O amor é fogo que arde

O poema O amor é um fogo que arde sem se ver, de Luís de Camões, faz parte da lírica clássica do autor, a medida nova.

Neste poema, Camões procurou conceituar a natureza contraditória do amor. Não é um tema novo. Já na Antigüidade, o amor era visto como uma espécie de cegueira, uma doença da razão, uma enfermidade de conseqüências às vezes devastadoras. Nas cantigas de amor medievais, os trovadores exprimiam seu sofrimento, a coita, provocada pela desorientação das reações do artista diante de sua Senhora, de sua Dona.

Petrarca e os poetas do dolce stil nuovo privilegiaram, na Renascença italiana, o tema do desencontro amoroso, das contradições entre o amar e o querer e do sofrimento dos amantes e apaixonados.

O poeta buscou analisar o sentimento amoroso racionalmente, por meio de uma operação de fundo intelectual, racional, valendo-se de raciocínios próximos da lógica formal. Mas como o amor é um sentimento vago, imensurável, Camões acabou por concluir pela ineficácia de sua análise, desembocando no paradoxo do último verso. O sentir e o pensar são movimentos antagônicos: o sentir deseja e o pensar limita, e, como o poeta não podia separar aquilo que sentia daquilo que pensava, o resultado, na prática textual, só podia ser o acúmulo de contradições e paradoxos. Essa feição contraditória e o jogo de oposições aproximam Camões do Maneirismo e, no limite, do Barroco.

Leia o poema:

QUARTETOS 1. Amor é um fogo que arde sem se ver,
2. É ferida que dói e não se sente;
3. É um contentamento descontente;
4. É dor que desatina sem doer.

5. É um não querer mais que bem querer;
6. É um andar solitário entre a gente;
7. É nunca contentar-se de contente;
8. É um cuidar que ganha em se perder.


TERCETOS

9. É querer estar preso por vontade;
10. É servir a quem vence, o vencedor;
11. É ter com quem nos mata lealdade.

12. Mas como causar pode seu favor
13. Nos corações humanos amizade,
14. Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Os versos têm estrutura bimembre e contêm afirmativas que se repartem em enunciados contrários (antitéticos). Essas oposições simetricamente dispostas nos versos, acumulam-se em forma de gradação (clímax), para desembocar na desconcertante interrogação/conclusão do último verso sobre os efeitos do amor. As contradições, por vezes, são aparentes porque o segundo membro do verso funciona como complemento do primeiro, especificando-o e tornando-o ainda mais expressivo, quando confronta duas realidades diversas: uma sensível (“ferida que dói”) e uma espiritual, que transcende a primeira (“e não se sente”).

É o caso do 1º, 2º, 4º e 5º versos. No 1º verso, por exemplo, o segundo membro (“sem se ver” significa interiormente;) no 2º verso, o Amor “é ferida que dói (exteriormente) e não se sente” (interiormente); no 4º verso, o Amor “é dor que desatina (exteriormente) “sem doer” (interiormente) e, no 5º verso, a noção é a de que não é possível querer mais, de tanto que se quer, de tanto que se ama. Mesmo que se tome o referencial fogo como elemento de contraste entre os dois membros desses versos, este mesmo fogo, contraditoriamente, “arde sem se ver”.

A reiteração do verbo ser (“É”) no início dos versos, do 2º ao 11º, configura uma sucessão de anáforas, uma cadeia anafórica. O soneto inicia-se e termina com a mesma palavra – Amor -, sentimento contraditório, que é o tema da composição.

Quanto à métrica, os versos são decassílabos (dez sílabas poéticas), com predomínio dos decassílabos heróicos, nos quais a sexta e a décima sílabas são sempre tônicas.

Índice:

  1. Qual o significado de amor é fogo que arde sem se ver?
  2. Por que o amor é fogo?
  3. Qual é a visão de Camões sobre o amor?
  4. É ferida que dói e não se sente é um contentamento descontente é dor que desatina sem doer figura de linguagem?
  5. É ferida que dói e não se sente é um contentamento descontente paradoxo?
  6. É ferida que dói e não se sente figura de linguagem?
  7. Porque o amor é um contentamento descontente?
  8. Qual é o amor que arde sem se ver?
  9. Por que o amor Nunca Morre?
  10. Por que o amor é atitude?

Qual o significado de amor é fogo que arde sem se ver?

O poeta buscou analisar o sentimento amoroso racionalmente, por meio de uma operação de fundo intelectual, racional, valendo-se de raciocínios próximos da lógica formal. ...

Por que o amor é fogo?

Amor é um fogo que arde sem se ver, É ferida que dói, e não se sente; É um contentamento descontente, É dor que desatina sem doer.

Qual é a visão de Camões sobre o amor?

O amor de Camões “é um não querer mais que bem querer”, é um amor que ultrapassa e suplanta o indivíduo. É altivo, soberbo, como se o amante quisera reduzido. Quer vingança. E, em querer-se vingado - lhe roga o poeta -, contente-se com as lágrimas que chora.

É ferida que dói e não se sente é um contentamento descontente é dor que desatina sem doer figura de linguagem?

Paradoxo ou oximoro: Aquelas ideias que são incompatíveis, mas que às vezes tornam-se belos poemas como os de Camões em Os Lusíadas: “Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer […]”.

É ferida que dói e não se sente é um contentamento descontente paradoxo?

Camões, no conhecido soneto em que tenta definir o amor, enreda-se em uma seqüência de paradoxos: "Amor é fogo que arde sem se ver/ É ferida que dói e não se sente/ É um contentamento descontente/ É dor que desatina sem doer".

É ferida que dói e não se sente figura de linguagem?

Paradoxo ou oximoro: “Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer […]”.

Porque o amor é um contentamento descontente?

Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói, e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer.

Qual é o amor que arde sem se ver?

  • Amor é fogo que arde sem se ver é um soneto de Luís Vaz de Camões (1524-1580), grande escritor português, autor de Os Lusíadas (maior poema épico da língua portuguesa). Camões nasceu em 1524 e morreu em 1580, provavelmente, em Lisboa.

Por que o amor Nunca Morre?

  • Por que "amizade é o amor que nunca morre", como lindamente destacou meu xará, o Quintana. Por fim, acredito que o uso da expressão Amor, em pouco tempo, não deve ser amor: é apenas modismo. Porque Amar, em algumas ocasiões, sim, é moda. O amor é singular, é flor com pétalas e espinhos. Amor é atitude, não somente palavras que o vento leva.

Por que o amor é atitude?

  • Amor é atitude, não somente palavras que o vento leva. O amor é saboroso em dedicação, como a abelha que se entrega completamente para produzir o mel. É como a chuva que acalma o sertanejo à espera da água. É como criança chorando por um carinho, ao sentir medo da noite. O amor é o tempo, mantendo o céu aberto para contemplarmos as estrelas.

De quem é a frase O amor é fogo que arde?

Amor é fogo que arde sem se ver é um soneto de Luís Vaz de Camões (1524-1580), um dos maiores escritores portugueses de todos os tempos. O famoso poema foi publicado na segunda edição da obra Rimas, lançada em 1598.

Porque o amor é como fogo?

Amor é um fogo que arde sem se ver, É ferida que dói, e não se sente; É um contentamento descontente, É dor que desatina sem doer.

Por que o amor arde e dói?

Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer; É um andar solitário entre a gente; É nunca contentar-se de contente; É um cuidar que se ganha em se perder.

Qual é a visão de Camões sobre o amor?

Para Camões o amor é “um fogo que arde sem se ver”, e, por isso mesmo, deve ser pensado antes de ser sentido. Segundo o próprio poeta, o amor “é ferida que dói, e não se sente. É um contentamento descontente. É dor que desatina sem doer.

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