Qual a importância de se estudar a cultura indígena?

Em 10 de março de 2008 foi sancionada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Lei 11.645, que tornou obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena no ensino fundamental e médio, tanto da rede pública quanto da privada. De lá para cá, visando à capacitação dos futuros professores, disciplinas que atendessem à lei foram incorporadas paulatinamente às grades curriculares dos cursos de licenciatura, especialmente aos de História. 

Atualmente, ensinando a disciplina História e Cultura dos Povos Indígenas, na Universidade Católica de Pernambuco, não me restam dúvidas acerca da importância da lei e de seu impacto na sociedade, tendo em conta que só valorizamos realmente aquilo que conhecemos e nos identificamos (ao menos em parte). Apesar de uma bibliografia cada vez mais extensa, da revolução dos meios de comunicação, e da existência de povos indígenas bem próximos a nós, o alunado continua chegando com muita desinformação e carregado de visões estereotipadas. 

Esquece-se, às vezes completamente, que o projeto de conquista e colonização portuguesa só foi possível com a ajuda e o estabelecimento de alianças com muitos grupos ameríndios. Serviram de mão de obra indispensável para a construção e proteção dos núcleos de povoamento, da implementação de engenhos ao estabelecimento das lavouras de cana de açúcar e outros gêneros de consumo. Pajés atenderam a muitos cristãos e muitos europeus viveram seu paraíso terreal junto aos indígenas do Novo Mundo. É certo que houve extermínios, mas também etnias que resistiram ao longo dos séculos. Mas inclusive isso foi silenciado das grandes telas a óleo. E mesmo quando invisibilizados, já que se enalteceu o índio morto e fossilizado dos tempos coloniais, nunca deixaram de participar ativamente em guerras civis e na vida econômica, política e social brasileira. 

Tal invisibilização, sem embargo, é causada por vários fatores entre os quais está nossa tradição xenófoba, racista e hierarquizada de raiz europeia, mas particularmente ibérica. Embora centenas de homens e mulheres indígenas tenham servido como escravos e trabalhadores ao longo de nossa história, a pecha de preguiçosos persiste. Lembre-se que tiveram que ter sua humanidade reconhecida por meio de uma bula papal e por bastante tempo se desconsiderou (com raras exceções) sua cultura, crenças, costumes e formas de organização social. Eterno bom ou mau selvagem, passivo ou belicoso, em um ou em outro caso os povos indígenas continuaram sendo vistos como entraves à chamada “civilização brasileira”, assim como ao seu desenvolvimento econômico. 

Por certo, duplo entrave: primeiramente por sua cultura considerada incompatível com os valores ocidentais (societários, religiosos e capitalistas), e, em segundo lugar, pela posse de extensas áreas de terras, objeto de interesses e lutas seculares. Temos que parar de “brincar de índio” e ensinar a desconstruir estereótipos e preconceitos para que as gerações futuras entendam a importância vital (e não apenas simbólica) dos povos indígenas para a nossa sociedade. Sem esse esforço o reconhecimento dos mesmos permanecerá apenas no plano da formalidade, dificultando o apoio necessário e verdadeiro para o cumprimento e manutenção das garantias constitucionais e da consolidação de sua autonomia.

Conhecer o processo de construção de uma nação é uma dimensão valiosa para a escola, no sentido de oferecer oportunidade ao aluno de olhar o passado, bem como o presente, em busca de conhecimento e discernimento sobre a história do país.

Considera-se fundamental que o povo brasileiro tenha conhecimento acerca do sofrimento que as sociedades africanas e indígenas foram expostas, favorecendo uma melhor compreensão das atitudes tomadas pelos índios no decorrer da história do Brasil, conhecimento que deve ser adquirido desde o início da fase escolar, especificamente para os alunos do Ensino Fundamental e Médio.

No intuito de propiciar ao professor uma exploração abrangente em relação à história indígena nas escolas sugere-se questões que irão somar na inclusão dessa abordagem inovadora que foi imposta por uma nova lei:

• Propiciar ao aluno o conhecimento dos aspectos positivos e afirmativos dessa população em relação à cultura nacional, bem como os acontecimentos considerados negativos naquele instante;
• Fazer associações às tradições negras e indígenas usando como exemplos a música, a culinária, as artes plásticas entre outros;

• Enfatizar que os negros chegaram como escravos, porém não eram cativos naquela época;

• Informar a existência de populações e grupos com domínios de metalurgia e técnicas agrícolas, sendo que essas riquezas adquiridas foram incorporadas juntamente com a criatividade e inovação no âmbito da cultura brasileira;

• Esclarecer que apesar da violência e destruição sofridas, ocasionaram contribuições positivas e criativas que refletem até hoje na história do Brasil;

• Trabalhar com cantigas de roda;

• Identificar e conhecer os alimentos oriundos da cultura indígena, por exemplo: Informar que a mandioca é um produto originado da cultura indígena do México, sendo levada para a Europa;

• Trabalhar com a história indígena, pesquisando coisas com nomes de origens indígenas;

• Conscientizar os alunos a respeito da distribuição dos povos indígenas pelo mundo;

• Informar que vários povos indígenas são descendentes dos habitantes originais das terras ocupadas e colonizadas. Por exemplo: as etnias nativas dos Estados Unidos, os aborígenes australianos, entre outros;

• Destacar a contribuição indígena na cultura até os dias atuais.

Vale ressaltar que a cultura indígena possui um imenso universo de informações a serem estudadas e que compete ao professor realizar inserindo o conteúdo com outras matérias e não ser trabalhado como uma disciplina isolada.
Associar a cultura indígena ao conteúdo que está sendo vivenciado pelos alunos, resulta em um rico processo de aprendizagem para eles, proporcionando o contato com as tradições do país e conseqüentemente o saber da história do seu país.

Saiba Mais!

Em 10 de março de 2008, foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a lei referente à inclusão obrigatória no currículo das escolas públicas e particulares de nível fundamental e médio, o ensino de história e cultura indígena brasileira.

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Por Elen Campos Caiado
Graduada em Fonoaudiologia e Pedagogia
Equipe Brasil Escola

Porque é importante estudar a cultura indígena?

A cultura indígena possui importância fundamental na construção da identidade nacional brasileira. Ela está presente em elementos da dança, festas populares, culinária e, principalmente, na língua portuguesa falada no Brasil, que é fruto do processo de aculturação entre povos indígenas, negros e europeus.

Qual a importância de estudar a cultura indígena Brainly?

Resposta: O estudo da cultura indígena é de extrema importância e significância. Esse povo desenvolveu um importante papel na história brasileira e mundial. Sendo assim, historicamente é importante que tenhamos conhecimento sobre os costumes, a história e seu papel.

Qual a importância do ensino da cultura indígena nas escolas?

“Abordar cultura indígena em sala de aula ajuda os estudantes a ampliarem seu conhecimento sobre a sociedade brasileira para além do foco eurocêntrico. Ela abre possibilidades para adentrar novas formas de ver e pensar o mundo”, explica.

Qual a importância de se estudar a cultura indígena e africana?

O estudo sobre a história e cultura Afro-Brasileira e Africana também insere um processo de luta pela superação do racismo e desigualdade, assim as ações pedagógicas diante da lei nº 10.639/03 podem ser vistas como uma medida para impulsionar grandes mudanças na escola e na sociedade, fazendo com que as crianças ...