Qual a importância da Atividade da vida autónoma na vida de uma pessoa com deficiência visual?

Para contribuir com a inclusão e autonomia de pessoas cegas e com baixa visão proporcionamos programas de reabilitação, educação especial, empregabilidade e acesso à informação, além da produção e distribuição de livros em braille, áudio e Daisy.

Diante de um diagnóstico sobre pessoas cegas e com baixa visão, inúmeras são as transformações na vida de uma pessoa e de todos aqueles que a cercam. Informações, esclarecimentos e atendimento adequados permitem a identificação e o desenvolvimento das potencialidades dos indivíduos, assim como a criação de condições para que elas possam se aprimorar plenamente. Tudo isso é de extrema importância para a inclusão social e a autonomia da pessoa com deficiência.

É por isso que oferecemos programas de reabilitação integral, pelos quais são realizados atendimentos individualizados e em grupo, e que levam em conta as particularidades de cada pessoa, assim como um trabalho direcionado às suas demandas, no qual a pessoa com deficiência tem sua identidade, integridade e histórias preservadas e valorizadas.

As atividades que desenvolvemos envolvem técnicas diversas, como o uso da bengala, atividades da vida diária, aprendizagem do sistema braille, adaptação e utilização de recursos óticos especiais, apoio psicológico e social, recolocação profissional, ações de sensibilização e capacitação para a sociedade.

Há, ainda, um importante trabalho desenvolvido com as famílias, que tem como objetivo o esclarecimento sobre a deficiência, o desenvolvimento de vínculos e o fortalecimento do papel da família como principal núcleo de inclusão da pessoa com deficiência.

Os objetivos dos programas são divididos de acordo com a evolução esperada para cada fase do ciclo de vida.

  • Bebês e crianças de zero a três anos – Prevenir e tratar possíveis dificuldades e atrasos no desenvolvimento infantil, por meio de intervenção terapêutica especializada.
  • Crianças de 4 a 6 anos – Trabalhar habilidades capazes de favorecer o desenvolvimento da motricidade, cognição, linguagem, aspectos afetivos, emocionais e das interações sociais.
  • Crianças e adolescentes de 7 a 17 anos – Garantir que a criança e o adolescente cego e com baixa visão tenham o mesmo desempenho e aprendizado daqueles que enxergam. A pessoa é inserida em atividades de orientação psicológica à família e à escola, acompanhamento pedagógico, além do desenvolvimento de atividades da vida autônoma e social, associado ao estímulo à orientação e mobilidade independente.
  • Jovens e adultos a partir de 18 anos – Oferecer atividades que favoreçam o desenvolvimento pessoal e resgatem a autonomia e a independência. Esses usuários recebem também orientação vocacional e profissional de acordo com suas capacidades e interesses. São oferecidas aulas de informática, que capacitam as pessoas cegas e com baixa visão para a utilização dos recursos de computador e internet, tanto em atividades particulares como tarefas de nível profissional.
  • Idosos – Fortalecer a pessoa idosa cega e com baixa visão por meio de intervenções psicológicas e sociais, valorizando e respeitando sua história de vida. Contribuir para a reconquista de sua independência e autonomia, por meio de atividades especializadas. Propiciar vivências intergeracionais e inclusão social por meio de atividades socioeducativas.
  • Familiares – Trabalhar com os familiares o tema de ser cego e com baixa visão, acolhendo, escutando e orientando. Estimular o papel protetor da família, e resgatar e fortalecer vínculos. Realizar encaminhamentos para demandas diversas apresentadas pelos integrantes da família, buscando o desenvolvimento do núcleo familiar como um todo.

10/04/2005 - Elizabeth Ferreira de Jesus*

A Importãncia da Atividade de Vida Diária na Educação e na Reabilitação de Pessoas com Deficiência Visual.

I- Introdução.

Na educação da criança cega ou com de visão subnormal, cabe ressaltar a importância da Atividade de Vida Diária - AVD, cujo objetivo é proporcionar à criança condições para que, dentro de suas potencialidades, possa formar hábitos de auto-suficiência que lhe permitam participar ativamente do ambiente em que vive.

Ao nascer, a criança encontra-se num estado de dependência total, situação esta que, gradativamente, desaparece com seu crescimento e, já na fase pré-escolar, começa a alimentar-se, vestir-se, ir ao banheiro sozinha e escovar os dentes sem necessitar de ajuda ou apenas com ajuda parcial. Em relação à criança cega ou com de visão subnormal, como isso ocorre? Como proporcionar-lhe a satisfação de necessidades tão fundamentais? Quais os anseios e dificuldades experimentados pelos pais em tais circunstâncias? Na educação da criança cega ou de visão subnormal destacamos a Atividade de Vida Diária - AVD - como área específica de atendimento, por julgarmos indispensável ao seu ajustamento social.

Se os hábitos à mesa, a postura, a adequação para se vestir e a higiene pessoal são comportamentos adaptativos, há necessidade de um treinamento intensivo, porque a criança cega pode apresentar atitudes inadequadas em algumas dessas situações. Sem dúvida, ela, no espaço maior ou menor de tempo, acabará por realizar as mesmas tarefas que as de visão normal, tomando-se em conta, é claro, as diferenças individuais e a restrita capacidade de imitação de quem não vê. Muitos pais, diante das dificuldades de seus filhos, tornam-se superprotetores e, assim, impedem a criança de vivenciar experiências que contribuirão para sua autonomia.

É de grande importância a realização de um trabalho com os pais, paralelamente ao que é feito com seus filhos, através de encontros e/ou reuniões, oportunizando-lhes a prática das Atividades de Vida Diária, com eles desenvolvidas na escola. Enquanto professora nesta área, fiz com que os pais vivenciassem uma atividade de vida diária de olhos vendados, explicando-lhes sempre que tal circunstância não era, nem pretendia ser, representativa da cegueira, a fim de evitar que, pela associação desta com a escuridão total, desenvolvessem ou aumentassem o sentimento de piedade por seus próprios filhos.

A experiência foi proveitosa, pois eles sentiram e perceberam algumas dificuldades, medos e inseguranças de seus filhos cegos ou de visão subnormal e, assim, encontraram a melhor maneira de ajudá-los e orientá-los em casa, nunca impedindo de realizarem algumas atividades aparentemente perigosas para quem enxerga mas, ao contrário, motivando-os sempre, contribuindo assim, cada vez mais, para sua independência e conscientizando-se de que, também, são elementos importantíssimos no processo de aprendizagem de seus filhos.

E a situação do indivíduo com de deficiência visual adquirida na idade adulta?

Por vezes, a perda da visão é gradativa, dando condições a que o indivíduo, aos poucos, processe a sua readaptação. No entanto, não são raros os casos de cegueira súbita, por acidentes ou etiologias diversas. Como tais pessoas nada sabem sobre a cegueira, não compreendem como possam continuar a viver no mundo que eles aprenderam a construir e entender através dos olhos. A reabilitação dessas pessoas é um desafio para elas, familiares e educadores, no sentido do ajustamento à sua nova condição de vida, visando minimizar os efeitos psico-sociais causados pela perda visual.

II - ATIVIDADE DE VIDA DIÁRIA (AVD).

"Vestir meias é complicado, até para quem não tem problemas de coordenação. Mesmo que não pareça, o ato de vestir meias envolve uma série de passos. Por isso, a professora ajuda Lia colocando a meia até o calcanhar. Só falta ela dar o último puxão. Na próxima vez, a professora coloca a meia no pé e Lia precisará puxá-la até o calcanhar e depois para cima. Mais um pouco e ela já conseguirá vestir meia sozinha". (Windholz, 1988.)

A criança só aprende aquilo que vive concretamente. É importante que ela faça suas próprias descobertas através da manipulação, exploração do ambiente físico-social. Para isso podem e devem ser exploradas situações referentes à alimentação, higiene pessoal, saúde, segurança, às atividades domésticas e ao vestuário.

Assim, através do treinamento em A.V.D., a criança cega e de visão subnormal aprende, entre outras coisas: localizar os alimentos no prato; cortar alimentos; controlar a quantidade de comida do prato sem derramar; controlar a quantidade de comida no talher; servir-se à mesa; encher copos e garrafas; receber visitas; vestir-se adequadamente; cuidar de sua aparência pessoal; caminhar, sentar e gesticular de maneira adequada; prevenir-se contra acidentes e remediá-los.

II.1-ALGUMAS ATIVIDADES ESPECÍFICAS.

II.1.1-ALIMENTAÇÃO:

  • Beber líquido com auxílio de canudos;
  • Ingerir alimentos pastosos (sopa, mingau);
  • Morder e mastigar biscoitos;
  • Mastigar pão;
  • Descascar e mastigar bananas;
  • Beber liquídos usando o copo;
  • Espetar com o garfo alimentos e levá-los à boca;
  • Colocar em seu prato alimentos que estejam numa vasilha maior;
  • Usar a faca para passar manteiga (patê ou etc) no pão ou biscoito;
  • Alimentar-se usando garfo e faca;
  • Servir-se de líquidos contidos numa jarra ou garrafa;
  • Usar a faca para descascar e cortar frutas, legumes e pão;
  • Mastigar de boca fechada;
  • Usar o guardanapo para limpar a boca, após as refeições.

II.1.2- HIGIENE.

  • Pedir para ir ao banheiro e usar o vaso sanitário (de modo adequado);
  • Limpar-se após o uso do vaso sanitário;
  • Lavar e enxugar as mãos usando água, sabonete e toalha;
  • Lavar e enxugar o rosto;
  • Escovar os dentes;
  • Pentear os cabelos;
  • Tomar banho;
  • Trocar diariamente as roupas de baixo;
  • Cortar as unhas regularmente, com auxílio;
  • Reconhecer as roupas que estão sujas e lavá-las.

II.1.3 - VESTUÁRIO:

  • Brincar com bonecas despindo-as e vestindo-as;
  • Despir-se e vestir-se;
  • Desatar os cordões dos sapatos;
  • Tirar os sapatos e as meias;
  • Calçar meias e sapatos;
  • Identificar os seus sapatos entre vários outros pares;
  • Engraxar sapatos;
  • Manejar diversos tipos de botões ( em tamanhos grandes ) utilizados nas peças do vestuário;
  • Abrir e fechar zíper de casacos ou vestidos;
  • Abrir e fechar fivelas de seus próprios cintos;
  • Retirar e colocar blusas que entrem pelo decote, reconhecendo a parte de trás pela etiqueta que deve estar presa;
  • Guardar roupas em gavetas
  • Colocar camisas, blusas e vestidos em cabides.

II.1.4 - SAÚDE E SEGURANÇA.

  • Reconhecer a importância do médico e do dentista;
  • Reconhecer a importância dos exames de saúde e submeter-se a eles quando necessário;
  • Tomar adequadamente os remédios indicados;
  • Reconhecer alguns instrumentos médicos, como termômetro, balança etc;
  • Reconhecer e saber para que serve gaze, algodão, esparadrapo, tesoura, mercúrio cromo, água oxigenada etc;
  • Cuidar de pequenos arranhões ou ferimentos;
  • Organizar uma caixa de primeiros socorros;
  • Discar e falar ao telefone;
  • Atender sinal de chamado (campainha, telefone);
  • Subir e descer escadas com cuidado, segurando o corrimão;
  • Riscar fósforos para acender velas e fogões;
  • Saber utilizar o fogão em atividades simples, apagando-o convenientemente ao término da tarefa;
  • Ligar e desligar o rádio e a televisão.

II.1.5- ATIVIDADES DOMÉSTICAS.

  • Varrer o chão;
  • Usar a pá de lixo;
  • Colocar o lixo na lixeira;
  • Lavar o chão;
  • Limpar as mesas e as cadeiras;
  • Limpar e arrumar o armário;
  • Arrumar a cama;
  • Colocar fronha no travesseiro;
  • Lavar e passar roupas;
  • Tampar garrafas;
  • Preparar a mesa para as refeições;
  • Preparar pequenas refeições;
  • Fazer pequenas compras ( feiras e supermercados).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

  1. Apostila de Atividade de Vida Diária. Secretaria de Estado de Educação e Cultura do Rio de Janeiro. Coordenação de Educação Especial. n. 5. 1985.
  2. JESUS, Elisabeth Ferreira. Atividade de Vida Diária. Apostila. Rio de Janeiro. 1994.
  3. WINDHOLF, Margarida Hofman. Passo a Passo, seu Caminho. São Paulo. EDICON. 1988.

* ELISABETH FERREIRA DE JESUS é professora e coordenadora do Programa Educacional Alternativo - PREA- do Instituto Benjamin Constant.

Qual a importância da Atividade da vida autônoma Ava na vida de uma pessoa com deficiência visual?

Promove a participação da criança pequena, dentro de suas potencialidades e transforma sua rotina numa grande brincadeira. Acima de tudo, desperta na criança o desejo de experimentar, utilizando o meio que ela conhece melhor: o brincar!

O que deve ser trabalhado para o desenvolvimento da autonomia da criança deficiente visual?

Materiais específicos para ensino de cegos, como livros em braille e audiolivros, utensílios para escrita em braille, ábaco ou soroban para o ensino de matemática. Acessibilidade em toda a escola, incluindo sinalizadores táteis no chão, para orientar a circulação, e sinalização com versões em braille.

O que pode ser feito para melhorar a vida dos deficientes visuais?

6 dicas para ajudar uma pessoa com deficiência visual sem pagar....
Não “force” uma ajuda. ... .
Evite andar sobre o piso tátil. ... .
Evite ficar no celular enquanto anda. ... .
Identifique-se ao falar com uma pessoa cega ou com baixa visão. ... .
Ofereça lugar no transporte coletivo..

O que é o desenvolvimento de vida autónoma?

A Atividade de Vida Autônoma vem a ser a área que desenvolve, de forma gradativa, hábitos diários importantes para a independência e autonomia satisfação de cada indivíduo, considerando as diferenças e a restrita capacidade de imitação de quem não vê.

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