Como a ciência contribui para o aumento da expectativa de vida?

O avanço tecnológico e do saneamento básico gera um aumento na expectativa de vida. Sobre esse assunto o Tarde Nacional conversou com Mariana Garcez, geriatra do Hospital Águas Claras.

Segundo a médica, as pessoas ganharam mais tempo de vida e estão com a aparência mais jovem. Ela explica que isso se deve aos avanços da ciência, que tornaram possível identificar doenças de forma precoce, melhorar os tratamentos e, pricipalmente, levar mais informação aos pacientes, que passaram a aderir mais aos tratamentos.

A informação também faz com que as pessoas melhorem a alimentação, pratiquem atividade física, façam a vacinação e também tenham mais saneamento. "Com isso, deixa-se de morrer jovem."

Sobre a qualidade de vida, Mariana diz que o envelhecimento no país vai bem. Segundo ela, o número de idosos robustos tem aumentado, por isso a importância do saneamento básico, que permite uma longevidade com qualidade. Ela explica que o maior número de idosos frágeis ocorre onde não existe saneamento.

A médica alerta ainda que é necessário ter uma vida equilibrada desde cedo, cuidar da alimentação, cuidar do sono, cuidar da mente e buscar a saúde de fato, para ter qualidade até o fim da vida.

A avaliação é do demógrafo do IBGE Luciano Gonçalves, que participou da elaboração da Tábua Completa de Mortalidade para o Brasil - 2018, divulgada, hoje (28), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com Luciano Gonçalves, nas últimas décadas se observa um cuidado maior das pessoas contra o que se chama de man made diseases, que são as doenças causadas pelo homem, resultantes do consumo excessivo de álcool, do tabagismo, de uma vida sedentária sem atividades físicas e de alimentação precária. Tudo isso junto joga contra o aumento da longevidade, acredita o pesquisador.

“A gente percebe, principalmente, nas gerações a partir da década de 90, as gerações saúde, que diminuíram expressivamente o uso do tabaco e são muito dedicadas à atividade física, com alimentação mais regrada e sono que repõe as energias. Todos esses fatores combinados a partir da década de 50 foram os responsáveis pela queda na mortalidade. Quando a mortalidade cai a longevidade aumenta”.

Mulheres

O demógrafo disse que não só no Brasil, mas em vários países, as mulheres vivem mais que os homens. Conforme os dados de 2018, a diferença é de aproximadamente de 7 anos. O que significa que uma menina ao nascer tem a expectativa de viver mais 7 anos que um menino na mesma condição. Ele acrescentou que, na década de 50, a diferença de esperança de vida ao nascer era de 3 anos. De lá para cá, as mulheres aumentaram o ritmo na elevação da expectativa, enquanto os homens em velocidade menor.

“As mulheres foram ganhando posições ao longo dos anos. Isso se dá por causa do comportamento das mulheres ao longo dos anos. É notório que as mulheres se cuidam muito mais que os homens. Elas são muito mais preventivas que reativas. Elas ao sentirem um incômodo já correm para o médico e fazem uma bateria de exames. Tornam isso rotina preventiva. Os homens já são diferentes. Se uma doença mais grave assola uma mulher, ela tem chances de se curar porque geralmente descobre no início”, explicou.

Luciano Gonçalves disse, no entanto, que essa diferença tende a diminuir com o passar dos anos, porque existe o limite de alcance da idade, o que será atingido antes pelas mulheres. Enquanto isso os homens continuarão avançando na expectativa de vida.

Para o demógrafo, a escolaridade da mulher tem relação com a queda da mortalidade infantil. Na década de 40, aproximadamente 146 crianças em mil que nasciam morriam antes de completar 1 ano de vida. Em 2018, para cada mil crianças que nascem apenas 12,4 morrem antes dessa idade.

Segundo ele, além das melhorias das condições de saúde e de saneamento e as campanhas de vacinação, essa queda brusca ocorreu, especialmente, por causa da evolução da escolaridade das mulheres, que ainda são responsáveis pela maior parte dos cuidados da casa e dos filhos.

“Quando se fala em escolaridade, se pode pensar no sentido mais amplo. Não só a escolaridade de sala de aula, mas o conhecimento com a facilidade dos meios de comunicação, das redes sociais, dos programas e TV e de rádio, os jornais. Uma mãe mais educada e esclarecida tem condição de cuidar do seu bebê e fazer essa criança sobreviver, principalmente, o seu um ano de vida”, disse.

Regiões

Quanto à diferença de perfis entre as regiões brasileiras, onde normalmente os estados da Região Sul e Sudeste são mais desenvolvidos que os do Norte e Nordeste, se reflete na expectativa de vida, disse o demógrafo. Os estados do Sul e do Sudeste estão avançados tanto na queda da mortalidade quanto da fecundidade na comparação com os das outras regiões.

Na visão do pesquisador, esse quadro mostra a necessidade de ampliação das políticas de Estado na melhoria do saneamento básico, da coleta de lixo, no tragamento de esgoto e da possibilidade da água encanada chegar na casa das pessoas.

Como a ciência contribuiu para o aumento da expectativa de vida dos seres humanos?

Tratamento celular, transfusão de plasma e criogenia são algumas das evoluções que vêm sendo impulsionadas em pesquisas para burlar a morte – ou ao menos – aumentar a expectativa de vida dos seres humanos.

Quais os fatores que contribuem para o aumento da expectativa de vida?

O crescimento econômico do país, acesso à água tratada e esgoto, bem como aumento do consumo, foram alguns dos fatores que elevaram a expectativa de vida no Brasil. A esperança de vida dos brasileiros aumentou, isso segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Qual a importância da ciência para a vida das pessoas?

O contributo da ciência para a sociedade é inquestionável, na medida em que possibilita avanços nos campos da saúde, da alimentação, do ambiente, da tecnologia, da energia e muitos outros, melhorando a qualidade de vida das populações e enriquecendo as sociedades intelectual e culturalmente.

Por que o desenvolvimento da ciência leva ao aumento da longevidade?

Por outro lado, estudos têm demonstrado que o ser humano, em condições ambientais ótimas e tendo comportamentos saudáveis, pode alcançar uma expectativa de vida média de 85 anos3. O aumento no tempo de vida está muito associado aos avanços da tecnologia da saúde, que diminuíram as taxas de mortalidade.