Existem vários conceitos para a palavra conhecimento, de certo, sabe-se que conhecimento é aquilo que se sabe sobre algo ou alguém. O conhecimento é circunstancial, ou seja, ele é inerente a um determinado contexto e é baseado em ideias, valores e emoções.
O conhecimento é hoje a principal fonte de competitividade das organizações, e segundo o teórico japonês Ikujiro Nonaka, baseado em um estudo realizado nas principais empresas japonesas a organização de negócios não só “processa” o conhecimento, mas também é capaz de “criá-lo”. Para Nonaka (1997), o conhecimento é dividido em Conhecimento Explícito e Conhecimento Tácito.
O Conhecimento explícito é definido como algo formal e sistemático, expresso em palavras e números e facilmente comunicado e compartilhado sob a forma de dados brutos, fórmulas científicas, procedimentos codificados ou princípios universais. Ao passo que, o conhecimento tácito está relacionado com as experiências, sendo altamente pessoal e, portanto difícil de transmitir e visualizar, dificultando sua transmissão e compartilhamento com os outros.
As organizações cada vez mais vêm sendo forçadas a aperfeiçoar seus processos, minimizar custos e aumentar sua produtividade para se manterem competitivas em um mundo cada vez mais competitivo. Pesquisas mostram que poucas empresas chegam à idade média de uma pessoa, por deficiência de aprendizagem organizacional. As organizações como um todo não conseguem transformar todo o conhecimento tácito gerado na organização em conhecimento explícito de modo a compartilhar e socializar todo este conhecimento, tornando a organização mais madura e preparada para a Era da Informação.
O Conhecimento organizacional se origina a partir do conhecimento humano e é expandido através da interação entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito, num processo conhecido como conversão do conhecimento. Nonaka identificou quatro modos de conversão do conhecimento organizacional, a partir da interação entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito. São eles: Socialização – de conhecimento tácito em conhecimento tácito; Externalização – de conhecimento tácito em conhecimento explícito; Combinação – de conhecimento explícito em conhecimento explícito e internalização – de conhecimento explícito para tácito [1].
Socialização: Do conhecimento Tácito em conhecimento Tácito.
A socialização é um processo de compartilhamento de experiências e, a partir daí, da criação do conhecimento tácito, como modelos mentais ou habilidades técnicas compartilhadas. Um indivíduo pode adquirir conhecimento tácito diretamente de outros, sem usar a linguagem. O segredo para aquisição do conhecimento tácito é o compartilhamento de experiências, conforme ilustra o exemplo a seguir [1].
No final da década de 80 a empresa japonesa, Matsushita Eletric Indutrial Company, encontrou dificuldades com o desenvolvimento da sua máquina de pão caseira, a Home Bakery. As massa preparadas por um padeiro e pela máquina foram comparadas, mas não se obteve nenhum insight importante. Ikuko Tanaka, chefe de desenvolvimento de software, sabia que o melhor pão da região era o do Osaka International Hotel. Para captar o conhecimento tácito da arte de fazer a massa, ela e vários engenheiros se ofereceram para trabalharem como voluntários na padaria do hotel. Fazer o mesmo pão do padeiro-chefe não era fácil e ninguém sabia explicar o porquê. Até que um dia Ikuko observou que o padeiro não estava apenas esticando a massa, mas também a estava “torcendo”, o que acabou sendo o segredo da fabricação do delicioso pão. Assim, ela socializou o conhecimento tácito do padeiro-chefe a partir da observação, imitação e prática.
Externalização: Do conhecimento Tácito em conhecimento Explícito.
A externalização é o processo de articulação do conhecimento tácito em conceitos explícitos. É um processo de criação do conhecimento perfeito, na medida em que o conhecimento tácito se torna explícito, expresso na forma de metáforas, analogias, conceitos, hipóteses ou modelos. A externalização permite que o conhecimento seja compartilhado com os outros indivíduos da organização, sendo a chave para a criação do conhecimento organizacional, pois cria conceitos novos e explícitos a partir do conhecimento tácito [1]. Quando Ikuko Tanaka foi capaz de expressar os fundamentos do seu conhecimento tácito, criado a partir da socialização, sobre a fabricação de pães, ela o converteu em conhecimento explícito, criando especificações para um novo tipo de máquina de fabricação de pães e esse conhecimento foi transformado em know-how para a Matsushita, criando um produto que, no primeiro ano superou o recorde de vendas de novos eletrodomésticos para cozinha.
Combinação: Do conhecimento Explícito em conhecimento Explícito.
A combinação é um processo de sistematização de conceitos em um sistema de conhecimento. Esse modo de conversão do conhecimento envolve a combinação de conjuntos diferentes de conhecimento explícito. Os indivíduos trocam e combinam conhecimentos através de meios como documentos, reuniões, conversas ao telefone ou redes de comunicação computadorizadas. A reconfiguração das informações existentes através da classificação, do acréscimo, da combinação e da categorização do conhecimento explícito (como o realizado em banco de dados de computadores) pode levar a novos conhecimentos. A criação do conhecimento realizado através da educação nas escolas normalmente assume esta forma [1]. O guia PMBOK, revisado a cada quatro anos, é um exemplo desta combinação de diferentes conhecimentos explícitos que são compartilhados pela comunidade de Gerenciamento de projetos reconfigurando as informações existentes no documento.
Internalização: Do conhecimento Explícito em conhecimento Tácito.
A internalização é o processo de incorporação do conhecimento explícito em conhecimento tácito. É intimamente relacionado ao “aprender fazendo”. Quando são internalizadas nas bases do conhecimento tácito dos indivíduos sob a forma de modelos mentais ou know-how técnico compatilhado, as experiências através da socialização, externalização e combinação tornam-se ativos valiosos [1].
Para que o conhecimento explícito se trone tácito, é necessária a verbalização e diagramação do conhecimento sob a forma de documentos, manuais ou histórias orais. A documentação ajuda os indivíduos a internalizarem suas experiências, aumentando assim seu conhecimento tácito [1].
Na empresa criadora de conhecimento, todos esses quatro padrões estão presentes, em constante interação dinâmica, constituindo uma espécie de espiral do conhecimento.
Referência bibliográfica
[1] NONAKA, IKUJIRO E TAKEUCHI, HIROTAKA . Criação de Conhecimento na Empresa. Rio de janeiro, Campus, 1997, 20ª Edição.