Literatura - 1o anoA Arte Literária Segundo o pintor espanhol Pablo Picasso, “a arte é a mentira que revela a verdade.” O poeta é um
fingidor. E os que lêem o que escreve, E assim nas calhas da roda TEXTO 2 – Poética – Cassiano Ricardo (poeta brasileiro) I II TEXTO 3 – Sem Título – Isac Machado de Moura A poesia é como um pássaro que voa, Exercícios 1. Com base no texto de Cassiano Ricardo (parte I), podemos afirmar que: 2. Ainda baseado no mesmo texto, assinale a alternativa que melhor se relaciona com ele: 3. Pode-se depreender
do texto I, de Fernando Pessoa: 4. Ainda de acordo com o texto I: 5. A palavra ilha, empregada no texto de Cassiano Ricardo (parte I): 6. De acordo com o texto 2 (parte I), a criação poética: 7. A repetição da palavra homem, na segunda estrofe do texto 2: 8. O título da
composição de Cassiano Ricardo: 9. Assinale a única afirmação absurda: 10. Considerando o texto 3, de Isac M. Moura, marque C para certo ou E para errado. 11. Com relação ao texto de Fernando Pessoa, responda as questões a seguir: b) Explique a relação estabelecida na última estrofe entre coração e razão. Texto literário e texto não-literário Por que será que alguns textos são chamados de literários e outros não? Será que um texto literário precisa ter versos e palavras
bonitas? Precisa ter rimas e metáforas? TEXTO 01 “Diariamente, duas horas antes da chegada do caminhão da prefeitura, a gerência (de uma das filiais do Mc Donald’s) deposita na calçada dezenas de sacos plásticos recheados de papelão, isopor, restos de sanduíches. Isso acaba propiciando um lamentável
banquete de mendigos. Dezenas deles vão ali revirar o material e acabam deixando os restos espalhados pelo calçadão.” (Veja SP, 23-29/12/92) TEXTO 02 - O Bicho – Manuel Bandeira Vi ontem um bicho O bicho, meu Deus, era um homem. Exercícios 1. Linguagem literária ou não-literária (referencial)? a) “O homem velho deixa vida e morte para trás b) “Para o mundo quando era quinhentos anos mais novo, os contornos de todas as coisas pareciam mais nitidamente traçados do que nos nossos dias. O contraste entre o sofrimento e a alegria, entre a adversidade e a felicidade parecia mais forte.” c) “A rede de tricô era áspera entre os dedos, não íntima como quando a tricotara. A rede perdera o sentido e estar num bonde era um fio partido; não sabia o que fazer com as compras no colo. E como uma estranha música, o mundo recomeçava ao redor.” d) “Autoridades culturais italianas estão tentando levantar fundos (com participação internacional) para desenterrar e recuperar os tesouros arqueológicos da cidade de Herculano, destruída com Pompéia pelo vulcão Vesúvio (sul de Nápoles). PROSA E VERSO PROSA – organização natural da linguagem humana, fala cotidiana; é a forma típica da linguagem não-literária, o que não significa que não haja prosa literária. A prosa está para a nossa vida diária como caminhar e falar. VERSO – forma artificial da linguagem; não constitui nossa maneira usual de falar ou escrever; o texto escrito em verso apresenta ritmo especial, musicalidade, rima; linguagem literária. O verso está para a nossa vida diária como dançar e cantar. TEXTO 01 – PROSA LITERÁRIA – Cecília Meireles “A quinhentos metros, os vossos belos olhos desaparecem; e essa claridade do vosso rosto; e a fascinação da vossa palavra. É uma pena (eu também acho que é uma pena!), mas, a quinhentos metros, tudo se torna muito reduzido: sois uma pequena figura sem pormenores; vossas amáveis singularidades fundem-se numa sombra neutra e vulgar. Ao longe, caminhais como qualquer pessoa – e até como certas aves: é o que resta de vós: esse ritmo, na imensa estrada que também se vai projetando, estreita e indistinta, sobre o horizonte.” TEXTO 02 – VERSO – Carlos Drummond de Andrade João amava tereza que amava Raimundo REESCRITURA: Reescreva o texto 1 em verso e o 2 em prosa. FUNÇÕES DA LITERATURA ENQUANTO ARTE LÚDICA: Tem por objetivo divertir, proporcionar prazer. Para os gregos a arte tinha uma função hedonística, ou seja, devia causar prazer, retratando o belo. Para eles, o belo, na arte, ocorria na medida em que a obra era verossímil, isto é, semelhante à verdade ou à natureza. “De repente do riso fez-se pranto PARADIGMÁTICA: Tem por objetivo convencer, ensinar, denunciar. Como toda arte, a literatura está vinculada à sociedade em que se origina. Não há artistas indiferentes à realidade, pois, de alguma forma, todos participam dos problemas vividos pela sociedade, apesar das diferenças de interesses e de classe social. Por vezes, a literatura assume formas de denúncia social, de crítica à realidade; trata-se de uma literatura engajada, que serve a uma causa político-religiosa ou a uma luta social. “Provisoriamente não cantaremos o amor SINTONIZADORA: Tem por objetivo estabelecer ligação entre os homens de diferentes épocas. Sendo a literatura a arte da palavra e esta, a unidade básica da língua, podemos dizer que a literatura, assim como a língua que utiliza, é um instrumento de comunicação e por isso, cumpre também o papel social de transmitir os conhecimentos e a cultura de uma comunidade. Apesar de estar ligada a uma língua, que lhe serve de suporte, a literatura não está presa a ela, usando-a livremente, chegando a subverter suas regras e o sentido de suas palavras. “Quando o português chegou COGNITIVA: Como transcrição da realidade, a literatura não precisa, necessariamente, estar presa a ela. Tanto o escritor quanto o leitor fazem uso de sua imaginação: o artista recria livremente a realidade, assim como o leitor recria livremente o texto literário que lê. O leitor em vez de ser considerado um elemento passivo, alguém que simplesmente recebe o texto, deve ser visto como participante, uma vez que também usa sua imaginação para ler a obra e recriá-la. Ex.: Autopsicografia, de Fernando Pessoa, já transcrito nesta apostila. CATÁRTICA: Tem por objetivo liberar as pressões e as emoções; é uma espécie de desabafo. LIBERADORA DO EU: Confunde-se com a função catártica; reflete uma fuga da realidade por desajuste ou
discordância. Toma um fósforo. Acende teu cigarro! Acostuma-te à lama que te espera! Se a alguém causa inda pena a tua
chaga, Exercícios 1. Confronte as duas informações a seguir: 2. Marque V ou F. a) ( ) A obra literária é a repetição do real. 3. Relacione as funções da literatura com seus objetivos. A – lúdica ( ) comunicação 4. Fale sobre a função social da literatura. FORMA E CONTEÚDO ESTILO INDIVIDUAL e ESTILO DE ÉPOCA ESTILO INDIVIDUAL: são determinadas características de expressão que identificam cada escritor. ESTILO DE ÉPOCA:
conjunto de características específicas e semelhantes que se refletem na arte, na ciência, na religião e nos costumes em geral de determinada época. Os estilos de época, em geral, consideram: Visão geral dos estilos de época da literatura brasileira: QUINHENTISMO: 1500 – 1601 BARROCO: 1601 – 1768 ARCADISMO/NEOCLASSICISMO: 1768 – 1808 ROMANTISMO: 1836 – 1881 REALISMO/NATURALISMO/PARNASIANISMO: 1881 – 1893 SIMBOLISMO: 1893 – 1903 PRÉ-MODERNISMO: 1903 – 1922 MODERNISMO: 1922.... Origem da Literatura em Portugal Antes das primeira manifestações literárias no Brasil, registramos, em Portugal, três estilos de época: Trovadorismo, Humanismo e Classicismo. O primeiro, em plena Idade Média; o segundo, na transição da Idade Média para o Renascimento e o terceiro, já no Renascimento. O TROVADORISMO PORTUGUÊS: 1189 – 1418 Utilizando o dialeto galego-português, os trovadores nos legaram dois tipos de cantigas: LÍRICO-AMOROSA: cantiga de amor e cantiga de amigo; SATÍRICA: cantiga de escárnio e cantiga de maldizer. Cantiga de Amor TEXTO 01 – da época – DOM DINIS Você me proibiu, senhora, Ou a quem direi o meu amor Ou a quem direi o sofrimento/ que me faz sofrer, Eu tenho tanto pra te falar, Cantiga de Amigo · O trovador assume o eu-lírico feminino: é a donzela quem fala; TEXTO 01 – da época – MARTIN CODAX Tenho notícias Tenho notícias Hoje chega
o meu namorado Hoje chega o meu amado E irei, mãe, a Vigo. Está são e vivo Está vivo e são TEXTO 02 – atual, com características de cantiga de amigo – Chico Buarque Oh pedaço de mim Exercícios 1. O texto de D. Dinis é uma cantiga de amor e o texto de Martin Codax, uma cantiga de amigo. Comparando os 2 textos, responda: a) Quem é o eu-lírico, ou seja, o emissor da mensagem de cada um dos textos? b) Com quem fala e de que fala o eu-lírico de cada texto? c) Qual dos textos apresenta maior complexidade de idéias e maior profundidade de sentimentos? d) Como é tratado o sentimento amoroso em cada um dos textos? 2. O texto de Roberto Carlos apresenta características de uma cantiga de amor, já o de Chico Buarque apresenta características de uma cantiga de amigo. O que há de diferente ou de semelhante entre eles quanto ao sentimento amoroso? 3. Nas cantigas de amigo é comum a presença de uma confidente (a mãe ou uma amiga) a quem a jovem namorada segreda os seus sofrimentos amorosos. Contudo, em razão da ausência do homem, que ia lutar contra os mouros, algumas vezes a mãe aparece com autoridade para vigiar e controlar os namoros da filha. a) No texto de Martin Codax, com que objetivo a jovem informa a mãe que vai a Vigo, ao encontro do namorado? b) No mesmo texto, que versos da cantiga poderiam despertar na mãe o interesse em que a filha fosse a esse encontro? Justifique sua resposta. 4. A relação amorosa observada no texto de D.Dinis pode ser associada às relações de vassalagem existentes na sociedade medieval. a) A quem corresponde a figura do suserano, no caso do texto? b) A quem corresponde a figura do vassalo? Cantiga de Escárnio TEXTO 01 – da época - Joan Airas de Santiago Uma dona, não vou dizer qual, A dona, de um coração muito bom, Nunca vi tais agouros, TEXTO 02 – atual, com características da cantiga de escárnio – Chico
Buarque Todo ovo Cantiga de Maldizer · Cantiga de caráter satírico em que o ataque acontece de maneira direta; TEXTO 01 – da época – Pero da Ponte E já lhe vejo a ensinar e sustentar E quem deseja enriquecer Deve-se saber disso, TEXTO 02 – atual, com características de cantiga de maldizer – Chico Buarque GENI E O ZEPELIM De tudo que é nego torto, Um dia surgiu brilhante Vai com ele, vai Geni, nessa noite lancinante com seu zepelim prateado. Exercícios 2. Embora haja semelhança quanto ao assunto, os textos citados na questão anterior diferem entre si pela forma como fazem a crítica. a) Qual dos textos emprega uma linguagem mais direta e vulgar? b) Qual deles faz uso de uma linguagem cheia de ambiguidades, trocadilhos e insinuações? c) Em qual dos textos predomina a ironia leve e sutil? E a zombaria? d) Em qual deles o nome da pessoa satirizada é identificado. 3. Coube ao século XIX, a descoberta surpreendente da nossa primeira época lírica. Em 1904, com a edição crítica e comentada do Cancioneiro da Ajuda, feita por Carolina Michaelis de Vasconcelos, tivemos a primeira grande visão de conjunto do valiosíssimo espólio descoberto. a) Qual é essa “primeira época lírica” portuguesa? b) Que tipos de composição poética se cultivaram nessa época? 4. No texto GENI E O ZEPELIM, de Chico Buarque, observamos que Geni é uma mulher de carne e osso. Como era a mulher observada nas cantigas de amor? 5. O que você entendeu do texto GENI E O ZEPELIM? Faça um resumo das idéias principais. A PROSA TROVADORESCA Em Portugal, a prosa começou a surgir entre o século XIV e o início do século XV, na forma de hagiografias, nobiliários, cronicões e novelas de cavalaria. HUMANISMO: 1418 - 1527 A produção literária portuguesa da segunda época medieval representa um momento de transição entre a literatura trovadoresca e o Renascimento, do século XVI. Como em toda transição, o velho e o novo conviviam. Dessa forma, ao mesmo tempo que se mantinham alguns aspectos das cantigas (a idealização amorosa, por exemplo), aspectos novos surgiram, preparando a
literatura renascentista, como, por exemplo, a poesia amorosa de fundo sensual. O prestígio que teve a prosa, em Portugal, no século XV, deve-se, principalmente, aos méritos de Fernão Lopes, o primeiro cronista e historiador português. TEXTO 01: da época – Aires Teles TEXTO 02: da época –
Conde de Vimioso Porque se não vos quisesse, Meu amor, tanto vos amo, Porque, se a desejasse, O primeiro texto defende que todo amor deve ser acompanhado de desejo, sem o qual o verdadeiro amor não existe. Já o segundo, compreende que o ponto alto do amor está em nada desejar, porque o desejo conduz à realização e ao prazer, que destrói o amor. Exercícios CANTIGA, PARTINDO-SE – João Roiz de Castelo Branco Tam tristes, tam saudosos, cem mil vezes que da vida. que nunca tam tristes vistes 1. Releia os quatro versos iniciais da Segunda estrofe. Qual é a palavra responsável pela marcação rítmica do texto? 2. No verso “tam doentes da partida”, observamos o emprego da aliteração. Retire do texto outro verso em que tal recurso esteja presente. 3. Na primeira estrofe do poema é empregada uma sinédoque. Identifique-a. 4. No poema lido, podem ser encontrados vestígios tanto das cantigas de amigo quanto das cantigas de amor. Isso demonstra que a poesia palaciana ainda não tinha se desligado plenamente da herança trovadoresca, dela fazendo uso. a) No poema em estudo, está presente o mesmo tema: a partida do namorado. Entretanto, há uma diferença fundamental quanto ao eu-lírico. Quem fala no poema? b) Tal qual nas cantigas de amor, o poeta se dirige à senhora, falando-lhe de seu sofrimento amoroso. Há, entretanto, uma mudança quanto à sua postura perante a mulher amada, como se verifica nesses versos: “Senhora, partem tam tristes / meus olhos por vós, meu bem.” Que nova postura assume o eu-lírico perante a mulher amada? Destaque a expressão que justifica sua resposta. 5. Por que o Humanismo é considerado um período de transição? 6. Quanto à poesia, qual foi a grande novidade da época humanista? 7. Relacione: T – Trovadorismo e H – Humanismo. 8. Estabeleça a diferença básica entre teocentrismo e antropocentrismo. 9. A Idade Média também é conhecida como “Idade das Trevas”. Por quê? 10. Comente a expressão “o homem é a medida de todas as coisas”, indicando a que estilo de época está relacionada. 11. “Nunca atacava instituições: atacava, sim, os homens que nela prevaricavam. Na sátira ao clero, cuja soltura de costumes vinha-se se agravando a partir dos fins da Idade Média, não fazia mais do que colaborar com a própria Igreja no trabalho de preservação dos inocentes e de recuperação dos religiosos transviados.” A que escritor se refere o texto de Segismundo Spina? Situe-o, historicamente, na literatura portuguesa. 12. Aponte a alternativa correta quanto a Gil vicente. 13. Caracteriza o teatro de Gil vicente: CLASSICISMO: 1527 – 1580 A literatura renascentista caracteriza-se por imitar as obras de escritores da Antiguidade Clássica greco-latina; por isso é chamada de
Classicismo. A linguagem clássico-renascentista apresenta duas grandes novidades: o racionalismo, que valoriza mais os conceitos e a razão que os sentimentos e o universalismo, que valoriza os temas universais e não mais as experiências individuais. Ao lado da épica, a lírica de Camões vem a ser um dos pontos altos da poesia do século XVI e uma das maiores expressões literárias em nossa língua. TEXTO 01: Luiz Vaz de Camões – o texto apresenta uma experiência pessoal vivida pelo poeta. Alma minha gentil, que te partiste Se lá no assento
etéreo, onde subiste, Não te esqueças daquele amor ardente E se vires que pode merecer-te Roga a Deus, que teus anos encurtou, TEXTO 02: Luiz Vaz de Camões – aqui, o autor trata do sentimento amoroso como uma entidade superior, universal e não como uma experiência pessoal. Amor é fogo que arde sem se ver; É um querer mais que bem querer; É querer estar preso por vontade; Mas
como causar pode seu favor
Os dias, na esperança de um só dia, Começa de servir outros sete anos, TEXTO 04: MONTE CASTELO – Renato Russo Ainda que eu falasse a língua dos homens O QUINHENTISMO NO BRASIL: 1500 – 1601 “Nem crônicas, nem memórias, pois
não resultavam de nenhuma intenção literária: os registros dos cronistas e viajantes eram uma tentativa de descrever e catalogar a terra e o povo recém-descobertos. Entretanto, permeava-os a fantasia de seus autores, exploradores europeus que filtravam fatos e dados, acrescentando-lhes elementos mágicos e características muitas vezes fantásticas.” CONTEXTO HISTÓRICO BRASILEIRO LITERATURA DOS JESUÍTAS TEXTO 01: Caminha relata a recepção dada por Cabral a dois indígenas: “...
Mostraram-lhes um papagaio pardo que o capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como quem diz que os havia ali. Mostraram-lhes uma galinha: quase tiveram medo dela: não lhe queriam pôr a mão; e depois a tomaram como que espantados. TEXTO 02: A Carta de Pero Vaz – Murilo Mendes(escritor modernista): A terra é mui graciosa, Tem macaco até demais TEXTO 03: Gândavo descreve as frutas existentes: “... Uma planta se dá também nesta Província, que foi da Ilha de São Tomé, com a fruita da qual se ajudam muitas pessoas a sustentar na terra. Esta planta é mui tenra e não muito alta, não tem ramos senão umas folhas que serão seis ou sete palmos de comprimento. A fruita dela se chama banana. Parecem-se na feição com pepinos e criam-se em cachos (...). Esta fruita é mui saborosa, e das boas que há na terra: tem uma pele como de figo(ainda que mais dura) a qual lhe lançam fora quando a querem comer: mas faz dano à saúde e causa fevre a quem se desmanda nela.” TEXTO 04: Erro de Português – Oswald de Andrade (poeta modernista) Quando o português chegou Exercícios 1. O século XVI marca, na Europa, o Renascimento; na literatura portuguesa, esse período é conhecido como Classicismo, pois é todo voltado para a cultura clássica da Grécia e de Roma. A partir do contexto estudado, responda: a) Podemos falar em Renascimento no Brasil do século XVI? Justifique. b) Comente o fragmento a seguir, de autoria do poeta Oswald de Andrade, autor do Manifesto da Poesia Pau-Brasil: “... Contra a fatalidade do primeiro branco aportado e dominando diplomaticamente as selvas selvagens, citando Virgílio para tupiniquins.” 2. Analise a letra da música Jóia, de Caetano Veloso. Ela nos apresenta duas imagens. Comente-as. “beira de mar beira de mar O BARROCO Convivendo com o sensualismo e os prazeres materiais trazidos pelo
Renascimento, os valores espirituais – tão fortes na Idade Média e desprezados pela concepção renascentista – voltaram a exercer forte influência sobre a mentalidade da época. Uma nova onda de religiosidade foi trazida pela Contra-Reforma e pela fundação da Companhia de Jesus. O que decorreu daí foram, naturalmente, sentimentos contraditórios, já que o homem estava dividido entre valores opostos. A arte barroca, que exprime essa contradição, igualmente oscila entre o clássico pagão e o medieval
cristão, apresentando-se, então, como uma arte indisciplinada. Os primeiros textos literários escritos por brasileiros no Brasil-Colônia surgem num momento em que o Barroco europeu se desenvolve e se expande. As condições da colônia, no entanto, diferem bastante das cortes européias luxuosas e, por isso, o Barroco adquire, entre nós, características específicas, tendo como marco inicial a obra Prosopopéia(1601), de
Bento Teixeira, uma espécie de cópias de Os Lusíadas. PRINCIPAIS TEMAS BARROCOS: · O sobrenatural; QUADRO COMPARATIVO CLASSICISMO / BARROCO
CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM BARROCA Requinte formal: construções sintáticas elaboradas, vocabulário de alto nível, a fim de agradar ao seu público consumidor, a aristocracia. Figuração: em vez de dizer as coisas de maneira direta e objetiva, o texto barroco prefere o uso de figuras: metáforas, comparações, símbolos, alegorias, etc..; Conflito espiritual: o homem barroco sente-se dilacerado e angustiado diante da alteração dos valores, dividindo-se entre o mundo material e o espiritual. Para exprimir esta confusão, o escritor barroco utiliza a antítese e o paradoxo, figuras de linguagem que indicam contradição ou oposição. Temas contraditórios: gosto pela confrontação violenta de temas opostos: amor/dor; vida/morte; juventude/velhice; pecado/perdão. Efemeridade do tempo e carpe diem: o homem barroco tem consciência de que a vida terrena é efêmera, passageira, e, por isso, é preciso pensar na salvação espiritual. Por outro lado, já que a vida é passageira, sente, ao mesmo tempo, desejo de curti-la antes que acabe, o que resulta num sentimento contraditório, já que curtir a vida implica pecar, e, se há pecado, não há salvação. Cultismo: é o rebuscamento formal, caracterizado pelo jogo de palavras e pelo excessivo emprego de figuras de linguagem, explorando efeitos sensoriais, como cor, tom, forma, volume, sonoridade, imagens violentas e fantasiosas, enfim, recursos que sugerem a superação dos limites da realidade. Conceptismo: jogo de idéias constituído pelas sutilezas do raciocínio e do pensamento lógico, por analogias, etc.. PRINCIPAIS FIGURAS DE LINGUAGEM EXPLORADAS PELO BARROCO Metáfora: é uma comparação abreviada; através dela o poeta revela semelhanças profundas que descobre na realidade: “As aves, que eram no bosque, / Clarins de plumas animadas.” Antítese: reflete a contradição, o dualismo e a luta de forças opostas, típicas do barroco: “O prazer com a pena se embaraça.” Paradoxo: duas idéias contrárias num único pensamento: “Rio de neve em fogo convertido.” Hipérbole: traduz a grandiosidade e o exagero do estilo barroco: “... Outro mar mais copioso / Largando dos meus olhos a corrente...” Prosopopéia: personificação de seres inanimados: “Agora que se cala o surdo vento.” TEXTO
01: Buscando a Cristo – Gregório de Matos A vós, divinos olhos, eclipsados A vós, pregados pés, por não deixar-me, A vós, lado patente, quero unir-me, TEXTO 02: Neste fragmento do Padre Antônio vieira, ele procura persuadir seus ouvintes a não se envolverem com idéias de reforma religiosa (o Protestantismo). “A uns mártires penduravam pelos cabelos, ou por um pé, ou por ambos, ou pelos dedos polegares, e assim, no ar, despidos, batiam e martelavam com tal força e continuação, os cruéis e robustos algozes, que ao princípio açoitavam os corpos, depois desfiavam as mesmas chagas, ou uma só chaga até que não tinha já que açoitar nem ferir. A outros estirados e desconjuntados no ecúleo, ou estendidos na catasta aravam ou cardavam os membros com pentes e garfos de ferro, a que propriamente chamavam escorpiões, ou metidos debaixo de grandes pedras de moinho, lhes espremiam como em lagar o sangue, e lhes moíam e imprensavam os ossos, até ficarem uma pasta confusa, sem figura, sem semelhança do que dantes eram. A outros cobriam todos de pez, resina e enxofre, e ateando-lhes o fogo, os faziam arder em pé como tochas ou luminárias, nas festas dos ídolos, esforçando-os para este suplício como lhes dar a beber chumbo derretido.” TEXTO 03: Neste fragmento de Gregório de Matos, ele apresenta uma violenta crítica a sociedade de sua época, em especial ao governador da Bahia (seu desafeto) e ao clero. Que falta
nesta cidade? ... Verdade O demo a viver se exponha, Que vai pela clerezia?... Simonia Sazonada caramunha! TEXTO 04: PARADOXO – Isac Machado de Moura Jamais esquecerei o teu rostinho triste A imagem daquele triste
episódio Teu rostinho alegre, A vida naquele dia visitara os vivos Vida, Considerando os textos 01 e 02, responda: 1. Os dois textos apresentam semelhança quanto ao tema, evidenciando uma preocupação tipicamente barroca. Explique essa semelhança. 2. Observe a postura do cristão em cada um dos textos. a) Como pode ser interpretado no texto 01, o desejo do eu-lírico de unir-se ao corpo torturado de Cristo? b) Que semelhança há entre a postura do cristão nos dois textos? 3. A linguagem barroca normalmente busca transmitir estados de conflito espiritual. Por isso faz uso de certas figuras de linguagem, tais como a hipérbole, a antítese, as inversões, as metáforas, além de alegorias, de imagens violentas e de sugestões de som e cor que traduzem o sentido trágico da vida. a) Destaque do texto 01 um exemplo de antítese e outro de inversão. b) Destaque do texto 02 exemplos de sugestões sonoras e de imagens violentas. 4. O Barroco apresenta certa atração pelo mórbido como forma de exprimir a fragilidade e o grotesco da condição humana. Explique de que forma se manifesta essa atitude em cada um dos textos lidos. |