Ética segundo São Tomás de Aquino

A ética segundo s. tomás de aquino o mal e o bem o mal é a ausência do bem, isto é, o mal não é substancial. neste aspecto, s. tomás de aquino segue s. agostinho na teoria da não-substancialidade do mal, em confronto

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A Ética segundo S. Tomás de Aquino
O Mal e o Bem
O mal é a ausência do bem, isto é, o mal não é substancial. Neste aspecto, S. Tomás de Aquino segue S. Agostinho na teoria da não-substancialidade do mal, em confronto com as ideias de Mani (maniqueísmo). Também esta ideia é-me agradável; o mal não é intrínseco ao ser humano senão na sua condição de ignorância ou ausência de sabedoria, da mesma forma que o mal é a ausência do bem.
S. Tomás de Aquino existem duas espécies de “mal”: a “pena” e a “culpa”. A “pena” tem em Aquino um significado parecido no Budismo com o de Kharma; a “pena” é a deficiência da forma ou de uma das suas partes, necessária para a integridade de algo. A “culpa” é, dos males, o maior ― que a providência tenta corrigir ou eliminar com a “pena”. Para S. Tomás de Aquino, só lhe faltava reconhecer a reencarnação para transformar a “pena” em Kharma e a “culpa” em Samsara.
Para S. Tomás de Aquino, a “culpa” é o acto humano de escolha deliberada do mal; a “culpa” não é inconsciente: o ser humano com culpa sabe que a tem, através da “consciência”. Contudo, o ser humano é dotado de capacidade para distinguir o Bem, e naturalmente tende para ele; assim como o ser humano tem uma aptidão natural para entender os princípios da ciência, essa mesma aptidão serve também para o ser humano entender os princípios práticos dos quais dependem as boas acções. Através da sínderese ― que é exactamente essa aptidão prática que permite ao Homem distinguir o Bem — o ser humano tende a rejeitar a ausência de Bem.
Ao contrário do que defende o naturalismo ateísta contemporâneo, S. Tomás de Aquino distingue a liberdade do ser humano da falta de liberdade do resto da natureza. As potências naturais (as faculdades naturais) não têm possibilidade de escolha nem têm liberdade; agem de um modo constante e infalível como agem os agentes que a Física ou a Química observam. Contudo, as potências racionais podem agir em vários sentidos segundo livre escolha. O habitus, segundo

Sendo assim, Santo Tomás de Aquino diz que a razão é orientadora da lei, desde que seja proveniente de Deus. Estas leis são divididas em três:

– A Lei Eterna: Feita por Deus;

– A Lei Natural: Feita por Deus e imutável, subordinada a lei eterna e em função do Homem e;

– A Lei Temporal: que é mortal, mutável e contingente.

A lei (temporal) deverá ser racional, relacionada à capacidade de criar regras e raciocínios e, deverão ser aplicados ao todo. Afirma que há a necessidade de haver a lei eterna para que o homem atinja o seu fim último, pois sua lei é limitada. O objetivo da lei é tomar os homens bons e por conseqüência deverá ser universal e baseada naquilo que é universal, ou seja, baseada na lei eterna.

O monge dominicano afirma que o rei como o representante da lei, deverá ser como um temperante sacerdote do Criador, Isto é, sua lei estará baseada na fé e logo, em comunhão com ela.

Segundo Tomás de Aquino, a ética consiste em agir de acordo com a natureza racional. Todo o homem é dotado de livre-arbítrio, orientado pela consciência e tem uma capacidade inata de captar, intuitivamente, os ditames da ordem moral. O primeiro postulado da ordem moral é: faz o bem e evita o mal.

Há uma Lei Divina, revelada por Deus aos homens, que consiste nos Dez Mandamentos.

Há uma Lei Eterna, que é o plano racional de Deus que ordena todo o universo e uma Lei Natural, que é conceituada como a participação da Lei Eterna na criatura racional, ou seja, aquilo que o homem é levado a fazer pela sua natureza racional.

A Lei Positiva é a lei feita pelo homem, de modo a possibilitar uma vida em sociedade. Esta subordina-se à Lei Natural, não podendo contrariá-la sob pena de se tornar uma lei injusta; não há a obrigação de obedecer à lei injusta (este é o fundamento objectivo e racional da verdadeira objecção de consciência).

A Justiça consiste na disposição constante da vontade em dar a cada um o que é seu - suum cuique tribuere - e classifica-se como comutativa, distributiva e legal, conforme se faça entre iguais, do soberano para os súbditos e destes para com aquele, respectivamente.

HEINEMANN, Uta Ranke, Eunucos Pelo Reino de Deus, Mulheres Sexualidade e a Igreja Católica, Editora Rosa dos Tempos, 2a Edição, 1996.

LEHMANM, Paul L., La Ética En El Contexto Cristiano, Editorial Alla, Montevideo, Uruguay.

MACQUARRIE, John , e James F. Childres, The Westminster Dictionary of Christian Ethics, The Westminster Press, Philadelphia, 1986, EUA.

RAI, Scott B., Moral Choices and Introduction to Ethics, Zondervan Publishing House, 1995.

Ética segundo São Tomás de Aquino

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Publicado

2005-03-13

Como Citar

Rezende, M. P. (2005). A ética de São Tomás de Aquino e a bíblia. Kerygma, 1(1), 57. Recuperado de https://revistas.unasp.edu.br/kerygma/article/view/357

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Edição

v. 1 n. 1 (2005)

Seção

Jornada Bíblico Teológica

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O que é ética para Tomás de Aquino?

A ética construída por Tomás de Aquino está fundamentada no pensamento metafísico. Para ele, como para toda tradição clássica, a Ética tem como fundamento necessário uma metafísica, e a estrutura inteligível do agir humano repousa na continuidade entre o especulativo e o prático.

Qual a teoria filosófica de Tomás de Aquino?

A teoria principal de Santo Tomás de Aquino era a confiança na razão e nos sentidos para alcançar a compreensão da realidade. Devido a essa ideia, Chesterton chamou a filosofia tomista de filosofia do senso comum.

Quais os cinco argumentos de Tomás de Aquino?

Santo Tomás de Aquino demonstra a existência de Deus de cinco maneiras, que são conhecidas como cinco vias..
Pelo movimento..
Pela causa eficiente..
Pelo possível e pelo necessário..
Pelos graus da perfeição..
Pelo governo do mundo..
Pela ontologia..
Pela contingência dos entes..

Em que sentido a ética de São Tomás de Aquino pode ser considerada racionalista?

A alma humana é subsistente, imortal e única, e por isso, o homem tende naturalmente para Deus. A ética tomista é precisamente concentrada neste movimento, que é considerado natural e racional, do ser para Deus, culminando na visão ou contemplação imediata do criador.