As células brancas do sangue são conhecidas como leucócitos e são responsáveis pela defesa de nosso corpo. Elas formam um exército, indo para os sítios de infecção onde lutam contra partículas estranhas, bactérias, por exemplo. Os neutrófilos formam um
subgrupo de leucócitos que representam a primeira linha de defesa de nosso exército. O número dos neutrófilos normalmente aumenta quando há uma infecção em alguma parte do corpo. Quando estas células têm um número reduzido, chamamos este estado de neutropenia. Estas células, como todas as células do sangue, são originadas de células-tronco pluripotentes presentes na medula óssea, que vão amadurecendo e se diferenciando sob influência de fatores de crescimento específicos. Os
neutrófilos considerados maduros (bastonetes e segmentados) são “soldados” que conseguem exercer seu papel plenamente. Os demais neutrófilos (mielócitos, prómielócitos, metamielócitos), considerados imaturos, conseguem exercer sua função apenas parcialmente e são liberados na circulação apenas em situações especiais. Exemplos comuns de situações que liberam células imaturas na circulação são as infecções graves. Neutropenia existe
quando a contagem de neutrófilos maduros (soma dos bastonetes e segmentados) é inferior a 1.500/mm3. O paciente neutropênico está mais predisposto a adquirir infecção, seja por bactérias ou por fungos. Existem três classificações de gravidade da neutropenia, baseado na contagem absoluta de neutrófilos, e o risco de infecção é maior quanto menor for a contagem de neutrófilos:
Causas de neutropenia:Alguns grupos populacionais podem ter, normalmente, uma contagem mais baixa de neutrófilos, como afrodescendentes e pacientes com neutropenia benigna crônica. Estes grupo não costumam apresentar infecção, apesar de níveis baixos de neutrófilos. No entanto, uma variedade de doenças pode causar neutropenia, que podem ser classificadas em:
Algumas vitaminas ajudam a produzir os neutrófilos no corpo. Ácido fólico, vitamina B12 e cobre são exemplos. Está relacionada a pacientes que são vegetarianos estrito, que fizeram cirurgia de redução de peso (bariátrica) e não tomam seus suplementos, e em algumas doenças, como a anemia megaloblástica. Nestes casos, os níveis de uma ou mais vitaminas estão baixos. A neutropenia isolada ocorre frequentemente como uma reação a medicamentos e é um efeito colateral importante da administração de quimioterapia e radioterapia. Os neutrófilos (e seus precursores) estão constantemente sendo produzidos e têm uma vida útil curta. Isso os torna muito sensíveis a estes tratamentos. Para a maioria dos agentes quimioterápicos, as contagens dos elementos do sangue atinge seu ponto mais baixo (chamado nadir) 8-10 dias (algumas pessoas dizem 7-14 dias) após o quimioterapia. Mas isso pode variar de acordo com o tipo de medicação utilizada, onde a recuperação pode ser mais demorada. Neutropenia induzida por radiação (radioterapia) está associada à quantidade de exposição e se o local irradiado é uma área de produção da medula óssea (exemplo: esterno, crânio, bacia). Pacientes que foram neutropênicos em um ciclo anterior de quimio ou radioterapia têm alto risco de apresentar neutropenia em todos os tratamentos subseqüentes. Cada vez que um paciente recebe um ciclo de quimioterapia ou uma rodada de radiação, o risco de neutropenia aumenta. Existem inúmeras causas de queda de todos os elementos figurados do sangue, situações que chamamos de pancitopenia, e todas podem causar neutropenia. O risco de infecção associada à neutropenia aumenta quando associada a idade avançada, desnutrição, vários tratamentos ou tratamentos prolongados, aplicação simultânea de outros medicamentos (como antibióticos ou esteróides). Fatores de crescimento mielóides (estimuladores de colônia), como o G-CSF (filgrastim) podem ser úteis para encurtar o tempo da neutropenia associada à quimioterapia. O acontece se estou com neutropenia e tenho febre?A febre, quase sempre, indica a presença de infecção, que, se não tratada imediatamente, pode ser fatal. Tomar remédios contra a febre (antitérmicos) só vai mascarar o quadro e atrasar o tratamento adequado. Mesmo não havendo febre, a presença de tosse, inchaço, dor ou vermelhidão em algum local, tais como região perianal ou seios da face, dor de garganta ou ao urinar, ou a presença de diarréia podem ser sinais de infecção. “Prevenção vale a pena “
O que são as “precauções para neutropênicos”Este é apenas um lembrete para:
O que é feito quando o paciente apresenta infecção e está com neutropenia?Ao primeiro sinal de infecção, o médico deve ser informado para que possa obter culturas de sangue e de urina, radiografia de tórax, dentre outros exames. Além disso, se a neutropenia é importante, um antibiótico deverá ser iniciado imediatamente, sendo corrigido posteriormente, quando os resultados dos exames estiverem prontos, o que pode demorar de 2h a 5 dias. Esta é uma situação onde o início de antibiótico é verdadeiramente uma ordem prioritária, pois se trata de uma emergência com real risco de vida. Sim, estamos mais cuidadosos com o uso de antibiótico de largo espectro (devido a abuso de antibióticos e a onda de infecções resistentes aos antibióticos), mas esses pacientes são uma exceção a isso. Eles não têm o tempo de espera, que normalmente temos em pacientes imunocompetentes, para identificar onde a infecção está. As diretrizes do NCCN (National Comprehensive Cancer Network) e do IDSA (Associação Americana de Doenças Infecciosas) recomendam começar antibióticos se o paciente tem febre e neutropenia com contagem igual ou inferior a 500/mm3 ou se a contagem é de 1000/mm3, mas é provável que caia abaixo de 500/mm3 nas próximas 48 horas ou, obviamente, se existem quaisquer sinais de infecção. Outros pacientes de “alto risco” incluem: pacientes que estão no hospital e se tornam febris, necessidade de hospitalização por qualquer causa, câncer não controlado ou piorando, pneumonia, transplante prévio, alteração renal ou hepática. Texto elaborado e revisado porDra. Mireille Guimarães Vaz de Campos Médica do corpo clínico do INGOHEspecialista em Hematologia – HemoterapiaCRM-GO 12.406/RQE 22965.Texto revisado em março de 2022.É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercialReferências:
Quais as células predominantes nas infecções bacterianas?Os linfócitos fazem parte de um dos tipos de células de defesa do organismo, sendo produzidos em maior quantidade quando existe uma infecção, um dos grandes indicados do estado de saúde de um paciente.
Qual célula tem a contagem aumentada em uma infecção aguda?Na fase aguda, há aumento escalonado dos neutrófilos, com presença de desvio a esquerda (bastões acima de 6%), sendo visualizados granulócitos imaturos (metamielócitos, mielócitos, promielócitos), com elevação gradativa da leucometria, anemia associada a citocinas inflamatórias.
O que altera no hemograma na infecção bacteriana?Um dos primeiros sinais de processo infeccioso bacteriano é a febre persistente que faz com que o médico procure identificar o foco infeccioso. O hemograma cursa com leucocitose, neutrofilia, linfopenia, eosinopenia e presença de desvio à esquerda e granulócitos imaturos.
Qual célula indica infecção?Leucócitos aumentados podem ser sugestivos de infecções, por exemplo, mas existem casos em que pode acontecer o contrário também”, descreve. O número normal de leucócitos no sangue varia de 3.700 a 10 mil a cada mm³ (microlitro) de sangue em média.
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