1 / 1 Show Introdu��o O enfoque gen�tico nos estudos investigativos da constitui��o das qualidades morfo-funcionais do ser humano para performance f�sica ligadas � execu��o de tarefas laborais e da performance esportiva vem sendo, na atualidade, tema de discuss�o. Recentemente, uma maior aten��o est� sendo dada ao enfoque gen�tico no que se refere �s predisposi��es esportivas e � sa�de. Sabe-se que a informa��o gen�tica constitui a base da heran�a transmitida dos pais para os filhos (o fator gen�tico ou car�ter) e que a mesma determina, em um grau consider�vel, o crescimento, a forma��o do organismo, suas rea��es adaptativas �s influ�ncias exteriores, os ritmos de desenvolvimento e as v�rias fases ontog�nicas (Filin e Volkov, 1998). O fator gen�tico (qualitativo ou quantitativo) manifesta sua totalidade quando encontra condi��es externas favor�veis para seu desenvolvimento, e quando ocorre � falta da informa��o gen�tica de determinada caracter�stica, esta n�o se desenvolve, apesar de influ�ncias externas �timas (Filin e Volkov, 1998). As poss�veis influ�ncias gen�ticas e do ambiente devem ser consideradas para a melhora do desempenho humano. Desta forma, � fundamental a aplica��o de crit�rios que possibilitem identificar as contribui��es de fatores genot�picos e do ambiente nas caracter�sticas individuais e coletivas para que se possa compreender como o indiv�duo atinge diferentes n�veis de desempenho f�sico. Por�m, os mecanismos atrav�s dos quais a influ�ncia gen�tica � expressa s�o ainda um enigma. De acordo com Heck et al. (2004), a identifica��o e detec��o dos genes e das intera��es gene-ambiente que influenciam a performance humana � dif�cil devido a fatores como, por exemplo:
Devido � escassez de informa��es em rela��o a estas quest�es, assim como por ainda existir poucos estudos sobre variantes gen�ticas espec�ficas associados ao funcionamento f�sico (Frederiksen e Christensen, 2002), o conhecimento das influ�ncias genot�picas e ambientais no desenvolvimento e desempenho humano, aliado � utiliza��o da dermatoglifia como um fator de progn�stico do potencial gen�tico, pode constituir um importante avan�o metodol�gico. A compreens�o da influ�ncia genot�pica e fenot�pica pode constituir um crit�rio essencial para a melhor orienta��o para a pr�tica de uma atividade f�sica, adequada �s caracter�sticas individuais e coletivas. Neste sentido, a compara��o entre g�meos monozig�ticos e dizig�ticos pode evidenciar melhor a detec��o dos efeitos genot�picos do que a avalia��o de apenas g�meos monozig�ticos (Watanabe et al., 2001). Segundo Beiguelman (1994), a utiliza��o dos pares de g�meos em estudos para avaliar o valor relativo do gen�tipo na determina��o do fen�tipo (m�todo de g�meos) exige a aceita��o de v�rias premissas, como:
O objetivo do presente trabalho � conceituar e demonstrar a import�ncia da identifica��o da influ�ncia gen�tica para o desenvolvimento e o desempenho humano, utilizando o m�todo de g�meos, que busca estimar a herdabilidade de uma determinada caracter�stica fenot�pica. Este trabalho n�o apresenta uma revis�o extensiva sobre herdabilidade de caracter�sticas de desenvolvimento e desempenho humano, mas sim um exame integrado de conceitos te�ricos e resultados de estudos de caso reportados na literatura cient�fica, visando conscientizar o profissional de educa��o f�sica sobre a aplica��o dessa abordagem metodol�gica, estimulando o avan�o do conhecimento cient�fico sobre o tema.
Um dos principais fundamentos da gen�tica � o de que o fen�tipo de um indiv�duo, isto �, o conjunto de suas caracter�sticas percept�veis, � o resultado da intera��o de seu gen�tipo, isto �, de sua constitui��o gen�tica, com o ambiente. Segundo Beiguelman (1994), a aceita��o desse princ�pio pode sugerir que a distin��o entre caracteres gen�ticos e n�o-gen�ticos � absurda, visto que todos os caracteres dependem sempre tanto do gen�tipo quanto do ambiente, mas esta distin��o tem raz�o de ser, porque ela � de grau, apesar de n�o ser de esp�cie. Assim, um car�ter ser� considerado tanto mais gen�tico quanto menor for a influ�ncia de vari�veis do ambiente sobre a variabilidade fenot�pica, e tanto menos gen�tico quanto maior for a influ�ncia do ambiente sobre a variabilidade fenot�pica. Particularmente nos estudos das intera��es entre a influ�ncia gen�tica e a performance e a forma f�sica humana, � extremamente importante destacar que os efeitos do genes n�o ocorrer�o sempre do mesmo modo e na mesma magnitude nos dois g�neros e em diferentes intervalos de idade (Maia et al., 2003). Por exemplo, na avalia��o da aptid�o f�sica associada � sa�de os efeitos gen�ticos s�o moderados a substanciais na explica��o das diferen�as interindividuais, traduzindo, uma forte variabilidade de resposta dos jovens e dos adultos aos est�mulos das aulas de educa��o f�sica, treinos esportivos e programas de interven��o comunit�rio (Maia et al., 2003). De acordo com Bouchard (1997), a massa corporal e a forma f�sica s�o influenciadas por uma variedade de agentes ambientais, como o estilo de vida do indiv�duo, incluindo a dieta e o n�vel de atividade f�sica habitual. Elas podem ser alteradas tamb�m por doen�as e podem mudar naturalmente com o crescimento e a idade. Al�m disso, existe uma quantidade crescente de pesquisas cient�ficas indicando que elas s�o influenciadas pelos genes. Existe uma larga quantidade de dados sustentando a no��o de que o �ndice de massa corporal (IMC) � caracterizado por um significante efeito gen�tico em todas as idades, com a poss�vel exce��o nos dois primeiros anos de vida. As tend�ncias das estimativas de herdabilidade para o IMC nos termos dos v�rios estudos realizados podem ser resumidos da seguinte forma: o n�vel de herdabilidade � mais alto com os estudos de g�meos, intermedi�rios, com dados de n�cleo familiar e menor quando derivados de dados de ado��o. Como outro exemplo, o estudo de Lauderdale et al. (1997) investigou os componentes gen�ticos e ambientais envolvidos em atividades f�sicas moderadas (como caminhar ou subir escadas) e intensas (como corrida, ciclismo e nata��o, por exemplo). Muito da variabilidade fenot�pica para ambas as atividades moderadas e intensas � um resultado dos efeitos da agrega��o familiar. Os genes podem influenciar a participa��o regular em exerc�cios intensos espec�ficos mais do que na atividade moderada, como por exemplo, o exerc�cio de caminhada. Desta forma, existe um n�mero crescente de trabalhos cient�ficos que v�m avaliando, de uma maneira quantitativa, a influ�ncia gen�tica sobre os n�veis de atividade f�sica e a performance humana, por exemplo, por meio de estudos com n�cleos familiares (Gaskill et al., 2001; Mitchell et al., 2003). Por�m, de acordo com Heck et al. (2004), embora estudos baseados em fam�lias tenham provido sustenta��o para fun��o dos genes na performance humana, a identifica��o e detec��o dos genes e das intera��es gene-ambiente que influenciam esta performance � dif�cil devido a fatores como, por exemplo: a resposta ao treinamento � altamente heterog�nea e pode ser influenciada por v�rios componentes em adi��o aos fatores gen�ticos; a express�o da varia��o gen�tica influenciando a performance pode ser dependente do contexto (por exemplo, a predisposi��o gen�tica para hipertrofia muscular pode ser somente evidente ap�s um tipo espec�fico de treinamento de resist�ncia); e genes e ambientes podem agir independentemente ou em conjunto para influenciar os resultados do treinamento. O estudo de Rankinen et al. (2004) apresenta uma revis�o do mapa gen�tico humano para os fen�tipos da performance f�sica e do fitness relacionado � sa�de, incluindo todos os loci e marcadores gen�ticos relacionados. Os genes e marcadores com evid�ncia de associa��o com um fen�tipo de performance ou fitness em pessoas sedent�rias ou ativas, em adapta��o ao exerc�cio agudo, ou para mudan�as induzidas pelo treinamento foram posicionados no mapa gen�tico de todos os autossomos e do cromossomo X.
O estudo de pares de g�meos tem sido tradicionalmente empregado em diferentes �reas de pesquisa da gen�tica humana, com a finalidade de averiguar a influ�ncia relativa do gen�tipo e do meio ambiente sobre a varia��o fenot�pica normal ou patol�gica (Beiguelman, 1994). Os
g�meos s�o subdivididos em monozig�icos (aqueles originados a partir de um �nico zigoto, portanto geneticamente id�nticos) e dizig�ticos (aqueles originados da concep��o de diferentes zigotos, portanto geneticamente diferentes). Fernandes Filho e Carvalho (1999) realizaram uma compila��o sobre a identifica��o de potencialidades esportivas, na qual reportaram conceitos relacionados com a utiliza��o de g�meos para a avalia��o da influ�ncia gen�tica sobre a performance. O essencial do estudo do
grau de influ�ncia da herdabilidade e ambiente pelo m�todo de g�meos consiste no seguinte: se o ind�cio a ser estudado do organismo depender da herdabilidade, os monozigotos ser�o muito parecidos. Pelo contr�rio, quanto mais ind�cios dependam do meio ambiente, maior ser� a diferen�a entre eles. Isso � explicado pelo fato desta categoria de g�meos possuir o gen�tipo igual a quais quer mudan�as entre eles serem o resultado da influ�ncia do ambiente. As maiores diferen�as entre os g�meos acontecem
quando eles se educarem em condi��es diferentes ou forem sujeitos a fatores desiguais do treinamento. Por exemplo, um g�meo treina, mas o outro n�o. Sendo assim, a diferen�a entre monozigotos que crescerem juntos e monozigotos que crescerem em separado, em condi��es diferentes, � determinada pela influ�ncia dos fatores exteriores. Na maioria dos casos, os monozigotos se educam em condi��es iguais; por isso, a semelhan�a entre eles poder� ser explicada pelas condi��es id�nticas exteriores. A
diferen�as entre monozigotos e dizigotos, crescidos em condi��es semelhantes, � determinada pela a��o dos fatores gen�ticos. Quanto maiores forem �s diferen�as, mais depender� o dado ind�cio da herdabilidade. A compara��o de 3 tipos de g�meos (Tabela 1) permitir� identificar o grau de influ�ncia da herdabilidade e ambiente no desenvolvimento de certos ind�cios do organismo (Fernandes Filho e Carvalho, 1999).
O termo herdabilidade traduz a propor��o da vari�ncia fenot�pica que � devida � vari�ncia gen�tica aditiva. Duas modalidades de herdabilidade se apresentam (Sobral, 1988):
O processo mais utilizado para obter estimativas de herdabilidade (h2) consiste na compara��o de diferen�as ao n�vel de um dado car�ter observadas em g�meos monozig�ticos (MZ) e dizig�ticos (DZ). Para caracteres de varia��o quantitativa, tomam-se as diferen�as entre pares de g�meos MZ e entre pares de g�meos DZ e recorre-se � f�rmula seguinte (Sobral, 1988): h2 = (S2 DZ - S2 MZ) / S2 DZ em que S2 representa a vari�ncia de cada s�rie de diferen�as. Quando h2 = 1, a vari�ncia do car�ter � atribu�vel exclusivamente a causas gen�ticas, j� que os g�meos MZ s�o concordantes: s2 = 0 e o car�ter apresenta em cada par uma express�o constante. Quando h2 = 0, a varia��o � inteiramente explicada pelos efeitos ambientais. Em ambos os casos, pressupomos que os erros de medida s�o aleat�rios e tendem portanto a anular-se. Uma f�rmula equivalente para calcular h2 utiliza os coeficientes de correla��o obtidos entre os valores das s�ries de g�meos MZ, por um lado, e de g�meos DZ, por outro: h2 = (r MZ - r DZ) / (1 - r DZ)
Se o controle gen�tico de um car�ter fosse completo, ent�o h2 = r MZ. Por�m, o ambiente introduz sempre uma parcela de varia��o e a melhor maneira de quantificar o efeito da diversidade ambiental � comparar as diferen�as entre g�meos MZ criados em comum (C) e criados separadamente (S), segundo uma f�rmula semelhante � que utilizamos para calcular h2. A = (s2 S - s2 C) /.s2 S Quanto mais A se aproximar de 1, maior � o grau de determina��o ambiental do car�ter em estudo, ou seja, a sua varia��o � maior na popula��o do que no quadro das fam�lias tomadas singularmente. As estimativas de herdabilidade s�o informa��es que podem ser obtidas entre indiv�duos com outros graus de parentescos (entre irm�os ou pais e filhos, por exemplo), mas a dissocia��o dos efeitos gen�ticos e dos efeitos ambientais passa a revestir ainda mais dificuldades. Este � ali�s um problema que afeta todas as estimativas, em maior ou menor grau, pelo que toda a interpreta��o deve limitar-se � popula��o de onde as mesmas foram recolhidas e �s condi��es ambientais em que os dados foram obtidos (Sobral, 1988).
O conhecimento da biologia da gemelaridade permite concluir que a propor��o de pares monozig�ticos concordantes em rela��o a um car�ter qualitativo qualquer ser� tanto maior quanto menor for a participa��o do ambiente na sua determina��o (Beiguelman, 1994). As propor��es de concord�ncia verificadas nos pares monozig�ticos e dizig�ticos s�o, usualmente, relacionadas por interm�dio de um �ndice arbitr�rio, denominado �ndice de herdabilidade de Holzinger, que pode ser baseado em valores de concord�ncia expressos em porcentagem, obedecendo a seguinte f�rmula (Beiguelman, 1994): h = (CMZ - CDZ) / (100 - CDZ) Onde:
Diversos estudos encontrados na literatura v�m evidenciando que uma fra��o significativa de caracter�sticas como: o crescimento f�sico (Watanabe et al., 2001), o somatotipo (Bouchard, 1997) e a atividade f�sica moderada e intensa (Lauderdale et al., 1997), podem sofrer uma influ�ncia gen�tica significativa, gerando o interesse do profissional de educa��o f�sica para identificar at� que ponto ocorre essa influ�ncia em diferentes popula��es. Este interesse pode ser atendido pela aplica��o do m�todo relativamente simples mostrado a cima, buscando uma melhor prescri��o de atividades f�sicas em clubes, escolas e academias, tanto visando � performance esportiva quanto a sa�de.
Qual a importância do estudo dos gêmeos para determinar herança multifatorial?O uso de gêmeos na pesquisa permite estimar a proporção de diferenças que podem ser explicadas por fatores genéticos. Gêmeos idênticos compartilham 100% de seus genes, enquanto os não-idênticos compartilham em média 50% dos genes, como outros irmãos.
Qual a importância do estudo de gêmeos mono e dizigóticos na herança complexa?Quando comparamos gêmeos monozigóticos e dizigóticos com uma mesma característica, a observação de uma maior semelhança na ocorrência dessa característica ente irmãos monozigóticos nos dá pistas de que a genética pode estar influenciando o desenvolvimento, ou expressão, da característica em estudo.
Qual a importância do estudo com gêmeos na área da psicologia?Gêmeos são uma fonte valiosa para observação porque permitem o estudo da influência do ambiente e variando a composição genética: "idêntico" ou monozigóticos (MZ) gémeos possuem, essencialmente, 100% dos seus genes, o que significa que a maioria das diferenças entre os gémeos (tais como a altura, suscetibilidade ao ...
Quais são os critérios para o reconhecimento da herança multifatorial?A herança das características semicontínuas ou quase-contínuas é denominada multifatorial, visto que tais características apresentam influência ambiental variável e são determinadas por vários genes. É também designada de herança complexa, devido às complexas interações entre diversos fatores genéticos e ambientais.
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