Como ser um desenvolvedor full stack

Atualmente a demanda por profissionais multidisciplinares é evidente em todas as áreas de Comunicação e TI. Em desenvolvimento, especificamente, o Desenvolvedor Full Stack tem se destacado por ser o “canivete suíço”. Ele atua tanto em Front-end quanto em Back-end. É o profissional que consegue receber, entender e entregar um projeto completo.

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É quem deve conhecer todos os processos para servir pontualmente e acompanhar a execução do projeto do início ao fim. Agências digitais e empresas que têm um produto relacionado à tecnologia estão ávidos por esse tipo de profissional.

Além do conhecimento técnico, é importante ter habilidades pessoais para conseguir trabalhar sob pressão e ter o entendimento de que a função exige constante atualização. Para André Gumieri, Gerente de TI da Elo Digital, é importante também ter muito senso crítico. “Ele precisa olhar seu código e entender quando pode melhorar e otimizar na próxima vez”, explica.

Como na maioria das funções da área, o Desenvolvedor Full Stack precisa ter iniciativa e ser autodidata. Felipe Medina, Web Developer Sênior na Huge, acredita que a graduação não é o principal aspecto do desenvolvimento web como um todo. “Não temos no Brasil (e muito pouco no mundo) boas formações específicas. Os melhores profissionais com os quais já trabalhei não possuem formação na área ou não possuem graduação alguma”, conta.

O QUE FAZ?

Paulo Barroso, CEO da agência full service namBBU, define que o Desenvolvedor Full Stack atua em back-end (servidor, banco de dados, modelagem, programação, estruturação de dados e implementação) e front-end (interface, UX, corte).

Com isso, a gama de conhecimento é bastante variada. Medina enumera: “Tem que sujar as mãos em todas as camadas, usar o terminal, saber de servidor, entender como funciona a nuvem, saber montar uma boa base de dados, de versionamento, de cacheamento e ser craque na produção de peças digitais. Ou seja: até com o Photoshop, para uma correta construção de biblioteca de assets, o Full Stack deve se virar bem”.

QUANTO GANHA UM DESENVOLVEDOR FULL STACK?

Conforme os dados de oportunidades em que a faixa salarial foi divulgada no trampos.co, os salários variam de R$ 4.000 a R$ 8.000. Estágios na área podem chegar a R$ 2.000. Em grandes empresas nacionais e internacionais, profissionais de nível Sênior podem receber remunerações de até R$20.000.

 

PERFIL E CARACTERÍSTICAS DO PROFISSIONAL

Para Medina, esse profissional tem que estar atento às mais recentes práticas de toda a cadeia de desenvolvimento. “Procuro sempre por profissionais comprometidos com a promoção do próprio conhecimento. Uma pessoa em constante adaptação aos cenários mais diversos e que encontre alternativas a qualquer bomba que se jogue na mão dele”, explica.

Gumieri acrescenta que a lógica de programação é importante para garantir entrega independente de ferramenta, library ou linguagem. Por isso, os recrutadores costumam avaliar no momento da contratação de novos colaboradores a já citada multidisciplinaridade e a capacidade de entender os processos de maneira integral.

Somos autodidatas, somos criativos, somos interessados em ir além da sala de aula para produzir mais riqueza do que conhecimento acadêmico.
Felipe Medina

 

MERCADO DE TRABALHO

O problema da mão de obra qualificada no Brasil e em outros países, como Estados Unidos e Inglaterra, afeta diretamente o mercado de trabalho, que encontra dificuldades para encontrar candidatos dentro desse perfil.

O CEO da namBBU aponta que uma grande armadilha para o desenvolvedor full stack que anseia a posição é a busca pela amplitude de conhecimentos sem uma definição clara dos pontos de aprofundamento. “Esses pontos serão os elementos que irão determinar a atuação do profissional em um setor ou segmento”, diz. A multidisciplina, portanto, não significa saber de tudo sem aprofundar-se em um determinado conhecimento.

Como ser um desenvolvedor full stack

Equipe da namBBU é especializada no desenvolvimento de sites em WordPress | Foto: divulgação

Confira as respostas dos profissionais que atuam como Full Stack ou gerenciam colaboradores nessa área:

1. Além das questões técnicas, quais são as habilidades comportamentais esperadas?

Felipe Medina | Huge: Curiosidade. Um Full Stack tem que estar sempre curioso, não é um profissional acomodado, deve estar sempre interessado em aprender mais com os outros a sua volta. Por ser múltiplo, não pode endereçar toda a sua atenção a um determinado assunto, tem que saber a hora de parar uma determinada especialização e partir pra outra, então requer paciência e bom controle de foco.

Paulo Barroso | namBBU: Sede por conhecimento e a capacidade de entender diferentes ambientes profissionais. Não dá para ser um desenvolvedor full stack sem gostar dessas duas coisas. As agências de comunicação e fábricas de software no Brasil trabalham muito de uma maneira linear, seguindo um modelo de linha produção – na ideia da revolução industrial – onde o produto passa por diferentes setores e especialidades até ser concluído. O que estamos enxergando no mercado de desenvolvimento atual são novas combinações menos lineares. Times mais enxutos e que concentram mais conhecimento e interdisciplinaridade.

André Gumieri | Elo Digital: Comprometimento acima de tudo.

2. Esse profissional também deve entender da regra do negócio para sugerir tecnologias?

Felipe Medina | Huge: Claro. O desenvolvedor full stack é quem entende toda a estrutura de desenvolvimento. Ele deve ser o primeiro a sinalizar um possível problema ou a trazer a solução mais adequada. Esse profissional plana sobre múltiplos projetos, apoiando pontualmente cada um deles, sugerindo soluções, protegendo o produto e processos, e dedicando uma parte do tempo a apagar incêndios. Deve estar atento a novos projetos e produtos. Deve participar ativamente do dia-a-dia da agência e se relacionar bem com o time. Só dessa forma poderá ser um ponto focal da área de desenvolvimento como um todo.

Paulo Barroso | namBBU: Por ser um colaborador interdisciplinar, ele vai naturalmente buscar entender a regra do negócio da empresa, mas acreditamos que isso não seja diretamente uma responsabilidade desse profissional. Na agência namBBU especificamente, somos especializados no desenvolvimento de websites em WordPress. A rotina dos Desenvolvedores Full Stack cobre tudo o que diz respeito ao desenvolvimento e implementação do projeto, a partir de um layout ou wireframe até a publicação final do website.

André Gumieri | Elo Digital: Sim. Qualquer profissional deve entender o negócio ao qual ele está inserido para que ele possa se destacar e crescer. Na minha equipe, todos os profissionais são incentivados a trazer ideias novas para melhoria geral do nosso processo de trabalho. Foi assim que iniciamos o uso de tecnologias que hoje são fundamentais para nosso dia a dia.

 

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