Para os filósofos da antiguidade qual era a função da ética

Em síntese

1. Quando e de que forma nasce a filosofia moral ou a disciplina filosófica denominada ética?

A ética nasce quando se passa a indagar o que são, de onde vêm e o que valem os costumes, e quando se busca compreender o caráter de cada pessoa, que determina quais virtudes e quais vícios ela é capaz de praticar, o que se refere, portanto, ao senso moral e à consciência moral individuais. No Ocidente, considera-se que esse nascimento se dá com Sócrates.

2. Como Sócrates contribuiu para o nascimento da ética?

Ao definir o campo no qual valores e obrigações morais podem ser estabelecidos: a consciência do agente moral. É sujeito moral ou ético somente aquele que sabe o que faz, conhece as causas e os fins de sua ação, o significado de suas intenções e de suas atitudes e a essência dos valores éticos. Sócrates define esse campo ao perguntar aos indivíduos se eles conhecem os fins e o sentido de suas ações, e ao perguntar à sociedade se o que ela toma como virtude é o verdadeiro bem.

3. Por que, segundo Aristóteles, o possível é pertinente à ética, mas o necessário, não?

Porque só há ética onde há deliberação ou escolha. O necessário é o que é e sempre será tal como é, independentemente de nossa escolha. Por isso, não concerne à ética. O contingente é o que pode ser de uma forma ou de outra. Entre o que é contingente existe o que é por acaso e o que é possível. O que ocorre por acaso poderia ser de uma forma diferente da que é, mas não está em nosso poder escolher, porque o acaso é o encontro acidental de duas séries de acontecimentos, sejam eles determinados por vontade, sejam por necessidade. Por isso, também não concerne à ética. Por fim, o possível é aquilo que pode ser ou deixar de ser, mas que depende de nós para acontecer, de nossa ação e nossa vontade. Por isso, só o que é possível concerne à ética.

4. Para os filósofos da Antiguidade, qual era a função da ética?

Para os filósofos da Antiguidade, a função da ética é conduzir os seres humanos à virtude, pela qual eles obtêm o bem e a felicidade. Aos seres humanos é necessário não só conhecer racionalmente o bem, mas conseguir dominar sua própria natureza passional para dirigir-se a ele. A virtude é a excelência e a força interior do caráter que conhece racionalmente o bem e dirige-se para ele enquanto domina suas paixões. A ética educa nossa natureza passional para que sejamos dirigidos por nosso conhecimento do bem, e não por nossos impulsos.

5. Por que, para o cristianismo, nossa vontade é insuficiente para garantir a vida moral? Explique tomando como base as ideias de pecado e livre-arbítrio.

O cristianismo considera que nossa vontade está pervertida pelo pecado e, portanto, não pode garantir a vida moral. O ser humano é dotado de livre-arbítrio, e por isso nossa liberdade se dirige espontaneamente para o mal, em decorrência do pecado original. Apenas com o auxílio divino, trazido pela lei divina revelada ou pelos mandamentos ordenados por Deus aos seres humanos, é que podemos nos tornar morais.

6. O que é a concepção cristã da intenção?

A concepção cristã da intenção baseia-se na noção de interioridade do sujeito moral. Na ótica cristã, a primeira relação ética se estabelece entre o coração do indivíduo e Deus, entre a alma invisível e a divindade invisível, pois a vontade e a lei divinas não estão inscritas em objeto algum, mas sim no coração dos seres humanos. Assim, passou-se a considerar como submetido ao julgamento ético tudo o que, invisível aos olhos humanos, é visível ao espírito de Deus; portanto, tudo o que acontece em nosso interior - as intenções invisíveis.

7. Como Rousseau procurou resolver o problema da relação entre a liberdade da vontade e o dever deslocando o sentido de ideia de pecado? Explique o que é a "moral do coração".

Para Rousseau o ser humano nasce puro e bom, mas acaba pervertido pela sociedade. Diante disso, ele apresenta a "moral do coração" com base na ideia de que o dever não é uma imposição externa à nossa consciência: ele é proposto por nosso coração. De acordo com Rousseau, a consciência moral e o sentimento do dever são inatos, são "a voz da natureza" e "o dedo de Deus" em nosso coração. Obedecendo ao dever, estamos obedecendo a nós mesmos, aos nossos sentimentos e às nossas emoções, e não à razão, pois esta, privilegiando a utilidade e o interesse individuais, é responsável pela sociedade egoísta e perversa que silencia a bondade natural do coração.

8. De que modo Kant discorda da ética de Rousseau? Para ele, qual é o papel da razão na conduta moral? Para Kant, não existe bondade natural. Por natureza, diz ele, somos egoístas, ambiciosos, destrutivos, agressivos, cruéis, ávidos de prazeres que nunca nos saciam e pelos quais matamos, mentimos, roubamos. Não é, então, a razão que nos corrompe, como pensa Rousseau. Ao contrário, a razão pura prática, inata em nós, nos traz o dever. É pelo dever, dado a nós pela razão, que somos seres morais.

9. Considerando a concepção de ética para Baruch Espinosa, responda às questões:

a) Qual é a diferença entre paixão e ação?

Na paixão somos determinados e condicionados por forças externas a nós (coisas e pessoas), que nos fazem sentir, desejar e agir tais como essas forças querem.

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Na ação somos a causa interna, racional, consciente e livre de nossos sentimentos, desejos e ações. Na paixão, somos servos. Na ação, somos livres.

b) Por que a vida ética não suprime os afetos e os desejos?

Por dois motivos: em primeiro lugar, porque os afetos definem a essência humana e não se pode suprimi-los; em segundo lugar, porque a ética consiste em passar dos afetos passivos aos afetos ativos, pois, quanto mais passivos formos, mais fracos nos tornamos, e quanto mais ativos, mais fortes e livres nos tornamos. A virtude não é cumprir deveres e obrigações, mas ter força interior para passar da passividade à atividade, ou seja, de afetos passivos (as paixões) a afetos ativos (as ações éticas). Ser virtuoso ou ser livre é passar da paixão à ação, tornar-se causa ativa interna de sua existência, de seus atos e pensamentos. Essa passagem não elimina os afetos nem vai contra eles (por essência somos seres afetivos), mas muda a qualidade deles. A vida ética se inicia quando procuramos aumentar paixões e desejos alegres e afastar paixões e desejos tristes. À medida que as paixões de alegria e de desejos alegres nos fortalecem, vamos adquirindo poder sobre nós mesmos, diminuindo o poderio das forças externas. Desse modo, passamos à ação da qual somos a causa, isto é, às ações nascidas de nossa liberdade como força interior de autodeterminação.

c) Como se dá a passagem da servidão passional à liberdade? Dê um exemplo de servidão.

Para Espinosa, ser virtuoso ou ser livre é passar da passividade à ação, tornar-se causa ativa interna da própria existência, dos próprios atos e pensamentos. Somos servis quando somos comandados do exterior, ou seja, quando somos comandados por paixões. A passagem para a liberdade se dá quando nos tornamos ativos. Isso, porém, se dá no interior das paixões e graças a elas. Quando afastamos as paixões tristes e aumentamos as paixões alegres, fortalecendo nossa capacidade de ser e agir, nos tornamos capazes de passar da paixão à ação, da servidão à liberdade.



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Diretoria editorial

Lidiane Vivaldini Olo

Gerência editorial

Luiz Tonolli

Editoria de Ciências Humanas

Heloisa Pimentel

Edição

André Albert, Eduardo Guimarães e Regina Gomes

Gerência de produção editorial

Ricardo de Gan Braga

Arte

Andréa Dellamagna (coord. de criação), Erik TS (progr. visual de capa e miolo), Claudio Faustino (coord. e edição), Thatiana Kalaes (assist.), Luiza Oliveira Massucato e Livia Vitta Ribeiro (diagram.)

Revisão

Hélia de Jesus Gonsaga (ger.), Rosângela Muricy (coord.), Ana Paula Chabaribery Malfa, Célia da Silva Carvalho, Claudia Virgilio, Gabriela Macedo de Andrade e Heloísa Schiavo; Brenda Morais e Gabriela Miragaia (estagiárias)

Iconografia

Sílvio Kligin (superv.), Denise Durand Kremer (coord.), Sara Plaça (pesquisa), Cesar Wolf e Fernanda Crevin (tratamento de imagem)



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Nossas crenças costumeiras

Em nossa vida cotidiana, afirmamos, negamos, desejamos, aceitamos ou recusamos coisas, pessoas, situações. Fazemos perguntas, como "Que horas são?", ou "Que dia é hoje?". Dizemos frases, como "Ele está sonhando", ou "Ela ficou maluca". Fazemos afirmações, como "Onde há fumaça há fogo", ou "Não saia na chuva para não se resfriar". Avaliamos coisas e pessoas, dizendo, por exemplo, "Esta casa é mais bonita do que a outra" e "Maria está mais jovem do que Glorinha".

Numa disputa, quando os ânimos estão exaltados, um dos oponentes pode gritar ao outro: "Mentiroso! Eu estava lá e não foi isso o que aconteceu", e alguém, querendo acalmar a briga, pode dizer: "Vamos pôr a cabeça no lugar, cada um seja bem objetivo e diga o que viu, porque assim todos poderão se entender".

Também é comum ouvirmos os pais e amigos dizerem que, quando o assunto é o namorado ou a namorada, não somos capazes de ver as coisas como elas são, que vemos o que ninguém vê e não vemos o que todo mundo está vendo. Dizem que somos "muito subjetivos". Ou, como diz o ditado, que "quem ama o feio, bonito lhe parece".

Frequentemente, quando aprovamos uma pessoa, o que ela diz, como age, dizemos que ela "é legal".

Vejamos um pouco mais de perto o que dizemos em nosso cotidiano.

Quando pergunto "Que horas são?" ou "Que dia é hoje?", minha expectativa é a de que alguém, tendo um relógio ou um calendário, me dê a resposta exata. Em que acredito quando faço a pergunta e aceito a resposta? Acredito que o tempo existe, que ele passa, que pode ser medido em horas e dias, que o que já passou é diferente de agora e o que virá também há de ser diferente deste momento, que o passado pode ser lembrado ou esquecido, e o futuro, desejado ou temido. Assim, uma simples pergunta contém, silenciosamente, várias crenças.

Por que crenças? Porque são coisas ou ideias em que acreditamos sem questionar, que aceitamos porque são óbvias, evidentes. Afinal, quem não sabe que ontem é diferente de amanhã, que o dia tem horas e que elas passam sem cessar?

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Quando digo "ele está sonhando" para me referir a alguém que está acordado e diz ou pensa alguma coisa que julgo impossível ou improvável, tenho igualmente muitas crenças silenciosas: acredito que sonhar é diferente de estar acordado; que, no sonho, o impossível e o improvável se apresentam como possível e provável; e também que o sonho se relaciona com o irreal, enquanto a vigília se relaciona com o que existe realmente. Acredito, portanto, que a realidade existe fora de mim e que posso percebê-la e conhecê-la tal como é; por isso, creio que sei diferenciar realidade de ilusão.

A frase "Ela ficou maluca" contém essas mesmas crenças e mais uma: a de que sabemos diferenciar a saúde mental da loucura; que a sanidade mental se chama razão, que a razão se refere a uma realidade comum a todos, e que maluca é a pessoa que perde a razão e inventa uma realidade existente só para ela.

Quando alguém diz "onde há fumaça há fogo" ou "não saia na chuva para não se resfriar", afirma silenciosamente muitas crenças: acredita que existem relações de causa e efeito entre as coisas; que, se há uma coisa, certamente houve uma causa para ela, ou que essa coisa é causa de alguma outra (o fogo é causa e a fumaça é seu efeito; a chuva é causa do resfriado ou o resfriado é efeito da chuva). Acreditamos, assim, que as coisas, os fatos, as situações se encadeiam em relações de causa e efeito que podem ser conhecidas e, até mesmo, controladas por nós.

Quando dizemos que uma casa é mais bonita do que a outra, ou que Maria está mais jovem do que Glorinha, acreditamos que as coisas, as pessoas, as situações, os fatos podem ser comparados e avaliados, julgados por sua qualidade (bonito, feio, bom, ruim, jovem, velho, engraçado, triste, limpo, sujo) ou por sua quantidade (muito, pouco, mais, menos, maior, menor). Cremos, assim, que as qualidades e as quantidades existem, que podemos conhecê-las e usá-las em nossa vida.

Se disséssemos, por exemplo, que "o Sol é maior do que o vemos", manifestaríamos a crença de que nossa percepção alcança as coisas de modos diferentes: às vezes tais como são em si mesmas (a folha deste livro, bem à nossa frente, é percebida como branca e, de fato, ela o é), outras vezes tais como nos parecem (o Sol, de fato, é maior do que o disco dourado que vemos ao longe). Assim, a percepção dependeria da distância, de nossas condições de visibilidade ou da localização e do movimento dos objetos. Por isso acreditamos que podemos ver as coisas diferentemente do que elas são, mas nem por isso diremos que estamos sonhando ou que ficamos malucos. Acreditamos, também, que essas coisas e nós ocupamos lugares no espaço e, portanto, cremos que este existe, pode ser diferenciado (perto, longe, alto, baixo) e medido (comprimento, largura, altura).

LEGENDA: Fase (1982), coreografia de Anne Teresa de Keersmaeker (1960-), apresentada em Londres, Inglaterra, em 2006. Acreditamos que nossa percepção é capaz de diferenciar objetos de suas sombras, que sombras são causadas pela incidência de luz sobre algo e que o formato e opacidade dessas sombras serão diferentes conforme a intensidade da luz e o ângulo em que esta incide.

FONTE: Tristram Kenton/Lebrecht Music and Arts/Diomedia



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Janela da alma

- Direção de Walter Carvalho e João Jardim. Brasil, 2002.

Ao reunir depoimentos de pessoas que têm algum problema ou deficiência visual, o documentário trata de questões como a apreensão da realidade e a saturação de imagens e aparências no mundo. Entre os entrevistados, estão o escritor português José Saramago (1922-2010), o músico brasileiro Hermeto Pascoal (1936-) e o fotógrafo franco-esloveno Eugen Bavcar (1946-), que é cego.

LEGENDA: O escritor português José Saramago em cena do documentário Janela da alma.

FONTE: Ravina Filmes/Europa Filmes

O turista

- Direção de Florian Henckel von Donnersmarck. Estados Unidos/França/Itália, 2010.

Viajando sozinho, o professor Frank Tupelo se encanta com a bela Elise Clifton-Ward. A princípio, porém, ela se envolve com Frank apenas porque um ex-amante lhe pediu para despistar policiais que o perseguem: o criminoso passou por cirurgias plásticas e deseja que creiam que aquele homem é ele. No entanto, a trama se torna muito mais complexa, e todos revelam não ser o que parecem.

LEGENDA: Elise (Angelina Jolie) e Frank (Johnny Depp), em cena de O turista (2010).

FONTE: Peter Mountain/Columbia/Everett Collection/Keystone Brasil




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A reflexão filosófica

A reflexão filosófica é o movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo como fonte daquilo que foi pensado. É a concentração mental em que o pensamento busca examinar, compreender e avaliar suas próprias ideias, vontades, desejos e sentimentos.

O exemplo mais conhecido da reflexão filosófica ou da volta do pensamento sobre si mesmo é o do filósofo francês René Descartes (1596-1650). Ele declara que só pode haver filosofia e ciência se pudermos provar que o espírito humano é capaz de conhecer a verdade. Por isso, coloca em dúvida tudo o que recebeu das opiniões de sua sociedade e de seus professores, bem como tudo o que percebe pelos cinco sentidos (as coisas e seu próprio corpo). Como não podemos garantir a existência daquilo que pode ser posto em dúvida, Descartes identifica duvidoso e falso. Assim, afirma ter encontrado a primeira verdade sobre a qual erguerá a filosofia, pois, ao duvidar de tudo, não pode duvidar de que está duvidando. Ora, a dúvida é uma maneira de pensar e, portanto, quem pensa não pode duvidar de que pensa. Por isso, fazendo essa volta do pensamento sobre si mesmo ou a reflexão, escreve ele:

Mas, logo em seguida, notei que, enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, era necessário que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E notando que esta verdade, eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de abalar, julguei que podia aceitá-la como o primeiro princípio da filosofia que procurava.

DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1962. p. 66.

Observação:

Ver ceticismo no Glossário.

Fim da observação.

LEGENDA: Reconstituição da face de René Descartes por Paul Richer, em 1913. O médico francês baseou-se em um retrato da época do filósofo para descobrir se poderia ser dele um crânio encontrado na Suécia. O procedimento, de certo modo, remete a uma questão cartesiana: como distinguir o duvidoso do falso?

FONTE: Reprodução/Doubleday Publishing Group

A reflexão filosófica é radical, pois vai à raiz do pensamento. Não somos, porém, somente seres pensantes. Somos também seres que agem no mundo, que se relacionam com os outros seres humanos, com os animais, as plantas, as coisas, os fatos e acontecimentos. Exprimimos essas relações tanto por meio da linguagem e dos gestos como por meio de ações, comportamentos e condutas.

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Pensamos, agimos e falamos. A reflexão filosófica se volta para compreender o que se passa em nós nessas relações que mantemos com a realidade circundante. Organiza-se em torno de três grandes conjuntos de questões:

1. Por que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos e fazemos o que fazemos? Isto é, quais os motivos, as razões e as causas para pensarmos o que pensamos, dizermos o que dizemos, fazermos o que fazemos?

2. O que queremos pensar quando pensamos, o que queremos dizer quando falamos, o que queremos fazer quando agimos? Isto é, qual é o conteúdo ou o sentido do que pensamos, dizemos e fazemos?

3. Para que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos, fazemos o que fazemos? Isto é, qual é a intenção ou a finalidade do que pensamos, dizemos e fazemos?

Essas três questões têm como objetos de indagação o pensamento, a linguagem e a ação, e podem ser resumidas em "O que é pensar?", "O que é falar?" e "O que é agir?". Elas nos conduzem, necessariamente, à seguinte pergunta: o que pensamos, dizemos e fazemos em nossas crenças cotidianas constitui ou não um pensamento verdadeiro, uma linguagem coerente e uma ação dotada de sentido?

Como vimos, a atitude filosófica dirige-se ao mundo das coisas que nos rodeiam e aos seres humanos que nele vivem e com ele se relacionam. É um saber sobre a realidade exterior ao pensamento.

Já a reflexão filosófica se dirige ao pensamento, à linguagem e à ação. São perguntas sobre a capacidade e a finalidade de conhecer, falar e agir próprias dos seres humanos. É um saber sobre a realidade interior aos seres humanos.

FONTE: Filipe Rocha/Arquivo da editora




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1. Escolha outra disciplina que você conheça, exponha que aspectos da realidade ela busca explicar e compare sua utilidade à da filosofia.

2. Pesquise um exemplo da aplicação dos procedimentos fundamentais da filosofia no trabalho de um biólogo.

LEGENDA: Bióloga pesquisa, em 2010, vestígios deixados por uma onça-pintada no Parque Nacional de Guatopo, na Venezuela.

FONTE: Ariana Cubillos/Associated Press/Glow Images

Em síntese

1. O que quer dizer a palavra crítica?

2. O que significa dizer que a filosofia se volta preferencialmente para os momentos de crise?

3. Por que se pergunta "Para que filosofia?", de acordo com o capítulo?

4. O que é e como é a reflexão filosófica? De que modo ela se diferencia da atitude filosófica?

5. Quais são os três conjuntos de questões que organizam a reflexão filosófica?




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1. Com relação aos mitos: os poetas gregos retiraram os aspectos apavorantes e monstruosos dos deuses e do início do mundo; humanizaram os deuses, divinizaram os homens; deram alguma racionalidade a narrativas sobre as origens das coisas, das pessoas e das instituições humanas (como o trabalho, as leis, a moral).

2. Com relação aos conhecimentos: os gregos transformaram em ciência (isto é, em um conjunto de conhecimentos racional, abstrato e universal) aquilo que eram elementos de uma sabedoria prática. Assim, transformaram em matemática o que os egípcios praticavam como agrimensura para medir, contar e calcular os terrenos após as cheias do rio Nilo; transformaram em astronomia (em estudo da origem, posição e movimento dos astros) a astrologia praticada por caldeus e babilônios como adivinhação e previsão do futuro; transformaram em medicina aquilo que, nas culturas precedentes, eram práticas de grupos religiosos secretos para a cura misteriosa das doenças.

LEGENDA: Fragmento da chamada "Máquina de Anticítera", mecanismo de bronze fabricado na Grécia antiga por volta do século II a.C. Estima-se que o aparelho era capaz de calcular a posição relativa do Sol, da Lua e de alguns planetas, bem como prever eclipses e outros ciclos temporais.

FONTE: Acervo Museu Arqueológico Nacional, Atenas, Grécia/ Foto: Thanassis Stavrakis/AP/Glow Images




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