A mesma palavra dado a jabuticaba

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A maior jabuticaba da história do Brasil tem pronúncia, nome, sobrenome e pedigree dos mais nobres: Johan Cruijff.

De uso recorrente para nomear o que só existe por aqui, a pequenina fruta costuma batizar golpes, leis estapafúrdias e afins, só vigentes na terra brasilis.

Embora sabidamente holandês, foi por aqui que o mais famoso número 14 da história do futebol mundial ganhou algo que só existe por essas bandas. Uma verdadeira e inacreditável jabuticaba: de maneira unânime seu nome é pronunciado nesta parte do globo com uma sonora letra “O”.

Não há outro lugar do planeta em que se cometa tal desatino. Em que tenha frutificado tamanha jabuticaba.
“C-R-O-I-F-E” se diz orgulhosamente no país das tomadas de três pinos. E do “Johan C-R-O-I-F-E”.

Na língua-mãe, os holandeses falam com um “A” bem aberto, precedido por aquele “erre” que nem Galvão Bueno conseguiria fazer. “C-R-R-R-R-A-I-F”, arranham a garganta.

Já pedi para diversos holandeses. Desde o saudoso Frei Paulo, dominicano corajoso na resistência da ditadura como foram os dominicanos em geral, senhor já de idade e que vivia ali no convento do Leme, holandês que veio baixar nesse hospício verde e amarelo e se ria sempre com o nosso “C-R-O-I-F-E”. Imagino que ele via o diabo naquela invenção tão nacional de chamar o craque daquele jeito.

No país deles, em tom baixo como quem tem algum pudor, pergunto sempre a pronúncia, mas, cuidadoso, não conto que falamos “C-R-O-I-F-E” por aqui. Imaginem o que eles iam rir da minha cara.

Para não ser pernóstico, e o jornalismo já tem muito desses por aí, não adotei o acento holandês. Mas também para não cair no ridículo de nossa jabuticaba, tampouco o “C-R-O-I-F-E”. Assim, adotei a pronúncia aportuguesada, aliás, sempre a melhor maneira pra falar nomes estrangeiros. Se lá fora eles andam para caprichar em nossos acentos, por que temos que macaquear isso por aqui?

A mesma palavra dado a jabuticaba

Da maneira como leio, falo: “Cruijff”. Ou melhor: “C-R-U-I-F-E”. Jamais houve vez em que assim pronunciei que não houvesse um sabichão, um gato-mestre com doutorado em cultivo de jabuticaba, que não morresse de rir e tacasse xingamento. De ignorante pra baixo: “É C-R-O-I-F-E”, imbecil”! Lembro-me de alguns programas em que falei o “C-R-U-I-F-E” para não cometer o desatino do “C-R-O-I-F-E” e choveu mensagem ridicularizando. Então tá. Sempre achei muito maluca essa história de ter de se jogar pela janela porque outro tava se jogando…E falar “C-R-O-I-F-E” nada mais é do que se jogar pela janela porque outros estão se jogando.

Como nadar contra a corrente nunca chegou a ser grande temor ou empecilho nesta modesta existência, segui e sigo com meu mui humilde “C-R-U-I-F-E”.

O bom Gerd Wenzel, tão bom profissional como pessoa e cidadão, alemão mas que versa das coisas do idioma de Van Gogh, certa vez me apoiou no canto do ringue sobre minha resolução e sobre o equívoco do uso do ““C-R-O-I-F-E”.

Nem sempre sabemos como uma jabuticaba começa. Nesse caso raro, é conhecida a origem da jabuticaba “C-R-O-I-F-E”. Os mais velhos vão logo reconhecer. Mas nem precisa dar o nome, deixa quieto que é pra gente poder descrever melhor os sujeitos, os pais dessa jabuticaba.

Pai e filho eram jornalistas também. O pai, embora analfabeto de quatro costados, adorava um termo rebuscado. Devia ir ao dicionário para lançar novidades. Não sabia juntar lé com crê, mas soltava pérolas. Nas transmissões de rádio, quando acabava um jogo, deixava recado para que a família fosse buscá-lo no aeroporto com o carro Mercedes. Entre uma palavra de dicionário e outra, tacava um jabá, uma picaretagem. Tinha um programa de TV também, onde a cada bloco fazia 3 minutos de debate e 5 de jabá.

O filho não era diferente. Analfabeto do mesmo jeito, pernóstico qual o pai. E afeito as coisas da picaretagem também.

Pois foi essa dupla que, certamente achando que davam uma aula para a plebe ignara, lançou solenemente: “Johan C-R-O-I-F-E”. Os pioneiros. Os criadores da jabuticaba mais singular que o Brasil foi capaz de produzir, produto único no mundo. E não é que arrebanharam uma legião de seguidores? Mesmo alguns dos melhores que conheço, certamente por ver que a causa é perdida e, já que todos falam…

Recentemente falávamos de regionalismos por aqui. Que são de outra categoria. Em sua maior parte, não são uma questão de certo ou errado, criticar ou não o uso. A crítica era sobre o colonialismo de alguém do Rio, por exemplo, usar “catraca”, “balada”, “treta”, etc. Perfeitos e sem crítica possível, desde que para alguém de São Paulo por exemplo. Um carioca falando isso soa ridículo. Toda honra e toda glória pra gente pernambucana, que me parecem os menos dispostos a abrir mão de suas maneiras e expressões. Amante de minha cidade cada dia mais apesar e por todos os pesares, decidi que na hora em que ouvir o primeiro “fulano ficou pistola” por aqui não sairei mais de casa.

Pois nada tem sido mais rico e generoso nos últimos tempos para esse imenso “FEBEAPÁ” (Google em: “Satanislaw Ponte Preta”), nessa imensa produção de jabuticabas do que o “tatiquês” que agora assola nosso jornalismo esportivo.

A exceção para regionalismos usados ao gosto da região geográfica é o inacreditável “vou me trocar”, sempre me puxou a orelha o meu maior Mestre. Claro, nesse caso não é opção de regionalismo, é erro mesmo, grosseiro, no uso de uma expressão que é um equívoco, uma impropriedade vocabular imensa, embora tenha se consagrado e vá se alastrando Brasil afora, culpa das novelas certamente. Porque, afinal, tirando o Clark Kent, ninguém “se troca” ao entrar na cabine. Troca-se de roupa mas você sai lá de dentro a mesma pessoa.

E é assim, de jabuticaba em jabuticaba, de impropriedades em impropriedades inventadas por um analfabeto funcional e seguidas por todos que vamos estuprando a pobre última Flor do Lácio.

Pois nada tem sido mais rico e generoso nos últimos tempos para esse imenso “FEBEAPÁ” (Google em: “Satanislaw Ponte Preta”), nessa imensa produção de jabuticabas, do que o “tatiquês” que agora assola nosso jornalismo esportivo.

Neste momento da vida brasileira, cansado de tanto senso comum, de tanta repetição de qualquer fake news que passa, dos argumentos rasos formados ao som de bateção de panela, vou de antemão pedindo que me poupem do surrado ao se tratar do tema: “mas o futebol mudou e você quer ficar lá no atraso, não entendeu nada”.

Tratamos exatamente disso em 12 de janeiro de 2017, no texto “Sarmiento explica a defesagem dos nossos treinadores e o sucesso dos hermanos”. Lá estava:

“Em resumo muito frouxo, estávamos diante de um novo tempo. De compactação, de posse de bola ou de contra-ataques mortais, de participação de todos e funções no lugar de posições, de marcação lá na frente, enfim, tudo aquilo que muitas vezes é dito de maneira bem chata com por alguns como se estivessem falando dos resultados do acelerador de partículas e detivessem o último cálice do conhecimento.

Não entenda as palavras acima como crítica a novos caminhos da análise do futebol. Assim como dentro das quatro linhas, novos conceitos e referenciais foram necessários. Só não precisam ser ditos como quem anuncia a última fórmula que explica a equação jamais revelada. E assim, nesse quase pedantismo de quem crê nisso, chegamos a expressões patéticas como “o último terço do campo”, repetido em demasia, e que expressa bem esse espírito de alguém achar que inventou a roda. “Último terço do campo” embute essa aura de religião que alguns querem dar a simples explicações de…futebol. Se seguirem falando isso, vou aproveitar, patentear e fundar uma igreja, a “Santa Igreja do Último Terço”.

Desenhando para que ninguém mesmo apareça falando que o futebol mudou… O futebol sim, algumas ideias sim. Mas estamos falando aqui de jornalismo, de comunicação, de boa capacidade em estabelecer comunicação. Esse debate, ao qual todos podem participar porque discurso excludente do tipo “você é jornalista?” é uma aberração, mas deveria ter começado criticamente no seio do jornalismo.

Em última análise, o ônus da decisão de como vai se comunicar é dos profissionais do ramo. E eles tem certas obrigações. Sobre definições e obrigações, a que mais gosto é a de um estudioso do ramo, um famoso linguista, algo assim, não vou lembrar com exatidão: “nossa obrigação de comunicadores é nos fazer entender pelo homem mais simples e pelo maior dos sábios ao mesmo tempo”.

É no mínimo ridículo que jornalistas estejam achando o máximo, babando com dialetos. Ditos e criados muitas vezes por grotões e setores que, apenas por vaidade, querem dar uma roupagem sofisticada a uma expressão para parecer muito refinada a própria análise. Ou pior: muitas vezes por quem não tem o manejo mais rudimentar da língua, mas ainda assim se arvora a disparar termos que parecem, ao menos aos ouvidos de um pequeno círculo, a última garfada da Santa Ceia.

Assim, expressões inventadas por técnicos de futebol semialfabetizados ou mesmo os mais cultos, mas querendo tornar seu negócio algo como quem explica o já citado acelerador de partículas, ou em fala de ministro do Supremo, vão sendo incorporadas por nossos analistas.

E quem pensa que essa é uma discussão menor, é antes de tudo um traidor da essência de sua função de comunicador. Porque entender os processos de mudanças no futebol é tarefa urgente. Mas daí a transformá-los dialeto de uma tribo, é patético.

No caminho natural de nossa crônica, do quase parnasianismo ao se falar de futebol, passando pela riqueza sem o menor compromisso com o rigor de um Nelson Rodrigues (que maravilha o que deixou sobre futebol!), aos dias de hoje, da necessidade de gráficos e tabelas para dar conta da complexidade do jogo, não há certo nem errado. Cada qual é produto de seu tempo, e assim deve ser. Mas sempre com o compromisso de um ofício, e não de uma tribo pretensiosa e muitas vezes pouco alfabetizada. Para não chegarmos em algo que começa e se multiplicar em resenhas explicando futebol: “a gente chama isso de…”. A gente quem, cara pálida? Os detentores do último segredo de Fátima?

Nenhum comentarista esportivo teve a capacidade de comunicação e de falar com o público como João Saldanha. Traduzia o jogo perfeitamente com linguagem que o povão amava e entendia maravilhosamente bem. Eram outros tempos, as análises tinham outras referências como citamos aqui e é obrigatório evoluir nessas análises, ver as novas imposições que o jogo muito mais tático impôs. Mas sou capaz de apostar todas as minhas fichas na certeza de que Saldanha teria tirado de letra alcançar e incoporar os novos protocolos e padrões.

Certamente não. A obrigação do ofício na comunicação exige a boa e velha obrigação em se comunicar bem. Só faltava depois do economês, do juriquês, a hora e a vez do “tatiquês”!
Assim chegamos a bobagens colossais como “o último terço” já citado, apenas uma ridícula e pernóstica expressão. E a outras em que o sujeito, dentro de sua limitação, não percebe ser uma impropriedade. Um erro.

Como “propor o jogo”, tão em voga. Ora, ora, ora…Pelo que entendo, querem dizer que quem tem a posse de bola está “propondo o jogo”. Imagine a cena: tenho a bola e te proponho algo. A imagem é tão óbvia: quem tem a proposta de domínio com bola na maior parte do tempo, pelo que parece quererem dizer, é o time que impõe o jogo. Não propõe droga nenhuma. Impõe. É algo como imaginar na roda de bobo: “vou te fazer uma proposta: eu brinco aqui e você fica de otário aí, tá?”. Ora, na roda de bobo, o nome já diz, você impõe ao sujeito ser o otário da vez. “Propor o jogo” é equívoco tão grande quanto já espalhado.

Ou agora para quem não “propõe o jogo” tem nova expressão se consolidando no FEBEAPÁ: “o time dá a bola pro adversário”. Quem cria isso sequer reflete o ridículo da imagem que desenha.
Não me lembro de alguém entregando a bola pro adversário. Lembro de retrancas históricas, mesmo antes de linhas de cinco ou de estacionar o ônibus, esta sim uma grande imagem que honra locutores antigos capazes de imagens sonoras como “fumaça de gol”, espetacular por ela mesmo, ou de jogos de hoje, onde o time que planeja ficar atrás tenta contragolpes diante da maior capacidade do outro em impor seu jogo, ou se nem isso conseguir, rifa essa bola, mas jamais com intenção de papai Noel: “olha, toma essa bola pra me atacar”! Algo que não existe em nenhum esporte do mundo, nem no vôlei onde você é obrigado a passar a bola pro outro time, mas o faz com a intenção de que ele se ferre. Fere até o espírito do jogo “dar a bola ao adversário”. Ah, essa turma do tatiquês…

Existe também um inacreditável “performar” que vai tomando corpo. O sujeito que fala achando espetacular, não consegue sequer entender que performance pode ser boa ou ruim. Dita no sentido de “desempenho”, claramente pode ser positivo ou negativo. Então dizer simplesmente o tal “performou” é…ter performance ridícula!
Dia desses o comentarista/repórter Mauro Cezar, capaz de todas as análises que os dias de hoje pedem mas sem o ridículo do “tatiquês”, riu de algumas dessas invenções, destacando o “jogador terminal” (finalizador), o já citado “último terço do campo” (as imediações da área inimiga), o fantástico “portador da bola” (quem tem a pelota aos pés) que mais parece um cheque e o inacreditável fato de citar um jogador como a “perna mais curta”, sendo isso um detalhe tático.

Confesso que demorei a me recuperar de tanta risada. “Jogador terminal” dispensa maiores comentários de tão ridículo. E “perna mais curta” me lembrou um samba por onde passei onde tinha um sujeito que realmente tinha a perna mais curta, e no caso era mesmo uma característica da anatomia. Perversa como é a gente da rua, chamavam o sujeito de “agogô” pra marcar bem ter uma perna mais curta do que a outra.

Ao menos poderiam ser mais engraçados nossos adeptos do “tatiquês”. Que adotem o “agogô” pra falar do jogador que é a perna mais curta de um esquema.

No mais, todo respeito do mundo aos mais do que necessários nos dias de hoje chamados analistas táticos. Só não pode ser uma seita. Todo profissional do ramo terá que caminhar pra isso. Para tais análises. Claro que junto com o respeito a magia do futebol, ao imponderável, ao desvão que uma mente humana pode produzir e definir um jogo, ao improviso. Todo poder do mundo para as boas análises táticas. Só nos poupem de mais um dialeto no país que adora uma jabuticaba. Como dissemos, já temos o “economês”, o “juridiquês”. Não precisamos do “tatiquês”.

Ps:
Certamente esqueci de algumas pérolas do “tatiquês” que adoro ouvir. Conforme leitores e autor forem lembrando, vamos rindo por aqui.

Ps2:
Curiosamente, e pra mostrar o quão pernósticos são alguns dos adeptos do “tatiquês” por aqui, algumas das obras mais recentes lá de fora muito relevantes e que falam do que há de mais moderno para se entender o que vai mudando no futebol, passam longe do “tatiquês” e são de agradáveis leituras. Como “A Pirâmide Invertida”, de Jonathan Wilson, e “Guardiola Confidencial”, de Martí Peranau.

Ps3:
Nenhum comentarista esportivo teve a capacidade de comunicação e de falar com o público como João Saldanha. Traduzia o jogo perfeitamente com linguagem que o povão amava e entendia maravilhosamente bem. Eram outros tempos, as análises tinham outras referências como citamos aqui e é obrigatório evoluir nessas análises, ver as novas imposições que o jogo muito mais tático impôs. Mas sou capaz de apostar todas as minhas fichas na certeza de que Saldanha teria tirado de letra alcançar e incoporar os novos protocolos e padrões. Sem usar o “tatiquês”. Usando o vocabulário que convém a um comunicador. E sem muitas das impropriedades que se multiplicam, difundidas por gente que não tem o menor compromisso com o ofício e parece só olhar para o espelho. Como os craques de verdade de outrora se adaptariam as novas exigências em campo. Cabe também aos analistas de hoje o olhar um pouco para algumas referências de ontem e incorporar o que tinham de melhor.

Qual é a palavra que nomeia jabuticaba?

O substantivo feminino jabuticaba se refere a um fruto pequeno e redondo, de casca preta e polpa branca e doce, que cresce diretamente no tronco da árvore. Pode indicar também o nome da própria árvore que dá esse fruto, sendo também sinônimo de jabuticabeira. Tem sua origem na palavra tupi iawotikáwa.

Qual a família da jabuticaba?

A jabuticaba ou jaboticaba é o fruto da jaboticabeira ou jabuticabeira, uma árvore frutífera brasileira da família das mirtáceas, nativa da Mata Atlântica. Com a recente mudança na nomenclatura botânica, há divergências sobre a classificação da espécie: Myrciaria cauliflora, Plinia trunciflora ou Plinia cauliflora.

Quais são os tipos de jabuticaba?

Variedades.
Jabuticaba Sabará: A mais apreciada e doce das jabuticabas e a mais intensamente plantada. ... .
Jabuticaba Paulista: De maior porte do que a anterior e de grande produção. ... .
Jabuticaba Rajada: Assemelha-se as anteriores em crescimento e produção. ... .
Jabuticabeira Branca: Porte médio..

Qual é o substantivo de jabuticabeira?

Significado de Jabuticabeira substantivo feminino Nome comum a diversas árvores da família das mirtáceas, que têm como fruto a jabuticaba.