Quem mora no distrito federal é

Bem, aqueles que nascem em qualquer região de Brasília são chamados de brasilienses. Mas pode acontecer de perguntar a alguém se é de Brasília, por exemplo, e receber a seguinte resposta: — Sim, sou Candango!

Candango? Como assim, candango?

Exatamente. Candango é o termo aplicado aos operários que participaram das primeiras construções do Distrito Federal, ao final da década de 50. Muitos deles migraram de outros estados, grande parte do nordeste. Esse movimento tinha o objetivo de prestar serviço a Juscelino Kubitschek, presidente na época, em fundar uma nova cidade no centro do país, para que pudesse ser a nova capital do Brasil.

Em cima da denominação “candango” criou-se uma nova significação histórica para Brasília e que remete a origem da cidade.

Juscelino, com sua intenção de criar uma nova cidade e decretá-la como capital, e com a situação de que trabalhadores de outras estados brasileiros aceitaram ajudar nessa missão, ele confirmou o uso da expressão “candango” para expressar um sentido contrário de insulto, como era utilizado para agredir verbalmente indivíduos negros. Candango, a partir de Brasília, teria um novo valor, uma nova representação, que fazia jus a todo esforço, dedicação e empenho, daqueles que acreditaram no sonho do ex-presidente e tiveram o prazer de concretizá-lo junto com ele.

Com isso, alguns dos trabalhadores, além de ajudar a construir uma nova capital, decidiram ficar e construir uma nova vida na nova cidade do cerrado do centro-oeste, tornando-se pioneiros de Brasília.

Por esse motivo, filhos, netos e as geração seguintes daqueles que se dedicaram às obras da capital, começaram a adotar o termo candango para se intitular “nascido em Brasília e membro de família que fez parte da construção de Brasília”, após 1960.

Mas qual a diferença de ser Brasilense ou ser Candango?

Independente de ser Brasiliense ou Candango, os dois se referem àqueles que nasceram em Brasília. A única diferença entre ser brasiliense e ser candango será a linhagem, se a pessoa vem ou não de uma geração que deu asas à construção de Brasília.

Além do mais, para homenagear os antigos construtores de Brasília, a escultura que é um cartão postal que está no centro da cidade — na Praça dos Três Poderes —, deixou de ser chamada de “Os Guerreiros” para ser conhecida como “Os Candangos” que faz uma representação dos trabalhadores que contribuíram para erguer a atual capital do Brasil.

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O Distrito Federal é uma das 27 unidades de federação do Brasil. Está localizado na região Centro-Oeste e abriga a sede do governo do país, situada em Brasília. A cidade foi inaugurada no ano de 1960, marcando a transferência do poder político para o centro do território nacional, um projeto que já vinha sendo idealizado há muito tempo. O DF reúne hoje mais de três milhões de habitantes, e sua economia se concentra no setor terciário, com destaque para as atividades da administração pública.

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Dados gerais do Distrito Federal

  • Região: Centro-Oeste

  • Capital: Brasília (capital do Brasil)

  • Governo: democracia representativa

  • Área territorial: 5.760,784 km² (IBGE, 2020)

  • População: 3.055.149 habitantes (estimativa IBGE, 2020)

  • Densidade demográfica: 444,66 hab./km² (IBGE, 2010)

  • Fuso: Horário Padrão de Brasília (GMT -3)

  • Clima: Tropical

Geografia do Distrito Federal

O Distrito Federal é uma das 27 unidades de federação do Brasil. Está situado na região Centro-Oeste, fazendo divisa com os estados de Goiás e, em uma estreita faixa, com Minas Gerais, a sudeste. Sua área territorial é de pouco mais de 5,76 mil km², a menor unidade em extensão do Brasil. O Distrito Federal recebe esse nome por abrigar a sede do governo brasileiro.

Predomina no Distrito Federal o clima Tropical, marcado pela influência da continentalidade e da altitude. As temperaturas médias ficam em torno de 22 ºC e 23 ºC. Nas regiões mais elevadas, os valores podem ser um pouco menores. O verão corresponde à estação chuvosa, enquanto os invernos são secos e frios, com termômetros marcando até 13 ºC em determinadas áreas. O índice pluviométrico anual no DF varia entre 1000 mm e 1200 mm.

O Distrito Federal está situado no Planalto Central Brasileiro, conforme a classificação de Aziz Ab’Sáber. Os terrenos da unidade são caracterizados pelas elevadas altitudes e feições que variam de planas a suavemente onduladas em sua maioria.

A média altimétrica na unidade é de 1050 metros, com as áreas mais rebaixadas concentradas próximo dos cursos dos rios que banham a unidade. As principais elevações estão situadas no oeste do Distrito Federal, onde a altitude é maior do que 1200 metros. O pico do Roncador fica no noroeste do DF e consiste no seu ponto culminante, situado a 1341 metros acima do nível do mar.

A cobertura vegetal existente no Distrito Federal é aquela característica do Cerrado, bioma do qual faz parte. Pouco mais da metade do território é recoberta por formações savânicas, conforme indicam as informações da Codeplan. Os campos correspondem a 41,63% da área, enquanto as florestas representam apenas 7,24%.

Quem mora no distrito federal é
Vista aérea do lago Paranoá, no Distrito Federal.

O DF está incluso na bacia hidrográfica do Tocantins-Araguaia, além das sete outras bacias hidrográficas em que o seu sistema de drenagem se divide. Os principais rios que banham a área são os rios Maranhão, São Bartolomeu, Descoberto e Preto.

Grandes lagos compõem também o conjunto de águas superficiais do DF, como o lago Paranoá, formado a partir do represamento do rio homônimo, e o lago do Descoberto.

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Mapa do Distrito Federal

Quem mora no distrito federal é
Distrito Federal e as suas regiões administrativas.

Demografia do Distrito Federal

A população do DF é de 3.055.149 habitantes, a 20ª entre as unidades de federação brasileiras. Tendo em vista a sua pequena área, pode-se considerar o DF um território densamente povoado, com distribuição de 444,66 hab./km² à época do Censo de 2010. Entre a realização da pesquisa e 2020, a unidade teve um ganho populacional de 484.989 habitantes. Com isso, a densidade demográfica subiu para 530,33 hab./km².

A maioria da população do DF habita a zona urbana. Considerando os dados demográficos do Codeplan e do IBGE, temos uma taxa de urbanização de 94,3%. A região administrativa de Ceilândia é a mais populosa, com 349.955 habitantes. O Plano Piloto, onde está situada a estrutura administrativa do governo federal, conta atualmente com 217.073 habitantes.

Uma parcela significativa da população brasiliense (44,64%) é composta por imigrantes oriundos de outras regiões do Brasil. Com 22,32%, o Nordeste é a principal região de origem. Com relação à composição étnica, 47,49% se declaram pardos; 40,95%, brancos; 10,03%, pretos; e 0,3%, indígenas.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do DF é de 0,824, o maior do país. A expectativa de vida ao nascer de 78,9 anos é mais alta do que a nacional e se destaca com São Paulo.

Divisão geográfica do Distrito Federal

A divisão geográfica do DF se dá por meio das chamadas regiões administrativas (RA). Ao todo são 33 regiões, conforme listadas na tabela abaixo. Entre as RA, está o Plano Piloto, que abriga a sede do governo federal brasileiro.

I - Plano Piloto

XII - Samambaia

XXIII - Varjão

II - Gama

XIII - Santa Maria

XXIV - Park Way

III - Taguatinga

XIV - São Sebastião

XXV - Estrutural/Scia

IV - Brazlândia

XV - Recanto das Emas

XXVI - Sobradinho II

V - Sobradinho

XVI - Lago Sul

XXVII - Jardim Botânico

VI - Planaltina

XVII - Riacho Fundo

XXVIII - Itapoã

VII - Paranoá

XVIII - Lago Norte

XXIX - SIA

VIII - Núcleo Bandeirante

XIX - Candangolândia

XXX - Vicente Pires

IX - Ceilândia

XX - Águas Claras

XXXI - Fercal

X - Guará

XXI - Riacho Fundo 2

XXXII - Sol Nascente/Pôr do Sol

XI - Cruzeiro

XXII - Sudoeste/Octogonal

XXXIII - Arniqueira

Economia do Distrito Federal

O Distrito Federal possui o oitavo maior Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que soma R$ 254,81 bilhões. Sendo a sede administrativa do país, a maior parcela do valor adicionado à economia brasiliense é derivada do setor terciário, que agrega tanto o comércio e os serviços quanto a administração pública e as atividades correlatas.

Como mostram os dados da Codeplan, mais da metade do valor arrecadado pelo setor vem da administração, defesa, educação, saúde e seguridade social. Logo na sequência estão as atividades financeiras, de seguro e atividades relacionadas. O terciário concentra uma parcela de 95% da população ocupada do DF.

A indústria do Distrito Federal é responsável por uma parcela de 3,9% do seu PIB, liderada pelo setor da construção civil e dos serviços públicos essenciais, como geração e distribuição de energia elétrica. A agropecuária produz soja, milho, café, feijão, trigo, leite, ovos, frutas e legumes. Esse setor responde, entretanto, por uma parcela muito pequena do PIB, que é de apenas 0,4%.

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Governo do Distrito Federal

O governo do Distrito Federal é uma democracia representativa, com eleições realizadas em intervalos de quatro anos. O Poder Executivo distrital é o governador. O Legislativo é integrado por três senadores, oito deputados federais e 24 deputados distritais.

Os governantes que compõem o Poder Legislativo do Distrito Federal exercem, além das suas atribuições iniciais, as mesmas funções que políticos eleitos para cargos de instância municipal, conforme estabelecido pela Constituição Federal. Cada uma das 33 regiões administrativas, por sua vez, possui um administrador regional.

Bandeira do Distrito Federal

Infraestrutura do Distrito Federal

O Distrito Federal dispõe de uma ampla rede de infraestrutura urbana para atender os seus mais de 883 mil domicílios instalados. Os dados da Codeplan indicam que cada uma dessas residências possui, em média, 3,26 pessoas, as quais vivem com uma renda per capita de R$ 2.492,09, variando conforme a RA.

Quase a totalidade de domicílios (99,43%) possui acesso à rede de energia elétrica do Distrito Federal, administrada pela Companhia Elétrica de Brasília (CEB). A cobertura da rede de esgoto é de 92,74%, enquanto a rede de água tratada é conectada a 98,57% dos domicílios brasilienses |1|. Ambas são de responsabilidade da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb).

Mais de dois mil km de estradas formam a malha rodoviária do Distrito Federal, principal via de acesso à capital e conexão com as demais regiões do país. Além das rodovias distritais, identificadas pela sigla DF, oito importantes rodovias federais (BR) têm origem em Brasília e são conhecidas como radiais, numeradas de 010 a 080. As linhas férreas que atravessam o DF são utilizadas para o transporte de cargas, com destaque para a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA).

As conexões aéreas são feitas mediante os aeroportos federais, distritais e privados. O principal deles é o Aeroporto Internacional de Brasília, o terceiro maior em fluxo de passageiros do Brasil.

Cultura do Distrito Federal

O Distrito Federal foi formado a partir da migração de pessoas de diversas regiões do Brasil, aspecto esse que se reflete nas manifestações culturais brasilienses. Uma delas é a música, que ganhou amplitude nacional por meio das bandas de rock que se formaram em Brasília. Isso não exclui os demais estilos produzidos no DF, como o choro e o hip-hop.

O Festival Brasília de Cultura Popular é a principal festa do DF e celebra o folclore e os costumes do lugar. Seu símbolo é o Calango Voador, entidade mítica do Cerrado brasileiro. Acontecem anualmente também festejos como os juninos e a Festa do Divino, bem como o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, realizado no Cine Brasília.

A própria capital do Brasil, seu conjunto arquitetônico elaborado por Oscar Niemeyer e o projeto do Plano Piloto de autoria de Lúcio Costa expressam a história da cidade e resguardam elevado valor cultural. Em função disso, a Unesco incluiu a cidade na lista de Patrimônios da Humanidade, em 7 de dezembro de 1987.

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Brasília, sede do governo federal, é também Patrimônio da Humanidade pela Unesco.[1]

História do Distrito Federal

A transferência da capital do Brasil para o interior sempre esteve presente no ideário político do país e remontava ao período colonial. No século XIX, José Bonifácio de Andrada e Silva sugeriu o nome de Brasília para a nova sede do poder político, propondo, ainda, seu posicionamento central.

Foi apenas com a primeira Constituição do Brasil República, promulgada em 1891, que o projeto deixou de ser somente uma ideia. O documento previa o estabelecimento da capital brasileira no Planalto Central, e uma comissão multidisciplinar foi enviada para a realização de um estudo aprofundado e da demarcação da área. Apesar de o lançamento da pedra fundamental da nova capital ter sido feito em 1922, foi apenas na década de 1950 que o seu projeto de concretizou.

Em 1955 realizou-se a delimitação da área onde seria construída a cidade, processo esse que teve início no governo de Juscelino Kubitschek, novo presidente eleito do Brasil. O traçado da nova capital foi feito por Lúcio Costa, arquiteto e urbanista que venceu o concurso da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), realizado para a escolha do projeto de uma cidade planejada.

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O Plano Piloto, que corresponde à área administrativa do DF, foi desenhado por Lúcio Costa e se assemelha ao desenho de um avião.

As obras atraíram um grande número de trabalhadores de diversas partes do país, em especial Goiás e estados da região Nordeste. A força de trabalho que atuou na construção de Brasília é conhecida como candango. Esses indivíduos, com suas famílias, passaram a morar nos arredores do Plano Piloto, a RA que sedia a estrutura do governo, dando origem às cidades-satélite.

Brasília foi inaugurada no dia 21 de abril de 1960, tornando-se oficialmente a nova sede do governo federal e centro político do país.

Nota

|1| Dados da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD 2018) e disponibilizados pela Codeplan em http://brasiliametropolitana.codeplan.df.gov.br/.

Crédito da imagem:

[1] 061 Filmes / Shutterstock

Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia