Qual a pior imigração na Europa

Qual a pior imigração na Europa
Resgate de imigrantes no fim de junho em Tarifa.A.Carrasco Ragel (EFE)

A Itália lançou seu enésimo grito de alerta, mas o restante da Europa insiste em olhar para o outro lado. O drama sofrido por milhares de pessoas (africanas, na maioria) em sua tentativa de migrar para o Velho Continente recai quase exclusivamente sobre este país e os apelos de Roma à solidariedade de seus parceiros são ignorados. O Governo italiano ergueu a voz, ameaçando restringir a chegada de barcos com imigrantes.

A política migratória europeia é um assunto pendente imperdoável. A Europa se limita ao sul com o continente africano e enquanto essa realidade geográfica não pesar mais em suas estratégias, a imigração continuará ameaçando romper as costuras da União Europeia. A crise dos refugiados nos mostrou algumas vezes a pior face da Europa, a que não é solidária. A Comissão abriu processo contra Polônia, Hungria e República Tcheca por se negarem a aplicar a cota estabelecida, mas é evidente que só acionou os mais recalcitrantes. Poucos cumprem realmente o que foi pactuado.

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A rejeição aos imigrantes é um dos aspectos que está levando ao Brexit. O processo uniu inesperadamente o grupo em relação a Londres. As tensões com Moscou e Washington também estão funcionando como argamassa, mas tudo pode saltar pelos ares se os fluxos migratórios gerados pela profunda lacuna econômica que separa Europa e sua vizinha África não for abordados de forma adequada e conjunta.

Talvez não seja por acaso que Itália, um dos três grandes fundadores da UE, seja hoje um dos países mais eurocéticos. A Europa confia sabiamente na cooperação em longo prazo, o que certamente exige um enorme reforço. Enquanto isso, a Itália não pode assumir todo o fluxo migratório pelo simples fato de estar mais ao sul. Isso contrapõe toda a filosofia na qual se baseia a construção europeia.

Intensas manifestações contra os estrangeiros ressurgiram na Europa na década de 1990. Com a queda do socialismo, ocorreu um grande do fluxo imigratório de populações que fugiam da crise econômica dos países da antiga órbita soviética e das guerras civis que esfacelaram a ex-Iugoslávia. A França, a Bélgica e, principalmente, a Alemanha foram os principais receptores destes novos migrantes que vieram a ser somados aos milhões de estrangeiros que já viviam nestes países.

Na Alemanha grupos neonazistas incendiaram albergues e promoveram violentos ataques à população de origem turca. Partidos políticos de direita e de extrema direita, defensores da deportação em massa de estrangeiros, tiveram votação expressiva em diversos países do continente.

Xenofobia e racismo

Ao mesmo tempo, a entrada de imigrantes vindos da África e da Ásia acentuou-se com a globalização e os impactos negativos que este processo tem produzido em todo o mundo pobre. Para muitos europeus a xenofobia está associada ao raciocínio simplista que relaciona o desemprego acentuado na Europa das últimas décadas à presença do estrangeiro. Alega-se, em alguns países da Europa, que muitos empregos foram tomados por grupos de origem imigrante em detrimento de verdadeiros europeus.

A onda de violência detonada pelos jovens suburbanos na França em outubro de 2005 pode ser atribuída ao colapso do Estado de Bem Estar Social que abandonou na última década a população mais pobre. Mas é também fruto da intolerância e do racismo. Estes jovens são filhos ou netos de imigrantes, nascidos na França e, portanto, de nacionalidade francesa.

Esta não é só uma realidade da França, mas de diversos países da União Européia, que temem que os distúrbios possam se espalhar por outros países do continente. O fato de terem nascidos na França, Alemanha, Inglaterra, Itália não os tornaram verdadeiros franceses, ingleses, alemães ou italianos. Na Alemanha é comum um ditado: "caso um pato nasça no galinheiro, isto não o torna galinha, ele permanecerá sendo pato". Na prática é assim que parte expressiva da sociedade destes países vê seus vizinhos suburbanos de ascendência argelina, marroquina, turca, senegalesa, paquistanesa, hindu, etc.

Discriminação e revolta

Muitos destes imigrantes entraram na Europa após a Segunda Guerra Mundial. Foram "bem vindos", pois contribuíram para a sua reconstrução. Salários baixos e trabalhos pesados os esperavam de mão aberta. Eram grupos formados principalmente por argelinos na França, turcos na Alemanha, hindus e paquistaneses no Reino Unidos, e muitos outros.

Hoje os europeus não precisam mais deles e nem dos seus filhos. Como não sabem o que fazer deixam-nos relegados à sua própria sorte. Vivem em subúrbios ou bairros deteriorados, residem em conjuntos habitacionais especialmente construídos para a população de baixa renda e arruinados pelas marcas do tempo. Não contam com serviços públicos de boa qualidade e são discriminados no mercado de trabalho. Enquanto o índice médio de desemprego na França é de 10% (2005), nos subúrbios próximos à Paris gira entre 35 a 40%.

O mercado de trabalho está bloqueado principalmente à população mais jovem que não conta com escolas de boa qualidade e acesso ao ensino superior. Os empregos, quando disponíveis, são equivalentes àqueles exercidos pelos seus pais e avós: baixa remuneração, baixa qualificação e nenhum prestígio social.

Vigiar e punir

O poder público aparece nestes guetos que se formaram na periferia de importantes cidades européias e, também nos Estados Unidos, principalmente para reprimir e punir. A situação só é mais sombria nas grandes cidades do mundo subdesenvolvido.

As ações policiais têm manifestado com freqüência atitudes embutidas de racismo e xenofobia. Ainda em 2005, após os atentados terroristas em Londres, o brasileiro Jean Charles de Menezes foi morto com seis tiros, depois de imobilizado pela polícia. No Texas um peruano espancado por policiais acabou morto.

Os Estados Unidos questionam os europeus pela ausência de uma política de integração dos imigrantes. De fato, não faltam motivos para tal questionamento. Mas, em 1992, uma revolta semelhante ocorreu na cidade de Los Angeles, quando quatro policiais responsáveis por um espancamento brutal ao motorista negro Rodney King, filmado e amplamente divulgado pela imprensa em todo o mundo, foram absolvidos em julgamento. A revolta teve origem nos bairros deteriorados habitados principalmente por negros situados ao sul de Los Angeles, tomou conta de toda a cidade e se alastrou para São Francisco, Las Vegas, Atlanta e outras cidades norte-americanas.

A favor dos imigrantes

É claro que não existe um pensamento uniforme sobre a questão imigrante. Partidos de esquerda, ambientalista e liberal defendem uma política de integração. Defendem que a Europa precisa deles. Muitos empregos que o europeu não está disposto a aceitar têm sido preenchidos, há algum tempo, por imigrantes e seus descendentes. Além disso, o crescimento demográfico da Europa está praticamente estabilizado, os jovens diminuem a cada década e a população envelhece. Os imigrantes são a força rejuvenescedora do "velho continente". Hoje são os que mais contribuem para o crescimento demográfico da maioria dos países da Europa, especialmente dos países mais ricos.

Crescimento da população da União Européia 2004 (1000 hab.)

  População Crescimento natural Imigração Acréscimo total População 1/1/2005
25 países da UE 457.188,9 444,6 1.852,3 2.296,9 459.485,8
Zona do Euro 308.974,2 369,9 1.579,4 1.949,3 310.923,5
  • Fonte: The social situation in the European Union, 2004 - Eurostad
  • (Obs. A zona do euro é formada por Irlanda, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, França, Espanha, Portugal, Itália, Grécia, Alemanha, Áustria e Finlândia.)

A revolta dos jovens sem perspectivas, desempregados e desamparados por políticas públicas, é uma reação à xenofobia, ao racismo latente de uma parcela significativa da sociedade européia, que os colocam em situação marginal. A solução em médio prazo só será consolidada com uma política de integração econômica, cultural e social das comunidades africanas, asiáticas e, também, latino-americanas.

Este não é um problema exclusivo da França. Envolve toda a União Européia. Os subúrbios de Londres, de diversas cidades italianas, da Bélgica, da Alemanha não são melhores que os de Paris. Não é sem razão que manifestações semelhantes já ecoaram em outras cidades européias.

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Qual a pior imigração?

Um aumento de 60% com relação a 2017, quando a imigração barrou 3 mil brazucas. Com isso, o Brasil ficou em 7º lugar no ranking de barrados na Europa — atrás de Ucrânia (com 58 mil barrados), Rússia (26 mil), Albânia (25 mil), Belarus (8 mil), Sérvia (7 mil) e Moldova (6 mil).

Qual o país mais fácil para imigrar na Europa?

Na Espanha o procedimento de imigração começa no intercâmbio. O país dá a possibilidade para todo estrangeiro trabalhar e estudar, dessa forma, o procedimento de imigração fica mais fácil. Além disso, a Espanha é um país bom para quem deseja trabalhar e morar no exterior.

Qual país da Europa tem mais imigrantes?

Alemanha. A Alemanha é um dos países mais abertos para imigrantes na Europa.