PUBLICIDADE O que é a narração Narrar é contar um ou mais fatos que ocorrem com determinados personagens, em local e tempo definidos. Em outras palavras, é contar uma história, que pode ser real ou imaginária. O narrador Tanto é possível contar uma história que ocorreu com outras pessoas, quanto narrar fatos acontecidos com você. Essa decisão determinará o tipo de narrador a ser utilizado em sua redação. Este pode ser de dois tipos: Narrador em 1ª pessoa: Narrador em 1ª pessoa é aquele que participa da ação, ou seja, que se inclui na narrativa. Trata-se do narrador personagem. Exemplo:
Narrador em 3ª pessoa: Narrador em 3ª pessoa é aquele que não participa da ação, ou seja, não se inclui na narrativa. Temos então o narrador-observador. Exemplo:
OBSERVAÇÃO: Em textos que apresentam o narrador em 1º pessoa, ele não precisa ser necessariamente o personagem principal; pode ser somente alguém que, estando no local dos acontecimentos, presenciou-os. Exemplo: Estava parado no ponto de ônibus, quando vi, a meu lado, um rapaz que caminhava lentamente pela rua. Ele tropeçou em um pacote embrulhado em jornais. Observei que ele o pegou com todo o cuidado, abriu-o e viu, surpreso, que lá havia uma grande quantia em dinheiro. Elementos da narraçãoDepois de escolher o tipo de narrador que você vai utilizar, é necessário ainda conhecer os elementos básicos de qualquer narração. Todo texto narrativo conta um fato que se passa em determinado TEMPO e LUGAR. A narração só existe na medida em que há ação, que é praticada pelos personagens. Um fato acontece por uma determinada CAUSA e desenrola-se envolvendo certas circunstâncias. É importante mencionar o MODO como tudo aconteceu e as CONSEQÜÊNCIAS provocadas pelo acontecimento. Elementos básicos do texto narrativo:
Uma vez conhecidos esses elementos, resta saber como organizá-los para elaborar uma narração. Dependendo do fato a ser narrado, há inúmeras formas de dispô-los. Todavia, apresentaremos um esquema de narração que pode ser utilizado para contar qualquer fato. Ele propõe-se a situar os elementos da narração em diferentes parágrafos, de modo a orientá-lo sobre como organizar adequadamente sua composição. ESQUEMA DE NARRAÇÃOTÍTULO
Narração Objetiva É o que costuma aparecer nas ocorrências policiais dos jornais, nas quais os redatores apenas informam os fatos, sem se deixar envolver emocionalmente com o que estão noticiando. Apresenta um cunho impessoal e direto. Exemplo:
Narração Subjetiva Os fatos são apresentados levando-se em conta as emoções, os sentimentos envolvidos na história. São relatados os efeitos psicológicos que os acontecimentos desencadeiam nos personagens. Exemplo:
Categorias da NarrativaO Texto Narrativo Narrar é contar uma história, um fato, um acontecimento, quer dizer, fala do que acontece a uma ou várias personagens. 1- Estrutura da narrativa: Normalmente um texto narrativo organiza-se em três partes:
A um texto com estas características damos o nome de narrativa fechada. Quando não conhecemos a conclusão, dizemos que se trata de uma narrativa aberta. 2- Localização da ação:
3- Autor: É a pessoa que imagina a narrativa. Exemplo:
4- Narrador: É um ser imaginário, criado pelo autor a quem cabe contar a história. O narrador pode ser:
5- Personagens: Pessoas que vivem os acontecimentos que são contados no texto. Atenção! Por vezes as personagens podem ser animais ou coisas. As personagens podem ser:
CONSTRUÇÃO DE UM TEXTO NARRATIVONARRADOR Deriva do vocábulo latino narro que significa dar a conhecer, tornar conhecido, o qual provém do adjetivo gnarus, que significa sabedor, que conhece. Por sua vez, gnarus está relacionado com o verbo gnosco, lexema derivado da raiz sânscrita gnâ que significa conhecer. O narrador é a instância da narrativa que transmite um conhecimento, narrando-o. Qualquer pessoa que conta uma história é um narrador. Platão e Aristóteles distinguem três tipos de narrador: o orador ou poeta que usa a sua própria voz; alguém que assume a voz de uma ou mais pessoas que não a sua e que fala pela voz delas; alguém que usa uma mistura da sua própria voz com a de outras. Alguém que conte uma história pode iniciá-la com a sua voz; depois poderá apresentar um narrador que vai continuar a narração, o qual, poderá apresentar outras personagens que também irão contar outras histórias. Neste caso estamos em presença de uma Rahmenerzählung, ou narrativa enquadrada, Marlow, que narra a viagem pelo Congo em Coração das Trevas, foi antes apresentado pelo primeiro narrador da obra; As Mil e uma Noites é a narrativa paradigmática da história dentro da história. O narrador faz parte da narrativa. Ele assume a função de um ator na diegese, pode apresentar-se sob a forma do pronome pessoal eu,
ou
ou
Assim, segundo David Lodge, The Art of Fiction, (1992) a voz do narrador impõe-se de forma intrusa e poderá transformar o ato de escrever numa conversa íntima com o leitor, convidando-o a passar ao átrio da narrativa: “Isto é o que se comprometem a fazer por você, leitor. Com esta gota de tinta no final da minha pena, vou mostrar-lhe a oficina espaçosa de Jonathan Burge, carpinteiro e construtor, na aldeia de Hayslope, como ele apareceu no dia 18 de junho, no ano de Nosso Senhor de 1799. ” George Eliot, Adam Bede, (1859). Um outro tipo de intrusão do narrador é o de chamar a atenção do leitor para o próprio ato de leitura, “- Como você pôde, Senhora, ser tão desatento na leitura do último capítulo? Eu disse a você nele, que a minha mãe não era um papista. – Papista “Laurence Sterne, Tristram Shandy, (1767). Tristram Shandy, como narrador intruso, relembra o leitor que a narrativa é uma obra de ficçãoa realidade que ele simula ou aparenta , ao mesmo tempo que aponta as discrepâncias entre a ficção e representar. Gerard Genette em Discurso da Narrativa, (1972), distingue vários tipos de narrador, mediante o seu lugar na diegese: narrador autodiegético, i.é, aquele que narra as suas próprias experiências como personagem central dessa história, e.g., o narrador de, Jack Kerouac, em On the Road, (1957), relata na primeira pessoa as aventuras dele e dos seus companheiros nas suas viagens pelo continente norte-americano; narrador homodiegético, isto é, aquele que não sendo personagem principal da história, é ele que narra os acontecimentos a ela inerentes, por ex., o narrador de, Eça de Queroz, A Cidade e as Serras; narrador heterodiegético, ou seja, aquele que não fazendo parte da história, a narra, por ex., Gore Vidal, The Smithsonian Institution, (1999). Alguns autores classificam o sujeito narrador em dois tipos, a saber, narrador na primeira pessoa e narrador na terceira pessoa. Opondo-se a esta classificação, Mieke Bal, Narratologia: Introdução à Teoria da Narrativa, (1998), diz que durante o ato de narrar, o narrador pode optar pela primeira ou terceira pessoa. Contudo, considera que em qualquer dos casos tanto a primeira como a terceira pessoa são ambas eu, pois ainda que a narrativa esteja a terceira pessoa, o discurso narrativo poderia ser sempre precedido por Eu narro: Além disso, o uso da linguagem implica a existência de um locutor que articule, e esse locutor terá de ser, forçosamente, um eu. Relativamente ao seu lugar na narrativa, este autor considera dois tipos de narrador: o narrador externo e o narrador personagem, conforme se situam dentro ou fora da história. Bal considera ainda funções do narrador, os aspectos segmentais que incluem descrições , ainda que estes possam aparentar uma importância marginal nos textos narrativos. Tipos de textos narrativosA narração é um dos gêneros literários mais fecundos, portanto, há atualmente diversos tipos de textos narrativos que comumente são produzidos e lidos por pessoas de todo o mundo. Entre os tipos de textos mais conhecidos, estão: Romance, a Novela, o Conto, a Crônica, a Fábula, a Parábola, o Apólogo, a Lenda, entre outros. O principal objetivo do texto narrativo é contar algum fato. E o segundo principal objetivo é que esse fato sirva como informação, aprendizado ou entretenimento. Se o texto narrativo não consegue atingir seus objetivos perde todo o seu valor. A narração, portanto, visa sempre um receptor. Vejamos os conceitos de cada um desses tipos de narração e as diferenças básicas entre eles:
Estes acima citados são os mais conhecidos tipos de textos narrativos, mas podemos ainda destacar uma parcela dos textos jornalísticos que são escritos no gênero narrativo, muitos outros tipos que fazem parte da história, mas atualmente não são mais produzidos, como as novelas de cavalaria, epopéias, entre outros. E ainda as muitas narrativas de caráter popular (feitas pelo povo) como as piadas, a literatura de cordel, etc. Devido à enorme variedade de textos narrativos, não é possível abordar todos ao mesmo tempo, até mesmo porque cotidianamente novas formas de narrar vão sendo criadas tanto na linguagem escrita quanto na oral, e a partir destas vão surgindo novos tipos de textos narrativos. A Narrativa de Ficção ou NarraçãoA narrativa de ficção é construída, elaborada de modo a emocionar, impressionar as pessoas como se fossem reais. Quando você lê um romance, novela ou conto, por exemplo, sabe que aquela história foi inventada por alguém e está sendo vivida de mentira por personagens fictícios. No entanto, você chora ou ri, torce pelo herói, prende a respiração no memento de suspense, fica satisfeito quando tudo acaba bem. A história foi narrada de modo a ser vivida por você. Suas emoções não deixam de existir só porque aquilo é ficção, é invenção. No “mundo da ficção” a realidade interna e mais ampla que a realidade externa, concreta, que conhecemos. Através da ficção podemos, por exemplo, nos transportar para um mundo futuro, no qual certas situações que hoje podem nos parecer absurdas, são perfeitamente aceitas como verdadeiras. A narração consiste em arranjar uma seqüência de fatos na qual os personagens se movimentam num determinado espaço à medida que o tempo passa. O texto narrativo é baseado na ação que envolve personagens, tempo, espaço e conflito. Seus elementos são: narrador, enredo, personagens, espaço e tempo. Dessa forma, o texto narrativo apresenta uma determinada estrutura: Esquematizando temos:
Protagonistas e Antagonistas A narrativa é centrada num conflito vivido pelos personagens. Diante disso, a importância dos personagens na construção do texto é evidente. Podemos dizer que existe um protagonista (personagem principal) e um antagonista (personagem que atua contra o protagonista, impedindo-o de alcançar seus objetivos). Há também os adjuvantes ou coadjuvantes, esses são personagens secundários que também exercem papéis fundamentais na história. Narração e Narratividade Em nosso cotidiano encontramos textos narrativos; contamos e/ou ouvimos histórias o tempo todo. Mas os textos que não pertencem ao campo da ficção não são considerados narração, pois essas não têm como objetivo envolver o leitor pela trama, pelo conflito. Podemos dizer que nesses relatos há narratividade, que quer dizer, o modo de ser da narração. Os Elementos da Narrativa Os elementos que compõem a narrativa são:
Narrador e o Foco Narrativo O narrador é elemento fundamental para o sucesso do texto, pois esse é o dono da voz, o que conta os fatos e seu desenvolvimento. Atua como intermediário entre a ação narrada e o leitor. O narrador assume uma posição em relação ao fato narrado (foco narrativo), o seu ponto de vista constitui a perspectiva a partir da qual o narrador conta a história. O foco narrativo em 1ª pessoa Na narração em 1ª pessoa o narrador é um dos personagens, protagonista ou secundário. Nesse caso ele apresenta aquilo que presencia ao participar dos acontecimentos. Dessa forma, nem tudo aquilo que o narrador afirma refere-se à verdade, pois ele tem sua própria visão acerca dos fatos; sendo assim expressa sua opinião. Foco narrativo em 3ª pessoa Na narração em 3ª pessoa o narrador é onisciente. Nos oferece uma visão distanciada da narrativa; além de dispor de inúmeras informações que o narrador em 1ª pessoa não oferece. Nesse tipo de narrativa os sentimentos, as idéias, os pensamentos, as intenções, os desejos dos personagens são informados graças à onisciência do narrador que é chamado de narrador observador. O ENREDO O enredo é a estrutura da narrativa, o desenrolar dos acontecimentos gera um conflito que por sua vez é o responsável pela tensão da narrativa. OS PERSONAGENS Os personagens são aqueles que participam da narrativa, podem ser reais ou imaginários, ou a personificação de elementos da natureza, idéias, etc. Dependendo de sua importância na trama os personagens podem ser principais ou secundários. Há personagem que apresenta personalidade e/ou comportamento de forma evidente, comuns em novelas e filmes, tornando-se personagem caricatural. O ESPAÇO O espaço onde transcorrem as ações, onde os personagens se movimentam auxilia na caracterização dos personagens, pois pode interagir com eles ou por eles ser transformado. O TEMPO A duração das ações apresentadas numa narrativa caracteriza o tempo (horas, dias, anos, assim como a noção de passado, presente e futuro). O tempo pode ser cronológico, fatos apresentados na ordem dos acontecimentos, ou psicológico, tempo pertencente ao mundo interior do personagem. Quando lidamos com o tempo psicológico a técnica do flashback é bastante explorada, uma vez que a narrativa volta no tempo por meio das recordações do narrador. Concluindo Ao produzir uma narração o escritor deve estar atento à todas as etapas. Dando ênfase ao elemento que se quer destacar. Uma boa dica é: observar os bons romancistas e contistas, voltando a atenção para seus roteiros, na forma como trabalham os elementos em suas narrativas. Tipos de NarraçãoSabemos que o ato de contar histórias remonta ao passado. Antigamente as pessoas tinham o hábito de sentar-se à beira de suas casas nos momentos de descanso e relatar fatos acontecidos, muitas vezes ficcionais, e isso ia passando de geração para geração. Quem de nós não conhece a história do Chapeuzinho Vermelho, Bela Adormecida e tantos outros clássicos da literatura? Por mais que o advento da tecnologia tenha desencantado essa magia e, de certa forma, promovido o afastamento entre as pessoas, existem variadas formas de narrativas, sejam elas orais, escritas, visuais ou encenadas, como é o caso do teatro. Seja qual for a modalidade, o texto narrativo dispõe-se de certos elementos primordiais, que são: tempo, espaço, personagens, narrador e enredo. E para conhecermos um pouco mais sobre os diversos tipos de narrativa, devemos saber que elas se subdividem em: Romance, Novela, Conto, Crônica e Fábula. Por isso, estudaremos as mesmas passo a passo:
Na narração, existem três formas de citar a fala (discurso) dos personagens: o discurso direto, o discurso indireto e o discurso indireto livre. Discurso direto: Por meio do discurso direto, reproduzem-se literalmente as palavras do personagem. Esse tipo de citação é muito interessante, pois serve como uma espécie de comprovação figurativa (concreta) daquilo que acabou de ser exposto (ou que ainda vai ser) pelo narrador. É como se o personagem surgisse, por meio de suas palavras, aos olhos do leitor, comprovando os dados relatados imparcialmente pelo narrador. O recurso gráfico utilizado para atribuir a autoria da fala a outrem, que não o produtor do texto, são as aspas ou o travessão. O discurso direto pode ser transcrito: a) Após dois-pontos, sem verbo dicendi (utilizado para introduzir discursos):
b) Após dois-pontos, com verbo dicendi (evitável):
c) Após dois-pontos, com travessão:
d) Após ponto, sem verbo dicendi:
e) Após ponto, com verbo dicendi após a citação:
f) Integrado com a narração, sem sinal de pontuação:
Discurso indireto: Por meio do discurso indireto, a fala do personagem é filtrada pela do narrador (você, no caso). Não mais há a transcrição literal do que o personagem falou, mas a transcrição subordinada à fala de quem escreve o texto. No discurso indireto, utiliza-se, após o verbo dicendi, a oração subordinada (uma oração que depende da sua oração) introduzida, geralmente, pelas conjunções que e se, que podem estar elípticas (escondidas). Exemplos:
Você notou que, na transcrição indireta do discurso, há modificações em algumas estruturas gramaticais, como no tempo verbal (quero, queria; roubei, tinha roubado), nos pronomes (deste, daquele), etc. Confira a tabela de transposição do discurso direto para o indireto:
Discurso indireto livre: Esse tipo de citação exige muita atenção do leitor, porque a fala do personagem não é destacada pelas aspas, nem introduzida por verbo dicendi ou travessão. A fala surge de repente, no meio da narração, como se fossem palavras do narrador. Mas, na verdade, são as palavras do personagem, que surgem como atrevidas, sem avisar a ninguém.
A fala da personagem em negrito, para que você possa enxergá-la não foi destacada. Cabe ao leitor atento a sua identificação. O FLASHBACK LITERÁRIO Estudos Literários Flashback (também chamado de analepsis; plural, analepses) é uma interrupção na sequência temporal de um filme, narrativa ou peça de teatro, que leva a narrativa de volta no tempo a partir do ponto em que a história chegou, a fim de apresentar o relato de eventos passados. Realiza-se da seguinte maneira: a ação do presente é interrompida de forma instantânea e uma cena anterior é mostrada ao espectador ou leitor. A técnica é usada para criar um suspense ou um efeito dramático mais forte na história, ou ainda, para desenvolver um personagem. A série de televisão Lost é particularmente conhecida pelo uso excessivo de flashbacks em quase todos os episódios. Cada episódio se concentra em um único personagem e seus conflitos na ilha que se relacionam, por meio do flashback, com seus conflitos antes dele chegar à ilha. Muitos autores têm apresentado o flashback com inovações, como o escritor americano, William Faulkner (1897-1962) que faz o flashback dentro de outro flashback, voltando a dois planos narrativos do passado. Machado de Assis, no seu romance Memória Póstumas de Brás Cubas, narra uma história de trás para diante. Começa com a morte da personagem contada por ela mesma. Por meio do Flashback, a narrativa vai se refazendo para o passado, com os dados das personagens que vão surgindo. O romance se fecha por onde começou com a morte da personagem. É o chamado romance fechado em círculo: “Morri de uma pneumonia; mas se lhe disser que foi menos a pneumonia, de que uma ideia grandiosa e útil, a causa de minha morte, é possível que o leitor não me creia, e, todavia é verdade. Vou expor-lhe sumariamente o caso julgue-o por si mesmo.” Estudo das diversas modalidades de textos infantisFábulas (do latim- fari – falar e do grego – Phao -contar algo) Narrativa alegórica de uma situação vivida por animais, que referencia uma situação humana e tem por objetivo transmitir moralidade. A exemplaridade desses textos espelha a moralidade social da época e o caráter pedagógico que encerram. É oferecido, então, um modelo de comportamento maniqueísta; em que o “certo” deve ser copiado e o “errado”, evitado. A importância dada à moralidade era tanta que os copistas da Idade Média escreviam as lições finais das fábulas com letras vermelhas ou douradas para destacar. A presença dos animais deve-se, sobretudo, ao convívio mais efetivo entre homens e animais naquela época. O uso constante da natureza e dos animais para a alegorização da existência humana aproximam o público das “moralidades”. Assim apresentam similaridade com a proposta das parábolas bíblicas. Algumas associações entre animais e características humanas, feitas pelas fábulas, mantiveram-se fixas em várias histórias e permanecem até os dias de hoje.
A proposta principal da fábula é a fusão de dois elementos: o lúdico e o pedagógico. As histórias, ao mesmo tempo que distraem o leitor, apresentam as virtudes e os defeitos humanos através de animais. Acreditavam que a moral, para ser assimilada, precisava da alegria e distração contida na história dos animais que possuem características humanas. Desta maneira, a aparência de entretenimento camufla a proposta didática presente. A fabulação ou afabulação é a lição moral apresentada através da narrativa. O epitímio constitui o texto que explicita a moral da fábula, sendo o cerne da transmissão dos valores ideológicos sociais. Acredita-se que esse tipo de texto tenha nascido no século XVIII a.C., na Suméria. Há registros de fábulas egípsias e hindus, mas atribui-se à Grécia a criação efetiva desse gênero narrativo. Nascido no Oriente, vai ser reinventado no Ocidente por Esopo (Séc. V a.C.) e aperfeiçoado, séculos mais tarde, pelo escravo romano Fedro (Séc. I a.C.) que o enriqueceu estilisticamente. Entretanto, somente no século X, começaram a ser conhecidas as fábulas latinas de Fedro. Ao francês Jean La Fontaine (1621/1692) coube o mérito de dar a forma definitiva a uma das espécies literárias mais resistentes ao desgaste dos tempos: a fábula, introduzindo-a definitivamente na literatura ocidental. Embora tenha escrito originalmente para adultos, La Fontaine tem sido leitura obrigatória para crianças de todo mundo. Podem-se citar algumas fábulas imortalizadas por La Fontaine: “O lobo e o cordeiro”, “A raposa e o esquilo”, “Animais enfermos da peste”, “A corte do leão”, “O leão e o rato”, “O pastor e o rei”, “O leão, o lobo e a raposa”, “A cigarra e a formiga”, “O leão doente e a raposa”, “A corte e o leão”, “Os funerais da leoa”, “A leiteira e o pote de leite”. O brasileiro Monteiro Lobato dedica um volume de sua produção literária para crianças às fábulas, muitas delas adaptadas deFontaine. Dessa coletânea, destacam-se os seguintes textos: “A cigarra e a formiga”, “A coruja e a águia”, “O lobo e o cordeiro”, “A galinha dos ovos de ouro” e “A raposa e as uvas”. Contos de Fadas Quem lê “Cinderela” não imagina que há registros de que essa história já era contada na China, durante o século IX d. C.. E, assim como tantas outras, tem-se perpetuado há milênios, atravessando toda a força e a perenidade do folclore dos povos, sobretudo, através da tradição oral. Pode-se dizer que os contos de fadas, na versão literária, atualizam ou reinterpretam, em suas variantes questões universais, como os conflitos do poder e a formação dos valores, misturando realidade e fantasia, no clima do “Era uma vez…”. Por lidarem com conteúdos da sabedoria popular, com conteúdos essenciais da condição humana, é que esses contos de fadas são importantes, perpetuando-se até hoje. Neles encontramos o amor, os medos, as dificuldades de ser criança, as carências (materiais e afetivas), as auto-descobertas, as perdas, as buscas, a solidão e o encontro. Os contos de fadas caracterizam-se pela presença do elemento “fada”. Etimologicamente, a palavra fada vem do latim fatum (destino, fatalidade, oráculo). Tornaram-se conhecidas como seres fantásticos ou imaginários, de grande beleza, que se apresentavam sob forma de mulher. Dotadas de virtudes e poderes sobrenaturais, interferem na vida dos homens, para auxiliá-los em situações-limite, quando já nenhuma solução natural seria possível. Podem, ainda, encarnar o Mal e apresentarem-se como o avesso da imagem anterior, isto é, como bruxas. Vulgarmente, se diz que fada e bruxa são formas simbólicas da eterna dualidade da mulher, ou da condição feminina. O enredo básico dos contos de fadas expressa os obstáculos, ou provas, que precisam ser vencidas, como um verdadeiro ritual iniciático, para que o herói alcance sua auto-realização existencial, seja pelo encontro de seu verdadeiro “eu”, seja pelo encontro da princesa, que encarna o ideal a ser alcançado. Estrutura básica dos contos de fadas
Lendas (do latim legenda/legen – ler) Nas primeiras idades do mundo, os seres humanos não escreviam, mas conservavam suas lembranças na tradição oral. Onde a memória falhava, entrava a imaginação para suprir-lhe a falta. Assim, esse tipo de texto constitui o resumo do assombro e do temor dos seres humanos diante do mundo e uma explicação necessária das coisas da vida. A lenda é uma narrativa baseada na tradição oral e de caráter maravilhoso, cujo argumento é tirado da tradição de um dado lugar. Sendo assim, relata os acontecimentos numa mistura entre referenciais históricos e imaginários. Um sistema de lendas que tratem de um mesmo tema central constiruem um mito (mais abrangente geograficamente e sem fixação no tempo e no espaço). A respeito das lendas, registra o folclorista brasileiro Câmara Cascudo no livro Literatura Oral no Brasil:
A lenda tem caráter anônimo e, geralmente, está marcada por um profundo sentimento de fatalidade. Tal sentimento é importante, porque fixa a presença do Destino, aquilo contra o que não se pode lutar e demonstra o pensamento humano dominado pela força do desconhecido. O folclore brasileiro é rico em lendas regionais. Destacam-se entre as lendas brasileiras os seguintes títulos: “Boitatá”, “Boto cor-de-rosa”, “Caipora ou Curupira”, “Iara”, “Lobisomem”, “Mula-sem-cabeça”, “Negrinho do Pastoreio”, “Saci Pererê” e “Vitória Régia”. Nas primeiras idades do mundo, os homens não escreviam. Conservavam suas lembranças na tradição oral. Onde a memória falhava, entrava a imaginação para supri-la e a imaginação era o que povoava de seres o seu mundo. Todas as formas expressivas nasceram, certamente, a partir do momento em que o homem sentiu necessidade de procurar uma explicação qualquer para os fatos que aconteciam a seu redor: os sucessos de sua luta contra a natureza, os animais e as inclemências do meio ambiente, uma espécie de exorcismo para espantar os espíritos do mal e trazer para sua vida os atos dos espíritos do bem. A lenda, em especial as mitológicas, constitui o resumo do assombro e do temor do homem diante do mundo e uma explicação necessária das coisas. A lenda, assim, não é mais do que o pensamento infantil da humanidade, em sua primeira etapa, refletindo o drama humano ante o outro, em que atuam os astros e meteoros, forças desencadeadas e ocultas. A lenda é uma forma de narrativa antiqüíssima, cujo argumento é tirado da tradição. Relato de acontecimentos, onde o maravilhoso e o imaginário superam o histórico e o verdadeiro. Geralmente, a lenda está marcada por um profundo sentimento de fatalidade. Este sentimento é importante, porque fixa a presença do Destino, aquilo contra o que não se pode lutar e demonstra, irrecusavelmente, o pensamento do homem dominado pela força do desconhecido. De origem muitas vezes anônima, a lenda é transmitida e conservada pela tradição oral. Poesia O gênero poético tem uma configuração distinta dos demais gêneros literários. Sua brevidade, aliada ao potencial simbólico apresentado, transforma a poesia em uma atraente e lúdica forma de contato com o texto literário. Há poetas que quase brincam com as palavras, de modo a cativar as crianças que ouvem, ou lêem esse tipo de texto. Lidam com toda uma ludicidade verbal, sonora e musical, no jeito como vão juntando as palavras e acabam por tornar a leitura algo muito divertido. Como recursos para despertar o interesse do pequeno leitor, os autores utilizam-se de rimas bem simples e que usem palavras do cotidiano infantil; um ritmo que apresente certa musicalidade ao texto; repetição, para fixação da idéias, e melhor compreensão dentre outros. Pode-se refletir, acerca da receptividade das crianças à poesia, lendo as considerações de Jesualdo:
Fonte: br.geocities.com/profpaulo.weebly.com/ebah.com.br/www.graudez.com.br |