O que o mundo tem feito para regular a emissão de GEE?

8 novembro 2021

O que o mundo tem feito para regular a emissão de GEE?

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

Ao longo do período de uma vida, cerca de 40 anos, ocorreram mais da metade das emissões de CO2 da humanidade

"A maior parte da queima (de combustíveis fósseis) aconteceu desde o início de Seinfeld. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, esse número é cerca de 85%. A história da missão suicida do mundo industrial é a história de uma vida — o planeta foi levado de uma aparente estabilidade à beira da catástrofe nos anos entre um batismo ou um bar mitzvah e um funeral."

Foi assim que o escritor e jornalista americano David Foster Wallace, especialista na crise climática, descreveu, em seu livro A Terra Inabitável: uma história do futuro, a história das emissões de CO2 da humanidade.

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O gráfico abaixo confirma a afirmação de Wallace: cerca de 52,74% da emissão de CO2 em todo o mundo ocorreu a partir de 1990 (a série americana Seinfeld começou em 1989).

Mesmo depois da Revolução Industrial, a emissão do que hoje sabemos ser um dos principais gases de efeito estufa ainda cresceu de maneira relativamente lenta até meados do século 20.

Em 1950, apenas cinco anos depois do fim da Segunda Guerra, as emissões globais por ano saltaram de 4 bilhões para 6 bilhões de toneladas de dióxido de carbono.

Mas, em 1989, esse número já tinha chegado a 22 bilhões de toneladas, quase quatro vezes mais.

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Em 2019, o dado mais recente, o mundo emitiu 36,4 bilhões de toneladas do gás.

A redução das emissões de gases de efeito estufa é o principal tema da COP26 (a conferência do clima da Organização das Nações Unidas), que acontece em Glasgow, na Escócia.

Para essa conferência, mais de 190 países foram instados a apresentar planos de corte de emissões até 2030. Todos eles concordaram em 2015 em promover mudanças para manter o aquecimento global "bem abaixo" de 2°C acima dos níveis pré-industriais — e tentar atingir 1,5°C — para evitar uma catástrofe climática.

De onde vêm as emissões?

Cerca de 86% das emissões de dióxido de carbono do mundo vêm da queima de combustíveis fósseis para a produção de energia e materiais.

As primeiras eras da industrialização foram dominadas pela queima de carvão vegetal. Só no final do século 19 começam a aumentar as emissões por petróleo e gás natural. E, no final do século 20, as emissões pela produção de cimento e pela chama — um dispositivo de combustão de gases inflamáveis usado na indústria, se tornam mais significativas.

Os outros 14% das emissões de CO2 são decorrentes da mudança de usos da terra, principalmente desmatamento e queimadas.

Segundo o Acordo de Paris, os países têm que continuar fazendo cortes até chegar à neutralidade nas emissões de dióxido de carbono em 2050.

Ou seja, as emissões que não podem ser evitadas por tecnologia limpa em 2050 deverão ser soterradas com a tecnologia de captura e armazenamento de carbono ou absorvidas por plantas e solos.

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Uma nova pesquisa sobre acumulado histórico de emissões de CO2 põe o Brasil entre os maiores poluidores do mundo. No estudo, que leva em consideração pela primeira vez o desmatamento ao contabilizar a liberação do gás, o Brasil aparece em quarto lugar no ranking de emissões desde 1850.

A China, gigante emergente que só pretende começar a reduzir suas emissões a partir de 2030, é apontada como o segundo maior emissor de gases do efeito estufa no acumulado histórico, atrás dos Estados Unidos.

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Acordo ambiental fechado durante a 3ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada em Kyoto, Japão, em 1997. Foi o primeiro tratado internacional para controle da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera. Entre as metas, o protocolo estabelecia a redução de 5,2%, em relação a 1990, na emissão de poluentes, principalmente por parte dos países industrializados. Uma delas determinava a redução de 5,2%, em relação a 1990, da emissão de gases do efeito estufa, no período compreendido entre 2008 a 2012. O protocolo também estimulava a criação de  formas de desenvolvimento sustentável para preservar o meio ambiente.

Ao ser adotado, o Protocolo de Kyoto foi assinado por 84 países. Os Estados Unidos, um dos países que mais emitem gases poluentes no mundo, abandonaram o Protocolo em 2001 com a justificativa de que cumprir as metas estabelecidas comprometeria seu desenvolvimento econômico.

As metas de redução de gases não são, entretanto, homogêneas entre os países que assinaram o acordo. Trinta e oito países têm níveis diferenciados nas metas de redução dos gases poluentes. Países que compõem a União Europeia, por exemplo, estabeleceram meta de 8% na redução dos gases do efeito estufa, enquanto o Japão fixou esse percentual em 6%. Quando os Estados Unidos aderiram ao acordo, comprometeram-se com a redução de 7% dos gases poluentes.

Os gases do efeito estufa absorvem parte da radiação infravermelha emitida, principalmente, pela superfície terrestre, dificultando seu escape para o espaço. Esse fenômeno, que é natural e ocorre desde a formação do planeta, é importante para a preservação da vida na Terra, pois a mantém aquecida e impede que ocorra perda demasiada de calor para o espaço. O aumento desses gases tem, no entanto, potencializado esse fenômeno natural, causando aumento da temperatura na terra.

Histórico
Em 1988, ocorreu a primeira reunião com líderes políticos e cientistas de vários países com o objetivo de discutir as mudanças climáticas. Realizado na cidade canadense de Toronto, esse encontro entre os participantes sugeriu que o impacto das mudanças climáticas só poderia ser superado, em termos de impacto negativo no planeta, por uma guerra nuclear. Os especialistas observam que, após aquela data, têm sido registradas elevadas temperaturas na Terra.

Em 1990, foi criado o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) — Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática —, mecanismo de caráter científico com o objetivo de alertar o mundo sobre o aquecimento do planeta. Nesse ano, os cientistas constataram que as alterações climáticas são provocadas, principalmente, pelo CO² (dióxido de carbono) emitido pela queima de combustíveis fósseis.

Em 1992, mais de 160 líderes de países assinaram a Convenção Marco Sobre Mudanças Climáticas durante a ECO-92, no Rio de Janeiro. Em 1995, o IPCC divulgou informe, declarando que as mudanças climáticas já davam sinais claros e, em 1997, foi assinado, finalmente, em Kyoto, o protocolo que levou o nome dessa cidade japonesa. Em 2004, foi realizada reunião na Argentina, na qual os participantes aumentaram a pressão para que países desenvolvidos reduzam a emissão de gases.

Com o Protocolo de Kyoto, cresceu a possibilidade de o carbono tornar-se moeda de troca, a partir do momento em que países assinantes do acordo podem comprar e vender créditos de carbono. Obtidos em negociações internacionais, os créditos de carbono são adquiridos por países com emissão reduzida de CO², que fecham negócio com países poluidores. Para cada tonelada de carbono reduzida, o país recebe um crédito. A quantidade de créditos de carbono recebida varia, portanto, de acordo com o volume da redução de CO². Os países que mais negociam esses créditos são os da União Europeia e o Japão.

Como reduzir a emissão de GEE?

Efeito estufa.
Economizar energia elétrica. ... .
Evite utilizar carros como meios de transporte, dando preferência ao transporte coletivo e bicicletas, pois um dos principais agentes poluidores da atmosfera é o automóvel..
Dê preferência a carros a álcool..

O que os países estão fazendo para diminuir o aquecimento global?

Reduzir as emissões de metano Na COP26, quase 100 países concordaram em reduzir as emissões de metano, em um acordo liderado pelos EUA e pela União Europeia. O Global Methane Pledge visa limitar as emissões de metano em 30% em comparação com os níveis de 2020.

Qual o principal setor responsável pelas emissões de GEE?

A queima de combustíveis fósseis no setor de energia é uma das principais fontes de emissão de GEE e, por este motivo, os estudos de planejamento energético realizados pela EPE apresentam análises das emissões do setor de energia do Brasil no futuro.