GW Gustavo Werneck Show
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Aquele que tornou conhecida a dela��o premiada era comandante do Regimento de Cavalaria Auxiliar de Borda do Campo, em Minas, fazendeiro, minerador e contratador de impostos (comprara em leil�o o direito de arrecadar certos tributos). Silv�rio dos Reis integrava inicialmente o grupo que se insurgiu contra a cobran�a do “quinto do ouro”, taxa em teoria de at� 20% sobre a produ��o. Vale lembrar que, se os mineradores n�o pagassem ao governo 100 arrobas de ouro anuais, a Coroa Portuguesa poderia decretar a derrama, obrigando as c�maras municipais a fazer o povo pagar o valor necess�rio para chegar �quele total. “Silv�rio dos Reis sabia de todos os passos do movimento. Numa compara��o com a atualidade, seria como se o ministro da Fazenda no governo Lula, Antonio Palocci, que est� preso, ou Paulo Preto, ex-assessor do ex-governador de S�o Paulo (SP) Jos� Serra, soltassem a l�ngua e contassem tudo o que sabem”, ressalta o professor e autor do livro Brasil e a Crise no Antigo Regime Portugu�s (1788-1822). Guardadas as devidas propor��es de tempo, espa�o e valores envolvidos, Villalta afirma que o traidor dos conjurados mineiros e os executivos de empreiteiras como a Odebrecht t�m em comum e tiveram como alvo “a apropria��o privada do que � p�blico”. “Com a dela��o, o portugu�s n�o pagou as d�vidas � Coroa. Ele era um contratador de impostos endividado e usou isso a seu favor”, observa. “J� os donos e diretores de grandes empreiteiras e antigos executivos da Petrobras, que � de capital misto, est�o envolvidos num sistema em que a coisa p�blica � apropriada para fins privados. Em ambas as situa��es, no s�culo 18 e 21, o interesse � o ganho il�cito.” PRIS�O Para entender melhor a hist�ria da trai��o na Inconfid�ncia Mineira, � preciso fazer um exerc�cio de volta no tempo. Tiradentes estava no Rio de Janeiro quando a tentativa de levante foi esmagada pela Coroa Portuguesa. Sabendo de todos os meandros da quest�o, Silv�rio dos Reis foi ao encontro dele, a mando do vice-rei. Sem desconfiar de nada, embora espionado, o alferes decide voltar a Minas e antes se esconde na casa de um amigo na Rua dos Latoeiros, hoje Gon�alves Dias, no Centro da capital fluminense. Em 10 de maio de 1789, o alferes foi preso com um bacamarte na m�o, explica o professor Villalta. Em tr�s interrogat�rios, negou tudo e, no quarto, em 18 de janeiro de 1790, confessou, assumindo sozinho toda a responsabilidade e eximindo os demais conspiradores de qualquer culpa. E que fim levou Silv�rio dos Reis? O traidor dos inconfidentes terminou seus dias no Maranh�o, sofrendo hostilidades dos moradores da terra. J� o outro denunciante, Bas�lio de Brito Malheiros, falecido em 1806, registrou em seu testamento que todo “o povo de Minas, todo o Brasil, em verdade, alimenta um �dio implac�vel contra si depois da projetada inconfid�ncia de Minas”. CORRUP��O Perto de lan�ar um livro sobre a situa��o no per�odo colonial – A corrup��o do corpo m�stico – Pr�ticas il�citas na governa��o do Brasil –, a professora de hist�ria da UFMG Adriana Romeiro destaca que as irregularidades praticadas nos s�culos 17 e 18 e as formas de atua��o comparadas com as de hoje s�o quase id�nticas. “Havia corrup��o, sim, suborno de autoridades, como ju�zes, e pagamento de propinas, que se conhecia muito bem”, conta. Um bom exemplo dessa situa��o de indigna��o, acrescenta, est� nas Cartas Chilenas, poemas escritos por Tom�s Ant�nio Gonzaga (1744-1810), no qual ele faz uma den�ncia do governador da Capitania de Minas (de 1783 a 1788), Lu�s da Cunha Menezes, a quem chama de “Fanfarr�o Min�sio”. Adriana Romeiro diz que muitas den�ncias eram encaminhadas por escrito, pelos vassalos, � C�mara Municipal, ao governador e at� ao rei de Portugal. “Em alguns casos, o rei chamava os respons�veis; em outros, as den�ncias eram silenciadas. A Coroa era muito tolerante e leniente em rela��o aos abusos, embora rigorosa quanto ao desvio de dinheiro p�blico, no caso, o ouro”, explica. A corrup��o existe no Brasil desde que Pedro �lvares Cabral chegou aqui, em 1500, resume a professora. E n�o foi diferente em Minas, no s�culo 18. “Os governadores que vinham de Portugal voltavam ricos para a Europa. O objetivo, como disse Tiradentes, era espoliar: ‘Os portugueses s�o a esponja a sugar a Terra’. E muitos deles estiveram envolvidos em negocia��es clandestinas.” "Hoje, Tiradentes ainda se rebelaria"Joaquim Jos� da Silva Xavier, o Tiradentes, tinha seus ideais de liberdade, de ver independentes as capitanias de Minas, do Rio de Janeiro e S�o Paulo – na �poca, os inconfidentes n�o tinham no��o exata do que era o Brasil e a palavra brasileiro quase n�o era usada – e de viver num pa�s republicano. “Mas � preciso entender que Tiradentes era um homem do seu tempo. E que n�o era nenhum santo”, diz o professor de hist�ria Luiz Carlos Villalta, da UFMG. “Era dono de escravos, tinha uma vida sexual ativa, enfim, vivia como algu�m da sua �poca. E havia inconfidentes metidos em contrabando de ouro e pedras preciosas”, acrescenta. Ouro e revolta nas ra�zes da conjura��o
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Qual foi a pena de morte de Tiradentes?Joaquim José da Silva Xavier, também conhecido pelo apelido de “Tiradentes”, consagrou-se por sua participação ativa na Inconfidência Mineira. Tragicamente, ele foi o único dos envolvidos no movimento a receber a pena de morte, uma vez que os outros envolvidos foram perdoados pela Coroa Portuguesa.
Quem foi um dos principais líderes da Conjuração Mineira?Esses homens, muitos deles poetas, tinham profissões variadas: Cláudio Manuel da Costa era advogado; Alvarenga Peixoto, fazendeiro e proprietário de minas; Tomás Antônio Gonzaga, desembargador; José Álvares Maciel era filho do capitão-mor de Vila Rica; José de Rezende Costa e seu filho de mesmo nome; Luís Alves de ...
O que ficou conhecido por Conjuração Mineira?A Inconfidência Mineira foi a revolta, de caráter republicano e separatista, organizada pela elite socioeconômica da capitania de Minas Gerais contra o domínio colonial português. Também conhecida como Conjuração Mineira, demonstrou a insatisfação local com a política fiscal praticada por Portugal.
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