O poeta exalta um herói coletivo ou individual justifique com um verso do poema

Quatrocentos anos após a publicação, pelos prelos de Pedro Craesbeck, de uma das obras mais relevantes da Literatura de Viagens portuguesa, a Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, pretende esta comunicação abordar novas metodologias de análise destas narrativas, propondo-se nomeadamente uma perspetiva geocrítica. Se é verdade que a Literatura tem estabelecido rela- ções metodológicas com outras Ciências Humanas e Sociais, como a História, a Sociologia, a Filosofia, a Antropologia ou a Psicologia, que têm redundado em frutuosas revelações, já as suas relações com a Geografia são tímidas e por vezes relutantes. A despeito das brilhantes intuições dos nossos primeiros geógrafos – Amorim Girão ou Orlando Ribeiro – que cedo mediram o valor das relações entre Geografia e Literatura, são atualmente muito parcos os estudos que usam fontes literárias na reconstituição do saber geográfico e métodos geográficos para a análise literária. Há, no entanto, algumas contribuições, que seguem a esteira de investigadores estrangeiros, como Tuan, Pocock, Moretti, Chevalier, Bailly. Recentemente, em Portugal, o uso de fontes literárias na análise geográfica tem sido efetuado por investigadores como Fernanda Cravidão, Rui Jacinto ou João Carlos Garcia. A Literatura não pode virar as costas à importância dos métodos geográficos na análise literária. Tal como afirmou Charles Batten (1978), «travel books also bear a striking resemblance to descriptive geographies in their treatment of such subjects as the physical appearance, customs, commerce, history and laws of specific areas». Partindo, num primeiro momento, do estado de arte do cruzamento dos estudos literários com os estudos geográficos, esta comunicação apresenta exemplos de cartografia temática elaborada com base nos itinerários percorridos em algumas narrativas de viagem portuguesas da segunda metade de Oitocentos, revelando muitas das vantagens e novas metodologias que advêm da abordagem geocrítica.

737 palavras 3 páginas

Caracterização do Herói d``Os Lusíadas´´

I

Na Proposição, que consiste numa espécie de esboço do que será o conteúdo da obra, Camões começa, na primeira estância, por apresentar os heróis da viagem à Índia, os marinheiros, que foram «para além da força humana».
...
Na segunda estância, o poeta apresenta os heróis da história de Portugal que «foram dilatando a fé, o Império e as Terras Viciosas de África e de Ásia andaram devastando».
Finalmente na terceira estância, Camões apresenta em síntese aquele que será o protagonista da epopeia «o peito ilustre lusitano», ou seja, os Portugueses, que realizaram grandes feitos, dignos de uma epopeia.
Herói individual-Vasco da Gama (ação central)
Contudo, apesar do protagonista ser o povo português, um herói colectivo, Camões recorre, para o representar, a heróis individuais. Assim na ação da viagem, Vasco da Gama é o protagonista do plano narrativo central, tendo por isso, o estatuto de herói épico porque, e destacam-se alguns exemplos:
Apresenta determinação, por exemplo aquando da partida de Lisboa, apesar do sofrimento sentido e testemunhado, na vontade imensa de concretizar a missão a que foi proposto, mesmo tendo consciência de que o seu êxito ia para «além do que prometia a força humana».
Canto IV (93)

Teve a capacidade de superar os obstáculos e de vencer o medo, no episódio do Gigante Adamastor.
Canto V (49)

Heróis individuais-Plano encaixado da História de Portugal
No que diz respeito ao plano da História de Portugal, o narrador e herói Vasco da Gama vai, destacar outros heróis individuais, desta feita alguns reis, como por exemplo D. Afonso Henriques, na batalha de Ourique, e D. Afonso IV, na batalha do Salado que se destacaram na luta contra os Mouros.
Canto III (46)
Também se destacam D. João I e D. Nuno Alvares Pereira na luta pela independência de Portugal contra os castelhanos.
Canto IV (30)
Nesta longa narrativa predominam os feitos guerreiros protagonizados assim por heróis


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Outros Trabalhos Populares

Quem é o herói da narrativa Os Lusíadas?

O herói de Os lusíadas não é Vasco da Gama, mas sim todo povo português [do qual Vasco da Gama é digno representante]. Tema: Camões cantará as conquistas de Portugal, as glórias dos navegadores, os reis do passado; em outras palavras, a história de Portugal.

Que tipo de verso e de rima aparece em Os Lusíadas?

Os Lusíadas é um poema épico do gênero narrativo, o qual está dividido em dez cantos. É composta de 8816 versos decassílabos (em maioria os decassílabos heroicos: sílabas tônicas 6ª e 10ª) e 1102 estrofes de oito versos (oitavas). As rimas utilizadas são cruzadas e emparelhadas.

Quanto à sua forma o poema de Luis Vaz?

Luís Vaz de Camões foi um dos mais importantes sonetistas da literatura em língua portuguesa. O soneto é uma forma fixa composta por quatro estrofes: dois quartetos (estrofes compostas por quatro versos cada) e dois tercetos (estrofes compostas por três versos cada).

Qual é a importância da obra Os Lusíadas?

Os Lusíadas, publicado em 12 de março de 1572, narra as grandes navegações de Vasco da Gama. São símbolo cultural e político para os lusitanos e “conferiram dignidade e crédito à língua portuguesa como língua de cultura”, comenta a professora.