O conceito de modernidade surgiu a partir de fenômenos ocorridos nos século XVIII, como Iluminismo, Revolução Industrial e Revolução Francesa. A partir desse momento, a racionalidade tornou-se a principal forma de conceber o mundo. Entenda! Show
Nesta aula estudaremos por que o Humanismo dos séculos XIV e XVI, e o Iluminismo do século XVIII são considerados momentos iniciais de construção de uma nova proposta civilizatória denominada modernidade. O que é modernidadeModernidade é uma daquelas palavras que estão presentes em nosso cotidiano. Mas, ainda assim, parece difícil de definir, não é mesmo? Na linguagem que usamos em nosso dia-a-dia, falar em modernidade pode significar tanto uma marcação temporal para se referir a algo contemporâneo, assim como pode ser utilizado para se referir a uma novidade, por exemplo. Outro uso comum da palavra modernidade, assim como tudo o que é considerado moderno, é seu vínculo com a ciência e a tecnologia. De maneira geral, estes termos são usados como oposição àquilo que é antigo, atrasado ou arcaico. Já na escola, aprendemos sobre a modernidade como um período histórico no qual diversas e importantes mudanças ocorreram em diversos âmbitos da vida. Modernidade na SociologiaNa Sociologia, por sua vez, o conceito de modernidade é central. A Sociologia como ciência surge justamente para analisar e explicar a sociedade moderna que se formava. O início da modernidade, no entanto, muitas vezes gera embates dentro da própria disciplina. A versão amplamente difundida indica que a modernidade teve seu início a partir da Revolução Industrial, da Revolução Francesa e a ascensão do Iluminismo, no século XVIII. Por outro lado, há quem indique que a modernidade e a racionalidade que lhe é característica iniciam com o movimento Renascentista e o pensamento Humanista dos séculos XIV e XVI. Esses fenômenos favoreceram acontecimentos como as chamadas Grandes Navegações do século XVI que, por sua vez, permitiram criar e reforçar ideias que garantiam a autoafirmação da própria ideia de modernidade. Como veremos a seguir, esses momentos históricos têm relação entre si, além de comporem a mudança de perspectiva e visão de mundo característicos do pensamento moderno. Este pensamento, por sua vez, alterou consideravelmente – e de diferentes maneiras – o princípio de realidade social, cultural, econômica vigentes em diversos locais e para diferentes grupos e sociedades. Muitas vezes, quando o estudo em questão envolve a temática da modernidade, a impressão é de que foi um processo uniforme e natural em diversos locais. No entanto, é fundamental considerar que, ao contrário, este foi um processo heterogêneo e violento para/com aqueles que diferiam do modelo ideal almejado pelo projeto da modernidade. História e modernidadeSe antes muitas sociedades eram teocêntricas, ou seja, tinham deus como centro de todas as explicações, a partir do surgimento do pensamento Humanista ocorre a ascensão do antropocentrismo. Dessa forma, o ser humano e suas ações passam a ser o centro de explicação. Sendo assim, a ideia do ser humano como centro vêm à tona quando a igreja e as explicações religiosas sobre o mundo e sobre a vida começam a perder força. O crescimento deste movimento é associado ao período chamado de Renascimento, que ocorreu inicialmente na Itália, em meados do século XIV e no século XVI. Isso significa dizer que, se antes o conhecimento era controlado pela igreja católica, a partir de então ele passa a ser produzido pelos seres humanos de forma “autônoma” e sob critérios racionais, ou seja, a partir do princípio da razão. Assim, a mudança de posição ocupada pelo ser humano no mundo modifica completamente sua relação para/com a produção de conhecimento acerca deste mundo. Pensadores modernosA perspectiva racionalista, portanto, enfatizava o papel da razão no processo do conhecimento. Um dos principais expoentes desta corrente é René Descartes e seu pensamento cartesiano, conhecido como pai do racionalismo moderno. Ao mesmo tempo, outra importante corrente que se desdobra deste processo: o empirismo. Este, por sua vez, traz à tona o papel da experiência no processo do conhecimento. Perspectivas como essa favoreceram a elaboração e a ascensão do conhecimento científico. Além disso, pautaram acontecimentos históricos que buscavam justamente trazer à tona o pensamento racional como principal forma de conceber o mundo. O sociólogo alemão Max Weber destaca esse momento de transformação da sociedade em seu referenciado livro “A ética protestante e o espírito do capitalismo”. Nessa obra, ele destaca que a Reforma Protestante (de 1517) foi elementar no que diz respeito ao rompimento dos laços entre tradição e religião. Esse rompimento, por sua vez, inaugurou a racionalização (desencantamento do mundo) e, portanto, a idade moderna. Além disso, Weber indica como a ascese protestante foi fundamental para o estabelecimento do capitalismo. A modernidade e as revoluçõesO paradigma de racionalidade que iniciou neste período pautou-se em uma razão que não apenas rompia com as crenças e superstições, como também com qualquer tipo de autoridade, tanto religiosa como política. Isso porque o fundamento da razão deveria ser única e exclusivamente o próprio pensamento racional. Essa nova racionalidade insurgente favoreceu importantes acontecimentos. A ascensão da burguesia e a consequente revolução comercial e industrial é uma delas, uma vez que geraram grandes mudanças econômicas e possibilitaram a substituição da economia agrária vigente até então por uma economia capitalista. Outro acontecimento fundamental foi a Revolução Francesa de 1789 que, além de trazer o ideal democrático como modelo político, alterou o entendimento acerca da cidadania a partir do lema de “liberdade, igualdade e fraternidade” e, dessa forma, suscitou uma nova forma de organizar o poder. Além dessas significativas mudanças de cunho econômico e político, os desdobramentos desta racionalidade que se configurava refletiam em uma nova forma de pensar e entender o mundo. Essa, por sua vez, gerou uma grande transformação no âmbito cultural da sociedade moderna em formação. IluminismoAinda que o pensamento moderno tenha começado a se delinear ao longo do Renascimento e, a partir dele, importantes acontecimentos históricos – como os citados acima – tenham marcado o que ficou conhecido como Idade Moderna, foi com o chamado Iluminismo do século XVIII que modernidade atingiu seu auge. Para falar em Iluminismo é necessário lembrar que este foi um movimento de cunho sobretudo intelectual cujo intuito era compreender e organizar o mundo a partir do pensamento racional. O movimento iluminista, de certa forma, agregou a ideia da potencialidade da razão humana e do empirismo ao legado do antropocentrismo (“homem no centro”) deixado pelo Renascimento. O Iluminismo ressalta o conhecimento científico como o mais importante e legítimo de ser considerado e perpetuado – em detrimento de todos os outros. Além disso, evidencia os valores democráticos suscitados pela Revolução Francesa e a economia industrial e capitalista como modelos ideais a serem seguidos. Isso significa dizer que os grupos e sociedades que não se adequam a tais modelos foram – e ainda são – considerados inferiores e atrasados (ou seja, não-modernos). A modernidade como processo civilizatórioA modernidade foi concebida e iniciada em locais e por grupos específicos (isto é, em determinados países da Europa como Itália, França, Inglaterra, Alemanha). Além disso, foi utilizada como critério de referência para comparação e justificativa para a hierarquização e subalternização de povos, grupos e etnias. É sob este ponto de vista que é fundamental considerarmos que a modernidade deve ser vista como um projeto civilizatório. Além disso, importante destacar que o projeto civilizatório da modernidade foi (e ainda é) imposto de forma violenta aos povos, grupos e etnias que não partilhavam deste. Em suma, podemos dizer que a experiência da modernidade não foi harmônica e nem homogênea, uma vez que foi/é experienciada e vivida de diferentes formas pelos grupos sociais. Na medida em que um determinado grupo se afasta do modelo considerado ideal pelos padrões estabelecidos pela modernidade, tende a ser considerado ultrapassado ou arcaico e, portanto, inferior. VideoaulaPara finalizar seus estudos, assista a esta videoaula com o professor Filipe Ferrari do Canal Vestibulex e, em seguida, resolva os exercícios: Exercícios1- (UECE/2019)Johannes Hessen afirma, sobre o empirismo e o racionalismo na modernidade, que “quem enxerga no pensamento humano, na razão, o único fundamento do conhecimento, está convencido da independência e especificidade psicológica do processo de pensamento. Por outro lado, quem fundamenta todo conhecimento na experiência negará independência, mesmo sob o aspecto psicológico, ao pensamento”. HESSEN, J. Teoria do conhecimento. Trad. João Vergílio Gallerani Cuter. São Paulo: Martins Fontes, 2012, p. 48. Relacione empirismo e racionalismo à descrição apresentada por Hessen e assinale a afirmação verdadeira. a) Racionalista é quem entende que o conhecimento depende psicologicamente de fatos extra mentais. b) Empiristas fundamentam todo seu conhecimento na capacidade da razão humana. c) Empirista baseia o conhecimento na experiência e o racionalista entende que a razão é o fundamento do conhecimento. d) Racionalista baseia o conhecimento na experiência e o empirista entende que a razão é o fundamento do conhecimento. 2- (UECE/2019)“[É] uma coisa bem notável que não haja homens […] que não sejam capazes de arranjar em conjunto diversas palavras e de compô-las num discurso pelo qual façam entender seus pensamentos; […] os homens que, tendo nascido surdos e mudos, são desprovidos dos órgãos que servem aos outros para falar, […] costumam inventar eles próprios alguns sinais, pelos quais se fazem entender por quem, estando comumente com eles, disponha de lazer para aprender a sua língua.” DESCARTES, R. Discurso do método, V. A passagem acima informa sobre a relação entre pensamento e linguagem no racionalismo moderno. Sobre essa relação, pode-se afirmar corretamente que a) a linguagem, quer seja sonora quer seja em sinais, tem a função de fazer o pensamento ser entendido pelos outros. b) a capacidade de produzir discursos, isto é, a linguagem, é o que permite aos homens ter pensamentos. c) o entendimento entre homens se dá através da linguagem, que, todavia, é anterior ao pensamento. d) o pensamento existe independentemente do discurso e, como ocorre entre surdos e mudos, não precisa ser entendido. 3- (UECE/2019)Considerando o contexto histórico do surgimento da Sociologia, assinale a afirmação verdadeira. a) A Sociologia surge no século XVI em decorrência direta das mudanças trazidas pelo desenvolvimento das grandes navegações. b) A Sociologia surge a partir da Revolução Russa, no ano de 1917. c) A Sociologia resulta dos estudos sobre o modo de produção desenvolvido na Ásia. d) É no século XIX, já com a consolidação do sistema capitalista na Europa, que se encontra a herança intelectual mais próxima da Sociologia como ciência particular. 4- (UEG GO/2018) O surgimento do pensamento moderno se dá com a mudança de paradigma. Enquanto os medievais trabalharam a filosofia a partir do teocentrismo, os modernos trabalharam a filosofia a partir do antropocentrismo; os primeiros, seguindo os gregos, se interessaram pelo ser e sua contemplação, ao passo que os segundos, ao se voltarem para o homem, se preocuparam com o conhecimento e a questão do método. Assim, nota-se que a filosofia greco-medieval tinha uma preocupação ontológica, e a filosofia moderna, gnoseológica. Frente ao exposto, verifica-se que as principais tendências em explicar o conhecimento na modernidade foram a) idealismo e criticismo. b) criticismo e positivismo. c) marxismo e positivismo. d) racionalismo e empirismo. e) racionalismo e intuicionismo. Gabarito:
Sobre o(a) autor(a):O texto acima foi escrito por Natália Lima para o Curso Enem Gratuito. Natália é formada em Ciência Sociais pela Universidade Federal de Santa Catarina, e mestre em Sociologia Política pela mesma instituição. Atualmente, trabalha como professora de Sociologia na rede estadual de educação. Compartilhe:Quais os principais acontecimentos históricos que caracterizaram o período moderno?Principais acontecimentos na Idade Moderna. Revolução Francesa;. Iluminismo;. Grandes Navegações;. Reforma Protestante;. Absolutismo.. O que foi a modernidade e quais os fatos transformações caracterizaram este período histórico?Além das revoluções políticas e sociais, o momento registrou acontecimentos marcantes como: o desenvolvimento da ciência, os avanços da cartografia e produção de mapas que possibilitaram viagens mais rápidas, a secularização das políticas civis e o surgimento dos estados-nação.
O que foi o período da modernidade?Já sabemos que a Idade Moderna é um período da história que se estendeu de 1453 a 1789, segundo a periodização tradicional. Os marcos utilizados para o início e o fim desse período são: Conquista de Constantinopla pelos otomanos, em 1453; Tomada de Bastilha, evento que inaugurou a Revolução Francesa, em 1789.
Quais os principais acontecimentos históricos que caracterizaram o período moderno apresente em tópicos as respostas?Com finalidade didática, alguns historiadores convencionaram denominar de Idade Moderna o período histórico que começou com a Queda do Império Bizantino, em 1453, derrubado pelos turcos-otomanos, e terminou com a Revolução Francesa, em 1789.
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