Para o filósofo Bruno Latour, por que a imagem de Gaia é interessante para pensar sobre ecologia

O livro reúne oito conferências em que o antropólogo e filósofo Bruno Latour invoca a noção de Gaia para refletir sobre a catástrofe ecológica contemporânea. Reexaminando a “hipótese de Gaia”, estabelecida por James Lovelock na década de 1970, Latour argumenta que Gaia é, antes de tudo, um conceito que possibilita pensar em soluções para os problemas ecológicos sem a dicotomia entre natureza e cultura. Os sete primeiros capítulos apresentam Gaia teoricamente, e são fruto de palestras realizadas pelo autor em Gifford (Edimburgo, 2013). O oitavo imagina uma cúpula do clima que coloca as proposições teóricas em prática.

Apresentação do Ateliê

Por volta de junho de 2019, nós, do Ateliê de Humanidades, propusemos um projeto editorial à UBU: a tradução e publicação de “Face à Gaïa” (Editora La Découverte). Tendo tido seu gérmen na conferência Facing Gaïa. Six Lectures on the Political Theology of Nature, realizada nas Gifford Lectures, esse livro tem o melhor do pensamento de Bruno Latour e é, sem dúvida, uma das mais importantes interpretações contemporâneas de nossas crises: da “crise ecológica”, antes de tudo, mas também das crises epistêmica, política, religiosa e existencial. Com suas costumeiras aberturas de espírito e generosidade, em total coerência com a proposta editorial, ética e política da UBU, Florencia Ferrari e Isabela Sanches toparam o projeto na hora. Começamos, a partir de então, a tocar as coisas para fazê-lo se realizar, o que só podia ser efetivado aceitando enfrentar Bruno Latour…

Depois de muito trabalho, envolto em confiança e comprometimento, o livro Diante de Gaia: Oito conferências sobre a natureza no Antropoceno está saindo da gráfica neste dia 15 de junho de 2020 para chegar ao público leitor, com tradução de Maryalua Meyer, revisão e concepção editorial de André Magnelli, orelha de Stelio Marras e prefácio à edição brasileira do próprio Bruno Latour.

Quando se vê o grosso volume e, sem nos contentar com uma olhada externa, o abrimos e lemos cuidadosamente, percebemos que Latour nos impôs um desafio ao mesmo tempo físico e “metafísico”. Um desafio físico, porque só com muita energia físico-psíquica e associativa é possível empreender a sua publicação, ainda mais no tão escasso e desafortunado tempo em que vivemos. Mas também um desafio meta-físico, porque, se Latour é um pensador de boa prosa e brincalhão, e parece assim ter uma escrita de fácil assimilação, sua leitura atenta revela, entre palavras e linhas, em meio a alusões, piadas e frases lapidares, um autor analítico, denso, erudito e bem informado, que controla como poucos os mais diversos campos do saber (da teologia à política, passando pelas ciências, a semiótica, a filosofia e a história), assim como os problemas mais nodais de nosso tempo. Reconhecendo a fragilidade de todas as composições e os riscos de cada tradução, cremos que chegamos a uma boa associação de rigor técnico na tradução com fluidez e acessibilidade na leitura.

Enfrentando os negacionistas, que são os inimigos declarados do livro, Diante de Gaia é um apelo a uma composição de ciência, política e religião através de uma nova estética, que faça com que os humanos reaprendam a ser sensíveis à Terra e possam responder às potências de agir que a povoam. É certo que, como diz Bruno Latour em seu prefácio à edição brasileira, o livro chega ao Brasil em uma “tempestade perfeita” que só nos faz “des-esperar”; contudo, apesar de vir em tenebroso tempo, acreditamos que pode ajudar a compor um novo clima, contribuindo para a proposição de respostas terrenas, sensíveis e atentas às catástrofes em curso.

Lembrando, com ele, que talvez só “uma assembleia de todos os deuses possa ainda nos salvar”, Oxalá estejamos, como país e como público, à altura para receber esse livro e dele nos apropriar. Modestamente, envidaremos todos os esforços, aqui no Ateliê de Humanidades, para colaborar com isso, iniciando agora nossas atividades docentes, editoriais e intelectuais em face ao desafio de estar Diante de Gaia.

André Magnelli
Rio de Janeiro, 15 de junho de 2020

Para o filósofo Bruno Latour, por que a imagem de Gaia é interessante para pensar sobre ecologia

Formato: Brochura comum
Autor: Bruno Latour
Editora: Ateliê de Humanidades Editorial/UBU Editora

Páginas: 480
Ano: 2020
ISBN: 978-65-86497-06-9
Preço: 45,00 (+ 12 reais de frete)

Para o filósofo Bruno Latour, por que a imagem de Gaia é interessante para pensar sobre ecologia

Para o filósofo Bruno Latour, por que a imagem de Gaia é interessante para pensar sobre ecologia

Para o filósofo Bruno Latour, por que a imagem de Gaia é interessante para pensar sobre ecologia
Adquira aqui