O que acontece se tomar remedio de pressao em excesso

A maioria dos pacientes diagnosticados com pressão alta são orientados por seus médicos a tomar a medicação pela manhã. No entanto, um novo estudo indica que os medicamentos para hipertensão funcionam melhor quando tomado antes de dormir. De acordo com a pesquisa, publicada no periódico European Heart Journal, pessoas que ingerem o remédio no período da noite apresentam menor risco de sofre acidente vascular cerebral (49%), ataque cardíaco (44%), insuficiência cardíaca (42%) ou precisar de cirurgia ponte de safena (40%). 

“O mesmo medicamento anti-hipertensivo, a mesma molécula, na mesma dose, ingerida em dois momentos diferentes, tem farmacocinética e farmacodinâmica totalmente distintas e, portanto, se comportam como se fossem duas medicações completamente diferentes”, explicou Ramón Hermida, da Universidade de Vigo, na Espanha, a The Guardian. 

Isso significa que esse efeito discordante está relacionado ao relógio interno do corpo, já que os processos realizados pelo organismo podem variar de acordo com o horário e, portanto, a medicação atuaria de maneira distinta dependendo do período em que é ingerida.

Essa diferença também pode ser explicada pelo sistema hormonal que regula a pressão arterial: ele atinge o pico de atividade durante o sono. Dessa forma, os medicamentos que interagem com esse sistema apresentam efeito maior quando ingeridos imediatamente antes de dormir.

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Por que tomar de manhã?

Segundo especialistas, a medicação costuma ser recomendada para o período da manhã por dois motivos principais: o primeiro seria porque é mais fácil para as pessoas se lembrarem de tomar seus remédios pela manhã; já o segundo está relacionado ao fato de que os anti-hipertensivos costumam ter efeito diurético, ou seja, aumentam a vontade de fazer xixi.

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“As pessoas provavelmente não querem tomar uma pílula que as faça levantar e fazer xixi no meio da noite”, comentou John A. Osborne, diretor de cardiologia da State of the Heart Cardiology, nos Estados Unidos, à CNN. 

Ele destacou, no entanto, que para aqueles que receberem a recomendação médica para alterar o horário da medicação, não precisam ser preocupar com a vontade de ir ao banheiro no meio da noite. “Depois de algumas semanas, isso se torna progressivamente menos problemático, especialmente porque você está ciente dos benefícios”, disse. 

Melhor desempenho à noite

A nova descoberta foi feita depois que os pesquisadores analisaram os dados de 19.084 pessoas na Espanha. A equipe dividiu os participantes em dois grupos: aqueles que ingeriam o medicamento à noite e os que tomavam pela manhã. Eles foram acompanhados durante uma média de seis anos, e a pressão arterial era monitorada pelo menos uma vez por ano. Ao final do estudo, os cientistas registraram 1.752 eventos cardiovasculares. 

Após descartar outros fatores de riscos para essas doenças, a equipe chegou a conclusão de que tomar a medicação no período noturno pode proteger os pacientes de riscos de problemas cardiovasculares, reduzindo o risco em até 66%. “Esse efeito tão profundo nos eventos cardiovasculares é surpreendente”, comentou Stephen MacMahon, da Universidade de Oxford, na Inglaterra, a The Guardian.

Para alguns especialistas, esse resultado deve alterar a maneira como os médicos prescrevem os medicamentos para hipertensão. “Acredito que veremos os médicos mudarem seu posicionamento em breve. A hipertensão é um fator de risco importante para doenças cardiovasculares, muito maior que o colesterol e tudo o que nos permite tratá-la de maneira mais eficaz é relevante”, concluiu Barbara Roberts, da Brown University, nos Estados Unidos, à CNN. 


Por mais que os remédios para hipertensão tenham evoluído nos últimos anos, ainda é possível identificar efeitos colaterais nas seis classes de medicamentos disponíveis no mercado. É comum problemas como impotência sexual e tosse crônica levarem o paciente a abandonar o tratamento, o que aumenta os riscos de infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

No Brasil, onde a hipertensão afeta um em cada quatro adultos, a 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) considera o diagnóstico a partir da elevação sustentada dos níveis pressóricos ≥ 140 e/ou 90 mmHg. Acompanhado de mudanças de hábitos, o tratamento medicamentoso pode assegurar longevidade e qualidade de vida aos pacientes.

Conheça a atualização em Cardiologia desenvolvida pela SBC.

Classes de medicamentos

Os remédios para hipertensão são divididos em seis grupos: diuréticos; inibidores adrenérgicos; vasodilatadores diretos; inibidores da enzima conversora da angiotensina; antagonistas dos canais de cálcio; e antagonistas do receptor da angiotensina II.

É comum utilizar esses medicamentos isoladamente ou combinados. Em geral, os diuréticos ou betabloqueadores são mais utilizados em conjunto com vasodilatadores. É possível que algumas combinações gerem interações medicamentosas, que se somam aos efeitos adversos ligados a cada remédio. Nesses casos, o médico precisa trocar as combinações e avaliar a adaptação ao tratamento.

Principais efeitos adversos

Os efeitos adversos dos remédios para hipertensão impactam na qualidade de vida dos pacientes. Condições como cefaleia, tontura e impotência sexual estão entre os principais sintomas que levam ao abandono do tratamento. O papel dos profissionais de saúde, nesse sentido, está na conscientização dos riscos, no monitoramento dos pacientes e na adaptação medicamentosa sempre que for necessário.

Sem a medicação, os vasos podem entupir ou romper, causando infarto, acidente vascular cerebral ou demência precoce. Há relatos, inclusive, de casos de impacto no funcionamento dos rins e vasos oculares quando não há tratamento adequado para hipertensão arterial.

Os diuréticos ganham destaque entre os fármacos recomendados. Os mais indicados são os tiazídicos, pois possuem maior efeito anti-hipertensivo. No entanto, eles não são livres de efeitos colaterais, podendo causar hipocalemia e hipomagnesemia. Outras complicações, ainda que menos comuns, estão associadas à precipitação de arritmias cardíacas e disfunção erétil, além de elevação do ácido úrico e dos triglicerídeos.

Entre os vasodilatadores diretos, a hidralazina e o minoxidil costumam ser os mais indicados. Mas o primeiro tende a causar problemas como cefaleia, flushing, vertigens e taquicardia. Já o minoxidil é associado ao hirsutismo (crescimento indesejado de cabelo em diferentes partes do corpo), que ocorre em aproximadamente 80% dos pacientes.

No caso dos poupadores de potássio, a espironolactona é o único antagonista da aldosterona disponível no Brasil. O medicamento se destaca pela efetividade na redução da mortalidade por insuficiência cardíaca, mas apresenta hipercalemia e ginecomastia dolorosa – o que leva a altos índices de abandono de uso.

Os betabloqueadores, que promovem diminuição do débito cardíaco, são contraindicados para portadores de asma brônquica e doença pulmonar obstrutiva. Entre seus efeitos colaterais estão: broncoespasmo, bradicardia, distúrbios da condução atrioventricular e vasoconstrição periférica. Também são perceptíveis sintomas como insônia, pesadelos, depressão psíquica, astenia e disfunção sexual.

Em geral, os inibidores da enzima conversora da angiotensina são bem tolerados pelos pacientes. Entretanto, de 5% a 20% dos usuários apresentam tosse seca, já que o medicamento pelo acúmulo da bradicinina. Mesmo quando há substituição por outro fármaco, a tosse pode persistir por até duas semanas. São também contraindicados para gestantes, assim como os antagonistas do receptor da angiotensina II – também conhecidos como bloqueadores dos receptores AT1 da angiotensina II (BRA).

Tomo diariamente losartana 50mg, porém me confundi e tomei 2 comprimidos. Isso é perigoso?

É importante se atentar para uso correto das medicações seguindo a prescrição da receita médica! Existe a opção de se organizar com separadores de comprimidos evitando assim confusão das doses. Tomar uma dose maior que a recomendada pelo médico pode aumentar os efeitos colaterais da medicação e, no caso, de medicação para a pressão, levar a hipotensão, tonturas e até desmaio. Na dúvida, procurar sempre o médico para que ele lhe oriente sobre as doses corretas e outros cuidados!

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