Se a Rússia se encontra em um único bloco rochoso por que foi dividida em dois continentes

A Terra é dividida em três camadas — crosta, manto e núcleo —, graças às transformações ocorridas ao longo de bilhões de ano. Essas camadas atuam de forma interdependente entre si, e mudanças em uma afetam as outras, o que demonstra que nosso planeta não é um bloco rochoso único e estático.

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Quais são as camadas da Terra?

Para os estudiosos da área (geólogos e cientistas afins), a Terra tem várias camadas desde a superfície até seu interior mais profundo. Entretanto, para fins didáticos, a divisão crosta-manto-núcleo é a mais aceita e difundida, sendo também a mais fácil de ser compreendida. A partir dessa divisão clássica, subdivisões podem ocorrer, como crosta terrestre e oceânica, manto inferior e superior, núcleo interno e externo.

Vejamos as principais características das camadas da Terra.

O planeta Terra possui três camadas: crosta, manto e núcleo.

A crosta é a camada superficial da Terra, também conhecida como litosfera. Ela é conhecida por ser a camada rochosa onde pisamos e desenvolvemos nossas atividades cotidianas. Abriga os biomas, animais, cadeias montanhosas, entre outros, sendo a mais importante para os humanos.

Pode ser subdividida em:

  • crosta terrestre;

  • crosta oceânica.

A primeira pode ser chamada de crosta continental, sendo a área de ocorrência dos continentes e a mais antiga, com blocos rochosos que atingem mais de 3,5 bilhões de anos. Sua espessura varia entre 5 e 80 quilômetros, com alta concentração de silício e alumínio (sial).

Já a crosta oceânica é “mais fina” do que a anterior e mais recente. A espessura varia de 5 a 15 quilômetros, sendo o local dos mares e oceanos. Sua composição abriga silício e magnésio (sima) e toda a biodiversidade marinha.

O manto é considerado a camada intermediária entre a crosta e o núcleo, com uma espessura entre 100 e 2900 quilômetros. Assim como a crosta, ele também apresenta subdivisões, a saber:

  • manto superior;

  • manto inferior.

O manto superior está localizado abaixo da litosfera, em uma profundidade que chega a 700 quilômetros. É nessa camada que encontramos a parte viscosa da estrutura terrestre, conhecida como magma, que pode chegar a 2000 ºC. Sua viscosidade é responsável pelo movimento (flutuação) das placas tectônicas na litosfera, o que resulta no surgimento de:

  • cadeias montanhosas;

  • erupções vulcânicas;

  • terremotos;

  • maremotos; etc.

As erupções vulcânicas são consequências da movimentação das placas tectônicas, que estão sobre o magma.

Já o manto inferior está situado entre 700 e 2900 quilômetros de profundidade, próximo ao núcleo do planeta. Estima-se que ele seja sólido, composto de silicato de ferro, magnésio e silício.

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A camada mais interna da Terra é subdividida em núcleo externo e interno. A profundidade varia de 2900 a 6700 quilômetros. Estudos apontam que essa camada é composta basicamente de níquel e ferro (nife), com temperaturas que podem atingir 5000 ºC.

O núcleo externo é líquido (viscoso) e envolve o núcleo interno, que é sólido. Ambos são responsáveis pelo campo magnético da Terra, que nos ajuda a direcionar os pontos cardeais nas bússolas, por exemplo.

Para compreendermos as altas temperaturas nas camadas internas do planeta, é necessário considerar o grau geotérmico. De acordo com esse grau, a cada 30 metros de profundidade, estima-se que a temperatura aumente 1 ºC.

Exercícios resolvidos

Questão 1 (PUC-MG) – A teoria da tectônica de placas explica como a dinâmica interna da Terra é responsável pela estrutura da litosfera, sendo INCORRETO afirmar que:

A) a litosfera é a parte rígida que compõe a crosta terrestre e é segmentada em placas que flutuam em várias direções sobre o manto.

B) o movimento das placas pode ser convergente ou divergente, aproximando-as ou afastando-as, ou, ainda, deslizando-as uma em relação à outra.

C) a tectônica é responsável por fenômenos como formação de cadeias montanhosas, deriva dos continentes, expansão do assoalho oceânico, erupções vulcânicas e terremotos.

D) as placas continentais e oceânicas possuem semelhante composição mineralógica básica, uma vez que essas placas compõem a crosta terrestre.

Resolução

Alternativa D. Placas oceânicas compõem a crosta oceânica e apresentam composição diferente das placas continentais.

Questão 2 (Unesc 2019) – Com o desenvolvimento da teoria da tectônica de placas, fenômenos como a formação das cadeias montanhosas e das fossas submarinas foram mais bem compreendidos. Com isso, sabe-se que a Cordilheira dos Andes se encontra em uma região da crosta terrestre que

A) coincide com limites divergentes de placas tectônicas.

B) se situa em uma área de expansão do assoalho oceânico.

C) apresenta uma área falhada pela formação de uma dorsal oceânica.

D) apresenta uma área de colisão de placas tectônicas.

Resolução

Alternativa D. Todas as cadeias montanhosas do planeta estão em áreas de colisão de placas tectônicas.

A Crosta Terrestre é a menor e a mais externa entre as camadas do planeta Terra. É nela que se realizam as transformações do relevo e onde se expressam morfologicamente todos os processos internos e externos que ocasionam a sua formação e transformação.

Essa camada, com base em suas localizações, é dividida em oceânica, com altitudes que variam entre 5 e 10 quilômetros, e continental, com uma espessura que vai de 30 a 80 quilômetros (a maior parte desse volume encontra-se abaixo do nível do mar).

Com base em suas composições, a crosta é novamente dividida em dois tipos ou camadas. A camada sima, também chamada de crosta inferior, é composta majoritariamente por basalto, com predomínio dos minerais silício e magnésio. A outra camada é chamada de sial (crosta superior), composta por rochas sedimentares, granitos e outros tipos de rochas; os minerais predominantes são o silício e o alumínio. Vale lembrar que, em contato com os oceanos, há apenas a crosta superior.

A crosta terrestre está em constante transformação. Ela sofre ações oriundas do interior do planeta, denominadas de agentes endógenos ou internos, e ações oriundas de elementos localizados acima da superfície, chamadas de agentes exógenos ou externos.

Entre os agentes endógenos, podemos destacar o tectonismo e o vulcanismo. Em linhas gerais, a crosta terrestre não é composta por uma única porção de terras que envolve todo o planeta. Ela é, na verdade, formada por inúmeras partes, chamadas de placas tectônicas, que estão sempre em movimento graças à pressão exercida pelo magma localizado abaixo da crosta. Dependendo da forma com que essas placas se movimentam e se interagem, ocorrem significativas mudanças no relevo do planeta.

Entre os agentes exógenos, podemos destacar a ação dos ventos, das águas e do clima, que alteram profundamente as composições químicas e físicas das rochas, atuando na modelagem do relevo, ocasionando processos de erosão, sedimentação e muitos outros.

Por fim, é importante lembrar que a crosta terrestre não possui uma dinâmica independente. Sua estruturação e transformações estão diretamente ligadas às demais camadas que compõem a Terra, que são o manto e o núcleo.

Pangeia é o nome dado ao supercontinente que compunha a superfície terrestre dos períodos Permiano ao Triássico. Essa massa única era banhada também por um único oceano, chamado de Pantalassa. A separação da Pangeia, que deu origem à configuração dos continentes como hoje conhecemos, teve início há 230 milhões de anos.

O primeiro a sistematizar a hipótese da existência desse supercontinente foi Alfred Wegener, na teoria da deriva continental, no início do século XX. A explicação sobre o mecanismo que ocasionou a movimentação das massas continentais surgiu somente na década de 1960 e é conhecida como teoria das placas tectônicas.

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Resumo sobre Pangeia

  • A Pangeia é o supercontinente que compunha a superfície terrestre no período Permiano, há aproximadamente 300 milhões de anos.

  • Essa gigantesca massa de terra começou a se fragmentar na era Mesozoica, no período Triássico, há 230 milhões de anos.

  • Era banhada por um único oceano, chamado Pantalassa.

  • A sua existência e posterior fragmentação é explicada por duas teorias principais: a teoria da deriva continental e a teoria das placas tectônicas.

O que é a Pangeia?

Pangeia é o nome utilizado para designar a gigantesca massa de terra que compunha um único continente, referido também como supercontinente, e que formava a superfície do planeta no passado geológico, mais precisamente entre a segunda metade da era Paleozoica, a partir do período Permiano (há aproximadamente 300 milhões de anos), e o início da era Mesozoica (há 230 milhões de anos).

A palavra pangeia é bem representativa da estrutura do supercontinente, pois ela é derivada de dois termos em grego antigo que, juntos, significam “todas as terras” ou “toda a Terra” (pan = todo; gea = terra).

Características da Pangeia

A Pangeia era uma enorme massa de terras emersas que continha todos os continentes hoje conhecidos unidos em um só bloco, correspondendo a aproximadamente um terço da área da superfície terrestre. Acredita-se que a Pangeia não foi o primeiro supercontinente formado na história geológica do planeta Terra, embora seja aquele do qual há evidências observadas em padrões físicos (forma dos continentes), geológicos (distribuição de rochas e sua composição) e nos fósseis (tanto da vida animal quanto vegetal).

Da mesma forma como a Pangeia representava um único continente, ela era banhada por um extenso oceano que recebeu o nome de Pantalassa. Esse oceano possuía somente um mar, denominado mar de Tethys, e que banhava o leste do supercontinente.

Dividindo-se a Pangeira em hemisférios Norte e Sul, temos que, ao norte, ficavam a atual América do Norte e a Eurásia, que compreende a Europa e parte da Ásia. No hemisfério meridional, encontravam-se as terras equivalentes à América do Sul, África, Antártica, Índia e Austrália.

A fragmentação da Pangeia teve início no período Triássico, há, aproximadamente, 230 milhões de anos, e deu origem a outros dois grandes continentes: Laurásia, no Hemisfério Norte, e Gondwana, no Hemisfério Sul. As correntes de convecção e movimentação das placas tectônicas, como hoje é sabido, deram continuidade ao processo de separação dos continentes até a atual configuração.

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Surgimento da Pangeia

A formação dos continentes e o surgimento da Pangeia são um assunto bastante discutido no escopo das ciências da Terra e que suscita questionamentos até o presente. As pesquisas a respeito dessa temática indicam que o supercontinente foi formado na segunda metade da era Paleozoica, entre os períodos do Carbonífero e do Permiano, o que teve início entre 280 e 230 milhões de anos antes do presente.

As evidências da existência da Pangeia, sua correlação com os atuais continentes e o mecanismo atrás do processo de formação e fragmentação desses grandes blocos de terra emersa são explicados por duas teorias principais e que se complementam: a teoria da deriva continental e a teoria das placas tectônicas.

A teoria que aponta para a existência de um supercontinente que se fragmentou e deu origem à atual configuração da superfície recebeu o nome de deriva continental.

A primeira teoria sistematizada a respeito da origem dos continentes e da composição da crosta terrestre foi a teoria da deriva continental. Antes dela, é claro, outros pensadores e cientistas aventaram a ideia de que os blocos continentais outrora formavam uma única massa, e isso era teorizado com base na geometria de cada um deles.

Foi Alfred Wegener, no entanto, que publicou, no ano de 1915, um livro que apresentava todas as suas observações a respeito da existência do que ele chamou de Pangeia, um continente único que teria existido há mais de 230 milhões de anos e cuja fragmentação deu origem à atual configuração do mundo. Sua teoria se baseou na observação do formato da América do Sul e da África, cujas linhas costeiras formavam um encaixe perfeito, sugerindo que estiveram juntas em algum momento do passado geológico.

A teoria de Wegener era ainda mais abrangente no sentido de ter apontado evidências geomorfológicas e paleoclimáticas que indicavam a continuidade de paisagens observadas na América do Sul, Antártida, África, Índia e Austrália. Não bastasse isso, o pesquisador encontrou também fósseis de répteis e espécies de plantas iguais nesses territórios.

O que Wegener não conseguiu explicar com maior precisão, no entanto, era o mecanismo que fez os continentes se movimentarem e se fragmentarem eventualmente. Ele faleceu no ano de 1930, sem conseguir provar a sua teoria.

Os estudos do assoalho oceânico proporcionaram a explicação para a separação da Pangeia e a formação dos continentes como hoje os conhecemos.

A teoria da deriva continental foi retomada em meados do século XX, e, mediante o aperfeiçoamento dos instrumentos de pesquisa, o que permitiu a datação de rochas e a análise e coleta em águas profundas, e o próprio avanço teórico realizado, foi possível compreender melhor a estrutura do planeta e o que condicionou o movimento de separação dos continentes.

Com base no estudo do assoalho oceânico entre as décadas de 1950 e 1960, surgiu a teoria das placas tectônicas ou tectônica global. Ela foi levantada das observações de Harry Hess realizadas em 1962 sobre a expansão do assoalho oceânico e a existência de correntes de convecção no manto terrestre, no interior do planeta, que permitiram com que as massas de terras emersas, presas então a uma placa na crosta, se movessem. Essa teoria, então, substituiu a da deriva continental e conseguiu explicar de que maneira se deu a fragmentação da Pangeia e a formação da atual configuração da superfície terrestre.

Exercícios sobre a Pangeia

1) (Udesc) A teoria da tectônica de placas afirma que a América do Sul e a África estiveram unidas e iniciaram sua separação há cerca de 125 milhões de anos.

Assinale a alternativa que contém o nome da era geológica em que se iniciou tal separação, o do bloco formado pela América do Sul e África e o do continente que também fazia parte desse bloco, sequencialmente.

a) Cenozoico – Laurásia – América do Norte

b) Arqueozoico – Pangea – Europa

c) Mesozoico – Gondwana – Ásia

d) Mesozoico – Gondwana – Antártida

e) Cenozoico – Laurásia – Austrália

Resolução: Alternativa D. Após a separação da Pangeia, o movimento das placas tectônicas continuou ocasionando a fragmentação dos continentes. A separação de Gondwana ocorreu na era Mesozoica, e, além da América do Sul e da África, esse continente continha a Índia, a Austrália e a Antártida.

2) (Enem) A partir da análise da imagem, o aparecimento da Dorsal Mesoatlântica está associado ao(à)

a) separação da Pangeia a partir do período Permiano.

b) deslocamento de fraturas no período Triássico.

c) afastamento da Europa no período Jurássico.

d) formação do Atlântico Sul no período Cretáceo.

e) constituição de orogêneses no período Quaternário.

Resolução: Alternativa D. A dorsal Mesoatlântica é uma cordilheira formada na porção central do oceano Atlântico e decorrente do processo de expansão do assoalho oceânico, o que, por sua vez, ocorreu devido ao movimento divergente de placas que resultou na separação dos continentes africano e americano, conforme identificado na imagem 4. Esse processo ocorreu no período Cretáceo.

Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia

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