Qual a lei a explicar a queda dos preços internacionais do café brasileiro?

Graduada em História (UFF, 2017)
Mestre em Sociologia e Antropologia (UFRJ, 2012)
Graduada em Ciências Sociais (UERJ, 2009)

Ouça este artigo:

O Conselho Nacional do Café foi um órgão criado por Getúlio Vargas em 1931 com o objetivo de superar a crise de superprodução do café que foi agravada a partir do ano da crise de 1929 ocasionando uma drástica redução nas importações de café e também nas linhas de crédito que sustentavam a manutenção dos preços no mercado internacional. Embora o governo Vargas procurasse estabelecer uma política que favorecesse a superação do modelo agrário-exportador a partir do incentivo a expansão das atividades industriais, a criação do Conselho Nacional do Café teve uma atuação importante para que o café fosse mantido como carro-chefe do comércio exterior brasileiro.

Medidas a favor da valorização do café foram implementadas no Brasil desde o ano de 1906 quando os cafeicultores pressionaram o governo para que protegesse esse cultivo em um momento de depreciação contínua do produto no mercado internacional. Nas décadas seguintes, houve uma restrição do café no mercado externo ocasionada pelos vários planos de valorização do café realizados pelos governo federal e de São Paulo. Essas políticas obtiveram sucesso em assegurar o preço do produto no mercado externo. Mas, não houve um impedimento da expansão da produção de café – resultando em grandes safras nos anos 1920 – assim como não conteve o aumento da concorrência de países que se interessavam pelo plantio e exploração comercial deste ramo de negócio, fazendo como que o Brasil tivesse vários momentos de crise no que se refere a produção cafeeira.

Quando ocorreu o “crack” de 1929, o Brasil sofreu com uma séria crise de superprodução cafeeira tendo como principal consequência a queda no preço do produto, além de acumular grandes estoques do produto. Foi neste contexto que em 1931 o governo federal criou o Conselho Nacional do Café provocando um esvaziamento (mas não extinção) do Instituto do Café do Estado de São Paulo, objetivando a centralização das decisões políticas do café a nível federal. O CNC tinha como uma das suas atribuições a arrecadação das taxas de sacas de café exportadas, a compra de estoques cafeeiros, assim como a contratação de empréstimos necessários a execução das suas políticas.

Assim, em meio à instabilidade política e econômica de 1930, o novo governo retomou a política de defesa do café implementando 3 principais medidas:

  • Compra de parte da safra paulista a partir de empréstimos com bancos ingleses;
  • Queima de parte dos estoques de café, conhecida como “quota do sacrifício” ;
  • Estabelecimento de acordos de venda de café com diversos países.

Além de comprar o café e depois destruir os excedentes do produto (toneladas de café foram jogadas ao mar ou utilizadas como combustível de locomotivas em substituição ao carvão), o governo proibiu novas plantações em um prazo de 3 anos (criação de imposto por pé de café inibindo novos plantios) e promoveu o incentivo a produção de novos produtos como algodão, açúcar, borracha, cacau e mate, possibilitando assim a diversificação da produção.

Em 1933, esse órgão passou a ser chamado de Departamento Nacional do Café, operando a política do café em consonância como os ministérios da Fazenda e da agricultura até 1946 quando foi substituído pelo Departamento Econômico do Café no governo do presidente Dutra.

Bibliografia:

http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/instituto-brasileiro-do-cafe-ibc

Historia: das cavernas ao terceiro milênio / Patricia Ramos Braick ; Miriam Brecho Mota. – 2.ed – São Paulo: Moderna, 2006

O tempo do nacional-estatismo: do início da década de 1930 ao apogeu do Estado Novo / organização: Jorge Ferreira e Lucília de Almeida Neves Delgado. – 2° ed. – Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. – (O Brasil republicano; v.2)

Apostila Ciências Humanas, pré-vestibular. História do Brasil 3 – República I. São Paulo, Editora COC.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/conselho-nacional-do-cafe/

GIULIANA VALLONE
da Folha Online

A Crise de 1929 atingiu em cheio a economia do Brasil, muito dependente das exportações de um único produto, o café. Mas, mais do que gerar dificuldades econômicas, o crash que completa 80 anos em 2009 provocou uma mudança no foco de poder no país, acabando com um pacto político interno que já durava mais de trinta anos.

Entre os anos de 1894 e 1930, o presidente da República foi eleito pelos paulistas barões do café num mandato, e no outro pelos pecuaristas mineiros. Era a chamada política do café com leite, viabilizada pela hegemonia da oligarquia cafeeira paulista na época e que garantiu a formação de uma economia agrícola praticamente monoexportadora no país.

Em 1929, a quebra nos mercados acionários do mundo provocou uma forte queda nos preços internacionais das commodities. "O Brasil era fortemente dependente das exportações de café, e tinha uma enorme dívida externa, que precisava ser financiada com essas vendas", afirma o professor de História Econômica da FEA-USP, Renato Colistete.

Além da queda nos preços, a crise provocou uma diminuição na renda e no consumo no mundo todo, prejudicando ainda mais as vendas de café. As exportações do produto, que chegaram a US$ 445 milhões em 1929, caíram para US$ 180 milhões em 1930. A cotação da saca no mercado internacional, caiu quase 90% em um ano.

Fogueira

Na tentativa de conter a queda, o governo federal comprou grande parte dos estoques dos produtores, e queimou 80 milhões de sacas do produto. "A ideia era queimar para diminuir a oferta e aumentar o preço internacional, porque o Brasil era o maior país exportador", segundo Marcos Fernandes, coordenador do Centro de Estudos dos Processos de Decisão da FGV-SP.

"A crise arruinou a oligarquia cafeeira, que já sofria pressões e contestações dos diferentes grupos urbanos e das oligarquias dissidentes de outros Estados, que almejavam o controle político do Brasil", explica Wagner Pinheiro Pereira, doutor em História pela USP e autor do livro "24 de Outubro de 1929: A Quebra da Bolsa de Nova York e a Grande Depressão".

Poder

O que aconteceu, então, foi que o foco do poder no país foi deslocado para o gaúcho Getúlio Vargas, que se tornou presidente da República após a Revolução de 1930. "Do ponto de vista político, a crise foi importante porque desviou o foco do poder para Getúlio Vargas e para um projeto de industrialização", diz Fernandes.

O novo presidente, porém, sabia que, mesmo com o fim da oligarquia paulista, o café não podia ser deixado de lado. Assumiu, então, uma nova política de defesa da cafeicultura, na tentativa de equilibrar os preços e evitar a superprodução.

"Não podemos esquecer que Getúlio era o pai dos pobres e a mãe dos ricos", diz Fernandes. "Ele tratou de não romper tão radicalmente com a oligarquia agrícola, e o café continuou sendo importante no Brasil. Isso começa a mudar mesmo a partir de Juscelino Kubitschek e, principalmente, a partir do Golpe de 1964."

A Grande Depressão, porém, dificultou os esforços do governo para ajudar o café e "somente no final da década de 1930 o café começou a recuperar os bons preços nos mercados internacionais", segundo Pereira.

Comentários Os comentários não representam a opinião da Revista e são de responsabilidade do autor.

Qual a lei que ajuda a explicar a queda dos preços internacionais do café brasileiro?

O Convênio de Taubaté foi um encontro realizado em 1906 pelos governadores dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, na cidade paulista de Taubaté, com o objetivo de encontrarem uma política estatal para garantir a rentabilidade da cafeicultura brasileira.

Qual lei ajuda a explicar a queda dos preços?

A Lei da Demanda determina que um preço mais alto leva a uma menor quantidade demandada e que um preço mais baixo leva a uma maior quantidade demandada.

Qual a lei ajuda a explicar a queda?

A lei dos corpos em queda diz que todos os corpos caem com aceleração constante, uma vez que o efeito da aceleração gravitacional, ou seja, da gravidade em todos os corpos, à mesma altura, é igual.

Porque o café brasileiro sofreu desvalorização desde os anos finais do século 19?

Para proteger os interesses dos cafeicultores, tornava-se necessário manter baixo o valor da moeda nacional. Assim, mesmo que o preço do café no exterior estivesse baixo, quando convertido em moeda brasileira dava bons lucros aos fazendeiros. A desvalorização da moeda nacional encarecia os produtos importados.