Arrotos constantes e enjoos na gravidez

Náusea e vômito são sintomas previsíveis durante a gravidez e afetam até 80% das gestantes, principalmente no primeiro trimestre --é a chamada êmese gravídica, que costuma passar com o avanço da gravidez e mudanças nos hábitos de alimentação.

Porém, para cerca de 1% dessas mulheres, o mal-estar vem com frequência e intensidade excessivas, e se soma a um sofrimento psicológico que oferece risco à saúde da mãe e do bebê. “Na hiperêmese gravídica a mulher não consegue se alimentar direito, o que pode resultar em um quadro de fraqueza, desnutrição, desidratação e perda de peso acentuada”, explica o ginecologista e obstetra Antonio Cabral, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais.

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Quanto à criança, pode nascer prematura, com alterações cognitivas ou pouco peso devido à carência de nutrientes. Cabral acrescenta que se trata da principal causa de internação durante a gravidez, embora não haja dados que indiquem perigo maior de aborto. 

Arrotos constantes e enjoos na gravidez

Alimentar-se de maneira saudável é uma das formas de minimizar o enjoo

Imagem: iStock

O que causa a hiperêmese gravídica 

As mudanças hormonais são a explicação para a montanha-russa de sintomas físicos e emocionais dessa fase da vida da mulher. Na gestação de gêmeos, quando há concentração maior do hormônio beta HCG (produzido na gravidez) no organismo, a hiperêmese gravídica é mais comum.

Há também forte influência de fatores psicológicos. “Problemas no relacionamento, gravidez indesejada, além da ansiedade e do estresse comuns a esse momento, contribuem bastante”, explica Mariana Garcia, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim, em São Paulo. Alguns especialistas acreditam que a complicação é mais recorrente na gravidez do primeiro filho, mas não há uma regra. A duquesa de Cambridge, Kate Middleton, por exemplo, enfrentou enjoos e vômitos intensos em suas três gestações. 

Arrotos constantes e enjoos na gravidez

A atividade física melhora o humor, afasta a ansiedade e ameniza os sintomas da hiperêmese gravídica

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Como identificar

Médico e paciente devem acompanhar juntos a evolução dos sintomas, a fim de detectar quando eles caracterizam um quadro de hiperêmese. Mais de três episódios de vômito por dia e surtos de náusea em intervalos menores de seis horas são indicativos. Também merece atenção o sentimento de que a gravidez é um transtorno, em vez de um momento feliz -- por causa da exaustão, irritação com a família e sensação de não dar conta do trabalho e da casa, por exemplo. Um estudo publicado no The Journal of Maternal-Fetal & Neonatal Medicine comprovou uma relação entre gestantes diagnosticadas com hiperêmese gravídica e a ocorrência de depressão pós-parto.

Como tratar o desconforto? 

Não há prevenção para o problema, já que ele depende da sensibilidade de cada mulher à flutuação hormonal. Como o consumo de medicamentos é restrito durante a gestação, sob a ameaça de afetar o desenvolvimento morfológico e neurológico do feto, a melhor saída é focar na dieta e adotar práticas para aumentar o bem-estar. Alimentar-se de maneira leve e saudável, comer em intervalos regulares e evitar líquido durante as refeições é fundamental.

Praticar atividade física ao longo da gravidez e dormir bem eleva a disposição e ajuda a equilibrar o nível de neurotransmissores ligados ao humor. Acupuntura, psicoterapia, meditação, massagens adaptadas à gravidez e hobbies que tragam prazer também colaboram para afastar a ansiedade e amenizar os sintomas da hiperêmese gravídica.

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Até 80% das gestantes têm náuseas e vômitos em algum nível. Náuseas e vômitos são mais comuns e mais graves durante o primeiro trimestre. Embora comumente chamados de enjoo matinal, esses sintomas podem ocorrer em qualquer momento do dia. Os sintomas variam de leves a graves.

Se a mulher vomitar ocasionalmente, mas ganhar peso e não apresentar desidratação, isso significa que ela não está com hiperêmese gravídica. O enjoo matinal e a hiperêmese gravídica tendem a remitir durante o 2º trimestre.

Geralmente, náuseas e vômitos durante a gestação estão relacionados com a gravidez. No entanto, às vezes, eles resultam de um distúrbio não relacionado com a gravidez.

As causas mais comuns de náuseas e vômitos na gravidez são

  • Enjoo matinal (mais comum)

  • Hiperêmese gravídica

Não se sabe o que causa o enjoo matinal e a hiperêmese gravídica durante a gestação. No entanto, é possível que esses sintomas estejam relacionados a um aumento nos níveis de dois hormônios durante a gestação: a gonadotrofina coriônica humana (hCG), que é produzida pela placenta no início da gestação, e o estrogênio, que ajuda a manter a gravidez. Os níveis de estrogênio são especialmente elevados em mulheres com hiperêmese gravídica. Além disso, hormônios como a progesterona (produzida continuamente durante a gestação) podem fazer com que o movimento do conteúdo estomacal fique lento, possivelmente contribuindo para náuseas e vômitos.

Causas de náuseas e vômitos não relacionados com a gravidez incluem

No entanto, esses distúrbios geralmente causam outros sintomas que são mais proeminentes, como dor abdominal ou dor de cabeça.

O médico primeiramente tenta determinar se as náuseas e vômitos são causados ​​por um distúrbio grave. O enjoo matinal e a hiperêmese gravídica são diagnosticados apenas depois que outras causas foram descartadas.

Os seguintes sintomas são motivo de preocupação em gestantes que estejam vomitando:

  • Dor abdominal

  • Sinais de desidratação, como diminuição da urina, diminuição da sudorese, aumento da sede, boca seca, coração acelerado e tontura ao levantar-se

  • Febre

  • Vômito com sangue, preto (parecido com borra de café) ou verde

  • Nenhum movimento do feto, se o feto tiver mais de 24 semanas

  • Confusão, fraqueza ou dormência de um lado do corpo, problemas da fala ou visão ou lentidão

  • Vômitos persistentes ou que estão piorando

Tanto as mulheres com sinais de alerta como as que estão tendo vômitos particularmente graves ou que estão piorando devem consultar o médico imediatamente.

As mulheres sem sinais de alerta devem conversar com o médico. O médico pode ajudá-las a decidir se elas precisam ser observadas ou não e como isso deve ser feito, tomando por base na natureza e gravidade dos sintomas. A mulher que tiver náusea e vômito leve a moderado, não tiver perdido peso e conseguir beber um pouco de líquido sem vomitar talvez não precise consultar um médico, a menos que os sintomas piorem.

O médico faz perguntas sobre o vômito:

  • Quando começou

  • Quanto tempo dura

  • Quantas vezes por dia ocorre

  • Algo alivia o vômito ou o torna pior

  • Com que o vômito parece

  • Quanto há

A mulher é questionada se tem outros sintomas, sobretudo dor abdominal, diarreia e constipação, e como seus sintomas afetaram sua família e ela própria, se ela pode trabalhar e cuidar de seus filhos. Também é perguntado à mulher se ela teve vômitos em gestações anteriores, alguma cirurgia abdominal prévia e se tomou algum medicamento que possa contribuir para o vômito.

Essa informação ajuda o médico a determinar se os vômitos são causados pela gravidez ou por outro distúrbio relacionado. Por exemplo, vômitos provavelmente são causados pela gravidez se:

  • Começaram durante o 1º trimestre

  • Duram ou se repetem ao longo de vários dias ou semanas

  • Não são acompanhados de dor abdominal

Vômitos provavelmente resultam de outro distúrbio se:

  • Começaram depois do 1º trimestre

  • São acompanhados de dor abdominal, diarreia, ou ambos

Arrotos constantes e enjoos na gravidez

Os médicos costumam usar um aparelho de ultrassonografia com Doppler portátil, colocado no abdômen da mulher para verificar se há batimentos cardíacos no feto. Caso batimentos cardíacos não estejam presentes até um determinado momento (aproximadamente na 11ª semana), é possível que exista uma mola hidatiforme.

Se a mulher estiver vomitando ou muitas vezes aparece desidratada ou se uma mola hidatiforme for possível, os exames devem ser realizados. Quais exames são feitos depende da causa de qual o médico suspeita:

  • Hiperêmese gravídica: Os exames de urina (para medir os níveis de cetona) e, possivelmente, exames de sangue (para medir os níveis de eletrólitos e outras substâncias)

  • Uma mola hidatiforme: Ultrassonografia da pelve

  • Um distúrbio não relacionado com a gravidez: Exames específicos para esse distúrbio

Se o vômito for decorrente de um distúrbio, esse distúrbio deve ser tratado. Se o vômito estiver relacionado à gravidez, algumas mudanças na dieta ou hábitos alimentares talvez ajudem:

  • Beber ou comer pequenas quantidades com maior frequência (cinco ou seis pequenas refeições por dia)

  • Comer antes de ficar com fome

  • Comer somente alimentos leves, tais como bananas, arroz, compota de maçã e torradas (conhecida como dieta BRAT)

  • Manter os biscoitos ao lado da cama e comer um ou dois antes de se levantar

  • Beber bebidas com gás (refrigerantes)

Se o vômito causar desidratação, é possível que a mulher receba hidratação intravenosa. Se o vômito persistir, ela talvez seja internada no hospital. Talvez ela receba açúcar (glicose), eletrólitos e, ocasionalmente, vitaminas por via intravenosa juntamente com a hidratação. Após o vômito ter diminuído, ela recebe líquido por via oral. Se ela conseguir não vomitar esse líquido, ela pode começar a comer porções pequenas e frequentes de comidas leves. O tamanho das porções é aumentado à medida que a mulher conseguir tolerar mais comida.

Se necessário, os medicamentos para aliviar náuseas (antieméticos) são administrados. O médico escolhe medicamentos que parecem ser seguros no início da gestação. A vitamina B6 é utilizada em primeiro lugar. Se for ineficaz, outro medicamento também é administrado, como doxilamina, metoclopramida, ondansetrona ou prometazina.

Gengibre (na forma de cápsulas ou pirulitos), acupuntura, pulseiras contra enjoo e hipnose talvez ajudem, bem como trocar as vitaminas pré-natais para vitaminas infantis mastigáveis ​​com ácido fólico.

  • Normalmente, náuseas e vômitos durante a gestação não causam perda de peso ou outros problemas, e eles melhoram antes ou durante o segundo trimestre.

  • Hiperêmese gravídica, uma forma grave e persistente de vômitos relacionada com a gravidez, é menos comum e pode causar desidratação e perda de peso.

  • É possível que náusea e vômito sejam decorrentes de distúrbios não relacionados à gravidez, tais como a gastroenterite, uma infecção do trato urinário ou, raramente, um bloqueio intestinal.

  • Modificar a dieta talvez ajude a melhorar náusea e vômito leves relacionados à gravidez.

  • Caso a mulher com hiperêmese gravídica fique desidratada, é possível que ela precise receber hidratação intravenosa.

Estou grávida e fico arrotando o tempo todo?

Como ocorrem os gases na gravidez? Durante a gestação os níveis de progesterona aumentam no corpo e como resultado todos os músculos relaxam – inclusive no aparelho digestivo. Isso diminui a digestão, gerando no corpo um acúmulo de gases e também eructações (arrotos), inchaço e flatulência.

Qual a pior fase de enjoo na gravidez?

Quando os enjoos da gravidez terminam? Muitas grávidas relatam enjoos e náuseas durante todo o primeiro trimestre da gravidez, sendo assim, até a 12ª semana. Esses sintomas podem ser mais intensos no segundo e terceiro mês e ficam mais leves a partir do quarto e quinto mês.

O que é bom para aliviar o arroto na gravidez?

Antiácidos. Antiácidos, que neutralizam o ácido do estômago (ácido gástrico), podem oferecer alívio da azia durante a gravidez2,3. Contudo, eles somente devem ser tomados sob orientação médica. Antiácidos baseados em cálcio ou magnésio podem ser tomados por gestantes sob a orientação de um médico ou farmacêutico2.

Quanto tempo dura a fase de enjoo na gravidez?

Como o enjoo está associado à produção de hCG ele tende a se iniciar com 5 ou 6 semanas, apresentar um pico entre 8 e 10 semanas e, a partir de então, reduzir. Deve desaparecer completamente em cerca de 16 semanas, muito embora costume cessar antes deste período.