O termo responsabilidade social tem tomado conta dos debates empresariais trazidos por organizações sem fins lucrativos com o desejo de inserir uma nova maneira de se fazer negócios. No Brasil, o movimento de valorização da responsabilidade social empresarial ganhou forte impulso na década de 90, através da ação de entidades não governamentais, institutos de pesquisa e empresas sensibilizadas para a questão. Show Está por traz do conceito de responsabilidade social, a noção de ética, que segundo Passos (2000) etimologicamente possui significado idêntico ao conceito de moral, porém origem distinta. Moral vem do latin mores, que significa costume, conduta, modo de agir; e ética vem do grego ”ethos” e, do mesmo modo quer dizer costume, modo de agir. Essa identidade existente entre os seus significados faz com que ambas sejam consideras a mesma coisa. Porém, a moral, enquanto norma de conduta refere-se às situações particulares e cotidianas e “a ética, destituída do papel normatizador, ao menos no que diz respeito aos atos isolados, torna-se examinadora da moral (Passos, 2000, p. 21). A moral normatiza, direciona a prática das pessoas, e a ética teoriza sobre as condutas.
O conceito de responsabilidade social está relacionado ao conceito de investimento social, porém tem significados e práticas distintas.
O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, fundado em 1998, tem sido um dos principais atores no processo de disseminação da cultura da responsabilidades social no Brasil. Para o Ethos, responsabilidade social é a capacidade desenvolvida pela organização de ouvir, compreender e satisfazer expectativas e interesses legítimos de seus diversos públicos. Ferreira (1999) define responsabilidade como situação de um agente consciente com relação aos fatos que ele pratica voluntariamente e social, que interessa a sociedade. O conceito dessas duas palavras juntas, é traduzido no mercado social1 como uma ação que venha causar transformação na sociedade. O conceito e a prática da responsabilidade social empresarial tem apresentado ações mais voltadas para o público interno da organização, os funcionários. A nova dinâmica trazida pelo Ethos coloca neste cenários os outros públicos com os quais a empresa interage. Seja os acionistas, os fornecedores, os clientes e até mesmo a comunidade. Nesse ponto é que se tem a principal diferença do conceito de investimento social privado corporativo em relação ao conceito da responsabilidade social empresarial. O conceito de investimento social elege como público alvo de suas ações a sociedade; em relação às empresas privadas, este público na maioria das vezes diz respeito à comunidade vizinha da empresa. Algumas organizações sem fins lucrativos cuja existência está voltada para disseminar o conceito de investimento social privado, e estimular a sua prática, dando apoio à criação de institutos ou fundações empresarias, como o IDIS – Instituto de Desenvolvimento do Investimento Social e o GIFE- Grupo de Institutos, Fundações e Empresas, definem claramente este conceito como sendo recursos alocados em benefício da sociedade. Para o IDIS, o investimento social corporativo é a doação de forma voluntária, por parte da empresa, de recursos financeiros, humanos, técnicos, gerenciais ou em espécie voltada para o interesse público. Para o GIFE, investimento social privado é o uso planejado, monitorado e voluntário de recursos privados – provenientes de pessoas físicas ou jurídicas – em projetos de interesse público. Incluem-se no universo do investimento social privado as ações sociais protagonizadas por empresas, fundações e institutos de origem empresarial ou instituídos por famílias ou indivíduos. Nota-se que o IDIS e o GIFE embora trabalhem com o conceito de investimento social, utilizam adjetivos como corporativo e privado, respectivamente, que de acordo com definição deles têm o mesmo significado. Para o IDIS o investimento social pode ser corporativo ou comunitário, o primeiro diz respeito a empresas e o segundo diz respeito a recursos existentes nas comunidades. Ambos são recursos privados, por não pertencerem a esfera governamental ou estatal. O conceito de investimento social comunitário está dentro do conceito de investimento social privado, e privilegia o desenvolvimento e uso estratégico dos recursos financeiros, materiais, humanos, tecnológicos e de conhecimento das empresas, da sociedade civil e dos próprios cidadãos dentro de suas comunidades. Para o GIFE o conceito de investimento social privado diz respeito a investimentos de empresas ou de indivíduos, em projetos de interesse público, não fazendo a distinção entre investimento social privado corporativo e o comunitário, pelo fato de seu foco não ser diretamente as comunidades e sim as empresas através dos seus institutos ou fundações. O GIFE define claramente em seu Código de Ética a diferenciação entre o investimento social privado e a observância, por parte das empresas, dos outros itens da responsabilidade social empresarial. De acordo com este Código, os conceitos e a prática do investimento social defendidos pelo GIFE derivam da consciência da responsabilidade e reciprocidade para com a sociedade, assumida livremente por empresas, fundações ou instituto associados a ele. Dessa forma, as práticas de investimento social são de natureza distinta e não devem ser confundidas e nem usadas como ferramentas de comercialização de bens tangíveis e intangíveis (fins lucrativos), por parte da empresa mantenedora, como são, por exemplo, marketing, promoção de vendas ou patrocínio, bem como políticas e procedimentos de recursos humanos, que objetivam o desenvolvimento e o bem estar da própria força de trabalho, portanto, no interesse da empresa.
Para Fontes (2001) o investimento social deve ser visto como algo a gerar benefícios para a sociedade por instituições governamentais e pela sociedade civil. Não somente as empresas podem fazer investimentos sociais, mas qualquer instituição. Este mesmo autor enfatiza que ao se definir o conceito de investimento social privado corporativo, deve-se desmembrar a frase, definir o conceito de cada palavra separadamente e depois juntar todas novamente e então se definir o conceito da frase como um todo. Pois conceito é, segundo Ferreira (1999), a ação de formular uma idéia por meio de palavras. Este exercício facilitará a formulação de um novo conceito, como esse do qual estamos tratando. Fontes conceitua o investimento social privado corporativo como sendo recursos alocados, com objetivos de ganho para a sociedade, provenientes de pessoas jurídicas que trabalham dentro da esfera privada segmentando especificamente as corporações. Quanto ao marketing social, muitas vezes confundido como promoção social2 e utilizado de forma errônea, segundo Fontes e Schiavo (1999), é a gestão estratégica do processo de introdução de inovações sociais a partir da adoção de comportamentos, atitudes e práticas individuais e coletivas orientadas por preceitos éticos, fundamentados nos direitos humanos e na equidade social. Marketing social é uma ferramenta utilizada para a aceitação de uma idéia ou prática social, não podendo assim ser confundido com investimento social. As organizações que fazem investimentos sociais podem e devem utilizar o marketing social para alcançar melhores resultados para os seus investimentos sociais. O conceito de ação social empresarial também não deve ser confundido com o conceito de investimentos social privado corporativo, pelo fato de nem sempre a ação social empresarial estar voltada para a comunidade, para o público externo às organizações. Uma ação social empresarial pode ser voltada para o público interno, seus funcionários, como investimentos na educação formal deles, a criação de creches para os filhos dos seus funcionários, o investimento em saúde para com os seus funcionários, etc. O maior “inimigo” do conceito de investimento social é o conceito de gasto social, conhecido pelos economistas tradicionais como um instrumento de “recompensa aos perdedores”3. (Fontes, 2001) O conceito de investimento social é confundido com o conceito de gasto social.
Segundo Fontes (2001, p. 66) as limitações das ciências sociais e econômicas em demonstrar os resultados dos investimentos sociais, têm contribuído para o entendimento das razões de as ações sociais terem sido consideradas como mera despesa. O investimento social é a base fundamental para o crescimento econômico de um país e a diminuição das suas diferenças sociais e econômicas. Faz-se necessária uma análise profunda sobre a transformação da sociedade gerada pelos investimentos sociais privados corporativos, de forma a analisar a capacidade destes investimentos sociais em gerar riquezas. Um exemplo de retorno do investimento social para a economia é o aumento da produtividade em relação aos anos de escolaridade. Com a melhoria do nível da escolaridade, o nível de produtividade econômica cresce consideravelmente. Tabela 2 – Análise do ganho – Educação x Produtividade4
(Fonte: Fontes, 2001, p.65) Izabel Portela. ()
O que é responsabilidade social e ética?A responsabilidade social é o modo de pensar e agir de forma ética nas relações. Apesar de estar fortemente relacionada a empresas, a prática pode estar diretamente ligada a uma ação, realizada por pessoas físicas ou jurídicas, que tenha como objetivo principal contribuir para uma sociedade mais justa.
O que é a responsabilidade social?Responsabilidade social (RS) é uma estratégia composta por ações voluntárias de empresas em benefício da sociedade, incluindo aí iniciativas voltadas ao público interno, como um treinamento de colaboradores, e também externo, como um projeto que envolve a comunidade do entorno.
O que é ética e responsabilidade?A palavra responsabilidade tem um sentido muito interessante. Significa 'dar uma resposta com habilidade', ou seja, atender uma determinada situação de forma habilidosa. Neste sentido, ela se relaciona a ética, que, por sua vez, busca tornar o lugar habitável para a convivência humana.
Qual é o papel da ética e da responsabilidade social na empresa?A responsabilidade social empresarial é uma política que guia todos os passos da empresa, de forma a torná-la mais ética, responsável, sustentável e humana. Ela influencia na gestão do negócio e como a empresa lida com os parceiros, colaboradores e clientes.
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