Todos nós sabemos que o principal objetivo do Scrum não é a agilidade pela agilidade, com um fim em si mesma. Mas, trata-se de impulsionar o principal impacto que a agilidade traz: aumento de receita. O que toda empresa precisa e busca em seus esforços diários.
No Scrum temos um artefato que auxilia nesta atividade, o Product Backlog. O Product Backlog é gerenciado pelo Product Owner, que, dentro da equipe de Scrum, deve ser a pessoa responsável por maximizar o valor do produto resultante do esforço do Development Team. O desafio hoje, portanto, ao Product Owner e às empresas, é gerir bem o Product Backlog a fim de entregar, da maneira mais ágil possível, mais valor ao cliente; em menor prazo imaginável e aumentando desta maneira suas receitas.
E como fazer tudo isso dentro do Scrum?
Isso faz do Product Owner, o dono do produto!
Como sua principal responsabilidade é gerir bem o Product Backlog e traduzir a produtividade da equipe em valor, o Product Owner deve ser capaz de passar o feedback do cliente em cada Sprint, para todo o Time Scrum. Ele deve gastar metade de seu tempo em contato com as pessoas que usam o produto (que compram o produto), recebendo destas o feedback necessário sobre as entregas. E a outra metade do tempo com a equipe, criando e melhorando o Product Backlog.
Mas isso deve ser feito visando não O QUE realizar, mas o que SE PODE realizar.
Como saber o que faremos?
O Product Owner é quem tem uma ideia clara do produto final que ser quer ter (seja um carro, uma pesquisa ou uma prova de certificação) e então, deve agora saber o que se é possível realizar primeiro, direcionando o esforço do Development Team.
Com o Scrum podemos realizar entregas graduais e desenvolver o produto “durante o voo” e isso deve ser feito com o objetivo de começarmos as entregas com os elementos que trarão mais valor ao produto final e ao cliente. Com os elementos que trarão, então, maior receita. Atrelado a isso, as funcionalidades do produto também são desenvolvidas.
Mais uma vez, o Princípio de Pareto!!!
Embora receba o nome do economista, sociólogo e cientista político italiano Vilfredo Pareto, o princípio, na realidade, foi sugerido por Joseph Juran que o aplicou às suas observações em gestão da qualidade. Juran encontrou um padrão semelhante ao que Pareto encontrou na distribuição de defeitos por tipo, durante a produção de certo produto. Ele observou que poucos tipos de defeitos eram responsáveis pela maior quantidade de rejeições do produto. Desta forma, Juran concluiu que, 80% dos problemas de qualidade de um produto, eram causados por 20% dos tipos de defeitos.
E este mesmo princípio pode ser aplicado ao desenvolvimento de um produto, ou projeto. Esta simples regra nos diz que 80% do valor do produto, reside em 20% de suas funcionalidades.
E é neste ponto que o Scrum consegue entregar valor radicalmente mais rápido!
MVP por aqui? Estamos na NBA?
Não, definitivamente, não estamos nos referindo ao Jogador Mais Valioso de uma temporada da NBA, mas ao que em Scrum chamamos de “Produto Mínimo Viável” (sigla em Inglês de Minimum Viable Product).
O MVP é a entrega, ainda que mínima, de um produto a quem vai utilizá-lo. O nível de eficácia do produto neste momento, deve ser o de o produto somente estar funcionando de verdade, nada mais que isso! Por mais que isso seja constrangedor, é preciso entregar o produto funcional o mais agilmente possível nas mãos de quem - realmente - irá utilizá-lo. Daí, se coleta o feedback que irá alimentar o ciclo de decisões e prioridades.
É a versão 0.5 de um software de cálculos que efetua as funções elementares e avançadas, mas não tem o botão em cores ainda.
Nesta etapa de desenvolvimento, temos como errar, tentar e reparar. O que precisamos aqui é de feedback!
O que tem a me dizer sobre o produto? Seu feedback é muito importante para nós!
É através do MPV que temos a riqueza do feedback, pois nos permite descobrir ainda cedo o que os usuários – clientes do produto – realmente valorizam. E é isto é o que nos permite desenvolver e lançar o produto com cerca de 20% do trabalho feito.
Nada ainda está perfeito, mas não estamos perdendo tempo polindo o produto: estamos lançando, ouvindo e melhorando. Isso com entregas já tangíveis e experiências reais.
E o melhor desse processo é que ele é cíclico! Sempre que você receber seu produto, serviço ou mudança, as pessoas lhe dirão quais os próximos itens mais valiosos a entregar. Então, desenvolva 20% deles, entregue, daí ouça, volte e desenvolva, e continue assim.
Este processo de lançamentos incrementais permite que, no período gasto para criar metade das funcionalidades do produto, consigamos lançar 200% do valor. E nisso estamos dizendo de metade do tempo, METADE! Não se concentre em entregar uma longa lista de requerimentos com metade das funcionalidades prontas, antes, concentre-se em entregar o que mais tem valor, o que as pessoas desejam e precisam de seu produto, funcionando e o mais rápido possível.
Super poder do SCRUM!!!
Nestas entregas incrementais e no feedback na linha de frente estão os super poderes do Scrum; desta forma conseguimos melhor trabalhar e entregar com mais frequência o que os clientes apreciam mais. E este mindset impacta não somente nosso trabalho, mas nossa forma de viver e utilizar nosso tempo.
Portanto, em seu próximo empreendimento Scrum, lembre-se do papel fundamental do Product Owner na entrega de valor!