Por que as práticas corporais de aventura são consideradas de riscos?

Pr�tica de esporte de aventura e comportamentos de risco:

uma an�lise a partir do conceito de redoma sensorial

Pr�ctica del deporte de aventura y conductas de riesgo: un an�lisis a partir del concepto de radomo sensorial

 

*Professor do Curso de Educa��o F�sica da FAMINAS/Muria�-MG e FAGOC/Ub�-MG, Brasil

Doutorando em Ci�ncias do Desporto pela Universidade de Tr�s-os-Montes & Alto Douro, Portugal

**Professora do Programa de P�s-Gradua��o em Educa��o F�sica da

Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro

***Professor do Departamento de Ci�ncias do Desporto da

Universidade de Tr�s-os-Montes & Alto Douro, Portugal.

****Professor da Faminas e Universidade Gama Filho

Mestre em Ci�ncias da Reabilita��o do Centro Universit�rio de Caratinga � MG, Brasil

*****Professores e Pesquisadores do Mestrado em Ci�ncias da Reabilita��o do

Centro Universit�rio de Caratinga � MG, Brasil

Jairo Ant�nio da Paix�o*

Vera Lucia de Menezes Costa**

Ronaldo Eug�nio Cal�ada Dias Gabriel***

Daniel Almeida da Costa****

Andr� Luis dos Santos Silva*****

Marcus Vin�cius de Mello Pinto*****

 

Resumo

          Objetivos: Este estudo analisa, a partir do conceito de redoma sensorial, aspectos que permeiam a pr�tica das diferentes modalidades de esporte de aventura no meio natural. Metodologia: Empregou-se o estudo sobre o conceito de redoma sensorial, dos estudos sobre fisiologia humana e situa��es extremas, estudos no campo da sociologia e antropologia no �mbito da p�s-modernidade e estudos sobre o risco no que tange a aventura Conclus�o: Foi poss�vel verificar que, com o passar do tempo e a pr�tica di�ria numa dada modalidade, as situa��es de risco, vivenciadas pelo praticante, podem tornar-se banais e corriqueiras por parte do praticante. Tal condi��o poder� trazer s�rias implica��es ao praticante de esporte de aventura como, por exemplo, a sua integridade f�sica e emocional do praticante.

          Unitermos

: Esporte de aventura. Comportamentos de risco. Redoma sensorial

Abstract

          Objectives: This study examines, from the concept of sensory radome, which permeate the practice of different types of adventure sports on the natural environment. Methods: We applied the study of the concept of sensory radome, studies on human physiology and extreme situations, studies in the field of sociology and anthropology in the context of post-modernity and studies on the risk with respect to adventure Conclusion: It was possible finds that, with time and daily practice in a particular way, situations of risk, the experienced practitioner, can become mundane and junk from the practitioner. This condition may have serious implications for the practice of adventure sports, such as their physical and emotional integrity of the practitioner.

          Keywords

: Adventure sport. Risky behaviors. Sensorial dome  
//www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - A�o 14 - N� 134 - Julio de 2009

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Redoma sensorial: subs�dios para uma an�lise

    No esfor�o para se compreender o complexo das aventuras esportivas do homem no meio natural, busca-se discutir alguns de seus aspectos a partir de um significativo estudo realizado por Luiz Guilherme Veiga de Almeida (2008) no livro �Ritual, risco e arte circense: o homem em situa��es-limite�, no qual desenvolve o conceito de redoma sensorial. As incurs�es realizadas pelo autor nos campos das artes c�nicas e circenses balizadas pela filosofia e sociologia, possibilitaram adentrarmos num universo no qual o risco configura-se em meio a rituais, s�mbolos, busca pelo prazer e da performance nas pr�ticas corporais, nas quais o homem coloca-se em situa��o-limite.

    Partindo do entendimento do conhecimento do senso comum como processo sensorial, o autor afirma que a aquisi��o deste conhecimento pelo homem se processa de forma multissensorial, uma vez que, mobiliza um verdadeiro arcabou�o sensorial cotidiano, que atrav�s dos canais sensoriais, permite perceber diferentes elementos como sons, odores, tato, cinestesia, no��o de dist�ncia, temperatura, sabores dentre outros.

    Assim, como ocorre com o senso comum, que se determina atrav�s de um conjunto de sensa��es conhecidas, confi�veis e dominadas por meio da pr�tica constante, tamb�m, a redoma sensorial ordin�ria forma-se a partir do conjunto de sensa��es que o indiv�duo est� acostumado a vivenciar. Assim, ela estrutura-se a partir do arcabou�o sensorial b�sico estabelecido por uma sociedade, num dado momento hist�rico, como, por exemplo, o grau de limpeza aceit�vel de uma casa, uma sensa��o ou um comportamento diante de uma situa��o conhecida.

    Destaca-se que a redoma sensorial ordin�ria forma-se a partir de elementos, que, pelo fato da constante presen�a num cotidiano, tornaram-se autom�ticos, �velhos conhecidos� e, por conseguinte, n�o mais recebem a devida aten��o. Isso decorre do fato de que, na grande maioria das vezes, o indiv�duo se esquece de que se encontra envolto por uma redoma.

    No que se refere � rela��o que o indiv�duo estabelece no meio social, �... � fundamental que as redomas sensoriais sejam compreendidas como constru��es sociais, uma vez que s�o produzidas e compartilhadas por um grande n�mero de pessoas� (Almeida, 2008). Desta forma, a visualiza��o de uma redoma sensorial torna-se complexa, haja vista que os sentidos ordin�rios do ser humano acabam perdendo a capacidade de perceber a complexidade das a��es praticadas no cotidiano. Como exemplo, este autor menciona a a��o de se aguardar um sinal vermelho ficar verde para se atravessar a faixa de pedestres. Na verdade, trata-se de uma a��o que re�ne uma grande quantidade de c�digos sensoriais socialmente produzidos. O autor refor�a esta id�ia ao afirmar que:

    ... a lida cotidiana com os sentidos �, na verdade, uma atividade t�o complexa como a atividade do trapezista. Normalmente n�o se percebe isso apenas porque as pessoas de uma mesma sociedade compartilham as mesmas redomas e s�o todas �trapezistas� tamb�m (Almeida, 2008).

    Desta forma, percebe-se que n�o apenas o conhecimento, mas tamb�m os sentidos s�o hist�rico-culturais. Para perceber esta afirma��o basta pensar nas dificuldades enfrentadas por um �ndio ao se movimentar numa grande cidade e nas dificuldades correspondentes de um homem urbano em orientar-se por entre a natureza selvagem.

    Embora, para cada um desses atores, as redomas sensoriais sejam ordin�rias, em contra partida tratam-se de duas redomas sensoriais ordin�rias diferentes, se consideradas as dimens�es hist�rico-culturais. Assim, �... duas redomas sensoriais ordin�rias, produzidas por diferentes sociedades, ser�o sempre extraordin�rias quando vislumbradas uma a partir da outra� (Almeida, 2008).

    Retomando o exemplo de um �ndio e de um homem urbano e a permuta de ambientes, eles experimentariam elementos in�ditos se comparado �queles que formam suas redomas sensoriais ordin�rias em suas respectivas vidas cotidianas. Disso decorreria que a redoma sensorial ordin�ria seria substitu�da por uma redoma sensorial extraordin�ria.

    Com isso, agu�ar-se-iam os sentidos no indiv�duo, o qual indubitavelmente se colocaria em estado de alerta. O autor acrescenta ainda, que o deslocamento de apenas um elemento sensorial que comp�e uma redoma sensorial ordin�ria j� seria suficiente para que uma nova redoma, no caso, uma redoma sensorial extraordin�ria surgisse. Assim, uma vez retirados ou deslocados de suas redomas ordin�rias de origem, os elementos sensoriais produziriam um evento potencialmente extraordin�rio.

Procedimentos metodol�gicos

    Tendo como refer�ncia para este estudo levantar a produ��o do conhecimento sobre o tema esporte de aventura e risco calculado na natureza e sua tematiza��o com o conceito de redoma sensorial estabeleceu-se como refer�ncia para este estudo o emprego de t�cnicas de uma pesquisa bibliogr�fica, feito desta uma an�lise qualitativa. De acordo com Marconi & Lakatos (2007), a bibliografia pertinente oferece meios para definir e resolver n�o somente problemas j� conhecidos, como tamb�m explorar novas �reas em que os problemas n�o se cristalizaram suficientemente.

    Nessa perspectiva, � importante ressaltar que o ponto de partida n�o � desse modo, a pesquisa do material bibliogr�fico, mas a elabora��o de um questionamento. Na verdade, esses questionamentos realizados pelo pesquisador que ir�o conferir sentido � fonte estudada e, no limite, enquanto houver perguntas, essa fonte n�o estar� suficientemente explorada. Sobre esse aspecto Gil (2008) salienta que depois que se decide fazer uma pesquisa bibliogr�fica deve-se considerar as seguintes fases: 

  1. determina��o dos objetivos; 

  2. elabora��o do plano de trabalho; 

  3. identifica��o das fontes; 

  4. localiza��o das fontes e obten��o do material 

  5. leitura do material 

  6. tomada de apontamentos 

  7. confec��o de fichas e

  8. reda��o do trabalho.

    Contemplaram-se as fases acima ressaltadas, de forma que o presente estudo tivesse o car�ter de objetividade e riqueza de dados. Na busca de pistas para responder as indaga��es acerca das situa��es de risco que permeiam as pr�ticas de esporte de aventura nos diferentes ambientes naturais, a partir da estrutura conceitual denominada redoma sensorial, o referido estudo foi fundamentado a partir da literatura nacional e estrangeira que trata de forma direta e indireta sobre a tem�tica aqui abordada. Assim, empregou-se o estudo sobre o conceito de redoma sensorial (Almeida, 2008), dos estudos sobre fisiologia humana e situa��es extremas (Ashcroft, 2001), estudos no campo da sociologia e antropologia no �mbito da p�s-modernidade (Elias, 1995; Giddens, 1991, 2002; Maffesoli, 2001; S�nchez, 1996), estudos sobre o risco no que tange a aventura (Costa, 1999; Le Breton, 2004; Beck, 1993; Bentley, 2007).

A pr�tica de esporte de aventura vista por entre a redoma sensorial

    O conceito de redoma sensorial fornece pistas rumo ao entendimento acerca da pr�tica de esporte de aventura e a busca incessante do praticante por fortes emo��es. As diversas modalidades que comp�em o esporte de aventura praticado em ambientes naturais distintos como a�reo, aqu�tico e terrestre, re�nem um verdadeiro conjunto de elementos potencialmente extraordin�rios1 como aqueles ligados ao fator risco. Para al�m do ambiente natural, no qual se configuram as modalidades de esporte de aventura, o risco e a busca por desafios apresentam-se como uma condi��o sine-qua-non para a realiza��o dessas pr�ticas desportivas (Ewert, 1985; Elmes & Barry, 1999; Loewenstein, 1999).

    De acordo com Ashcroft (2001), desde os tempos cl�ssicos o homem convive com situa��es de risco ligadas, na maioria das vezes, aos fen�menos naturais e clim�ticos como ver�es escaldantes, invernos glaciais e �guas g�lidas. No entanto, pelo advento dos avan�os tecnol�gicos, observados no final do s�culo XIX e in�cio do XX, o homem se coloca diante de novos riscos.

    Na sociedade ocidental, como afirma Costa (1999), a organiza��o social e cultural visa, sobretudo controlar os perigos que possam prejudicar a coletividade como, por exemplo, aqueles ligados a preserva��o ambiental atrav�s dos riscos de polui��o a que somos submetidos. Desta forma, se tem uma situa��o paradoxal na qual a sociedade globalizada, preocupada em perseguir o risco, busca desenvolver constantemente programas de preven��o e de controle, ao passo que as pr�ticas individuais voltam-se � exposi��o volunt�ria de si, ou seja, busca-se vivenciar o risco atrav�s de formas variadas, principalmente por meio das pr�ticas f�sicas e esportivas na natureza.

    Vale ressaltar, que em alguns casos, dependendo do tipo de ocupa��o profissional, esses riscos constituem-se como parte inevit�vel do trabalho (Ashcroft, 2001). De uma maneira geral, o risco, como afirma Le Breton (2004), mant�m-se num horizonte insuper�vel da condi��o humana. Estudiosos como Beck (1993); Giddens (1991; 2001), S�nchez Mart�n (1996) ao discutirem aspectos pertinentes a sociedade apresentam como eixo comum em suas discuss�es o emprego da express�o sociedade do risco para conceituar a sociedade contempor�nea. Da� � poss�vel afirmar que o risco constr�i-se nas condi��es sociais e culturais de cada comunidade, incorpora fragilidades e varia-se em fun��o de tempo e de lugar.

    Assim, ao se considerar o risco presente na pr�tica das diversas modalidades de esporte de aventura na natureza faz-se necess�rio ponderar aspectos como a manuten��o da integridade f�sica e emocional do praticante, o condicionamento f�sico, o desenvolvimento de habilidades necess�rias � modalidade de aventura em quest�o, equipamentos e vestimentas apropriadas, uma adequada hidrata��o e ingest�o de nutrientes, a exist�ncia ou n�o de equipes de resgate e socorro e as caracter�sticas do ambiente natural no qual ocorrer� a modalidade em quest�o, dentre outros.

    No entanto, estudos nesta �rea (Ryan, 2003; Page, Bentley & Walker, 2003; Morgan & Fluker, 2006) demonstram que apesar da necessidade de procedimentos que visam a integridade f�sica e emocional dos praticantes das diferentes modalidades de esporte de aventura, n�o se pode perder de vista que tais procedimentos apresentam-se contradit�rios, ou seja, o controle total dos riscos eliminaria a atratividade e as fortes emo��es buscadas pelos praticantes. Nesse sentido, ao se adotar procedimentos no sentido de controlar o risco, h� que se considerar vari�veis como n�vel da atividade e habilidades do praticante (Wilks & Atherton, 1994; Bentley, Macky &Edwards, 2006).

    Desta feita, percebe-se que as experi�ncias vivenciadas, a partir das modalidades de esporte de aventura, em muito se diferem da previsibilidade vivida pelo indiv�duo no cotidiano das cidades � na rotina dos ambientes de trabalho, na pr�tica de modalidades realizadas em instala��es esportivas convencionais � pois os diferentes meios naturais imp�em �queles que ousam desafi�-los a prontid�o para situa��es bruscas, inesperadas e imprevis�veis. Tais situa��es demandam ao praticante procedimentos e ou a��es r�pidas visando n�o somente finalizar uma manobra, atingir o cume de uma montanha, mas ainda resguardar sua integridade.

    Diferente como ocorre nas modalidades de esporte cl�ssico como o futsal, v�lei, dentre outros, as pr�ticas ligadas ao esporte de aventura na natureza caracterizam-se pela complexidade de inten��es com que se processa sua ades�o pelo praticante. Como exemplo, encontra-se a busca volunt�ria por parte do praticante nesta contemporaneidade em romper com a redoma sensorial ordin�ria na qual se encontra envolto o seu cotidiano visto na necessidade de experimenta��o de fortes emo��es, de car�ter n�o duradouro. Esta necessidade, na maioria das vezes, � proveniente do aumento do controle emocional na vida das pessoas adultas na sociedade de consumo atual.

    Nessa perspectiva, o indiv�duo, ao enfrentar o mundo, checa suas marcas, num esfor�o de concretizar o real que lhe escapa, imprimindo sentidos aos seus limites. A morte que ele se auto-inflige testa o valor de sua exist�ncia. Paradoxalmente, trata-se de uma sociedade que desfruta de um clima de seguran�a nunca visto na hist�ria2. Na �nsia de viver, o indiv�duo se auto-imp�e a necessidade de dar valor � sua presen�a no mundo. Insatisfeito, ele se orienta para lazeres em que ignora o perigo, mas no qual superestima suas capacidades e busca super�-las (Costa, 1999; Le Breton 2004).

    Desta forma, o indiv�duo busca rebelar-se contra as amarras sociais, por exemplo, a rotina estressante que o cerca nesta contemporaneidade (Elias, 1995; Maffesoli, 2001). Nesse contexto, a partir da pr�tica de esporte de aventura o praticante busca em si mesmo, no seu limite f�sico, a sua refer�ncia. Bentley e Page (2007) definem o praticante de esporte de aventura como aventureiros que exploraram preferencialmente regi�es n�o deterioradas e, ex�ticas do planeta buscando assim vivenciar v�rios n�veis de risco, excita��o e tranq�ilidade sem, contudo, abrir m�o dos ininterruptos desafios pessoais.

    Desde modo, ao considerar-se a pr�tica das diferentes modalidades de esporte de aventura a partir do conceito de redoma sensorial, instiga-se a reflex�o sobre aspectos que envolvem o comportamento do praticante frente aos procedimentos visando sua integridade seja ela f�sica ou emocional.

    As viv�ncias pr�ticas em uma dada modalidade conduzem o praticante a um quadro de baixa coes�o sensorial dos elementos potencialmente extraordin�rios como o risco, a vertigem, as fortes emo��es dentre outros. Em outras palavras, no �mbito da redoma, os elementos sensoriais extraordin�rios contidos numa modalidade de esporte de aventura (que por sua vez poderiam vir a agu�ar os sentidos do praticante colocando-o em estado de prontid�o/alerta numa situa��o pr�tica) deixariam de existir, uma vez que, pela a��o cotidiana, pelo dom�nio desses elementos por parte deste praticante, eles passariam da condi��o de elementos extraordin�rios para ordin�rios. Assim, pode-se afirmar que elementos envolvidos numa situa��o de risco j� n�o colocam o praticante num estado de prontid�o/alerta, uma vez estabelecida a redoma sensorial ordin�ria. � importante ressaltar que n�o se trata de um suicida, e sim de um individuo que busca vivenciar de maneira prazerosa situa��es de risco atrav�s das modalidades que comp�em o esporte de aventura nos diferentes ambientes naturais.

    A fim de melhor compreender a situa��o de risco percebida na pr�tica do esporte de aventura, ser� considerada a modalidade de montanhismo. De acordo com a Confedera��o Brasileira de Montanhismo e Escalada a maioria dos acidentes apresenta como causa prim�ria, os comportamentos de risco3, ou seja, as a��es e ou atitudes do praticante frente ao risco inerente � respectiva modalidade de esporte de aventura. Geralmente, os comportamentos de risco tornam-se uma constante na pr�tica desta vertente esportiva, o que contribui para o aumento de acidentes de gravidades variadas para o praticante.

Fonte: CBME - Confedera��o Brasileira de Montanhismo e Escalada

    Ao se analisar a Pir�mide dos Acidentes, percebe-se que, os comportamentos de risco encontram-se na base. No entanto, ainda que ocupem posi��o privilegiada nesta escala, os comportamentos de risco por terem se tornado elementos ordin�rios em momentos que antecedem e mesmo efetivam a pr�tica de uma determinada modalidade de esporte de aventura, algumas vezes n�o recebem a import�ncia devida por parte dos praticantes.

    Somado a tudo isso, encontra-se ainda o fator �excesso de autoconfian�a� que contribui para o aumento da desconsidera��o de procedimentos, por parte do praticante experiente numa dada modalidade e, que por sua vez, s�o essenciais � manuten��o da integridade f�sica e emocional do mesmo. Exemplifica-se esta hip�tese o fato de um mergulhador n�o verificar a press�o do conte�do do cilindro antes dessa pr�tica ou tamb�m n�o ater-se �s condi��es atmosf�ricas.

Conclus�o

    A an�lise da pr�tica do esporte de aventura e os comportamentos de risco a partir do conceito de redoma sensorial permitiram concluir que a considera��o do risco como elemento constitutivo da respectiva vertente esportiva suscita reflex�es.

    Faz-se necess�rio que o praticante tenha em mente que o risco f�sico � inerente �s modalidades de esporte de aventura e que sua seguran�a � primordial. Sendo assim, parece que o maior desafio a ser vencido pelo praticante no decorrer das viv�ncias nesta vertente de esporte, est� em n�o perder o sentido e as implica��es do risco.

    Portanto, para al�m do dom�nio da t�cnica, da adapta��o f�sico-motora e mesmo da manipula��o dos equipamentos espec�ficos a uma dada modalidade, o praticante precisa conscientizar-se de que o �xito na aventura encontrada em pr�ticas f�sicas nos diferentes ambientes naturais, precisa ser buscado na mesma propor��o de que o s�o as fortes emo��es, a vertigem e o risco.

    Nesse �mbito, o condutor, seja no �mbito do lazer ou competi��o, desempenha papel fundamental no sentido de minimizar comportamentos de risco percebidos nos praticantes. Desta forma, o condutor no decorrer do processo instrucional dever� trabalhar essa quest�o junto aos seus alunos no intuito de conscientiz�-los da import�ncia de se vivenciar as situa��es de incerteza e de risco propiciadas pelas modalidades de esporte de aventura sem, no entanto perder de vista o seu sentido, bem como as implica��es envolvidas em sua integridade.

Notas

  1. A utiliza��o do termo �elementos potencialmente extraordin�rios� se deve ao fato de que ao deparar-se com elementos in�ditos (extraordin�rios) se comparado �queles que formam as redomas sensoriais ordin�rias, ou ainda o deslocamento de um elemento sensorial que comp�e a redoma sensorial ordin�ria j� seria suficiente para que uma nova redoma, ou seja, uma redoma sensorial extraordin�ria surgisse (Almeida, 2008).

  2. Como afirma Costa (1999), o investimento em pr�mios de seguro observado nesta contemporaneidade � pode ser interpretado como uma forma de reconhecimento da incerteza que envolve o homem. � poss�vel se encontrar infind�veis categorias de seguro. Busca-se desta forma assegurar quase tudo, como por exemplo, autom�vel, viagem, como precau��o contra inc�ndio, roubo, invalidez permanente, acidentes, partes do corpo (para o p�blico ligado ao mundo das artes, atletas, dentre outros.) morte, de sa�de dentre outros.

  3. Dentre os comportamentos de risco encontram-se uma alimenta��o inadequada, a falta de hidrata��o, o desconhecimento das t�cnicas e do ambiente natural, a previs�o do tempo, o uso de roupas e equipamentos que n�o atendem �s exig�ncias de uma determinada modalidade de esporte de aventura, haja vista o ambiente natural no qual a mesma ser� praticada.

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