O que é violencia simbolica

A violência simbólica é um conceito que se refere a uma forma de violência imperceptível e não física, expressa por meio de normas sociais e que se observa nas estruturas sociais . Essa violência simbólica atinge os dominados para neles se inscrever e levá-los a julgar uma dada dominação social como legítima.

Ela se manifesta na imposição das normas do grupo dominante sobre as do grupo subordinado. A violência simbólica pode se manifestar em diferentes áreas sociais como nacionalidade, gênero, orientação sexual ou identidade étnica. A noção foi proposta pela primeira vez por Pierre Bourdieu , um influente sociólogo francês do século 20, e que apareceu em suas obras a partir dos anos 1970, depois retomada.

Definição

O conceito de violência simbólica oferece uma explicação da manutenção da ordem social desigual pela incorporação pelos dominados de classificações e hierarquias dentro das instituições sociais ( mercado de trabalho , sistema de ensino , etc.), que ao incorporar esses elementos passam a internalizá-los e assim, perceber as relações mantidas com os dominantes e as desigualdades de condição, como sendo legítimas . A violência simbólica é conceituada segundo Bourdieu como sendo o resultado da legitimidade concedida pelos dominados, por meio do processo de incorporação, às normas e ditames dos dominantes; a legitimidade é ao mesmo tempo condição, produto e aposta da violência simbólica.

Violência simbólica é um conceito utilizado no contexto de análises sobre reprodução social ou sobre relações de dominação ( classe , gênero , raça ) que constituem elementos de estruturação da ordem social por meio da interiorização de hierarquias e normas sociais .

Origem

O conceito de "violência simbólica" foi proposto na década de 1960 por Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron , e mais particularmente conhecido com a publicação de La Reproduction em 1970. O conceito foi inicialmente construído no âmbito da sociologia da educação para conceber a ação educacional como sendo uma "imposição, por um poder arbitrário, de uma arbitrariedade cultural", mas com o tempo ela ocupou um lugar central na obra de Bourdieu e constitui o elemento central de sua sociologia

Referência e notas

  1. ↑ a b c e d Ugo Palheta, "Violência simbólica e resistência popular: uma revisão dos fundamentos teóricos de uma pesquisa", Educação e socialização, vol.37 2015, publicado em 01 de março de 2015, consultado em 15 de janeiro de 2020. DOI online : 10.4000 / edso.1117

O professor Alípio DeSousa Filho explica o conceito desse tipo de violência praticada no campo das ideias e da linguagem que pode causar danos irreparáveis

Quando falamos de violência pensamos em algo físico, mas na coluna dessa semana o professor Alípio DeSousa Filho explica o conceito de violência simbólica. “É a violência que se pratica numa dimensão muitas vezes invisível, no campo das ideias, da linguagem, onde pessoas podem ser submetidas à discriminação, à injúria, à negação de reconhecimento”, resume.

O professor alerta que a violência simbólica é tão violenta quanto a versão física. E traz exemplos de como ela ocorre no cotidiano das pessoas, em suas relações interpessoais e com instituições. O bullyng, o assédio sexual e o assédio moral são citados por DeSousa como tipos de violência simbólica, que é capaz de agir no psicológico, emocional e cognitivo do indivíduo causando danos muitas vezes irreparáveis.

Veja a coluna:

Veja a coluna anterior: Explicações biológicas para fenômenos sociais

Alípio DeSousa Filho

Violência é um daqueles termos que parecem comuns, noticiada, discutida e apontada em todos os lugares, parece-nos tarefa simples identificá-la. No entanto, é impossível negar que nos perdemos em meio a suas várias faces – afinal, é presente desde os altos ramos das discussões políticas até o uso diário do metrô -, de maneira a normalizarmos, constantemente, suas demonstrações diárias. A violência é, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),  “o uso intencional de força física ou poder, ameaçados ou reais, contra si mesmo, contra outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade, que resulte ou tenha grande probabilidade de resultar em ferimento, morte, dano psicológico, mal-desenvolvimento ou privação”. Disso, depreendemos materialmente que violência se dá, simultaneamente, em casos de uso de força física e de uso do poder ou influência para reprimir alguém.

Igualmente categorizada, a violência simbólica abrange, segundo sua conceituação por Pierre Bourdieu, aspectos mais específicos da violência psicológica, aquela relacionada ao uso do poder ou influência. Para o francês, a peça chave para entendermos a violência simbólica é capital simbólico, ligado ao reconhecimento, à honra e ao prestígio. Assim como outros capitais – econômico, social ou cultural -, o capital simbólico é uma ferramenta de influência que pode vir a ser uma forma de dominação, de maneira a apoiar e legitimar discursos de ódio. O capital simbólico é fundamental para compartilhar opiniões e fazê-las serem ouvidas, fornecendo autoridade ao discurso: se uma figura pública ou respeitada  defende ideias preconceituosas, essas ideias acabam se popularizando e se legitimando.

A violência simbólica se concretiza na ocasião de grande diferença entre os capitais simbólicos dos sujeitos, fator que é constantemente ignorado no traçado de relações sociais, culturais e econômicas. Maquinalmente naturalizada, fica cada vez mais difícil reconhecê-la e combatê-la. E, quando menos se espera, surgem piadas e brincadeiras que repetem – na melhor das piores hipóteses, inconscientemente – toda intolerância típica mascarada. A violência simbólica, muitas vezes, está visível debaixo do nosso nariz, mas não é possível percebê-la. Para reconhecê-la, muitas vezes é necessário vivê-la ou, então, despir-se de seu conforto e ouvir um depoimento  de uma fonte diversa, como um amigo ou um bom jornal. Daniel (nome fictício) tem hoje 18 anos de idade, mora no interior de São Paulo, faz teatro e tem o sonho de ser um artista. É homossexual e é constantemente agredido. As coisas mais comuns, como estudar, fazer novos amigos, passear na rua, fazer teatro e até mesmo namorar foram situações que naturalmente geraram, no mínimo, atrito. Sua vida comum é rodeada pelo enfrentamento da sua realidade com a heteronormatividade. De repente, Daniel via sua orientação sexual se tornar “contagiosa”, ou, então, via-se como a “bichona” ou a “mulherzinha”, seu relacionamento tornava-se “sujo” ou “errado” e seu presidente dizia que era assim por falta de porrada. “O preconceito não diminuiu desde que eu me assumi, os mais conservadores continuam me tratando diferente, mas, hoje, estou de bem comigo e já me aceito como sou”, diz Daniel, mostrando que a autoaceitação, por mais que exija grande desconstrução e coragem, é uma arma muito poderosa contra a violência simbólica.

A violência simbólica não deixa marcas físicas e, por isso, muitas pessoas sequer acreditam que ela existe. Um espírito que busca a mudança não pode ser derrotado; a insistência deve ser uma arma forte para combater esses preconceitos.

Qual o conceito de violência simbólica?

O conceito de violência simbólica foi elaborado por Pierre Bourdieu, sociólogo francês, para descrever o processo em que se perpetuam e se impõem determinados valores culturais.

O que é violência simbólica e exemplos?

O bullyng, o assédio sexual e o assédio moral são citados por DeSousa como tipos de violência simbólica, que é capaz de agir no psicológico, emocional e cognitivo do indivíduo causando danos muitas vezes irreparáveis.

O que é violência simbólica na educação?

A violência simbólica pode ser identificada na escola através da imposição de uma cultura escolar própria à classe dominante, que serve para a reprodução das estruturas de poder.

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