A Salvia officinalis apresenta efeitos analgésicos, antioxidantes, antissépticos, anti-inflamatórios e ainda mais. Entenda
A Salvia officinalis é uma planta nativa do Oriente Médio e do Mediterrâneo muito utilizada pela medicina popular. Esse tipo de sálvia é usado para o tratamento de convulsões, úlceras, gota, reumatismo, inflamação, tontura, tremores, paralisia, diarreia e hiperglicemia. Estudos recentes mostraram que a Salvia officinalis apresenta uma série de atividades farmacológicas no organismo, incluindo efeitos anticancerígenos, anti-inflamatórios, antinociceptivos (que reduzem a capacidade de perceber a dor), antioxidantes, antimicrobianos, antimutagênicos (reduzem mutações genéticas), antidemenciais (reduzem demência), hipoglicemiantes (reduzem a concentração de glicose no sangue) e hipolipemiantes (ajudam a controlar os níveis de colesterol).
Compostos bioativos da Salvia officinalis
Os principais fitoquímicos presentes nas flores, folhas e caule da Salvia officinalis são alcaloides, carboidratos, ácidos graxos, derivados glicosídicos, compostos fenólicos, poliacetilenos, esteroides, terpenos e ceras.
O óleo essencial da Salvia officinalis apresenta mais de 120 componentes, incluindo borneol, cânfora, cariofileno, cineol, elemeno, humuleno, leveno, pineno e tujona.
O linalol é o fitoquímico mais presente no caule da Salvia officinalis; as flores azuis têm o nível mais alto de α-pinene e cineole; e acetato de bornila, canfeno, cânfora, humuleno, limoneno e tuona são os fitoquímicos mais presentes nas folhas. Entretanto, deve-se considerar que, como outras ervas, a sua composição química pode variar dependendo das condições ambientais, como clima, disponibilidade de água e altitude.
Efeitos anticancerígenos e antimutagênicos
As propriedades antitumorais da Salvia officinalis tem sido amplamente estudadas. Foi relatado que o chá de sálvia preveniu as fases iniciais da formação de células cancerosas do cólon, da mama, do útero, do reto, do pâncreas, da laringe, do pulmão, da pele e da cavidade oral.
Além disso, o seu óleo essencial demonstrou reduzir a mutação induzida por raios ultravioleta. As propriedades antioxidantes da planta no DNA podem ser explicadas por sua atividade antioxidante.
Atividades antioxidantes
O estresse oxidativo desempenha um papel importante no início e na progressão de várias doenças, como câncer, distúrbios cardiovasculares, diabetes e doenças neurológicas. Evidências de vários estudos sugerem que a Salvia officinalis tem atividades potentes contra o estresse oxidativo, mais conhecidas como atividades antioxidantes. Os principais responsáveis pelas atividades antioxidantes da Salvia officinalis são o carnosol, o ácido rosmarínico e o ácido carnósico.
Propriedades anti-inflamatórias e contra dor
Inflamação e dor são os dois principais sintomas que ocorrem em resposta a danos nos tecidos. Os anti-inflamatórios convencionais são acompanhados de efeitos colaterais desagradáveis, como complicações gastrointestinais e cardiovasculares. Portanto, a busca por novos agentes anti-inflamatórios e que diminuem a percepção da dor, com menores efeitos colaterais, é uma busca contínua. Estudos farmacológicos mostraram que a Salvia officinalis tem efeitos anti-inflamatórios e contra a dor, o que a torna uma candidata a substituta dos remédios convencionais.
Foi demonstrado que a planta ajuda a controlar a dor neuropática (tipo de sensação dolorosa que ocorre em uma ou mais partes do corpo) induzida por quimioterapia.
Os flavonoides e terpenos presentes na Salvia officinalis são os compostos que mais contribuem para as ações anti-inflamatórias e contra a dor.
Efeitos antissépticos
Estudos têm evidenciado os efeitos antimicrobianos da Salvia officinalis. O óleo essencial e o extrato etanólico da planta apresentaram fortes efeitos bactericidas e bacteriostáticos (que impedem a proliferação de bactérias) contra os Bacillus cereus, Bacillus megaterium, Bacillus subtilis, Enterococcus faecalis, Listeria monocytogenes e Staphylococcus epidermidis.
Além da ação antibacteriana, foi relatado que a Salvia officinalis apresenta efeitos antifúngicos, antivirais e antimaláricos. A planta apresentou atividade antifúngica contra os fungos Botrytis cinerea, Cândida glabrata, Candida albicans, Candida krusei e Candida parapsilosis.
A Salvia officinalis também apresenta ação inibitória sobre o crescimento de bactérias multirresistentes, como Streptococcus e Staphylococcus aureus. O efeito do ácido ursólico desse tipo de sálvia sobre Enterococcus faecium e bactérias multirresistentes é mais forte que o da ampicilina.
Melhoria cognitiva e de memória
Há cada vez mais evidências que sugerem que a Salvia officinalis tem efeitos de melhoria cognitiva e de memória. Em estudos com animais, foi demonstrado que o seu extrato etanóico melhorou a capacidade cognitiva e a memória de ratos.
Ensaios clínicos com pessoas demonstraram que a Salvia officinalis melhora o desempenho cognitivo tanto em pacientes saudáveis quanto em pacientes com comprometimento cognitivo ou demência. Outros estudos relataram que o aroma do óleo essencial da Salvia officinalis pode melhorar o desempenho da memória em adultos saudáveis.
Um ensaio clínico mostrou que um tratamento de quatro meses com extrato hidroalcoólico de Salvia officinalis melhorou as funções cognitivas em pacientes com doença de Alzheimer leve e moderada.
Efeitos metabólicos
Extratos de diferentes partes da Salvia officinalis são capazes de reduzir a glicose sanguínea, diminuindo a resistência à insulina. Estudos farmacológicos mostraram que a sua infusão reduziu os níveis de colesterol ruim e diminuiu o peso corporal e a massa abdominal de ratos obesos e ratos diabéticos.
As propriedades benéficas do consumo de chá de salvia nos níveis de gordura também foram observadas em voluntários saudáveis não diabéticos.
Efeitos colaterais
Vários ensaios clínicos relataram que o consumo de Salvia officinalis não induz efeitos colaterais graves. No entanto, no caso de uso prolongado ou após overdose de extrato etanólico e óleo volátil de Salvia officinalis (correspondendo a mais de 15g das folhas) foram observados alguns efeitos indesejados, como vômitos, salivação, taquicardia, vertigem, ondas de calor, reações alérgicas e até mesmo convulsão. A ação convulsivante do óleo de Salvia officinalis deve-se ao seu efeito direto (em doses superiores a 0,5g/kg) no sistema nervoso.
As cetonas de cânfora, tujona e terpeno são considerados os compostos mais tóxicos da Salvia officinalis e podem induzir efeitos tóxicos no feto e recém-nascido. Por isso, não se recomenda o consumo de Salvia officinalis na gravidez e lactação.