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ciclo com uma nova molécula de medicamento. As reações catalisadas pelas CYP incluem N e Odealquilação, hidroxilação de anel aromático e de cadeia lateral, formação de sulfóxido, Noxidação, Nhidroxilação, desaminação das aminas primárias e secundárias e substituição de um átomo de enxofre por um de oxigênio, como ilustrado na Figura 4.12. Reações de fase II ou sintéticas Reações de fase II, denominadas também de reações sintéticas ou de conjugação, envolvem o acoplamento entre o medicamento ou seu metabólito a um substrato endógeno, como ácido glicurônico, radicais sulfatos, acetatos ou ainda aminoácidos. Os produtos das oxidações originados da fase I podem, na fase II, sofrer reações mais profundas, que, em geral, inativam os medicamentos quando estes ainda apresentam atividade farmacológica, levando frequentemente a um aumento na sua hidrossolubilidade. Algumas destas reações são catalisadas por enzimas citoplasmáticas e algumas por enzimas citocrômicas, agindo separadamente ou em combinação. Dentre estas, uma das mais importantes é a conjugação com ácido glicurônico. O ácido uridinodifosfoglicurônico (UDPGA) é capaz de combinarse com moléculas receptoras, que podem ser bases ou ácidos fracos, fenóis ou alcoóis, formando os glicuronídeos (Figura 4.13). Outro tipo de conjugação possível é com o glutation, que exerce papel extremamente importante na proteção dos hepatócitos e de outras células contra lesões tóxicas. Os produtos desta conjugação são normalmente os ácidos mercaptúricos. Outras reações de conjugação ocorrem exclusivamente no citoplasma. Entre elas temse: Conjugação com sulfato, que fornece vários derivados sulfatados originários de compostos orgânicos hidroxílicos alinfáticos e aromáticos, tais como fenol, cloranfenicole hormônios sexuais. Este tipo de conjugação ocorre em vários estágios e envolve várias enzimas ■ Figura 4.11 Representação esquemática da via de reação da oxidase de função mista catalisada pelo sistema citrocromo P450. ■ ■ ■ Figura 4.12 Reações de biotransformação de fase I de medicamentos. Conjugação com radical acetato; isto é, acetilação que origina produtos acetilados, com maior polaridade o que produz facilitação nos processos de excreção de agentes químicos Conjugação com glicina ou glutamina ocorre envolvendo a coenzima A (CoA). Estas reações estão ilustradas na Figura 4.13. EXCREÇÃO DE MEDICAMENTOS Basicamente, um medicamento pode ser excretado após biotransformação ou mesmo na sua forma inalterada. Os três principais órgãos responsáveis pela excreção de medicamentos são: os rins, no quais os medicamentos hidrossolúveis são excretados; o fígado, no qual, após biotransformação, os medicamentos são excretados pela bile; e os pulmões, responsáveis pela excreção de medicamentos voláteis. Pequenas quantidades de medicamentos podem também ser excretadas pela saliva ou suor. Em animais de produção ganha importância também a excreção pelo leite e pelo ovo. Excreção renal A excreção renal constitui o principal processo de eliminação de medicamentos, principalmente os polares ou pouco lipossolúveis em pH fisiológico. Porém, cabe ressaltar que, fora estes fatores intrínsecos ao medicamento, outros fatores podem interferir com sua excreção renal, como, por exemplo, alta ligação com proteínas plasmáticas (acima de 80%), que impossibilita ao medicamento ligado atravessar os poros das membranas do glomérulo. Alguns medicamentos com capacidade de penetrar no líquido tubular, via filtração glomerular e excreção tubular proximal, podem apresentar também uma baixa taxa de excreção renal; este fato pode ser explicado pela reabsorção que eles sofrem na porção distal do néfron. Medicamentos com caraterísticas de ácidos orgânicos fracos com pK por volta de 3, como é o caso dos salicilatos, quando dissolvidos em pH ácido, como os encontrados na urina de cães e gatos, encontramse em maior proporção na forma molecular (destituídos de carga ou apolares), portanto, são facilmente reabsorvidos por difusão passiva pelas membranas celulares, de volta para o interior do organismo. Este fato fornece a base para tratamentos das intoxicações de animais que sofreram ingestão excessiva de determinados medicamentos, pois é pela alcalinização da urina que ocorre um aumento da excreção de ácidos orgânicos fracos e é por meio da acidificação da urina que se favorece a excreção de medicamentos com caráter básico. ■ Figura 4.13 Reações de conjugação da fase II de medicamentos. Carnívoros, como cães e gatos, apresentam pH urinário com características ácidas, oscilando normalmente entre 5 e 7. Para herbívoros (bovinos, equinos e ovinos) o pH urinário tende a ser alcalino, oscilando entre 7 e 8. Cabe ressaltar, no entanto, que em qualquer espécie animal o pH urinário poderá oscilar fora do proposto normalmente para a espécie, de acordo com os hábitos alimentares. O transporte de certos medicamentos e seus metabólitos por carreadores ocorre no túbulo proximal do rim com gasto de energia. Estes sistemas podem apresentar certa inespecificidade, responsável tanto pela excreção de substâncias de caráter ácido como as de caráter básico; no entanto, estes mesmos sistemas apresentam saturabilidade. A administração simultânea de dois medicamentos que sirvam de substrato para o mesmo processo de excreção mediada por transportador tende a prejudicar a excreção de um deles; exemplo disto é a administração conjunta de probenicida e penicilina G, causando menor secreção tubular do antibiótico. A eliminação de um medicamento pode ser expressa pela depuração renal ou clearance renal, que é definida como o volume de plasma que contém a quantidade de substância que é removida pelo rim por unidade de tempo (ℓ/h ou mℓ/min). Este valor é calculado a partir da fórmula: ■ ■ ■ A depuração renal varia acentuadamente para diferentes medicamentos e é fundamental para determinação da dosagem (dose por unidade de tempo). A depuração total descreve a eficiência com que ocorre a eliminação de um medicamento em um organismo. Esta eliminação se refere à excreção do medicamento não modificado, isto é, na sua forma original, pelas diversas vias de excreção. A depuração total (Cltotal) é a soma de todos os processos de eliminação, ou seja, a depuração renal (Clrenal) e a depuração extrarrenal (Clextrarrenal): Cltotal = Clrenal + Clextrarrenal A depuração renal de um medicamento é o resultado de três processos: (a) filtração glomerular; (b) secreção ativa nos túbulos proximais; e (c) reabsorção passiva da urina para o sangue ao longo de todo o túbulo renal. Ou seja: Clrenal = filtração + secreção − reabsorção Filtração glomerular: como todo o sangue existente no organismo passa através dos glomérulos renais, cerca de 10% deste é filtrado para os túbulos renais (taxa de filtração glomerular) e somente o medicamento não ligado às proteínas plasmáticas passa para este filtrado. A creatinina e a inulina são substâncias que não se ligam às proteínas plasmáticas, não são secretadas e nem reabsorvidas. Isto permite que suas depurações sejam utilizadas como medidas da taxa de filtração glomerular Secreção ativa nos túbulos proximais: os túbulos proximais contêm pelo menos dois tipos de transporte ativo (bombas) para transportar o medicamento do sangue para o túbulo renal, e este mecanismo é denominado secreção tubular. Os dois sistemas de transporte, um para ácidos fracos e um para bases fracas, permitem que haja competição para a excreção. Entretanto, medicamentos somente competem se pertencerem à mesma classe química, ou seja, ácidos competem com ácidos e bases com bases. Exemplificando,