Qual a relação entre o desenvolvimento econômico e a questão ambiental?

Qual a relação entre o desenvolvimento econômico e a questão ambiental?
Artigos

Revista Educa��o ambiental em A��o 33

A QUEST�O AMBIENTAL E A SUSTENTABILIDADE

Alzir Falc�o dos Santos1, Aldair Oliveira de Andrade2, Milton C�sar Costa Campos�, Fabiana Soares Fernandes4, Jos� Maur�cio da Cunha5

1Mestrando do Programa de P�s-Gradua��o em Ci�ncias Ambientais da Universidade Federal do Amazonas � UFAM, ();

2Doutor em Ci�ncias Sociais pela Universidade Estadual de Campinas, Professor do Programa de P�s-Gradua��o em Ci�ncias Ambientais da Universidade Federal do Amazonas � UFAM, ().

�Doutor em Agronomia (Ci�ncias do Solo) pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, Professor do Programa de P�s-Gradua��o em Ci�ncias Ambientais da Universidade Federal do Amazonas � UFAM ().

4�Doutora do Programa Doutoral em Psicologia pela Faculdade de Psicologia e Ci�ncias da Educa��o da Universidade do Porto, Professor do Programa de P�s-Gradua��o em Ci�ncias Ambientais da Universidade Federal do Amazonas � UFAM ().

5�Doutor em F�sica Ambiental pelo Programa de P�s-Gradua��o em F�sica Ambiental da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Professor do Programa de P�s-Gradua��o em Ci�ncias Ambientais da Universidade Federal do Amazonas � UFAM ().

RESUMO: Oobjetivo deste artigo � analisar o modo de explora��o dos recursos naturais, com vistas a sustentabilidade. A crise ambiental iniciou-se no final da d�cada de 1950, quando desperta a consci�ncia ecol�gica, levando o homem a repensar o mundo complexo na busca de novas formas de desenvolver com menos impacto para o meio ambiente e traz ao debate as Teses do Clube de Roma e Confer�ncia das Na��es Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente, consequentemente o relat�rio �Nosso Futuro Comum�, que trouxe o conceito de sustentabilidade e buscou chamar a aten��o do mundo para novas formas de desenvolvimento econ�mico. Os resultados mostram que a crise ambiental � uma crise do modo de produ��o capitalista e apresenta-se como um limite devido a um desequil�brio nos aspectos econ�mico, ecol�gico e social. Conclui-se que a crise ambiental coloca em cheque as capacidades de sustenta��o da vida, imposta pela limita��o dos recursos naturais, o que pode ser alcan�ado por meio do manejo adequado dos recursos naturais, com vista a preserva��o e amplia��o da biodiversidade dos agroecossistemas, pela intera��o entre plantas, solo e animais, possibilitando a regenera��o da fertilidade do solo, mantendo-o produtivo, com diversifica��o da paisagem agr�cola, fator preponderante para a sustentabilidade.

Palavras-chave: Recursos Naturais, Consci�ncia Ecol�gica, Desenvolvimento Econ�mico.

ABSTRACT: The objective of this article is to analyze the exploitation of natural resources, with a view to sustainability. The environmental crisis began in the late 1950s, when it awakened ecological awareness, leading man to rethink the complex world in search of new ways to develop with less impact to the environment and brings to the debate the Rome and the United Nations Conference on Man and the Environment, consequently the "Our Common Future" report, which brought the concept of sustainability and sought to draw the attention of the world to new forms of economic development. The results show that the environmental crisis is a crisis of the capitalist mode of production and presents itself as a limit due to an imbalance in the economic, ecological and social aspects. It is concluded that the environmental crisis puts in check the life-sustaining capacities imposed by the limitation of natural resources, which can be achieved through the adequate management of natural resources, with a view to preserving and expanding the biodiversity of agroecosystems, Interaction between plants, soil and animals, enabling the regeneration of soil fertility, keeping it productive, with diversification of the agricultural landscape, a preponderant factor for sustainability.

Keywords: Natural Resources, Ecological Consciousness, Economic Development.

1. INTRODU��O

As discuss�es em torno da tem�tica da quest�o ambiental e a sustentabilidade, s�o recorrentes e amplamente discutidas em f�runs e semin�rios, com vistas a inser��o de estrat�gias para alcan�ar o desenvolvimento sustent�vel, com o uso de pr�ticas com o menor d�bito para o meio ambiente.

A gravidade da problem�tica ambiental, s� entrou na pauta da agenda econ�mica e social, em decorr�ncia de in�meros acidentes ocorridos e a degrada��o crescente do meio ambiente, devido ao uso de pr�ticas inadequadas de produ��o, levando a discuss�o do modelo de desenvolvimento e o �modo de acumula��o� de capital, incorporando as quest�es sociais ao debate ambiental, sendo remetido ao campo das pol�tica compensat�rias.

Como resultado desse processo, surgiram os organismos internacionais como o Clube de Roma e a Confer�ncia das Na��es Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente, que tentou responder a problem�tica do meio ambiente, sem criticar o modo de produ��o capitalista e, as organiza��es n�o-governamentais de defesa da natureza como o Greenpeace, WWF, associa��o de moradores, naturalistas, cientistas, estudantes, dentre outros buscam corrigir as formas de relacionamentos entre o homem e a natureza, buscando o equil�brio dos ecossistemas mostrar os benef�cios do uso de pr�ticas de produ��o mais sustent�veis, com o menor d�bito ambiental (BERNARDES & FERREIRA, 2007).

Para Leff (2010), a crise ambiental, ocorrem em decorr�ncia da polui��o e degrada��o do meio ambiente, a crise dos recursos naturais, energ�ticos e de alimentos, como consequ�ncia da press�o humana sobre os recursos naturais, em decorr�ncia do aumento populacional e da limita��o dos recursos existentes na natureza e, por outro lado, como resultado da acumula��o do capital e da maximiza��o da taxa de lucro a curto prazo, que conduzem a um alto padr�o tecnol�gico, elevado consumo, que findam por esgotar as reservas de recurso naturais, dificultando a regenera��o dos ecossistemas naturais.

Desse modo, Sachs (2009), descreve que a abordagem em torno do desenvolvimento sustent�vel n�o se alterou desde o encontro de Estocolmo at� as confer�ncias do Rio de Janeiro e, est� fundamentado nos aspectos sociais, ambientais e econ�micos. Nesse sentido, Seramim & Lago (2016), corroboram ao afirmar que o conceito de sustentabilidade de forma repetida considera os aspectos social, ambiental e econ�mico, visto que a preocupa��o central � o modo de produ��o e seus impactos, capazes de gerar renda justa, com emprego e qualidade de vida, associado a preserva��o do capital natural.

Por fim, o relat�rio �Nosso Futuro Comum�, define o conceito mais robusto de desenvolvimento sustent�vel, composto por um conjunto de pol�ticas p�blicas capazes de criar condi��es para satisfazer as necessidades humanas b�sicas com a preserva��o dos recursos naturais existentes, com melhor distribui��o espacial dos bens gerados, promovendo justi�a social e preserva��o dos valores culturais (ROMEIRO, 2012, p.70).

Nesse sentido, este artigo tem como objetivo avaliar a quest�o ambiental a luz do conceito de sustentabilidade, definido no relat�rio �Nosso Futuro Comum�. Em termos espec�ficos visa descrever a quest�o ambiental e a explora��o dos recursos naturais, conceituar a sustentabilidade e, analisar o modo de explora��o dos recursos naturais, enfatizando as rela��es pol�ticas, econ�micas e sociais.

2. A QUEST�O AMBIENTAL

A primeira percep��o da humanidade sobre a quest�o ambiental e a exist�ncia de um risco ambiental em escala global, deu-se na d�cada de 1950, com o experimento de armas nucleares, causando polui��o nuclear. Na ocasi�o, percebeu-se que os problemas ambientais n�o est�o restritos apenas aos locais de realiza��o dos testes, uma vez que podem ocorrer chuvas radiativas a milhares de quil�metros desses locais (NASCIMENTO, 2012).

Outros fatos importantes que antecederam a tomada de uma consci�ncia ecol�gica, sobre os riscos da industrializa��o, ocorreram ainda no final da d�cada de 1950, com a degrada��o de Londres, com a contamina��o do rio T�misa e polui��o do ar, seguido pelo caso Minamata, no Jap�o (BERNARDES & FERREIRA, 2007). Al�m disso, no ano de 1962, nos Estados Unidos, a bi�loga Rachel Carson, publicou o livro �Primavera Silenciosa� denunciando os perigos do uso dos pesticidas e os efeitos negativos da industrializa��o no campo, uma vez que os produtos qu�micos matavam os insetos e pragas prejudiciais, mas tamb�m, destru�am o solo e envenenavam as pessoas. No final da d�cada de 1960, ocorreram ainda in�meros acidentes ambientais como o derramamento de petr�leo na costa oeste da Inglaterra e no Alasca, poluindo mares e oceano, contaminando praias e matando in�meros animais (BERNARDES & FERREIRA, 2007; NASCIMENTO, 2012).

Para Foladori (2002) e Silva (2010), a tomada de consci�ncia da crise ambiental se consolida no final da d�cada de 60 e in�cio da d�cada de 70, visto que, nesse per�odo ocorreu uma crise no modo de produ��o e come�ou-se a questionar o modelo de desenvolvimento existente e o modo de acumula��o de capital, uma vez que a ideia de crescimento econ�mico implantado, n�o estava melhorando a vida da maioria da popula��o. Nesse per�odo, surgiram in�meras publica��es e congressos que ressaltavam a necessidade de rediscutir o modelo de desenvolvimento, baseado no capitalismo e no crescimento ilimitado.

Por essa raz�o, Bernardes & Ferreira (2007) e Sauer & Ribeiro (2012), consideram a quest�o ambiental ampla e, como resposta a problem�tica do meio ambiente, tem-se a formula��o do conceito de desenvolvimento sustent�vel que prop�e a inclus�o de crit�rios ambientais na atividade produtiva, com a finalidade de assegurar o crescimento econ�mico, respeitando as condi��es de renova��o e a capacidade dos ecossistemas existentes. Em virtude disso, surgiram debates em torno da problem�tica do meio ambiente, influenciados pelos movimentos ecol�gicos, na tentativa de incorporar as quest�es ambientais na agenda econ�mica e social, culminaram com a realiza��o do Clube de Roma e a Confer�ncia das Na��es Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente, realizada no ano de 1972, em Estolcomo, na Su�cia.

As teses do Clube de Roma, apresentadas no relat�rio intitulado �Os Limites do Desenvolvimento�, defendiam o crescimento zero e apontaram o crescimento demogr�fico e a press�o por este exercida sobre os recursos naturais da terra, como grandes respons�veis pela degrada��o ambiental (BERNARDES & FERREIRA, 2007). Para Silva (2010) os ide�logos do capital buscaram justificar que os problemas ambientais s�o criados por raz�es externas aos processos produtivos, como o aumento populacional e o comportamento humano em geral, responsabilizando os pa�ses �pobres� pela degrada��o do planeta e isentando os pa�ses ricos da condi��o de poluidores, uma vez que estes t�m o crescimento populacional controlados, o que n�o ocorre nos pa�ses em desenvolvimento.

De acordo com Ignacy Sachs (2009), a Confer�ncia das Na��es Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente, realizada em 1972, foi antecedida pelo encontro de Founex, em 1971, realizado pelos organizadores da Confer�ncia de Estocolmo, com o intuito de discutir pela primeira vez as conex�es entre o desenvolvimento e o meio ambiente. A Conferencia de Estocolmo trouxe a dimens�o do meio ambiente na pauta da agenda econ�mica internacional e foi acompanhada por uma s�rie de encontros internacionais, que resultou no Encontro da Terra no Rio de Janeiro.

Segundo Silva (2010), a Confer�ncia das Na��es Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente, realizada em 1972, colocou ao debate quest�es que gerassem conflitos e, trouxe o contraponto �s teses neomalthusianas defendendo o crescimento econ�mico como condi��o para a melhoria das condi��es de vida da popula��o, ressaltando o �progresso� trazido pela ind�stria. No relat�rio �Nosso Futuro Comum� definiu-se o conceito de desenvolvimento sustent�vel como aquele capaz de suprir as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gera��es futuras suprir suas pr�prias necessidades�.

Para Sauer & Ribeiro (2012), a Confer�ncia das Na��es Unidas � considerada um marco na quest�o ambiental, uma vez que, a partir da sua ocorr�ncia as discuss�es acerca do meio ambiente se intensificaram e deram origem a uma s�rie de debates em todo o mundo, marcando o in�cio dos movimentos ambientalistas. Na d�cada de 1970, na Europa tem-se a cria��o do Programa das Na��es Unidas para o Meio Ambiente � PNUMA e da Comiss�o Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento � CMMDA, que na confer�ncia do ano de 1982, dirigida pela ex-primeira-ministra norueguesa Gro Harlen Brandtland, produziu um relat�rio que foi publicado no ano de 1987, intitulado �Nosso Futuro Comum� com a miss�o de propor uma agenda global para a mudan�a (NASCIMENTO, 2012; SAUER & RIBEIRO, 2012).

Cabe ressaltar que, vinte anos ap�s a confer�ncia de Estocolmo, sobreveio a II Confer�ncia das Na��es Unidas sobre o Meio Ambiente, no Rio de Janeiro, mundialmente conhecida como Rio-92, nela verificou-se que a polui��o e a degrada��o de ecossistemas haviam aumentado, mesmo com o avan�o tecnol�gico ocorrido (ROMEIRO 2012; SERAMIM & LAGO, 2016). Como consequ�ncia da Rio-92, teve-se a cria��o Conven��o da Biodiversidade e das Mudan�as Clim�ticas que deu origem ao Protocolo de Kyoto, a Declara��o do Rio e o principal deles foi a Agenda 21 (NASCIMENTO, 2012).

A Declara��o do Rio, assim como a confer�ncia de Estocolmo relacionou meio ambiente e desenvolvimento, por meio de uma boa gest�o dos recursos naturais, sem afetar o modelo econ�mico vigente. Em meio a contradi��es entre pa�ses desenvolvidos e em desenvolvimento, ficou ainda mais evidente quando os Estado Unidos se negaram a assinar o protocolo de Kyoto, mesmo com alerta do risco imediato do aquecimento global, visto que os Estados Unidos � maior poluidor do mundo e consequentemente o principal causador do efeito estufa, ((BERNARDES & FERREIRA, 2007; NASCIMENTO, 2012). Cabe ressaltar que a Agenda 21 � o documento mais importante da Rio-92, pois, traz pondera��es sobre as condi��es para execu��o de pr�ticas educativas, ambientalmente sustent�veis, em dire��o a propostas pedag�gicas que apontam para mudan�a de comportamento e atitudes, ao desenvolvimento da organiza��o social e da participa��o coletiva (SERAMIM & LAGO 2016; JACOBI et al., 2012).

Por fim, a Agenda 21 em seu conte�do, comporta a regulamenta��o do desenvolvimento voltado para a sustentabilidade, comp�e um importante diagn�stico em torno dos efeitos da degrada��o do meio ambiente e estabelece metas a serem alcan�adas (UNEP, 2011). Nessa perspectiva, a Agenda 21 apresenta-se como instrumento de planejamento para a constru��o de sociedades sustent�veis, em escala planet�ria, que comp�e m�todos de prote��o ambiental, justi�a social e efici�ncia econ�mica. A Agenda 21 tem como fun��o servir de base para que os 179 pa�ses que assinaram o acordo possam elaborar e implementar sua pr�pria Agenda 21 Nacional, seguindo os valores que dever�o permear a educa��o orientada para a sustentabilidade, tais como: coopera��o, democracia e participa��o, a igualdade de direitos, o combate � pobreza e o respeito � diversidade cultural (SERAMIM & LAGO 2016; JACOBI et al., 2012).

3. CONTEXTO ATUAL DA CRISE AMBIENTAL

Diante da relev�ncia da quest�o ambiental, no ano de 1997, ocorreu o primeiro ciclo de avalia��o dos resultados da Confer�ncia Rio-92, conhecido como F�rum Rio+5, identificando as experi�ncias bem-sucedidas, estabelecendo novas prioridades, garantindo a continuidade da implementa��o das determina��es.

De acordo com Ignacy Sachs (2009), a Rio+5 n�o conseguiu reverter a tend�ncia de aumento da separa��o Norte-Sul, sem perspectivas de revers�o. No ano 2000, a Comiss�o de Desenvolvimento Sustent�vel da ONU deu seu aval para a realiza��o da Rio+10, o que ocorreu em Joanesburgo, na �frica do Sul, com objetivo de avaliar os resultados obtidos nos dez anos seguintes � Eco-92. As repercuss�es das iniciativas estabelecidas desde ent�o v�m envolvendo governos e empresas com a meta de alcan�ar o Desenvolvimento Sustent�vel no s�culo XXI estabelece posi��es pol�ticas que pedem al�vio da d�vida externa dos pa�ses em desenvolvimento e aumento da assist�ncia financeira aos pa�ses pobres (SERAMIM & LAGO 2016; JACOBI et al., 2012).

Para Ignacy Sachs (2012), o Brasil foi escolhido para sediar a segunda C�pula da Terra no Rio, a Rio+20, em raz�o do papel de lideran�a que tem exercido na busca de estrat�gias de desenvolvimento social includente e ambientalmente saud�veis, tanto no �mbito nacional como em n�vel global. Por essa raz�o, no ano de 2009, a Assembleia Geral da ONU, em reuni�o, resolveu realizar no ano de 2012, vinte anos ap�s a primeira C�pula da Terra no Rio, a Confer�ncia das Na��es Unidas sobre o Desenvolvimento Sustent�vel, Rio+20, que teve como foco �A Economia Verde no Contexto do Desenvolvimento Sustent�vel e da Erradica��o da Pobreza� e �Estrutura Internacional para o Desenvolvimento Sustent�vel� (UNEP, 2011, p. 17).

Segundo Diniz & Bermann (2012), a Economia Verde tem ganho proje��o a partir da Conferencia Rio+20. O conceito de Economia Verde � mais contempor�neo que o conceito de desenvolvimento sustent�vel, por�m, n�o o substitui. A Economia Verde � o modelo econ�mico que se traduz em �[...] melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente riscos ambientais e escassez ecol�gica� (UNEP, 2011, p.17). Como era de se esperar a Rio+20 publicou o documento intitulado �O Futuro que N�s Queremos�, que foi aceito pelos principais l�deres mundiais, com o objetivo de superar alguns desafios como:

[...] crescimento populacional, mudan�as clim�ticas e emiss�o de gases, demanda crescente por energia, a demanda por recursos naturais a ser superior a capacidade de regenera��o do planeta, redu��o das florestas; diminui��o da quantidade de �gua pot�vel dispon�vel; crescimento da utiliza��o do solo e situa��es relacionadas � seguran�a alimentar� (SERAMIM & LAGO, 2016, p.115).

Al�m disso, nessa confer�ncia foi renovado o compromisso pol�tico com o desenvolvimento sustent�vel e contribuiu para definir a agenda do desenvolvimento sustent�vel para as pr�ximas d�cadas, por meio da avalia��o do progresso e as principais lacunas, na implementa��o das decis�es, o que mais tarde foi confirmado na Confer�ncia das Partes sobre o Clima (COP 15).

Assim, a 15� Confer�ncia das Partes sobre o Clima - COP 15, foi realizada no ano de 2009, em Copenhague, na Dinamarca e mobilizou l�deres de 192 pa�ses, com a finalidade de dar um rumo mais sustent�vel ao planeta. Nela, os l�deres das na��es de todo o mundo tiveram a oportunidade de definir um novo acordo para redefinir a economia e pol�tica global em busca de solu��es para os desafios clim�ticos, capazes de reduzir as emiss�es de gases causadores de efeito estufa, principais respons�veis pelas altera��es do clima global, dentre eles, o superaquecimento do planeta (BRASIL, 2009).

Neste cen�rio, o Brasil se apresenta como o quinto maior emissor mundial de gases causadores do efeito estufa e estabeleceu como meta a redu��o de 36,1% a 38,9% a emiss�o desses gases at� 2020 e comprometeu-se em conter o desmatamento na Amaz�nia em 80%, at� 2020. Como medida para reduzir a emiss�o de gases de efeito estufa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu�ria (EMBRAPA), desenvolveu uma t�cnica de recupera��o de pastos, que integrada a lavoura e pecu�ria, juntas podem responder por 12% do compromisso assumido pelo governo brasileiro. O Brasil comprometeu-se ainda a reduzir o desmatamento no cerrado, utilizar carv�o vegetal ao inv�s de mineral no setor sider�rgico, a fim de diminuir a emiss�o de gases de efeito estufa. Al�m disso, o Congresso Nacional aprovou a Pol�tica Nacional de Mudan�a do Clima, sendo avaliada pelo Banco Interamericano de desenvolvimento (BID), como �ambiciosas� e �poss�veis� (BRASIL, 2009).

4. VIS�ES SOBRE A SUSTENTABILIDADE

At� a d�cada de 1960, o homem n�o se preocupava com quest�es relacionadas ao meio ambiente, ele era orientado pelo pensamento dos economistas da �poca que pregavam entre outras coisas que, os recursos naturais deveriam ser explorados de forma a gerar o m�ximo de riquezas poss�veis, como se fossem inesgot�veis e as quest�es relacionadas ao bem-estar da popula��o, condi��es de vida e o provimento de suas necessidades b�sicas eram entendidas como medidas que prejudicavam a explora��o dos recursos naturais de forma plena.

A partir da d�cada de 1970, passa-se a discutir a ideologia do desenvolvimento sustent�vel, nos limites da economia de mercado, oferecendo solu��es de mercado � crise ecol�gica. Assim, a Confer�ncia da Na��es Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente, surge com a finalidade de evitar conflitos e garantir a manuten��o da ordem estabelecida, buscando evitar conflitos e garantir a manuten��o da ordem estabelecida, por�m, n�o deixa claro como conciliar preserva��o e crescimento. A confer�ncia de Estocolmo, produziu o relat�rio Brundtland, no qual constituiu o conceito de sustentabilidade mais abrangente e completo (GUIMAR�ES, 2007).

De certo, o relat�rio Brundtland, chama a aten��o do mundo para novas formas de desenvolvimento econ�mico, com o m�nimo de impacto ao meio ambiente e definiu tr�s princ�pios b�sicos a serem cumpridos para que se alcance o desenvolvimento sustent�vel que s�o: desenvolvimento econ�mico, prote��o ambiental e equidade social. Assim, o conceito de desenvolvimento sustent�vel surge na d�cada de 1970, com o nome de ecodesenvolvimento, baseado no crescimento econ�mico sustentado, no longo prazo, como condi��o necess�ria para melhoria das condi��es de vida da popula��o, acompanhado de melhor distribui��o das riquezas geradas e respeito ao meio ambiente (ROMERO, 2012)

Segundo Sachs (1993), o conceito de desenvolvimento sustent�vel, nasceu com a Confer�ncia de Estocolmo, no ano de 1972, inicialmente com o nome de ecodesenvolvimento, posteriormente foi renomeado para o termo que se conhece hoje. Para alcan�ar o desenvolvimento sustent�vel deveria ser alcan�ado simultaneamente tr�s crit�rios fundamentais, a efici�ncia econ�mica, a justi�a social e a prud�ncia ecol�gica.

Assim, Sachs (1993) desenvolveu a partir do conceito de ecodesenvolvimento, as cinco dimens�es da sustentabilidade, a social, a econ�mica, a ecol�gica, a espacial e a cultural. Em resumo, Sachs definiu: a) Sustentabilidade Social, diz respeito a redu��o das diferen�as sociais entre ricos e pobres, com melhor distribui��o espacial das riquezas geradas, visando suprir as necessidades b�sicas da popula��o; b) Sustentabilidade Econ�mica, decorre da efici�ncia econ�mica e baseia-se na gest�o e manejo eficiente dos recursos possibilitando o aumento da produ��o e da riqueza gerada, por meio de um investimento p�bico e privado, com o m�nimo de depend�ncia externa; c) Sustentabilidade Ecol�gica, diz respeito ao uso dos recursos mais renov�veis, inerentes aos variados ecossistemas, com o menor d�bito para o meio ambiente, permitindo que a natureza encontre novos equil�brios, por meio de processos de utiliza��o que obede�am a seu ciclo temporal; d) Sustentabilidade espacial / geogr�fica, busca-se um equil�brio entre a sociedade e a natureza, com base na desconcentra��o de popula��es e atividades produtivas; e) Sustentabilidade Cultural, busca a preserva��o dos ecossistemas, respeitando a cultura de cada local.

Para Nascimento (2012), o desenvolvimento sustent�vel est� fundamentado nas tr�s dimens�es da sustentabilidade, a econ�mica, a social e a ambiental. De acordo com Nascimento (2012), a primeira dimens�o que deve ser citada � a ambiental, uma vez que o modo de produ��o e consumo deve ser compat�vel com a base material em que a economia est� inserida, como subsistema do meio natural, permitindo que o ecossistema se mantenha autorrepar�vel ao longo do tempo. A segunda � a dimens�o econ�mica, na qual conjectura-se o aumento da efici�ncia produtividade e do consumo, com vistas a economia crescente dos recursos naturais, principalmente fontes f�sseis de energia e de recursos fr�geis, por meio de uma cont�nua inova��o tecnol�gica que leve o homem a sair do ciclo f�ssil de energia e expandir a desmaterializa��o da economia. Por fim, a terceira e �ltima dimens�o � a social, que traduz uma sociedade sustent�vel como aquela em que todos os seus cidad�os tenham o m�nimo necess�rio para uma vida digna, que seja implantado a justi�a social, de forma que ningu�m concentre bens, recursos naturais e energ�ticos mais do que precisa, para que n�o venham prejudicar a outros.

Por conseguinte, Mendes (2008), descreve que o desenvolvimento sustent�vel tem como meta a gera��o de riquezas e sua distribui��o de forma que possa melhorar a qualidade de vida da popula��o e preserva��o do planeta, buscando contemplar seis aspectos priorit�rios, que devem ser compreendidos como metas: a provis�o das necessidades b�sicas da popula��o, tais como: alimenta��o, educa��o, sa�de e lazer; a solidariedade para com as futuras gera��es; O envolvimento de toda popula��o; a garantia da integridade dos recursos naturais; a cria��o de um sistema social que garanta emprego, seguran�a social e respeito as culturas; e a implanta��o de programas educativos.

De acordo com Godard (1997), a proposta de desenvolvimento sustent�vel n�o tem sua origem no relat�rio Brundtland, mas, em tr�s correntes te�ricas, nos meios cient�ficos e dos especialistas, ligadas a an�lise do desenvolvimento econ�mico e suas consequ�ncias sobre o meio ambiente. A primeira corrente de pensamento foi coordenada pelo Programa das Na��es Unidas para o Meio Ambiente, que se dedicou a promover �as estrat�gias de ecodesenvolvimento�, fundamentado no atendimento as necessidades fundamentais das popula��es menos favorecidas, com prioridade para os pa�ses em desenvolvimento, na adapta��o das tecnologias e dos modos de vidas �s potencialidade e dificuldades de cada ecozona. Esta abordagem focaliza as popula��es a partir de formas de subsist�ncia desenvolvida, atrav�s de agricultura familiar de subsist�ncia e economia urbana informal e encontrou limita��es nos aspectos econ�micos e pol�ticos, tendo em vista que defendia a necessidade de discutir o ecodesenvolvimento, a partir de mudan�as nas pol�ticas nacionais e reestrutura��o das rela��es econ�micas.

Assim, a segunda corrente te�rica surge a partir da confronta��o com novos conceitos e modelos desenvolvidos pela ci�ncia da natureza. Os te�ricos dessa corrente apresentam questionamentos sobre a autogest�o do sistema econ�mico, impossibilidades da extrapola��o das solu��es locais para globais, impossibilidades de reciclagem das mat�rias-primas, devido a problemas de entropia e impossibilidade de troca entre capital natural e capital produtivo (GODARD, 1997). Por fim, a terceira abordagem pode ser considerada como uma continuidade da teoria neocl�ssica do equil�brio e do crescimento econ�mico, onde alguns autores defendem que n�o existe rela��o entre crescimento e degrada��o do meio ambiente, uma vez que a teoria do crescimento � organizada em fun��o da poupan�a e do investimento e que os problemas ambientais deveriam ser tratados como resultados da m� distribui��o dos bens econ�micos em determinado momento (GODARD, 1997).

De certo, um desenvolvimento sustent�vel se constr�i como um processo socioecon�mico em que se utiliza menos recursos naturais e menos energia, de forma que possa minimizar os impactos ambientais e maximizar o bem-estar social, sem amea�a de retrocessos, permitindo alcan�ar a m�xima efici�ncia no uso dos recursos existentes na natureza, na dire��o da m�xima sustentabilidade do estilo de vida simples dos �ndios brasileiros, evitando o estilo esbanjador do modelo americano e dos ricos (CAVALCANTI, 2012).

Desse modo, para alcan�ar o desenvolvimento sustent�vel � necess�rio planejamento e reconhecimento de que os recursos naturais s�o finitos. Contudo, o modelo de desenvolvimento baseado no capitalismo e que tem como caracter�stica a transforma��o das rela��es em mercadorias e por sua vez o lucro, � incompat�vel com o desenvolvimento sustent�vel uma vez que alcan�a uma dimens�o hol�stica na rela��o entre os seres humanos e entre a humanidade e os seres humanos e a natureza, n�o contemplado pelo capitalismo.

5. QUEST�O AMBIENTAL E A SUSTENTABILIDADE

A crise ambiental revela a radicalidade do sistema capitalista e os fatos que ocorreram mostra que o capitalismo � incapaz de resolver os problemas sociais graves, como a quest�o agr�ria, a depreda��o ambiental, as condi��es de vida prec�rias dentre outras. Silva (2010), questiona os modelos de desenvolvimento existente desde o p�s-guerra, como o pacto Keynesiano europeu e o modelo desenvolvimentista-perif�rico, sendo este �ltimo culpado por ser o principal respons�vel pelo aumento crescente e continuado das desigualdades sociais, elevando o contingente de desempregados. Apesar de haver iniciativas p�blicas e privadas direcionadas para o desenvolvimento sustent�vel, elas ficam mais restritas a um discurso positivo, configurando-se como reveladoras da insustentabilidade social, por meio de medidas paliativas que postergam os problemas ambientais. Assim, o conceito de desenvolvimento sustent�vel busca um novo padr�o de desenvolvimento capaz de satisfazer simultaneamente as dimens�es ambiental e social, frente a din�mica socioecon�mica, com vistas a satisfazer as necessidades da gera��o atual, sem comprometer as gera��es futuras (SILVA, 2010).

Para Ribeiro (2012), a trajet�ria ambientalista � resultante de diferentes processos que buscam construir uma nova raz�o ambiental, que condiciona e orienta outros modelos de desenvolvimento, como oposi��o ao modelo formulado pela raz�o mecanicista, que construiu a sociedade capitalista no s�culo XX. Por essa raz�o, o neoliberalismo e a globaliza��o das economias, trazem uma nova ordem mundial, impondo um ritmo cada vez mais acelerado no processo de apropria��o dos recursos, causando altera��es significativas nos ambientes naturais e humanos, com maior degrada��o ambiental. Para o autor, a proposta de desenvolvimento sustent�vel proposta no relat�rio Bruntland, reconhece a necessidade de reduzir as desigualdades entre as na��es e as rela��es de poder entre pa�ses do norte e do sul, por meio de diretrizes de controle populacional, conserva��o dos recursos naturais, desenvolvimento de tecnologias sustent�veis, altera��o da matriz energ�tica, dentre outras.

A crise ambiental � a primeira crise do mundo real produzida pelo desconhecimento do conhecimento; da concep��o do mundo e do dom�nio da natureza que geram a falsa certeza de um crescimento econ�mico sem limites, at� a racionalidade instrumental e tecnol�gica vista como sua causa eficiente (LEFF, 2010, p. 207). Segundo Leff (2010) a crise ambiental, como produto da degrada��o socioambiental, tem causado perda da fertilidade do solo, pobreza, mis�ria extrema, desnutri��o e marginaliza��o. Nesse contexto, a quest�o ambiental traz novas perspectivas para o desenvolvimento, encontrando novos potenciais ecol�gicos, tecnol�gicos e sociais, permitindo propor transforma��o dos sistemas de produ��o, de valores e de conhecimento da sociedade, a fim de construir uma racionalidade produtiva alternativa. Para o autor, a crise ambiental � sobretudo uma crise do conhecimento, e o saber ambiental emergente de um conjunto de disciplinas, que busca construir um saber e uma racionalidade social dirigido para os objetivos de um desenvolvimento sustent�vel, equitativo e duradouro.

Nesse sentido, Fontenelle (2013) corrobora ao afirmar que o consumidor tamb�m � respons�vel pela degrada��o ambiental ao estimular o hiperconsumismo das sociedades modernas. Para reverter esse quadro, faz-se necess�rio uma mudan�a de paradigma, com o envolvimento de empresas e consumidores, como agentes morais fundamentais desse processo, por meio de uma responsabilidade social corporativa, com consumidores empenhados na resolu��o dos problemas ambientais, optando por consumir produtos de empresas socialmente respons�veis.

Segundo Pelegrini & Vlach (2011), a crise ambiente agrava-se em fun��o do rumo que a din�mica mundial tem tomado, uma vez os pa�ses ricos imp�e aos pa�ses pobres condi��es de submiss�o, baseado em trocas desiguais, no protecionismo e na cobran�a excessiva de juros em empr�stimos concedidos, atrav�s do Fundo Monet�rio Internacional � FMI e Organiza��o Mundial do Comercio � OMC, al�m de submeter a ideologias neoliberal que contribuem para a desregulamenta��o, levando esses pa�ses a mis�rias de suas massas. Para os autores, al�m desses fatores, as ra�zes da degrada��o ambiental est�o localizadas no consumo sem limites, uma vez que se produz cada vez mais mercadorias que duram cada vez menos. Diante dessa realidade, faz-se necess�rio abordar os aspectos sociais, pol�ticos e ideol�gicos na educa��o ambiental, uma vez que a sensibiliza��o dos educandos produz resultados positivos, relacionados aos efeitos da crise ambiental.

A quest�o ambiental contempor�nea obriga o homem a repensar a rela��o entre o ser humano e a natureza, gerando mudan�as (FOLADORI, 2001). Dessa forma, Foladori (2002) salienta que ap�s trinta anos da confer�ncia de Estolcomo, que trouxe a discuss�o sobre o desenvolvimento sustent�vel, enfatizando as necessidades de deixar como legado para �s gera��es futuras uma natureza melhor, a comunidade internacional come�ou a compreender que o objetivo � um complemento das capacidades humanas, passando a compreender que o aumento da qualidade de vida deve ser o caminho para o desenvolvimento saud�vel. Para o autor, o conceito de desenvolvimento sustent�vel, inclui as tr�s dimens�es b�sicas da sustentabilidade: a ecol�gica, a econ�mica e a social e, tem apresentado importantes avan�os no campo te�rico, com implementa��o pr�tica. Mas, continua atrelado a um desempenho t�cnico do sistema de produ��o capitalista, sem discutir as rela��es de propriedade e apropria��o capitalista que causam pobreza e injusti�as sociais.

De acordo com Seramim & Lago (2016), a sustentabilidade das propriedades rurais est� relacionada ao manejo adequado dos recursos naturais, pois, o manejo convencional dos recursos naturais tem aumentado a degrada��o ambiental. Para os autores, a sustentabilidade est� diretamente associada aos conceitos agroecol�gicos desenvolvidos nos �ltimos anos, uma vez que os manejos agroecol�gicos s�o mais eficientes em rela��o � manuten��o da biodiversidade e servi�os ecossist�micos, apresentando-se como fator preponderante para a �sustentabilidade�, no sentido de possibilitar a perman�ncia dos agricultores no campo, contribuindo para o desenvolvimento rural, n�o somente da propriedade, mas tamb�m da comunidade local e da regi�o.

Para Altieri (2008), a agroecologia � um caminho para a agricultura sustent�vel, pois, � baseada em conhecimentos e t�cnicas desenvolvidas, a partir de agricultores e processos experimentais, possibilitando uma produ��o sustent�vel em agroecossistema, origin�ria do equil�brio entre diferentes esp�cies de nutrientes, atividade biol�gica do solo, diversifica��o de esp�cies de plantas, luz solar, umidade, dentre outras, necess�rias para que as plantas se tornem resilientes, tolerando estresses e adversidades. De acordo com Altieri e Toledo (2011), os princ�pios agroecol�gicos visam a preserva��o e amplia��o da biodiversidade dos agroecossistemas, estabelecendo intera��es entre solo, plantas e animais, permitindo a regenera��o da fertilidade do solo, com manuten��o da produtividade, prote��o das culturas e diversifica��o da paisagem agr�cola.

Por fim, Romeiro (2012) aponta a grande expectativa em rela��o ao papel da tecnologia, destacando tecnologias �verdes� triplamente ganhadoras, uma vez que s�o ambientalmente adequadas socialmente amig�veis e economicamente eficiente. Assim, a restri��o da disponibilidade de recursos naturais, pode ser uma limita��o a expans�o da economia, podendo ser superada pelo progresso cient�fico e tecnol�gico, que se apresenta como vari�vel chave, para garantir que o sistema econ�mico mude de uma base de recursos para outra, � medida que aquela fonte de recurso natural � esgotada, garantindo a sustentabilidade a longo prazo.

6. CONSIDERA��ES FINAIS

O estudo mostra que a crise ambiental se apresenta como um limite devido a um desequil�brio nos aspectos econ�mico, ecol�gico e social, impondo limites para a crescimento econ�mico e populacional, alinhados as capacidades de sustenta��o da vida, imposta pelas limita��es dos recursos naturais. Decerto, a crise ambiental est� diretamente ligada ao modo de produ��o capitalista e a forma como os recursos naturais s�o explorados, orientado pelo pensamento dos economistas, n�o preocupados com quest�es ambientais, que defendiam entre outras coisas, que a natureza deve gerar o m�ximo de riquezas poss�vel e que quest�es relacionadas ao meio ambiente, ao bem-estar da popula��o, condi��es de vida e provimento de suas necessidades b�sicas eram consideradas limitantes do desenvolvimento.

Em raz�o disso, os movimentos ambientalistas e as ONGs, foram muito importantes para que as quest�es ambientais fossem inclu�das na agenda econ�mica mundial. As pondera��es por eles realizadas produziram debates sobre o modelo de explora��o dos recursos naturais e o modo de acumula��o de capitais, que concentra as riquezas geradas nas m�os de pequena parcela da popula��o (ricos) e as consequ�ncias da explora��o irracional dos recursos naturais s�o sofridas principalmente pelos pobres e menos favorecidos.

Logo, os questionamentos fizeram com que ocorresse v�rias confer�ncias e estudos sobre o meio ambiente e quest�es clim�ticas, na busca de solu��es a quest�o ambiental, sendo os mais importantes as Teses do Clube de Roma que produziu o relat�rio intitulado �Os Limites do Desenvolvimento�, que defendia o crescimento zero e apontava o crescimento demogr�fico como o grande respons�vel pela degrada��o ambiental e a Confer�ncia das Na��es Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente, a qual produziu o relat�rio �Nosso Futuro Comum� onde discutiu-se pela primeira vez as rela��es entre desenvolvimento e o meio ambiente, trazendo as quest�es ambientais para a agenda econ�mica internacional, discutindo as quest�es que gerassem conflito e defendendo o desenvolvimento econ�mico como condi��o para melhoria da qualidade de vida da popula��o. O relat�rio Brundtland definiu o conceito de sustentabilidade mais aceito e buscou chamar a aten��o do mundo para novas formas de desenvolvimento econ�mico, com o menor impacto ao meio ambiente e definiu tr�s princ�pios b�sicos a serem cumpridos para que se alcance o desenvolvimento sustent�vel, considerados o trip� da sustentabilidade que s�o: desenvolvimento econ�mico, prote��o ambiental e equidade social.

Portanto, a restri��o da disponibilidade de recursos naturais, considerado um fator de limita��o da expans�o da economia, pode ser alcan�ado por meio de um manejo adequado dos recursos naturais, com vista a preserva��o e amplia��o da biodiversidade dos agroecossistemas, estabelecendo a intera��o entre as culturas de plantas, solo e animais, possibilitando a regenera��o da fertilidade do solo, mantendo a produtividade e prote��o das culturas, diversificando a paisagem agr�cola, sendo fator preponderante para a sustentabilidade. Por fim, o desenvolvimento sustent�vel deve ser capaz de suprir as necessidades econ�micas, sociais e ambientais do presente, com melhor distribui��o espacial dos bens gerados, promovendo justi�a social e preserva��o dos valores culturais, por meio de uma maior coopera��o entre ricos e pobres.

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Ilustra��es: Silvana Santos

Qual a relação entre o desenvolvimento econômico e a questão ambiental?

O desenvolvimento não se mantém se a base de recursos ambientais se deteriora. Por sua vez, o meio ambiente não pode ser protegido se o crescimento econômico não levar em consideração as conseqüências de uma destruição ambiental global.

Qual é a relação entre a economia e meio ambiente?

A degradação ambiental impõe custos de longa duração à economia, que resultam em perdas de produção e de capital humano. A poluição do ar e da água representam um pesado tributo, acarretando sérios problemas de saúde e até mesmo mortalidade prematura.

Qual a relação entre o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento sustentável?

Enquanto isso, o desenvolvimento sustentável visa atender às necessidades das populações, sem comprometer as futuras gerações, para um crescimento equilibrado e estável. Além disso, o crescimento econômico depende fundamentalmente das produções, mas o desenvolvimento sustentável requer a participação da população.