A ABORDAGEM HUMANÍSTICA DA ADMINISTRAÇÃO surgiu por volta de 1930, nos Estados Unidos, com o nascimento da Teoria das Relações Humanas. Essa nova abordagem contrapões-se às duas teorias que compõe a ABORDAGEM CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO, pois o foco deixa de ser a tarefa e passa a ser as pessoas, como o próprio nome
sugere. TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS Para compreender a ABORDAGEM HUMANÍSTICA DA ADMINISTRAÇÃO, se faz necessário conhecer a TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS. Essa teoria surgiu como consequência da Experiência de Hawthorne, desenvolvida por GEORGE ELTON
MAYO (1880-1949). Os três pontos basilares para desenvolvimento da Teoria das Relações Humanas foram: A partir da Experiência de Hawthorne, surge em oposição ao homo economicus, o conceito do homem social. Surge também a preocupação com fatores como motivação, comunicação, liderança, trabalho em equipe, em contraponto à outros fatores como autoridade, departamentalização, tarefas etc, como era
anteriormente. Com a TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS a administração passou a se preocupar mais com a natureza do homem. Percebe-se que as características pessoais da cada um influenciam no ambiente de trabalho. Vê-se, também, que as relações pessoais existentes dentro da organização devem receber especial cuidado. De maneira inovadora para a época, qualidades de liderança começaram a ser exigidas dos supervisores, esperando-se que
estes tivessem a capacidade de influenciar seus liderados objetivamente, conseguindo que os mesmos desempenhassem suas funções com motivação e qualidade. Outro ponto importante, é o entendimento de que os grupos sociais formados internamente às organização possuem regras informais e próprias, e que tais tais grupos podem influenciar positiva ou negativamente o desempenho dos colaboradores, não podendo, dessa forma, serem ignorados. Assim, a ABORDAGEM HUMANÍSTICA DA ADMINISTRAÇÃO foi a primeira teoria administrativa a emprestar um olhar mais atento às necessidades e características dos colaboradores, mais como seres humanos e menos como simples empregados. A Escola das Relações Humanas, ou Teoria das Relações Humanas (como é mais conhecida), faz parte do grupo de teorias da administração que ganharam força a partir da grande depressão, gerada pela quebra da bolsa de valores de Nova York, em 1929. As teorias trazidas por essa vertente criaram novas perspectivas para a administração, uma vez que procuravam identificar os sentimentos e as atividades dos trabalhadores e o modo como esses dois pontos se interligavam. Até o surgimento da teoria das relações humanas, o trabalhador era tratado de uma forma pouco aprofundada, muito mecânica (reflexos da Escola Clássica). Com o surgimento dessas novas teorias, ao invés de ser visto como o "homem econômico", o trabalhador passou a ser visto como "homem social", cujo comportamento é dinâmico e complexo, atuando como o centro da discussão. É a partir desta mudança, que as tomadas de decisão realizadas dentro das empresas, passam a levar em consideração seus funcionários e as suas necessidades para com o trabalho. É justamente na Teoria das Relações Humanas que são compreendidos os aspectos entre a efetividade humana e o controle burocrático exercido pelas organizações como forma de regulamentação social da mesma. Diversos autores consideram que a Teoria das Relações Humanas surgiu efetivamente junto com a Experiência de Hawthorne. Esse experimento revelou a importância do grupo sobre o desempenho dos indivíduos e foi o ponto de partida para os estudos sistemáticos sobre a organização informal. A experiência de Hawthorne foi realizada durante os anos de 1927 à 1933, sendo parte de um programa mais amplo e sofisticado, orientado pelo famoso professor Elton Mayo. Ela tinha a finalidade de estudar a fadiga, os acidentes, a rotatividade e os efeitos das condições do ambiente de trabalho sobre a produtividade humana. Esse experimento fez nascer a chamada (Escola) Teoria das Relações Humanas, já que conseguiu demonstrar que dentre os fatores mais importantes para o desempenho individual, estão nas relações interpessoais. Essa "descoberta" foi revolucionária para a época, pois representou uma nova filosofia na administração, em relação as ideias então predominantes da administração científica e clássica. Esse fato ocorreu justamente no momento em que a Teoria administrativa passava por uma revolução conceitual de suas concepções Em 1933, Elton Mayo publicou o livro The Human Problems of an Industrial Civilization, em que apresentou as suas bem elaboradas conclusões. Em sua essência, Mayo diz que o método de trabalho não é tão relevante para o desempenho das pessoas, mas sim os fatores emocionais ou comportamentais. Para o autor, a fábrica deveria ser vista como um sistema social, e não apenas como um meio de visão econômica, ou industrial. Após seus estudos, a organização passou a ser vista como um conjunto de indivíduos e de relações de interdependentes que estes mantêm entre si, o que reforçou o discurso de que o homem social é um ser complexo. A nova concepção proposta por Mayo e seus colaboradores não alterou a estrutura do modelo construído por Ford e Taylor. Entretanto, contribuiu de forma significativa para alterar a atitude dos empregadores em relação aos seus funcionários, exercendo um papel importante na mudança de pensamento que surgiu junto com a Teoria das Relações Humanas. Para Mayo, o conflito é uma chaga (ferida) social, enquanto que a cooperação é o bem-estar da mesma. O autor ainda afirma que as relações humanas são as ações e atitudes desenvolvidas pelo contato entre as pessoas, na qual cada uma é encorajada a se exprimir de maneira livre e sadia. Mayo e os pesquisadores de Hawthorne não foram os primeiros a tratar do assunto, porém, suas ideias foram decisivas para a disseminação desses conceitos. Disfunções da abordagem humanística da administraçãoA abordagem das relações humanas, fez com que as preocupações, antes expostas pela teoria clássica da administração, dessem espaço para preocupações mais específicas, como por exemplo, as pessoas e os grupos sociais que fazem parte do ambiente de trabalho. Foi somente a partir da década de 30, nos Estados Unidos, que a eficiência passou a ser a grande busca por parte das indústrias. Essa busca pela produtividade deu origem a novos estudos, dentre eles os estudos que tratavam do sentimento e da relação humana. Porém, em um determinado momento, ocorreu uma divisão na Teoria das Relações Humanas, surgindo a teoria da administração de recursos humanos. Essa teoria enxerga o ser humano como detentor de necessidades físicas e psicológicas, e não apenas como um ser passivo que pode ser motivado e controlado unicamente a partir de simples estímulos como descrevia a Teoria das Relações Humanas. O melhor autor que se encaixa entre essas duas correntes, é Chester Barnard, criador da Teoria da Cooperação. Seu trabalho desloca entre a análise da organização formal para a informal, visto que para ele, as organizações informais são um meio de comunicação e proteção da integridade individual. Em seus trabalhos, Barnard ainda retratou as principais tensões entre os trabalhadores e suas organizações, concluindo que os sistemas vigentes na época não eram suficientes para garantir que o indivíduo cooperasse com a empresa. Ele é tido como um pensador do behaviorismo e criador da teoria da cooperação. Ao final da década de 50, a Teoria das Relações Humanas entrou em declínio, passando a ser intensamente criticada. A partir deste ponto, grande parte de suas concepções passaram a ser revisadas (com a maioria sofrendo alterações). Contudo, apesar de ter recebido diversas críticas, os ensinamentos humanísticos foram bastante assimilados por diversas organizações ao redor do mundo. Principais críticas à Teoria das Relações Humanas
Dentre as principais críticas à Teoria das Relações Humanas, nós podemos citar: a) Oposição cerrada à teoria clássica: em diversos aspectos a Teoria das Relações Humanas foi fielmente oposta à Administração Científica de Taylor. Os fatores antes vistos como essenciais pela escola clássica, mal eram abordados na teoria humanista, beirando o total esquecimento. Para Amitai Etzioni, a escola das relações humanas nasceu de uma reação à abordagem formal clássica, na qual um lado buscava negar o que o outro afirmava. No entanto, para ele cada teoria vale para condições e situações diferentes, o que impediria uma de deslocar a outra, mas sim se complementarem. b) Visualização inadequada dos problemas industriais: o movimento é bastante criticado pela interpretação distorcida dos problemas industriais (implicações, causas e interesses). Enquanto os autores da escola clássica não enxergavam o conflito de interesses, os autores humanísticos enfatizavam o conflito entre a organização e os empregados. Com isso, eles desviaram a função social do problema, tentando resolver as situações negativas por meio de medidas que promoviam as relações humanas harmoniosas. c) Concepção ingênua e romântica do funcionário: uma decorrência da visualização inadequada dos problemas das relações industriais é a concepção ingênua e romântica do empregado. Os autores da Teoria das Relações Humanas, imaginavam um funcionário alegre, produtivo e integrado ao ambiente de trabalho. No entanto, essa imagem nem sem foi confirmada pelas pesquisas, que identificaram trabalhadores felizes e improdutivos, bem como infelizes e produtivos. A maioria dos trabalhos de dinâmica de grupo iniciaram calcados em princípios éticos, mas aos poucos seguiram uma linha analítica e experimental. d) Limitação do campo experimental: os autores do movimento humanista - principalmente os seguidores de Elton Mayo - limitaram-se ao mesmo ambiente de pesquisa utilizado pela Administração Científica, a fábrica. Dessa forma, eles deixaram de utilizar outros tipos de organização, como por exemplo, hospitais, universidades, bancos, entre outros. Esse fato contribuiu negativamente para a Teoria das Relações Humanas, uma vez que reduziu a credibilidade de suas teorias e conclusões. Infelizmente esse movimento não ultrapassou o campo empresarial, englobando apenas à indústria. e) Parcialidade das conclusões: enquanto a escola clássica da administração foi restringida à organização formal e consequentemente abrangeu um pequeno número de variáveis, a escola humanística também se mostrou parcial, já que restringiu-se à organização informal, sofrendo da mesma escassez de variáveis. Mesmo nas anotações de Mayo sobre os fatores humanos, as conclusões não foram satisfatórias. Para alguns autores, o movimento favoreceu o empirismo em detrimento da administração científica e do background social. f) Ênfase nos grupos informais: a teoria concentra-se nos grupos primários. Ela foi criticada por supervalorizar a coesão grupal como condição de melhora da produtividade. Mayo procurou demonstrar que o problema de alta rotatividade, baixa moral e eficiência estava ligado à compreensão de como os grupos poderiam ser unificados para aumentar a colaboração. A Teoria das Relações Humanas trouxe diversos novos conceitos pautados na visão humanística, tais como: participação dos escalões inferiores nos problemas, introdução do behaviorismo na administração, pesquisas sobre a natureza humana e novos estudos sobre o relacionamento humano. g) Enfoque manipulativo das relações humanas: diversos autores indicavam que Mayo e seus seguidores favoreciam à administração (alto escalão). Talvez por ter sido patrocinada pela Western Electric. A teoria foi fortemente criticada pelo fato de trazer uma sutil estratégia de manipulação dos operários, já que visava aumentar o trabalho do empregado, ao mesmo tempo que o manipulava para exigir menos da organização. Essa estratégia modificava o comportamento do trabalhador em prol dos objetivos organizacionais. Porém, representou um avanço quanto ao taylorismo, apontando que o comportamento individual era determinado por normas sociais, alterando o foco do estudo do individual para o coletivo. Conclusão - Teoria das Relações HumanasÉ fato que a abordagem humanista da teoria administrativa contrariou vários postulados da abordagem clássica da administração de Henri Fayol, ou ainda dos integrantes da Escola Clássica - Taylor e Ford. As conclusões expostas pela Experiência de Hawthorne foram o principal gatilho, que permitiu o delineamento básico dos princípios e dos fundamentos da Escola das Relações Humanas. Dentre as principais conclusões que o experimento nos forneceu, nós temos a percepção da produção como resultante da integração social, a análise do comportamento social, o valor secundário da motivação econômica, o estudo dos grupos informais e a ênfase nos aspectos emocionais do ambiente de trabalho.
Com o advento da Teoria das Relações Humanas, uma nova concepção passou a dominar o ambiente administrativo, sendo eles a motivação, a liderança e a comunicação. Como resultado, os princípios clássicos passaram a ser duramente contestados, onde o método e a máquina perderam espaço em favor da dinâmica de grupo, por exemplo. A partir dos estudos das relações humanas, todo o acervo acerca da motivação no trabalho, passou a ser aplicado dentro das próprias organizações. Sendo assim, verificou-se que todo comportamento humano baseia-se numa tensão, que o motiva ou inclina o indivíduo a processar um determinado comportamento até que se sinta satisfeito. Como a maioria das teorias administrativas, a Teoria das Relações Humanas colaborou de maneira significativa com a administração (principalmente da forma que é vista atualmente). Apesar das críticas que sofreu, a Escola das Relações Humanas teve uma importância fundamental na construção dos alicerces humanistas, bem como dos conceitos sobre a motivação e sobre o comportamento organizacional. Vale ressaltar, que a abordagem das relações humanas abrangeu tanto o lado psicológico, como o lado sociológico das organizações, tratando desde os grupos informais até alcançar uma análise mais profunda sobre os padrões de comportamento e a importância das relações individuais. Até a próxima pessoal! Autor: Rafael Barbosa Referências Bibliográficas: CHIAVENATO, Idalberto. Introdução a Teoria Geral da Administração. Elsevier, 2004. Quais as principais características da administração humanista?Autonomia dos empregados. Confiança e abertura. Ênfase nas relações entre pessoas.
Quais os princípios da abordagem humanista?Os cinco princípios fundamentais da psicologia humanista: 1- As pessoas são mais do que a soma de suas partes; 2- Para entender as pessoas, você deve olhar para elas dentro de seu contexto humano, bem como seu lugar dentro do universo; 3- Os seres humanos são conscientes, bem como conscientes desta consciência; 4- Os ...
Qual a ideia central da Escola humanística da administração?Chiavenato (2004) destaca que a abordagem humanista da administração considera que o comportamento no trabalho é consequência de fatores motivacionais, as pessoas são motivadas por necessidades humanas e alcançam sua satisfação por meio dos grupos sociais com quem interagem.
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