Como era o cotidiano das embarcações durante as grandes navegações?

  AS EMBARCAÇÕES

   O desenvolvimento das embarcações e a descoberta de novas técnicas de navegação tornaram possível aos seres humanos atravessar rios, mares e oceanos, vencendo longas distâncias.

   Das canoas de madeira às grandes embarcações, como os transatlânticos, houve muitos progressos.

                        AS CANOAS E OS BARCOS A VELA

   As canoas são consideradas as primeiras embarcações utilizadas para o transporte de pessoas e de carga. Aproveitando a correnteza da água ou usando remos, os navegadores moviam as canoas, percorrendo pequenas distâncias.

Como era o cotidiano das embarcações durante as grandes navegações?

   Com o tempo, foram inventados os barcos a vela, que se moviam impulsionados pela força do vento. A utilização dos barcos a vela tornou possível navegar distâncias maiores do que aquelas percorridas pelos barcos a remo.

              AS CARAVELAS

   O aperfeiçoamento dos barcos a vela deu origem às caravelas. Elas foram inventadas pelos portugueses há cerca de 600 anos.

    As caravelas eram embarcações mais ágeis e velozes, e possibilitaram a realização de grandes viagens marítimas. Foi a bordo de uma caravela que Pedro Álvares Cabral chegou às terras que atualmente formam o Brasil.

                       AS EMBARCAÇÕES ATUAIS

   Depois dos primeiros barcos a vapor, que surgiram há cerca de 200 anos, muitas embarcações começaram a utilizar motores movidos a diesel, um óleo combustível. Além disso, modernas turbinas a vapor foram desenvolvidas para mover grandes navios. As viagens tornaram-se, então, mais rápidas. 

Como era o cotidiano das embarcações durante as grandes navegações?

Atualmente, os navios de carga transportam uma grande quantidade dos mais variados produtos, desde alimentos perecíveis até automóveis e petróleos.

   Existem também os transatlânticos, que navegam nos oceanos e se destinam ao transporte de muitos passageiros.

O cotidiano à bordo. Como navegavam os viajantes das grandes navegações.

Como era o cotidiano das embarcações durante as grandes navegações?
Imagem: Ilustração Nau Flor de La Mar

O cotidiano a bordo das naus era complicado, geralmente faltavam alimentos e água. Devido às condições de higiene, era fácil a propagação de doenças infectocontagiosas transmitidas por ratos e baratas.

As condições das acomodações para os tripulantes também eram grandes problemas, pois havia uma hierarquia dentro das embarcações que favorecia os oficiais e os nobres com os melhores leitos, deixando os piores para os trabalhadores comuns, os marinheiros com cargos de "menos importância" e grumetes.

Apesar de serem grandes, as naus andavam sempre carregadas, não sobrando espaço para muitos mantimentos, nem para acomodações melhores para os tripulantes.

A fome causa muitos danos ao ser humano, principalmente quando este esta sob a pressão de dias sem alimento, não suportando a vontade de ingerir algo que possa nutri-lo. Em tal situação, as pessoas comiam muitas coisas que um humano em outras ocasiões teria repúdio, a falta de técnicas para conservar os alimentos e a falta de cuidados, acelerava o processo de putrefação da comida, levando os navegantes a comerem muitos alimentos em péssimas condições, e até em caso de escassez total do gênero a ingestão de solas de sapatos, comidas com vermes, assim como de carne humana em casos extremos de fome, cujos navegantes comiam os que tinham morrido de desnutrição obviamente tentando sobreviver e no consumo de ratos que se proliferavam nos porões dos navios.

O armazenamento de água era precário de forma que, o estoque era rapidamente consumido, além do problema da água ser pouca devido à falta de espaço, as condições de higiene e manuseio da mesma eram péssimas tornando um produto de baixíssima qualidade para consumo, mas de muito valor dentre os tripulantes que sofriam com a falta de líquido. A tripulação contava com a possibilidade de abastecer nos entrepostos, mas nem sempre era possível chegar neles.

Outro grande problema da época era o aparecimento de pulgas e piolhos, até mesmo de percevejos, devido às condições de limpeza do corpo e a dificuldade de se higienizar a bordo, já que água doce era um item muito importante para ser consumido com a limpeza pessoal.

Os estupros e atos contra a “natureza” eram frequentes a bordo das naus sendo de praxe o estupro em grupo, pois a lei européia absolvia os praticantes por falta de um culpado, isso servia para alimentar a cumplicidade entre os marinheiros, o sexo em terra era visto como um tabu, mas em alto mar tomava um ar libertino de forma que as mulheres que transitavam pelas naus quase sempre eram alvos desses tipos de atitudes.

Até a Inquisição era branda quando o assunto era dessa natureza, tolerando e absolvendo os culpados quando eles eram descobertos. As vítimas, mulheres sozinhas órfãs e freiras na maioria não delatavam que haviam sofrido esse tipo de violência por medo de perder o status.

Os problemas de uma embarcação não paravam por ai, havia outro crítico, que era como fazer com a disciplina a bordo. O que fazer com aqueles que não obedeciam, ou que se rebelavam contra seus capitães, a justiça quase sempre a bordo não existia, gerando motins contra os nobres e capitães. Os marinheiros não contentes com as suas condições, pressionados pelas privações do mar e pela disciplina militar exigida pelos seus oficiais, se amotinavam.

Algumas pessoas embarcavam nas naus para se vingar de alguém por quem tinha desafeto, pois a impunidade era quase que fato consumado, devido à falta de provas, ou ao fato de que os culpados nunca eram encontrados.

Como uma medida de controle social e para distrair os marinheiros, quase sempre eram celebradas missas para acalmar os ânimos, e as tensões geradas pelos dias no mar com a noção de que uma vida cristã traria controle sobre a natureza, e a bênção do protetor dos marinheiros que eram incentivados a ter uma vida religiosa em alto mar, livre de pecados.

Outro fator que complicava as viagens era o ataque de piratas, que eram muito possíveis de acontecer a qualquer momento e somavam-se às dificuldades enfrentadas pelos navegadores em alto mar, geralmente eram ataques de piratas holandeses, ingleses e franceses de surpresa quando os navios enfrentavam calmarias. Os piratas eram temidos devido à violência, e ao fato da tripulação nesse caso ser abandonada junto ao navio em chamas ou em ilhas perdidas no oceano.

Outra coisa que representava morte certa eram os naufrágios, que misturavam terror com tentativas de sobrevivência, a tripulação rezando e pedindo a Deus por seus pecados, afundava no mar uns sem muito lutar, e outros desesperados aos prantos, lutavam e se agarravam a tábuas e restos dos navios na esperança de sobreviver.

Geralmente, nesses naufrágios os tripulantes se deparavam com um verdadeiro "salve-se quem puder". Obviamente, os fidalgos e os capitães tinham preferência nos botes de salvamento, isso acarretava em morte certa para os marinheiros simples que faziam um trabalho pouco importante no navio. Em alguns casos, o bote não estava em boas condições, gerando problemas e naufragando também.

Os poucos sobreviventes que restavam dos naufrágios e chegavam até terra firme, normalmente se deparavam com condições hostis de sobrevivência, enfrentando as feras da terra e a falta de alimentos e água doce, os ataques de nativos, que tinham reações variadas em relação aos forasteiros, não deixavam muitos sobreviventes.

Bibliografia:
O tempo das Especiarias - Fábio Pestana Ramos
Viagem à Terra do Brasil - Jean de Léry

Como era a vida nas embarcações na época das grandes navegações?

Frequentemente, chuvas abundantes inundavam as embarcações. As condições sanitárias estavam longe do ideal. A ideia de tomar banho, por exemplo, sequer se colocava. Os passageiros mais ricos faziam suas necessidades em penicos, que, depois, eram despejados no mar por seus encarregados, geralmente crianças.

Como era o cotidiano dos marinheiros durante a viagem?

Cerca de 40% da tripulação morria nas viagens, vítimas não só de naufrágios, mas também de ataques piratas, doenças e choques com nativos dos locais visitados. Quem sobrevivia ainda tinha que aguentar o insuportável mau cheiro a bordo e as acomodações precárias.

Como era a vida nas caravelas da época das grandes navegações?

Os tripulantes não desfrutavam de qualquer conforto. Pelo contrário. Como os porões dos navios eram usados para estocar os tonéis com água, mantimentos e munição, os marinheiros dormiam no convés, ao relento, em colchões de palha.

Como as pessoas faziam para sobreviver às longas viagens marítimas?

Os oficiais mais graduados controlavam o negócio, vendendo produtos, como frutas, por exemplo, a quem pagasse mais. Quem não tinha dinheiro e via os alimentos se esgotarem caçava ratos e baratas, que infestavam os navios, para sobreviver.