Que sinal de pontuação introduz as falas dos personagens nesse tipo de discurso?

O parágrafo consiste na divisão de um texto escrito, representada pela mudança de linha, cuja função é mostrar que as frases aí contidas mantêm maior relação entre si do que com o restante texto.

O parágrafo inclui um ou mais períodos, no qual se desenvolve uma ideia central. O período é constituído por uma oração (frase, proposição) ou conjunto de orações que formam um sentido completo.

Os sinais de pontuação dois-pontos, parágrafo, travessão que introduzem o discurso directo indicam a  abertura de parágrafo. Assim, cada fala introduzida  num discurso directo é um parágrafo. Por exemplo, no seguinte excerto temos três parágrafos:

«Ao passar pelo portão da escola, a Maria escutou a seguinte conversa:
— Sempre vais ao teatro hoje? Ouvi dizer que vai toda a gente.
— Não estou com muita vontade.»

Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)

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Quando queremos narrar ou citar as falas de alguém, muitas vezes usamos o discurso indireto. Mas, o que significa “discurso indireto”? É o dizer com as próprias palavras a fala do outro. Para entender melhor esse tipo de recurso, peço-lhe que leia este trecho de “Minha vida de menina”, um diário escrito por Helena Morley, pseudônimo de Alice Dayrell Caldeira Brant:

Nossa casa é pequena e todo reboliço se escuta na sala. Eu e Luisinha temos uma infelicidade conosco; meu pai não gosta de nos ver rir muito. Mas parece até pirraça e juro que não é: quando meu pai está na lavra, só rimos quando há motivo; mas se ele está em casa, uma não pode olhar para a outra que disparamos no riso.

Depois que Joviano está vindo, meu pai recomendou que não ríssemos nem falássemos cá dentro, pois o rapaz ficava de ouvido alerta para escutar o que falávamos e não prestava atenção à aula.

Note que, na passagem “[...] meu pai recomendou que não ríssemos nem falássemos cá dentro, pois o rapaz ficava de ouvido alerta para escutar o que falávamos e não prestava atenção à aula.”, Helena diz com as suas próprias palavras a fala do pai dela. A recomendação, acompanhada de uma justificativa, dada pelo pai é apresentada de modo indireto, ou seja, é apresentada por Helena, não pelo próprio pai. Por isso, podemos afirmar que ela Helena usou, nessa passagem, o discurso indireto.

Marcas do discurso indireto

O discurso indireto, assim como o discurso direto, é introduzido por um “verbo de dizer”. No trecho do diário acima, o verbo “recomendou” introduz o discurso indireto. Observe que a narradora não empregou sinal de pontuação para separar a fala dela da fala do pai. Ela empregou a conjunção “que” (“[...] que não ríssemos nem falássemos [...]”. Geralmente, a conjunção “que” e a conjunção “se” são utilizadas no discurso indireto para a introdução das falas que não pertencem ao narrador ou autor. Vale acrescentar o uso do “verbo de dizer” na 3ª pessoa, já que se trata da fala do outro. A noção de tempo corresponde ao contexto do narrador, não ao contexto do personagem.

Discurso direto x discurso indireto

Para não deixar dúvidas quanto à diferença entre o discurso direto e o discurso indireto, sugiro que observe estas duas frases:

– Parem de rir, meninas! – disse o pai.

O pai disse às meninas que parassem de rir.

Na primeira frase, a fala do pai é apresentada com as próprias palavras dele. Nesse caso, vemos o discurso direto, que é marcado por sinais de pontuação: o travessão, a vírgula que separa o vocativo “meninas”, o ponto de exclamação; e pelo verbo “disse”. Já na segunda frase, alguém conta com as próprias palavras a fala do pai. Nesse cenário, temos o discurso indireto, introduzido pela conjunção “que”. Repare que o verbo “parar” muda do modo imperativo no discurso direto para o modo subjuntivo no discurso indireto. Isso porque a noção de tempo neste tipo de discurso segue o contexto de quem contou o que foi dito, não o contexto de quem de fato disse (o pai). Cabe acrescentar que o tom exclamativo no discurso direto assumiu um tom declarativo no discurso indireto.

Para concluir:

O discurso indireto é a apresentação das falas dos outros, reais ou fictícios, com as nossas próprias palavras. Em outras palavras, quem diz, oralmente ou por escrito, reelabora a fala do outro, ou seja, diz do seu próprio jeito.

Leia também:

  • Tipos de discursos
  • Discurso direto
  • Discurso indireto livre

Referências:

CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Discurso direto, discurso indireto e discurso indireto livre. In: ___ Nova gramática do português contemporâneo. 5.ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008. p. 649-656.

FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Modos de citação do discurso alheio. In: ___

Para entender o texto: leitura e produção. 15 ed. São Paulo: Ática, 1999, p.181-191.

MAINGUENEAU, Dominique. Análise de textos de comunicação. 3.ed. São Paulo: Cortez. 2004.

MORLEY, Helena. Minha vida de menina. 1.ed. São Paulo: Companhia de Bolso, 2016. p.194.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/discurso-indireto/

Que sinal de pontuação introduz a fala do personagem no discurso direto?

O travessão é um sinal de pontuação representado por um tracinho na horizontal e tem como objetivo marcar o discurso direto, ou seja, a fala de personagens, ou destacar trechos de textos.

Qual é o sinal de pontuação usado para iniciar as falas dos personagens?

O travessão, assim como as aspas, pode ser utilizado para marcar a fala de personagens ou a mudança de interlocutor.

Quais são os sinais de pontuação no discurso direto?

Um discurso direto pode aparecer no meio do texto. Para isso, utiliza recursos de pontuação como uso das aspas, dois pontos ou travessão, para demonstrar que a fala é de outrem.

Que sinal de pontuação costuma aparecer antes do sinal que marca as falas?

O travessão (—) é um sinal de pontuação utilizado para indicar o início de frases ou interlocuções.