É normal a pessoa gostar de sentir dor?

É uma pergunta estranha de ser feita, mas você sabia que existe um fenômeno chamado Schadenfreude, que é um termo alemão que significa “sentir prazer na dor do outro”?

Pois é! Geralmente, tem uma relação com a inveja e é uma emoção social, ou seja, é sentido coletivamente. Quanto maior for a identidade social do indivíduo dentro do grupo, maior a possibilidade de sentir isso.

Esse sentimento tem um papel importante no sistema de recompensa do nosso cérebro, que é o mesmo acionado diante da comida, das substâncias e de outras recompensas da vida.

Freud já falava sobre isso no seu artigo “Psicologia das massas” (1920), dizendo que quando estamos em grupo, agimos irracionalmente (isso bem resumidamente nas minhas palavras). Lógico que ele escreve muito profundamente sobre o tema. Para isso, recomendo a leitura do artigo dele.

Nesse momento de polarizações é muito visível esse fenômeno acontecer, como por exemplo, na política: “direita” x “esquerda”. Nas eleições de 2018 vimos muito fortemente isso acontecer. Pessoas da mesma família, com posições políticas diferentes, romperam! Entre “amigos” isso também aconteceu! Agora na pandemia também estamos vendo algumas variações, no caso seria “ciência” x “não-ciência”, e por aí vai. Nos Estados Unidos esse tipo de briga chega a ser uma aberração, tornando-se, inclusive, crime! Espero que não cheguemos nesse nível aqui, apesar de estarmos bem caminhando para isso!

Outro exemplo muito comum é em relação às torcidas de futebol e chega em um nível de violência tão absurda que chegamos a ver mortes por torcidas rivais! E, num nível mais “leve” vemos as provocações entre os conhecidos, como este recente do Palmeiras ter vencido a Libertadores, mas ainda não ter Mundial. Nunca vi tanto meme em tão pouco tempo! Mentira, sempre vejo uma quantidade absurda de memes logo após vários eventos.

Outra forma de schadenfreude é o bullying, mas acho que esse tema vale um artigo inteiro!

Fico aqui pensando na irracionalidade desse sentimento… Faz sentido você desejar que o outro se ferre, quando, na realidade, você faz parte de um todo? Tem coerência você ver um outro ser humano sofrer quando você condena a violência? O que eu ganho com o sofrimento alheio?

“Tenho 18 anos e comecei minha vida sexual aos 16 com uma vizinha. Mas até semana passada, não via muito graça no sexo. Até gozava, mas nunca foi aquela coisa que os amigos falavam tanto. Aí, semana passada, a menina com quem estava apertou sem querer meu testículos enquanto a gente transava. E a dor meu deu um prazer enorme. Nunca senti nada disso antes. Pedi até para ela fazer mais. Agora estou com receio. É normal sentir prazer com dor? Posso me prejudicar?”

O leitor, por ser bem jovem e estar apenas iniciando sua vida sexual, nunca deve ter ouvido falar em masoquismo. Pelo dicionário, o masoquismo é um comportamento da pessoa que sente prazer a partir da dor e/ou do seu próprio sofrimento; capacidade de sentir prazer na ação de se machucar. O sadismo´´ é o contrário, o prazer em infligir dor ou humilhação ao parceiro.

Até pouco tempo atrás, o sadomasoquismo era classificado como uma doença mental. No entanto, o novo guia de Classificação Internacional de Doenças (CID) 11,  o manual criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e usado em todo o mundo para diagnosticar doenças, que entrou em vigor em janeiro deste ano, retirou fetichismo, travestismo fetichista e sadomasoquismo da lista de doenças. Ou seja, agora é oficial: é plenamente normal sentir prazer na dor, desde que seja consensual.

O leitor não deve ter se machucado muito na vida, para descobrir seu prazer somente por acaso, numa relação. O masoquista, geralmente, sempre prazer sexual em qualquer dor. E é até mais comum que se imagina, embora as pesquisas sobre o tema sejam poucas. Um relatório de dados de uma pesquisa realizada na Austrália, entre os anos 2001 e 2002, apontou que 2,2% dos homens e 1,3% das mulheres informaram estar envolvidos em masoquismo e/ou sadismo sexual nos últimos 12 meses anteriores ao estudo. Embora não admitam, boa parte das mulheres gostam de levar uns tapões na bunda, uns puxões de cabelo, durante o ato. Isso é um masoquismo soft.

Agora, é preciso um certo cuidado, para quem se inicia na prática, para não exagerar e provocar machucados graves. Não é porque a dor é prazerosa que devem esquecer algumas medidas de segurança. O masoquismo faz parte das práticas BDSM (Bondage, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo) e, como tal, deve seguir algumas regras. A primeira e maior delas é ter sempre uma palavra de segurança, uma espécie de senha, para ser usada em caso onde a dor pode ultrapassar os limiteis do prazer e virar um sofrimento real. A brincadeira deve ser SEMPRE prazerosa, respeitando os limites tanto do dominador (o que inflige a dor) quando do dominado (o que se submete à dor). Essa senha tem que ser uma palavra totalmente diferente do contexto em que estão para que a pessoa, quando a ouvir, saiba que é para parar imediatamente. Use, por exemplo, uma palavra como “azul”, “camarão” ou “abacaxi”.

Outra regra, não escrita, é respeitar os próprios limites. Inclusive os psicológicos. Qualquer prática que traga sofrimento, angústia ou desespero não faz bem. Portanto, se for o caso, procure ajuda de psicólogos. Afinal, o sexo deve ser prazeroso e trazer felicidade. Angústia não combina e aí, sim, algo estaria errado.

Quem é Telma Elorza, a Tia Telma?

Jornalista, divorciada, xereta por natureza e que sempre se interessou muito por sexo. Com a vida, aprendeu várias coisas, mas a principal é que sexo é uma coisa natural e deve ser sempre prazeroso.

O que leva uma pessoa ser masoquista?

É o resultado de uma perturbação na capacidade de satisfação de uma pessoa, e uma tentativa continuamente frustrada de corrigir essa perturbação. É um resultado e não uma causa da neurose.” Portanto, o masoquismo é a expressão de uma tensão sexual que não pode ser aliviada.

É normal sentir dor e gostar?

Esse gostar é causado por uma relação biológica. Quando o encéfalo detecta a dor, uma parte dele chamada hipófise, responsável por soltar substâncias na rede sanguínea, libera o hormônio endorfina, que alivia a dor para que ela se torne suportável o bastante para que o encéfalo possa traçar estratégias para pará-la.

Qual o nome da pessoa que gosta de sentir dor?

Significado de Masoquista [Figurado] Quem se caracteriza socialmente como uma pessoa que busca o sofrimento, que tende a se sentir bem ao ser humilhado ou se satisfaz com isso. adjetivo Relativo ao masoquismo, à busca do prazer pelo ato de se submeter à dor ou ao sofrimento físico ou psíquico.

O que significa gostar de sentir dor?

Conhecidas como masoquistas, essas pessoas apresentam comportamentos autodestrutivos e buscam na dor uma maneira de preencher sua necessidade por amor e prazer. Para isso, o masoquista se autoflagela ou provoca situações para ser humilhado e explorado.