O que acontece no final do filme que horas ela volta?

O que acontece no final do filme que horas ela volta?
Maria Eduarda Diniz – acadêmica do 5° semestre de Relações Internacionais da UNAMA

Um filme brasileiro que chegou a concorrer a prêmios internacionais, sendo reconhecido no Palma De Ouro, no Festival de Cannes, e até cotado ao Oscar. Que Horas Ela Volta, da diretora Anna Muylaert, é uma comédia dramática que representa milhares de vidas brasileiras espalhadas por aí.

Vai, interpretada por Regina Casé, é natural do Nordeste, e mora na casa de seus patrões, em São Paulo, sendo considerada alguém quase da família. Ela criou o filho da casa, cuida de tudo, mas ainda dorme num quartinho, come em uma mesa afastada e até em horários diferentes. Tudo isto é questionado quando a filha de Val, Jéssica, chega para ficar com a mãe e se preparar para o vestibular, passando a questionar a realidade que a mãe vive e se habituou.

A desigualdade é algo bem explícito no filme, demonstrado pelos constantes confrontos de Jessica com a mãe e com a dona da casa. Porém, a figura da mãe também é algo muito recorrente no filme. Val representa muitas mães nordestinas que precisaram deixar seus filhos para trabalhar nos grandes centros, e só podiam mandar dinheiro para eles e observar o seu crescimento de longe. Enquanto isso, ela criava o filho de uma casa que não era sua, sendo considerada uma segunda mãe por esse menino, enquanto sua filha se perguntava quando a mãe ia voltar.

O carinho de mãe, e seu efeito sobre as crianças, é demonstrado no filme justamente pela distância. Val e Jessica não são tão próximas, como mãe e filha, porque Val é habituada aquela realidade, incomum à Jéssica, e a menina, em vários momentos, demonstra a mágoa, e as marcas, de não ter tido a mãe por perto. O mesmo acontece com a patroa e seu filho. Apesar de possuidora de muitos bens, podemos notar a pouca conectividade entre mãe e filho, porque a mãe está sempre distante, resolvendo algo que considera mais importante, e o filho cresce se sentindo cada vez mais distante dela, tendo Val cada vez mais como uma verdadeira mãe para ele.

Apesar do filme se fixar nos questionamentos acerca da composição de vários lares brasileiros, em um momento de dia das mães, esse filme traz à tona a importância das mães, o quanto a presença de um figura materna, ou a falta dela, pode acrescentar, ou não, à vida dos filhos, ao crescimento de uma criança, mesmo já na fase adulta. O filme é um convite a se pensar na família, se a estamos aproveitando como deveríamos, se estamos demonstrando o carinho e o apoio que é preciso.

Esse filme é como um espelho de muitas famílias, discutindo como os laços de afeição realmente são criados, como se mantém e como podem ser rompidos a qualquer momento. A diretora utilizou da combinação do humor e do drama para contar esta história, provocando momentos de extrema tensão, e até apelação em alguns momentos, mas também promove altas risadas com situações inesperadas.

Que horas ela volta? é um convite à reflexão. A cada momento de tensão, a cada situação, a cada discussão, a cada questionamento que os personagens trazem entre si, eles levam o telespectador a se questionar sobre a própria realidade e sobre a realidade do outro, a perceber a si e ao próximo, a entender melhor a realidade do nosso país. Espera-se que ele não se perca, com o tempo, e que seja revisitado continuamente.

Trailer Oficial Novo - Que Horas Ela Volta?

Trailer "Que horas ela volta?" completo

O que acontece no final do filme que horas ela volta?

Personagem Jessica e sua mãe Val.

O longa-metragem “Que horas ela volta?”, dirigido e roteirizado por Francisca Bulevt(de "É proibido fumar"), foi lançado em 2015, período pós-eleitoral e de contestação da estrutura do sistema político brasileiro. O filme chega para realizar uma crítica à divisão social e regional vivida no país, nas quais as desigualdades sociais podem ser consideradas atemporais, levando em consideração a história do Brasil.

A estreia do filme aconteceu no Sundance Festival, em Utah, nos Estados Unidos, e o mesmo estreou nos cinemas de sete países europeus, antes de chegar ao Brasil em 27 de agosto de 2015. Com 14 indicações, o longa foi o grande vencedor da 15ª edição do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, levando sete troféus Grande Otelo.

O filme conta a história de Val (Regina Casé), uma empregada doméstica nordestina que mora, há mais de uma década, em São Paulo na casa de seus patrões de classe média (interpretados por Karine Teles e Lourenço Mutarelli). Val, habituada a ser tratada de uma maneira diferente dos demais integrantes da casa, não questiona o porquê de ter que comer em uma mesa diferente, de viver no quarto mais desconfortável e não poder usufruir da piscina. Seus patrões, aparentemente modernos, mas conservadores em seus costumes sociais, sempre disseram que ela fazia parte da família, mas nunca a trataram como tal, mesmo ela cuidando do filho deles como se fora seu próprio.

O enredo muda quando Val recebe uma ligação de sua filha Jéssica (Camila Márdila), a qual deixou em Recife ao se mudar para São Paulo, procurando melhores condições de vida. Interessada em estreitar o relacionamento com a filha que não vê a mais de dez anos, Val a acolhe na capital paulista onde irá prestar vestibular, que, por coincidência, é o mesmo que Fabinho (Michel Joelsas),o filho dos patrões, fará.

Jéssica vai morar com a mãe em seu ambiente de trabalho e gera uma tensão na casa por não agir da maneira esperada por Val e, principalmente, por seus patrões. Ela é uma garota inteligente, questionadora e faz com que sua chegada, como a do visitante do filme Teorema, abale a forma de pensar e agir dos integrantes da casa, principalmente de sua mãe, que sempre cumpria ordens sem reclamar.

A crítica social presente no filme instiga o público a reavaliar a sociedade na qual está inserido. Isso é exatamente o que a diretora procura retratar nessa e em outras de suas obras: a diferença social vivida no Brasil.

"Que horas ela volta?” traz uma crítica com uma pincelada de humor, recurso que Anna Muylaert gosta de utilizar, como em sua obra “Durval discos”. Por se tratar de uma crônica, a história do filme não se aprofunda nos assuntos abordados, deixando diversas pontas soltas. Além disso, possui a presença de símbolos, como o sorvete e a as xícaras de café, que recebem uma importância maior do que normalmente teriam, para que os simples preconceitos cotidianos façam os espectadores refletirem.

Regina Casé surpreende pela sua atuação com feições mais simples e lentas, o que não é comum para quem já assistiu seu finado programa "Esquenta!". O humor presente em suas falas, que é um claro estereótipo de pessoas pobres, traz um tom de crônica social.

Dessa forma, o ótimo roteiro, os atores preparados com personagens bem construídos e uma narrativa que explora a boa dramaturgia, o filme "Que horas ela volta?" faz com que muitos espectadores possam se identificar com seu enredo e suas questões sociais bem retratadas, fazendo críticas aos diversos assuntos presentes, que muitas vezes passam despercebidos aos olhares das pessoas.

Outras resenhas do filme:

Resenha- "Que horas ela volta

Que horas ela volta?

Que horas ela volta final explicado?

Neste final, Jéssica diz a Carlos que há condições: 1) sua mãe mora na casa no quarto de hóspedes, 2) o filho de Jessica mora com eles, 3) todos podem usar a piscina, 4) todos podem comer qualquer sorvete. No casamento, Jéssica convence Carlos que a mãe da noiva não vai servir comida ou aspirar a igreja.

O que acontece no filme Que horas ela volta?

O longa aborda a desigualdade social no Brasil a partir da relação entre a empregada doméstica nordestina e seus patrões paulistanos. Trata-se de um drama, com passagens cômicas propiciadas pela personagem Val, a empregada interpretada por Regina Casé (1954).

Que horas ela volta Parte 2?

| sex, 25/02/2022 - 08:40 O aclamado filme brasileiro 'Que Horas Ela Volta? (2015)', estrelado por Regina Casé, já está com a prévia disponível na Netflix e poderá ser visto a partir da próxima segunda-feira (28).

Qual foi a cena mais marcante do filme Que horas ela volta?

Resposta: A cena mais chocante do filme para mim foi quando Don Carlos fala sobre casamento com Jéssica, e como Jéssica responda a ele. Outra cena foi quando Dona Bárbara decide limpar sua piscina depois que Jéssica estava na piscina com Fabinho e seu amigo.