Quem foi o fundador de São José do Rio Pardo?

Dentre esses fazendeiros, destaque maior para o coronel Antônio Marçal Nogueira de Barros, considerado o fundador de São José, aquele que mais trabalhou para o início do povoado.

As primeiras medidas tomadas por essas pessoas foram decididas em uma reunião realizada na Fazenda Tubaca, em 4 de abril de 1865. Esta reunião foi registrada em um livro de ata que, por sua importância, é considerada a certidão de nascimento de São José - 4 de abril de 1865.

Também ficaram definidas as contribuições que cada um daria para a construção da capela. Foram feitas festas e quermesses à sombra de uma grande árvore. Essa figueira, ainda viva, está na praça central de São José, em frente ao Santander. Por seu valor histórico foi homenageada com uma placa: "Árvore-monumento: acompanhou toda a história da cidade".

Em 1873, com a capela pronta, foi autorizada a celebração da primeira missa. Agora, a próxima conquista para o povoado seria a elevação à categoria de Vila. Para isso seria necessária a construção de um prédio que servisse de Câmara e Cadeia. A inauguração aconteceu em 20 de março de 1885. Era a autonomia de São José, agora com vida política própria. O prédio inaugurado em 1885, hoje um dos mais antigos da cidade, abriga o Museu Rio-pardense, atrás da Igreja Matriz.

OS IMIGRANTES ESTÃO CHEGANDO

Ao mesmo tempo em que tudo isso acontecia, a vila de São José recebia novos moradores, pessoas que para cá vinham em busca de trabalho e de novas terras para a agricultura. A lavoura de café, principal atividade econômica do país, atraía imigrantes recém chegados da Europa. Muitas famílias de imigrantes estabeleceram-se nessas terras, muitas das quais com descendentes até os dias atuais - Bortot, Garçon, Caruso, Breda, Mantovani, Martini, Bianchini e tantas outras.

LÁ VEM O TREM

Com o crescimento da Vila de São José e o aumento da agricultura, houve a necessidade de um meio de transporte mais eficiente que levasse o café até Casa Branca, onde era embarcado no trem que o transportava para o porto de Santos, e daí para o exterior.

Até então, o café era transportado em carroças, que demoravam muito, dificultando a venda. Por esse motivo, os fazendeiros da região de São José decidiram construir uma linha férrea ligando São José à Casa Branca. Além do transporte do café a ferrovia facilitaria a chegada de novos moradores e o crescimento de São José.

Tendo à frente o dr. José da Costa Machado, proprietário da Fazenda Vila Costina, em 1887 foi inaugurado o Ramal Férreo do Rio Pardo trazendo ares de modernidade para a pequena vila de São José.

Desde então a ferrovia prestou grandes serviços para São José, até que o transporte rodoviário ganhasse a preferência diante do abandono das ferrovias. Em 1977, depois de uma grande enchente do Rio Pardo e da queda de muitas pontes, a estrada de ferro foi paralisada. Em 1982 foi reinaugurada, numa tentativa de retomar seu uso normal. Infelizmente o movimento pelos trilhos não era o mesmo, o que levou a desativação total da linha férrea.

Hoje, no local da antiga estrada de ferro passa a avenida Perimetral, que ajuda no fluxo de automóveis pela cidade. Da antiga linha restam alguns pontilhões de ferro e as estações, por onde embarcavam pessoas e mercadorias.

VIVA A REPÚBLICA

Nessa época outro fato marcou a história de São José - o Episódio Republicano de 11 de agosto de 1889. O Brasil ainda era uma monarquia, governada pelo imperador D. Pedro II. Entretanto, os defensores da República já faziam propaganda para a mudança do regime. Em 10 de agosto de 1889, Francisco Glicério chegou à Vila de São José para fazer campanha pela República. Hospedou-se no Hotel Brasil, de propriedade de Ananias Barbosa.

Na noite de 10 de agosto houve grande confusão entre republicanos e monarquistas. No dia 11 de agosto de 1889 os republicanos foram até o prédio da Câmara e Cadeia, prenderam o sub-delegado, os soldados e tiraram a bandeira do império, proclamando a República em São José.

No dia seguinte, com a ajuda de tropas de outras cidades, a situação voltou à normalidade em São José. Mais tarde, por esse acontecimento, a cidade recebeu o título de Cidade Livre do Rio Pardo, em 1891. Entretanto, os moradores preferiram o antigo nome e a cidade voltou a se chamar São José do Rio Pardo.

Em todo dia 11 de agosto, durante as comemorações da Semana Euclidiana, é feita uma cerimônia em frente ao Hotel Brasil, lembrando o significado do acontecimento para a cidade. Outra lembrança desse acontecimento está na bandeira e no brasão de São José, com os dizeres: "Cidade Livre do Rio Pardo".

A PONTE CAIU

Talvez um dos fatos mais importantes de nossa história tenha sido a construção da ponte metálica sobre o rio Pardo e a conseqüente vinda do engenheiro Euclides da Cunha para São José, no final do século XIX.

O desejo de uma ponte sobre o rio Pardo era antigo entre os moradores de São José, pois facilitaria a passagem do café produzido na margem direita do rio (hoje o Santo Antônio) para o lado onde ficava a estação ferroviária. Com a autorização do governo, a construção teve início em 1896. Toda a estrutura da ponte foi importada da Alemanha, medindo no total 100,08 m, dividida em 3 lances de 33 metros e 36 centímetros.

As obras ficaram prontas, a ponte foi inaugurada e entregue ao povo rio-pardense em 3 de dezembro de 1897. Mas a alegria durou pouco, pois 50 dias depois da inauguração, em 23 de janeiro de 1998, o pilar central não suportou a força das águas e a ponte tombou dentro do rio. Foi um desastre para a época, como noticiaram os jornais, que cobravam a apuração das responsabilidades.

EUCLIDES E A ALDEIA SAGRADA

Em 1897 Euclides da Cunha era o responsável pela fiscalização das obras públicas do Estado de São Paulo, devendo acompanhar a construção da ponte sobre o rio Pardo. Mas, nessa mesma época, Euclides pediu um afastamento do cargo indo trabalhar para o jornal "O Estado de S. Paulo", na cobertura da Guerra de Canudos, que acontecia no interior da Bahia.

Em Canudos, milhares de sertanejos sob a liderança de Antônio Conselheiro, organizaram uma grande comunidade rural, vivendo fora das ordens dos poderosos da região. Como isso incomodou muita gente, as autoridades convenceram o governo a mandar tropas contra a população de Canudos. Era uma população simples, pobre e faminta, que tinha no Conselheiro a única esperança e uma voz de conforto diante de tanto sofrimento.

Foram necessárias quatro expedições militares contra Canudos para fazer o trabalho de destruição total do povoado. Euclides acompanhou a parte final da guerra e pode comprovar os verdadeiros motivos da luta daquela população, que resistiu até o último combatente. Canudos não se rendeu e foi massacrada até seus últimos moradores.

EUCLIDES E A PONTE

De volta a São Paulo e com as notícias sobre a queda da ponte, Euclides decide vir para São José trabalhar na sua reconstrução. Chega a São José no começo de 1898, com a esposa Ana e os filhos Sólon e Euclides Filho. Aqui em São José irá nascer Manuel Afonso.

Iniciando os trabalhos, a primeira medida de Euclides foi encontrar um novo local para montar a base da ponte. A ponte foi desmontada, recuperada e colocada no novo local, cerca de 60 metros acima da primeira, numa base de rocha no fundo do rio.

Sua inauguração aconteceu em 18 de maio de 1901. Permanece nesse local até hoje, já tendo passado por algumas reformas devido ao excesso de peso que já suportou.

EUCLIDES E O LIVRO

Enquanto trabalhava na reconstrução da ponte, Euclides encontrou tempo e tranqüilidade para escrever o livro "Os Sertões", descrevendo os horrores da guerra de Canudos. O livro foi dividido em três partes - A Terra, O Homem e A Luta -, sendo lançado em 1902. Hoje, ainda é considerada uma das principais obras da literatura brasileira.

No tempo que viveu aqui em São José, Euclides teve grandes amigos e colaboradores. Um dos principais foi o prefeito da época, Francisco de Escobar. Em uma carta ao amigo de São José, Euclides, que vivia cheio de problemas familiares, assim escreveu: "Que saudades de meu escritório de folhas de zinco e sarrafos, da margem esquerda do rio Pardo..."

Depois de encerrada a construção da ponte, Euclides continua sua vida de engenheiro e escritor, até sua morte no Rio de Janeiro, em 15 de agosto de 1909.

Seus amigos e admiradores realizam uma homenagem em 1912, o que dá início a Semana Euclidiana, um movimento cultural que a todo ano recebe estudiosos e admiradores da obra de Euclides, provenientes de todo país e até do Exterior.

A ligação de Euclides e São José sempre foi intensa. Devido aos laços de amizade com os descendentes da família de Euclides, a Prefeitura Municipal e a Casa de Cultura Euclides da Cunha conseguiram, em 1982, trazer os restos mortais do escritor para o Mausoléu construído nas margens do rio, no local que ele tanto gostava.

Esse local, que mantém a ponte metálica, a cabana histórica e o mausoléu, é conhecido como Recanto Euclidiano, praça Francisco de Escobar.

O CRISTO REDENTOR

Outro ponto de destaque de São José é o Cristo Redentor, colocado num dos pontos mais elevados de nossa cidade. A obra foi resultado dos esforços de um devoto português, de nome Manoel de Sousa Rosa. Com a ajuda dos rio-pardenses o terreno no alto do morro foi preparado para receber a escultura do Cristo, com seus 17 metros de altura. A inauguração aconteceu em 19 de novembro de 1949, com as bênçãos do padre Adauto Vitali.

LOCALIZAÇÃO

São José está localizada na região Nordeste do Estado de São Paulo, tendo como vizinhas as cidades de Tapiratiba, Caconde, Divinolândia, São Sebastião da Grama, Itobi, Casa Branca e Mococa.

PESQUISA

Tudo isso que conhecemos da história de São José só foi possível graças aos esforços de dois pesquisadores incansáveis em seus esforços de cuidar e manter a história e a memória de São José do Rio Pardo. Os professores Rodolpho José Del Guerra e Amélia Franzolin Trevisan têm seus nomes marcados para sempre na história de nossa cidade.

Para encerrar, vale lembrar que o aniversário da cidade é comemorado no dia 19 de março, o dia do Padroeiro. Mas 4 de abril é a data correta do início da cidade.

Quando foi fundado São José do Rio Pardo?

O livro encontrado na Fazenda Tubaca, documenta a fundação da Capela de São José do Rio Pardo, em 4 de abril de 1865, quando alguns fazendeiros se reuniram, traçando os planos para edificar a capela, primeira etapa para a criação da futura Freguesia.

Quem fundou Santa Cruz do Rio Pardo?

A origem do município se dá por volta de 1850 quando José Theodoro de Souza e depois Joaquim Manuel de Andrade e Manoel Francisco Soares, sertanistas mineiros colonizaram o distante bairro de Santa Cruz, habitado pelos índio coroados.

Quem colonizou Rio Pardo?

Em 1715, chegaram ao atual município os primeiros colonizadores portugueses avulsos.

Quantos anos tem a cidade de São José do Rio Pardo?

4 de abril: 155 anos da fundação de São José do Rio Pardo.