O que simboliza a pedra do poema de Carlos Drummond de Andrade tinha uma pedra no meio do caminho?

Em 1967, para marcar os 40 anos de publicação daqueles versos polêmicos, o próprio Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) trouxe a público o livro “Uma Pedra no Meio do Caminho – Biografia de um Poema”, reunindo a fortuna crítica de seu mais célebre poema – traduzido para muitas línguas, discutido, parodiado, atacado, interpretado, louvado, incorporado por muitos intelectuais e também por pessoas simples à vida cotidiana. Agora, mais de 40 anos depois, o livro que faz o inventário do poema ganha nova edição pelo Instituto Moreira Salles.

A nova edição, revista e ampliada, tem organização do consultor de literatura do IMS, Eucanaã Ferraz, para quem a obra é espécie de resposta de Drummond às duras críticas recebida pelo “poeminha da pedra”.

Eucanaã Ferraz destaca que houve um tempo em que um trabalho miúdo e constante de difamação do modernismo tomava como exemplo da pior literatura o poema “No meio do caminho”.

Ferraz explica que “os insultos ao poema transformaram o próprio texto em obstáculo ao escritor, como a pedra criada pelos seus versos. Drummond, com ironia, resolveu então publicar todas as críticas sobre seu poema e devolveu aos seus leitores o documentário produzido ao longo de 40 anos. É um livro único, sem similar na literatura brasileira, porque é o próprio poeta que resgata a vida intensa que o poema alcançou”, explica Eucanaã Ferraz.

O livro traz todo o conteúdo de sua versão original: texto de apresentação de Arnaldo Saraiva e fortuna crítica do poema mais discutido do modernismo brasileiro. A publicação do IMS oferece também duas seções inéditas: “Ainda a pedra”, que complementa a seleção feita por Drummond com textos, charges e ilustrações sobre o poema posteriores a 1967; e “Biografia da biografia”, que reúne comentários sobre o livro desde seu lançamento.

“Uma Pedra no Meio do Caminho – Biografia de um Poema” terá lançamento hoje à noite no Rio de Janeiro, às 19h30, na sede do Instituto Moreira Salles (Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea), com sessão de autógrafos e participação dos atores Paulo José e Maria Luisa Mendonça. A dupla apresenta leitura de aforismos de outro clássico de Drummond, o livro “O Avesso das Coisas”, que teve edição póstuma em

Eucanaã Ferraz, autor de uma dissertação de mestrado sobre Carlos Drummond de Andrade, confessa que foi extremamente prazeroso organizar a nova edição da “Biografia de um Poema”, já que o trabalho do poeta estava completo e quase irretocável. “Depois de publicar o livro, em 1967, o próprio Drummond continuou, talvez por costume, a arquivar a fortuna crítica relativa a ‘No Meio do Caminho’. Drummond guardou muita coisa que saiu sobre ele ao longo da vida, mas em pastas, por assunto ou pelo sobrenome do crítico”, destaca Eucanaã.

“Uma Pedra no Meio do Caminho – Biografia de um Poema” é o segundo lançamento do Instituto Moreira Salles sobre a obra de Drummond. O primeiro, lançado há poucos meses, foi uma edição fac-símile de “Alguma Poesia” (1930), primeiro livro publicado pelo poeta. Eucanaã Ferraz explica que o lançamento dos dois livros é o ponto de partida para o projeto de uma futura “Drummondiana” do IMS.

“O neto de Drummond, Pedro Augusto Graña, com seus dois irmãos, doou todo o acervo de Drummond para o IMS. Estes dois livros são a etapa inicial de um projeto que poderá render outras edições no futuro, como fruto do trabalho de pesquisa e organização do acervo”, explica Ferraz.

Uma parte do acervo de Drummond, a mais literária, foi doada em vida pelo poeta para a Fundação Casa de Rui Barbosa. A parte restante, que segue agora para o IMS e inclui os originais que deram origem aos dois primeiros livros e vai gerar uma terceira publicação, com previsão de lançamento em 2011.

“Será uma edição também fac-similar, reunindo dedicatórias que Drummond fez durante a vida”, revela Ferraz. Ele recorda que o poeta tinha o hábito de copiar em um caderno todas as dedicatórias que enviava para os amigos. “O novo livro vai reunir cerca de 500 dedicatórias, todas inéditas, que são verdadeiros poemas. A edição vai incluir o título de cada livro, quem recebeu a dedicatória, a data e a transcrição da dedicatória na letra do próprio Drummond”, completa.

Destaque indiscutível na língua portuguesa

Ferraz também aponta o lugar de destaque, indiscutível, que Drummond ocupa não somente na literatura brasileira, mas em toda a literatura em língua portuguesa. “Dummond é o maior de todos os poetas da nossa língua. É maior até que Camões, se considerarmos que Drummond, na modernidade, atingiu toda a potencialidade da língua portuguesa. Não houve experiência estética que Drummond não tenha feito. Com sua poesia, a língua foi levada ao ponto máximo”, destaca.

E os defensores de outro gigante da poesia em língua portuguesa, Fernando Pessoa? “Pessoa é outro poeta que tocou no ponto máximo da nossa língua, mas Drummond foi mais longe que ele, sem nenhuma dúvida”, polemiza Ferraz. “Fernando Pessoa e seus heterônimos fragmentaram o sujeito com radicalidade, tocaram na complexidade filosófica da personalidade, mas Drummond foi muito mais vasto, mais ambicioso”, completa.

“Uma Pedra no Meio do Caminho – Biografia de um Poema”, seleção e montagem de Carlos Drummond de Andrade. Edição ampliada de Eucanaã Ferraz. Instituto Moreira Sallers, 344 páginas com ilustrações, R$ 50.

“No meio do caminho”. Sem nenhuma dúvida, trata-se dos mais conhecidos e dos mais polêmicos poemas da literatura brasileira. Com apenas 10 versos, que na realidade se reduzem a três, pois repete muitas vezes umas poucas palavras, o poema foi escrito na década de 1920 e publicado pela primeira vez em julho de 1928, no número 3 da Revista de Antropofagia, dirigida por dos medalhões do modernismo no Brasil, o paulista Oswald de Andrade (1890-1954). Desde sua primeira edição, serve como divisor de águas – e também o grande pomo da discórdia entre os mais tradicionalistas e os defensores da novidade da estética modernista.

O que significa a pedra no poema de Drummond?

As pedras mencionadas nesta poesia podem ser classificadas como obstáculos ou problemas que as pessoas encontram na vida, descrita neste caso como um "caminho". Essas pedras podem impedir a pessoa de seguir o seu percurso, ou seja, os problemas podem impedir de avançar na vida.

O que significa as pedras no meio do caminho?

Às vezes a gente diz que tem uma pedra no nosso caminho, tem uma pedra no sapato, etc. É uma comparação que se refere a problemas que enfrentamos, a obstáculos que não nos deixam conquistar coisas que queremos, etc.

Qual é o significado da pedra no poema?

1- Neste poema, "pedra" deve ser interpretado figurativamente como dificuldades ou algo marcante e "caminho" como vida.

Tinha uma pedra ou havia uma pedra?

É que não se pode usar o verbo ter como verbo impessoal. Para a norma padrão, o correto seria: havia uma pedra no meio do caminho.