No texto, o uso do artigo definido anteposto aos nomes próprios dos escritores brasileiros

  1. 1. Pré-Modernismo no ENEM Manoel Neves
  2. 2. Meia-noite. Ao meu quarto me recolho. Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede: Na bruta ardência orgânica da sede, Morde-me a goela ígneo e escaldante molho. “Vou mandar levantar outra parede...” Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho, Circularmente sobre a minha rede! Pego de um pau. Esforços faço. Chego A tocá-lo. Minh’alma se concentra. Que ventre produziu tão feio parto?! A Consciência Humana é este morcego! Por mais que a gente faça, à noite, ele entra Imperceptivelmente em nosso quarto! ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994.
  3. 3. O lugar-comum em que se converteu a imagem de um poeta doentio, com o gosto do macabro e do horroroso, dificulta que se veja, na obra de Augusto dos Anjos, o olhar clínico, o comportamento analítico, até mesmo certa frieza, certa impessoalidade científica. CUNHA, F. Romantismo e modernidade na poesia. Rio de Janeiro: Cátedra, 1988 (adaptado).
  4. 4. Em consonância com os comentários do texto 2 acerca da poética de Augusto dos Anjos, o poema “O morcego” apresenta-se, enquanto percepção do mundo, como forma estética capaz de a) reencantar a vida pelo mistério com que os fatos banais são revestidos na poesia. b) expressar o caráter doentio da sociedade moderna por meio do gosto pelo macabro. c) representar realisticamente as dificuldades do cotidiano sem associá-lo a reflexões de cunho existencial. d) abordar dilemas humanos universais a partir de um ponto de vista distanciado e analítico acerca do cotidiano. e) conseguir a atenção do leitor pela inclusão de elementos das histórias de horror e suspense na estrutura lírica da poesia. QUESTÃO 01 ENEM-2009
  5. 5. Em “O morcego”, o locutor, a partir de um evento banal [o avistar de um morcego no teto de seu quarto] faz reflexões acerca da consciência humana. Assinale-se, pois, a alternativa "d". SOLUÇÃO COMENTADA ENEM-2009
  6. 6. Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados. Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava de crianças. Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono (uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma – “dama de grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e da moral”, dizia o reverendo. Ótima, a dona Inácia. Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva. [...] A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de escravos – e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar o bacalhau. Nunca se afizera ao regime novo – essa indecência de negro igual. LOBATO, Monteiro. Negrinha. In.: Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000. [fragmento]
  7. 7. A narrativa focaliza um momento histórico-social de valores contraditórios. Essa contradição infere-se, no contexto, pela a) falta de aproximação entre a menina e a senhora, preocupada com as amigas. b) receptividade da senhora para com os padres, mas deselegante para com as beatas. c) ironia do padre a respeito da senhora, que era perversa com as crianças. d) resistência da senhora em aceitar a liberdade dos negros, evidenciada no final do texto. e) rejeição aos criados por parte da senhora, que preferia tratá-los com castigos. QUESTÃO 02 ENEM-2010
  8. 8. A contradição presente no texto se refere ao fato de, numa sociedade de iguais, a senhora tratar os negros como diferentes. Assinale-se, pois, a alternativa “d”. SOLUÇÃO COMENTADA ENEM-2010
  9. 9. Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria revelado por mim se não julgasse, e razões não tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado é partilhado por todos vós. Nós somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades, nas aldeias, nos povoados, não porque soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas porque nos une, nivela e agremia o amor da rua. É este mesmo o sentimento imperturbável e indissolúvel, o único que, como a própria vida, resiste às idades e às épocas. RIO, J. A rua. In: A alma encantadora das ruas. São Paulo: Companhia das Letras, 2008 (fragmento).
  10. 10. A rua dava-lhe uma força de fisionomia, mais consciência dela. Como se sentia estar no seu reino, na região em que era rainha e imperatriz. O olhar cobiçoso dos homens e o de inveja das mulheres acabavam o sentimento de sua personalidade, exaltavam-no até. Dirigiu-se para a rua do Catete com o seu passo miúdo e sólido. [...] No caminho trocou cumprimento com as raparigas pobres de uma casa de cômodos da vizinhança. [...] E debaixo dos olhares maravilhados das pobres raparigas, ela continuou o seu caminho, arrepanhando a saia, satisfeita que nem uma duquesa atravessando os seus domínios. BARRETO, Lima. Um e outro. In: Clara dos Anjos. Rio de Janeiro: Editora Mérito. (fragmento)
  11. 11. A experiência urbana é um tema recorrente em crônicas, contos e romances do final do século XIX e início do XX, muitos dos quais elegem a rua para explorar essa experiência. Nos fragmentos I e II, a rua é vista, respectivamente, como lugar que a) desperta sensações contraditórias e desejo de reconhecimento. b) favorece o cultivo da intimidade e a exposição dos dotes físicos. c) possibilita vínculos pessoais duradouros e encontros casuais. d) propicia o sentido de comunidade e a exibição pessoal. e) promove o anonimato e a segregação social. QUESTÃO 03 ENEM-2010
  12. 12. No texto de João do Rio, o sentimento que a rua propicia é o de união, comunidade. Para o locutor do texto 01, na tua todos são iguais. O texto de Barreto, por sua vez, apresenta a rua como um pedestal onde a personagem se exibe e é reconhecida por sua beleza. Assina-se, pois, a alternativa “d”. SOLUÇÃO COMENTADA ENEM-2010
  13. 13. Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das coisas do tupi, do folk-lore, das suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma! O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e levou-o à loucura. Uma decepção. E a agricultura? Nada. As terras não eram ferazes e ela não era fácil como diziam os livros. Outra decepção. E, quando o seu patriotismo se fizera combatente, o que achara? Decepções. Onde estava a doçura de nossa gente? Pois ele não a viu combater como feras? Pois não a via matar prisioneiros, inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção, uma série, melhor, um encadeamento de decepções. BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br. A pátria que quisera ter era um mito; um fantasma criado por ele no silêncio de seu gabinete.
  14. 14. QUESTÃO 04 primeira aplicação do ENEM-2012 O romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi publicado em 1911. No fragmento destacado, a reação do personagem aos desdobramentos de suas iniciativas patrióticas evidencia que a) a dedicação de Policarpo Quaresma ao conhecimento da natureza brasileira levou-o a estudar inutilidades. b) a curiosidade em relação aos heróis da pátria levou-o ao ideal de prosperidade e democracia que o personagem encontra no contexto republicano. c) a construção de uma pátria a partir de elementos míticos, como a cordialidade do povo, a riqueza do solo e a pureza linguística, conduz à frustração ideológica. d) a propensão do brasileiro ao riso, ao escárnio, justifica a reação de decepção e desistência de Policarpo Quaresma, que prefere resguardar-se em seu gabinete. e) a certeza da fertilidade da terra e da produção agrícola incondicional faz parte de um projeto ideológico salvacionista, tal como foi difundido na época do autor.
  15. 15. SOLUÇÃO COMENTADA primeira aplicação do ENEM-2012 Por intermédio da personagem Policarpo Quaresma, Lima Barreto critica o nacionalismo ufanista da Primeira República [República Velha]. A dissonância entre os ideais do protagonista do romance e a realidade é a responsável pela frustração do major. Vale a pena notar que a frustração não é apenas ideológica, é existencial, pois nenhum projeto de Quaresma logra êxito. O saldo de sua ações é nulo. Nada do que fez valeu a pena. Sendo assim, assinale-se a alternativa “c”.
  16. 16. O falecimento de uma criança é um dia de festa. Ressoam as violas na cabana dos pobres pais, jubilosos entre as lágrimas; referve o samba turbulento; vibram nos ares, fortes, as coplas dos desafios, enquanto, a uma banda, entre duas velas de carnaúba, coroado de flores, o anjinho exposto espelha, no último sorriso paralisado, a felicidade suprema da volta para os céus, para a felicidade eterna — que é a preocupação dominadora daquelas almas ingênuas e primitivas. CUNHA, Euclides da. Os sertões: campanha de Canudos. Rio de Janeiro: Ediouro, 1992, p. 78.
  17. 17. QUESTÃO 05 segunda aplicação do ENEM-2009 Nessa descrição de costume regional, é empregada a) variante linguística que retrata a fala típica do povo sertanejo. b) a linguagem científica, por meio da qual o autor denuncia a realidade brasileira. c) a modalidade coloquial da linguagem, ressaltando-se expressões que traduzem o falar de tipos humanos marginalizados. d) linguagem literária, na modalidade padrão da língua, por meio da qual é mostrado o Brasil não-oficial dos caboclos e do sertão. e) variedade linguística típica da fala doméstica, por meio de palavras e expressões que recriam, com realismo, a atmosfera familiar.
  18. 18. SOLUÇÃO COMENTADA segunda aplicação do ENEM-2009 O texto de Euclides da Cunha adota linguagem formal, padrão para abordar a realidade social vivida pelos nordestinos no final do século XIX. Assinale-se, pois, a letra “d”.
  19. 19. Quaresma despiu-se, lavou-se, enfiou a roupa de casa, veio para a biblioteca, sentou-se a uma cadeira de balanço, descansando. Estava num aposento vasto, e todo ele era forrado de estantes de ferro. Havia perto de dez, com quatro prateleiras, fora as pequenas com os livros de maior tomo. Quem examinasse vagarosamente aquela grande coleção de livros havia de espantar-se ao perceber o espírito que presidia a sua reunião. Na ficção, havia unicamente autores nacionais ou tidos como tais: o Bento Teixeira, da Prosopopéia; o Gregório de Matos, o Basílio da Gama, o Santa Rita Durão, o José de Alencar (todo), o Macedo, o Gonçalves Dias (todo), além de muitos outros. BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. Rio de Janeiro: Mediafashion, 2008, p. 12 (com adaptações).
  20. 20. QUESTÃO 06 segunda aplicação do ENEM-2009 No texto, o uso do artigo definido anteposto aos nomes próprios dos escritores brasileiros a) demonstra a familiaridade e o conhecimento que o personagem tem dos autores nacionais e de suas obras. b) consiste em um regionalismo que tem a função de caracterizar a fala pitoresca do personagem principal. c) é uma marca da linguagem culta cuja função é enfatizar o gosto do personagem pela literatura brasileira. d) constitui um recurso estilístico do narrador para mostrar que o personagem vem de uma classe social inferior. e) indica o tom depreciativo com o qual o narrador se refere aos autores nacionais, reforçado pela expressão “tidos como tais”.
  21. 21. SOLUÇÃO COMENTADA segunda aplicação do ENEM-2009 O artigo definido visa a especificar, a aproximar, a indicar familiaridade. É nesse sentido que ele é empregado no texto. Assinale-se, pois, a letra “a”.
  22. 22. – Adiante... Adiante... Não pares... Eu vejo. Canãa! Canaã! Mas o horizonte da planície se estendia pelo seio da noite e se confundia com os céus. Milkau não sabia para onde o impulso os levava: era o desconhecido que os atraía com a poderosa e magnética força da ilusão. Começava a sentir a angustiada sensação de uma corrida no Infinito... – Canaã! Canaã!... suplicava ele em pensamento, pedindo à noite que lhe revelasse a estrada da Promissão. E tudo era silêncio, e mistério... Corriam... corriam. E o mundo parecia sem fim, e a terra do Amor mergulhada, sumida na névoa incomensurável... E Milkau, num sofrimento devorador, ia vendo que tudo era o mesmo; horas e horas, fatigados de voar, e nada variava, e nada lhe aparecia... Corriam... corriam... ARANHA, G. Canaã. São Paulo: Ática, 1998.
  23. 23. QUESTÃO 07 segunda aplicação do ENEM-2011 O sonho da terra prometida revela-se como valor humano que faz parte do imaginário literário brasileiro desde a chegada dos portugueses. Ao descrever a situação final das personagens Milkau e Maria, Graça Aranha resgata esse desejo por meio de uma perspectiva a) subjetiva, pois valoriza a visão exótica da pátria brasileira. b) simbólica, pois descreve o amor de um estrangeiro pelo Brasil. c) idealizada, pois relata o sonho de uma pátria acolhedora de todos. d) realista, pois traz dados de uma terra geograficamente situada. e) crítica, pois retrata o desespero de quem não alcançou sua terra.
  24. 24. SOLUÇÃO COMENTADA segunda aplicação do ENEM-2011 No trecho em análise, na medida em que se nota que não se chega a lugar nenhum, é possível depreender que as personagens perseguem uma utopia, um lugar que não existe. Assinale-se, pois, a letra “e”.
  25. 25. Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênesis da infância, A influência má dos signos do zodíaco. Profundissimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância... Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco. Já o verme – este operário das ruínas – Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra, Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra! ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. PSICOLOGIA DE UM VENCIDO
  26. 26. QUESTÃO 08 primeira aplicação do ENEM-2014 A poesia de Augusto dos Anjos revela aspectros de uma literatura de transição denominada pré-modernista. Com relação à poética e à abordagem temática presentes no soneto, identificam-se marcas dessa literatura de transição, como a) a forma do soneto, os versos metrificados, a presença de rimas e o vocabulário requintado, além do ceticismo, que antecipam conceitos estéticos vigentes no Modernismo b) o empenho do eu lírico pelo resgate da poesia simbolista, manifesta em metáforas como “Monstro de escuridão e rutilância” e “influência má dos signos do zodíaco”. c) a seleção lexical emprestada ao cientificismo, como se lê em “carbono e amoníaco”, “epigênesis da infância” e “frialdade inorgânica”, que restitui a visão naturalista do homem. d) a manutenção de elementos formais vinculados à estética do Parnasianismo e do Simbolismo, dimensionada pela inovação na expressividade poética, e o desconcerto existencial. e) a ênfase no processo de construção de uma poesia descritiva e ao mesmo tempo filosófica, que incorpora valores morais e científicos mais tarde renovados pelos modernistas.
  27. 27. SOLUÇÃO COMENTADA primeira aplicação do ENEM-2014 O pré-modernismo é considerado pelos estudiosos como uma fase de transição. Os autores ainda não são modernos, em geral, porque adotam um estilo ainda preso aos cânones da literatura do século XIX; por outro lado, já são modernos, pois antecipam o posicionamento crítico da literatura que será produzida ao longo do século XIX. A dualidade referida acima manifesta-se no poema de Augusto dos Anjos, pois, de um lado, nota-se o culto da forma tradicional – soneto decassílabo crivado de vocábulo rebuscado, de matriz naturalista e cientificista –, mas, por outro, percebe- se uma visão profundamente negativa da existência – materialismo, ceticismo e niilismo. Marque-se, pois, a letra “d”.
  28. 28. BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎. São Paulo: Brasiliense, 1956. Fragmento. A sua concepção de governo [do Marechal Floriano Peixoto] não era o despotismo, nem a democracia, nem a aristocracia; era a de uma tirania doméstica. O bebê portou-se mal, castiga-se. Levada a coisa ao grande o portar-se mal era fazer-lhe oposição, ter opiniões contrárias às suas e o castigo não eram mais palmadas, sim, porém, prisão e morte. Não há dinheiro no tesouro; ponham-se as notas recolhidas em circulação, assim como se faz em casa quando chegam visitas e a sopa é pouca: põe-se mais água.
  29. 29. QUESTÃO 09 terceira aplicação do ENEM-2014 A obra literária de Lima Barreto faz uma crítica incisiva ao período da Primeira República no Brasil. No fragmento do romance ︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎Triste fim de Policarpo Quaresma, a expressão “tirania doméstica”, como concepção do ︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎governo florianista, significa que a) o regime político era omisso e elitista. b) ︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎︎a visão política de governo era infantilizada. c) o presidente empregava seus parentes no governo. d) o modelo de ação política e econômica era patriarcal. e) o presidente assumiu a imagem populista de pai da nação.
  30. 30. SOLUÇÃO COMENTADA terceira aplicação do ENEM-2014 No fragmento em análise, pode-se perceber que, para o enunciador, a visão política de Floriano é bastante míope: ele via qualquer ato contrário ao seu pensamento como algo pessoal. Ademais, o adjetivo “doméstico” permite pressupor que o Presidente seria o pai e admistraria as questões sociais [portar-se mal], políticas [ter opiniões contrárias] e econômicas [falta de dinheiro no tesouro] como algo de foro familiar. Deve-se, pois, assinalar a alternativa “d”.
  31. 31. VOLUNTÁRIO Rosa tecia redes, e os produtos de sua pequena indústria gozavam de boa fama nos arredores. A reputação da tapuia crescera com a feitura de uma maqueira de tucum ornamentada com a coroa brasileira, obra de ingênuo gosto, que lhe valera a admiração de toda a comarca e provocara a inveja da célebre Ana Raimunda, de Óbidos, a qual chegara a formar uma fortunazinha com aquela especialidade, quando a indústria norte-americana reduzira à inatividade os teares rotineiros do Amazonas. SOUSA, I. Contos amazônicos. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
  32. 32. RELATO DE UM CERTO ORIENTE Emilie, ao contrário de meu pai, de Dorner e dos nossos vizinhos, não tinha vivido no interior do Amazonas. Ela, como eu, jamais atravessara o rio. Manaus era o seu mundo visível. O outro latejava na sua memória. Imantada por uma voz melodiosa, quase encantada, Emilie maravilha-se com a descrição da trepadeira que espanta a inveja, das folhas malhadas de um tajá que reproduz a fortuna de um homem, das receitas de curandeiros que veem em certas ervas da floresta o enigma das doenças mais temíveis, com as infusões de coloração sanguínea aconselhadas para aliviar trinta e seis dores do corpo a lavadeira, “mas assanham a mente da gente. Basta tomar um gole do líquido fervendo para que o cristão sonhe uma única noite muitas vidas diferentes”. Esse relato poderia ser de duvidosa veracidade para outras pessoas, mas não para Emilie. HATOUM, M. Relato de um certo oriente. São Paulo: Cia. das Letras, 2008.
  33. 33. QUESTÃO 10 segunda aplicação do ENEM-2015 As representações da Amazônia na literatura brasileira mantêm relação com o papel atribuído à região na construção do imaginário nacional. Pertencentes a contextos históricos distintos, os fragmentos diferenciam-se ao propor uma representação da realidade amazônica em que se evidenciam a) aspectos da produção econômica e da cura na tradição popular. b) manifestações culturais autênticas e da resignação familiar. c) valores sociais autóctones e influência dos estrangeiros. d) formas de resistência locais e do cultivo das superstições. e) costumes domésticos e levantamento das tradições indígenas.
  34. 34. SOLUÇÃO COMENTADA segunda aplicação do ENEM-2015 A presença da Amazônia no imaginário da nacional, referida no comando da questão, está ligada ao nativismo/regionalismo, aqui entrevisto tanto na manifestação da cor local quanto no exotismo, elementos que conferem caráter único à Literatura Brasileira. Os dois fragmentos apresentam, respectivamente, aspectos ligados à produção econômica [confirmada pela seguinte seleção lexical: “produtos”, “indústria”, “obra”, “fortunazinha”, “especialidade”, e “teares”] e à cura [como se vê pela presença dos seguintes itens: “espanta a inveja”, “receitas de curandeiros”, “ervas da floresta”, “doenças mais terríveis”, “infusões”, entre outros]. Marque-se, pois, a alternativa “a”.