas e vômitos, com duração entre duas a oito horas.
  • Fase 3: marcada pela queda da temperatura, com presença de sudorese abundante, “sensação de alívio”, prostração e sono. A duração média é de cerca de três horas.

Todos os paroxismos são acompanhados por cefaleia, mialgias, náuseas e vômitos.

O intervalo de tempo entre os picos febris depende da espécie de plasmódio causadora da infecção.

Pigmento malárico: eles ocorrem devido a ruptura das hemácias, sendo formados por produtos oriundos do metabolismo do parasito, mais especificamente pela HEMOZOÍNA, um composto altamente tóxico.  Esse composto é liberado na corrente sanguínea e se deposita em alguns órgãos, onde desencadeia uma série de respostas do organismo, justamente por conta de sua toxicidade.

Quadro clínico da malária

De maneira geral, a patogenia da malária permite sua distinção em duas categorias:

Malária não complicada

Pode ser causada por todas as espécies de plasmódio, com exceção de P. falciparum. Nesses casos os acessos maláricos estão associados a anemia (devido a ruptura dos eritrócitos).  Além disso, podem apresentar vômitos e intensa debilidade em decorrência desses acessos.

Recapitulando sobre os acesos maláricos: A crise aguda da malária caracteriza-se por episódios de calafrio, febre e sudorese. Tem duração variável de 6 a 12 horas e pode cursar com temperatura igual ou superior à  40º C. Contudo, nem sempre se observa o clássico padrão de febre a cada dois dias (terçã). Portanto, não se deve aguardar esse padrão característico para pensar no diagnóstico de malária.

Em geral, os paroxismos são acompanhados por cefaleia, mialgia, náuseas e vômitos.

Malária complicada:

Causada essencialmente pelo P. falcipaum, ou seja, é a forma mais grave da doença.

O grupo de risco é constituído por grávidas e crianças menores de 5 anos, para os quais a doença geralmente é fatal;

Essa forma da doença é marcada por uma GRANDE deposição de HEMOZOÍNA nos tecidos, assim como pelo SEQUESTRO CAPILAR DE ERITRÓCITOS, agravando o quadro geral dos acometidos e aumentando a probabilidade de comprometimento cerebral;

Manifestações clínicas e laboratoriais indicativas de malária grave e complicada

Manifestações clínicas

  • Dor abdominal intensa (ruptura de baço, mais frequente em P. vivax);
  • Mucosas amareladas, icterícia (não confundir com mucosas hipocoradas);
  • Mucosas muito hipocoradas (avaliada fora do ataque paroxístico febril) ;
  • Redução do volume de urina a menos de 400 mL em 24 horas;
  • Vômitos persistentes que impeçam a tomada da medicação por via oral;
  • Qualquer tipo de sangramento;
  • Falta de ar (avaliado fora do ataque paroxístico febril);
  • Extremidades azuladas (cianose);
  • Aumento da frequência cardíaca (avaliar fora do acesso malárico);
  • Convulsão ou desorientação (não confundir com o ataque paroxístico febril);
  • Prostração (em crianças);
  • Comorbidades descompensadas.

Manifestações laboratoriais

  • Anemia grave;
  • Hipoglicemia;
  • Acidose metabólica;
  • Insuficiência renal;
  • Hiperlactatemia;
  • Hiperparasitemia (> 250.000/mm3 para P. falciparum).

Diagnóstico da malária

O diagnóstico exato da Malária só é possível pela demonstração do parasito ou de antígenos relacionados, no sangue periférico do paciente, pelos seguintes métodos de diagnósticos:

  • Gota espessa: esse é um método simples, eficaz, de baixo custo e de fácil realização, sendo o método de escolha no Brasil e considerado padrão ouro pela OMS. Sua técnica baseia-se na visualização do parasito por meio de microscopia óptica, após coloração pelo método de Walker, permitindo a diferenciação específica dos parasitos, a partir da análise da sua morfologia, e dos seus estágios de desenvolvimento encontrados no sangue periférico.

A determinação de densidade parasitária é uma ferramenta extremamente útil para a avaliação prognóstica dos pacientes;

  • Esfregaço delgado: Possui baixa sensibilidade, porém, este método permite, com mais facilidade, a diferenciação específica dos parasitos a partir da análise de sua morfologia e das alterações provocadas no eritrócito infectado, tendo, portanto, grande relevância epidemiológica;
  • Teste rápido (Testes de diagnósticos Rápidos – TDR): são testes imunocromatográficos (trocar por -> Baseiam-se na detecção de antígenos dos parasitos por anticorpos mono e policlonais, que são revelados por método imunocromatográfico)

Representam novos métodos de diagnóstico rápido de malária e são realizados em fitas de nitrocelulose contendo anticorpo monoclonal contra antígenos específicos do parasito. São extremamente úteis para a confirmação diagnóstica, no entanto seu uso deve ser restrito a situações nas quais não é possível a realização dos demais testes.

No Brasil, conforme recomendações do PNCM, deve-se priorizar o uso dos TDRs em localidades onde o acesso ao diagnóstico microscópico é dificultado por distância geográfica ou incapacidade local do serviço de saúde (região extra-amazônia).

Comercialmente estão disponíveis em kits que permitem diagnósticos rápidos, entre 15 e 20 minutos

  • Técnicas moleculares: As técnicas moleculares mais utilizadas para o diagnóstico da malária são o Nested PCR ou PCR convencional e o PCR em tempo real. No entanto, em virtude do custo elevado, da necessidade de infraestrutura e mão de obra especializada seu uso ainda é restrito a laboratórios de referência. 

Tratamento da malária

Os principais objetivos do tratamento para Malária são: 

  • Interrupção da esquizogonia sanguínea: responsável pela patogenia e manifestações clínicas da infecção;
  • Destruição das formas latentes do parasito no ciclo tecidual (ou seja, os HIPNOZOÍTOS), com atenção especial para infecções sabidamente causadas por P. vivax ou P. ovale, evitando assim as recaídas;
  • Interrupção da transmissão do parasito, pelo uso de drogas que impedem o desenvolvimento de formas sexuadas dos protozoários (ou seja, os gametócitos), findando o ciclo.

Para esses fins, os seguintes esquemas terapêuticos podem ser utilizados: 

Drogas antimaláricas:

  • Cloroquina (embora algumas cepas de P. falciparum já apresentem resistência);
  • Derivados de Artemisinina;
  • Quinina;
  • Quinina associada a Clindamicina;
  • Primaquina- embora essa seja a droga de escolha para o tratamento de infecções causadas por algumas espécies, é contraindicada para gestantes e crianças com idade inferior a seis meses.

É válido ressaltar que o esquema terapêutico é bastante variado, dependendo de inúmeros fatores, como a faixa etária dos hospedeiros, a espécie dos patógenos e a disponibilidade das drogas;

  • Controle de cura: deve ser realizado em TODOS os casos de malária, especialmente quando sabidamente causada por P. falciparum. Essa medida objetiva observar a redução progressiva da parasitemia, verificar a eficácia do tratamento, bem como monitorar possíveis recaídas;

É realizado pela LVC (lâmina de verificação de cura), através de um esfregaço sanguíneo, que deve ser realizado com a seguinte periodicidade:

  • P. falciparum: 3, 7, 14, 21, 28 e 42 dias após o início do tratamento;
  • P. vivax ou mista: 3, 7, 14, 21, 28, 42 e 63 dias após o início do tratamento;

Mapa mental

Qual a espécie de Plasmodium responsável pela maioria dos casos fatais de malária na Amazônia brasileira?

Autores, revisores e orientadores:

  • Autora: Beatriz Camargo Gazzi – @beatriz_gazzi
  • Revisor: Ayrton Kenji Kaji – @kenjikaji
  • Orientadora: Dra. Maria Stella Amorim da Costa Zöllner 

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Qual o principal vetor da malária na Amazônia?

Em um dos resultados, Chaves mostrou que as mudanças causadas pelo homem na vegetação da Floresta Amazônica diminuíram a biodiversidade de mosquitos e levaram o anopheles (Nyssorhynchus) darlingi a se tornar o principal vetor da malária na Amazônia, aumentando o risco de transmissão da doença.

Quais são as principais espécies causadoras de malária no Brasil?

No Brasil, três espécies estão associadas à malária em seres humanos: P. vivax, P. falciparum e P. malariae.

Qual a principal espécie de Plasmodium causador de malária do Brasil?

Agente Etiológico No Brasil, as espécies Plasmodium vivax, Plasmodium falciparum e Plasmodium malariae apresentam maior importância epidemiológica nos casos de malária em humanos. O Plasmodium ovale está restrito a determinadas regiões do continente africano e a casos importados de malária no Brasil.

Qual tipo de malária mais comum no Brasil?

No Brasil, a principal forma da doença é a vivax, mais branda, que oferece pouco risco de morte, ao contrário da forma mais comum nos países africanos. Por aqui, 99% dos casos são registrados na Amazônia.