O tectonismo e responsável por fenômenos como formação de cadeias montanhosas

(Enem 2017) O terremoto de 8,8 na escala Richter que atingiu a costa oeste do Chile, em fevereiro, provocou mudanças significativas no mapa da região. Segundo uma análise preliminar, toda a cidade de Concepción se deslocou pelo menos três metros para o oeste. Buenos Aires moveu-se cerca de 2,5 centímetros para oeste, enquanto Santiago, mais próxima do local do evento, deslocou-se quase 30 centímetros para o oeste-sudoeste. As cidades de Valparaíso, no Chile, e Mendoza, na Argentina, também tiveram suas posições alteradas significativamente (13,4 centímetros e 8,8 centímetros, respectivamente).

Revista InfoGNSS, Curitiba, ano 6, n. 31, 2010.

No texto, destaca-se um tipo de evento geológico frequente em determinadas partes da superfície terrestre. Esses eventos estão concentrados em

A) áreas vulcânicas, onde o material magmático se eleva, formando cordilheiras.

B) faixas costeiras, onde o assoalho oceânico recebe sedimentos, provocando tsunamis.

C) estreitas faixas de intensidade sísmica, no contato das placas tectônicas, próximas a dobramentos modernos.

D) escudos cristalinos, onde as rochas são submetidas aos processos de intemperismo, com alterações bruscas de temperatura.

E) áreas de bacias sedimentares antigas, localizadas no centro das placas tectônicas, em regiões conhecidas como pontos quentes.

O tectonismo é responsável por fenômenos como formação de cadeias montanhosas, deriva dos continentes, expansão do assoalho oceânico, erupções vulcânicas e terremotos. Observe a figura abaixo.

O tectonismo e responsável por fenômenos como formação de cadeias montanhosas

Disponível em: https://geografalando.blogspot.com/2012/11/relevo-terrestre-nocoes-gerais.html. Acesso em: 24/10/2019.

O movimento responsável pela formação da imagem acima está corretamente relacionado:

Sabemos que a crosta terrestre corresponde à camada superior da Terra, que é formada por rochas em seu estado sólido. Já as camadas inferiores – exceto o núcleo interior, que também é sólido – apresentam-se em uma textura líquida ou pastosa. A grande questão é que a crosta terrestre não se apresenta de maneira contínua ao longo de toda a extensão do planeta. Ela é fraturada em vários “pedaços”, conhecidos como placas tectônicas.

A teoria que aponta a existência das placas tectônicas foi elaborada ao longo do século XX a partir de evidências existentes na Dorsal Mesoceânica, no Pacífico, onde foi apontado o afastamento das áreas continentais. Mas tudo isso veio das premissas da Teoria da Deriva Continental, que indicou o movimento dos continentes, fato que sabemos que acontece ainda nos dias atuais, em um ritmo lento para os olhos humanos, mas relativamente acelerado em termos geológicos.

A litosfera – nome dado para designar toda a porção sólida superior da Terra – é bastante fina em relação ao interior do planeta, de forma que ela foi facilmente rompida ao longo do tempo em função da pressão interna exercida pelo magma. O movimento das placas, resultado dessa ruptura, é continuado em razão da pressão exercida pelas correntes ou células de convecção do magma terrestre. Confira a imagem a seguir:

O tectonismo e responsável por fenômenos como formação de cadeias montanhosas

Movimento das células de convecção presentes no manto *

Nesse sentido, as placas tectônicas estão movimentando-se, mas nem sempre na mesma direção, o que provoca o afastamento entre elas, em alguns casos, ou a colisão, em outros, havendo ainda os movimentos laterais. Observe a imagem:

O tectonismo e responsável por fenômenos como formação de cadeias montanhosas

Diferentes movimentações das placas tectônicas

Assim, os movimentos convergentes de obducção envolvem o conflito entre duas placas, mas sem o afundamento de uma sob a outra, provocando a formação de limites conservativos. Um efeito conhecido dessa ocorrência foi a formação da falha geológica de San Andreas, na América do Norte. Já os movimentos convergentes de subducção são responsáveis pela formação de cadeias montanhosas, como a Cordilheira dos Andes, na porção oeste da América do Sul.

Os movimentos divergentes, como o próprio nome sugere, representam as áreas de afastamento entre duas placas tectônicas e a consequente formação de fraturas nessas localidades, onde também o magma solidifica-se e renova a composição dessa crosta.

Além das alterações nas formas de relevo continentais e oceânicas, a movimentação das placas tectônicas também acarreta outros fenômenos geológicos, como a ocorrência de terremotos e também a manifestação dos vulcões. Não por acaso, os principais registros dessas ocorrências manifestam-se nas áreas limítrofes entre uma placa e outra, cujo exemplo mais notório é o Círculo de Fogo do Pacífico, uma área que se estende do oeste da América do Sul ao leste da Ásia e algumas partes da Oceania. Nessa área, os terremotos – e, consequentemente, os tsunamis – são frequentes e intensos.

Ao todo, existem várias placas tectônicas, conforme podemos observar no mapa acima. Em algumas definições, o número delas é maior, pois subdividem-se conceitualmente mais vezes as suas estruturas em razão de suas manifestações internas. As principais placas tectônicas são: Placa do Pacífico, Placa Norte-Americana, Placa de Nazca, Placa do Caribe, Placa dos Cocos, Placa Sul-Americana, Placa Africana, Placa Antártida, Placa Euro-asiática, Placa da Arábia, Placa do Irã, Placa das Filipinas e Placa Indo-australiana.

Créditos da imagem: Surachit e Wikimedia Commons.

O tectonismo – também chamado de diastrofismo – é um dos agentes endógenos de transformação do relevo terrestre, oriundo da movimentação, inteiração, colisão e afastamento das placas tectônicas. Graças a esses movimentos, manifesta-se na superfície terrestre uma série de formas de relevo, como as montanhas, além de fenômenos como o vulcanismo e os terremotos.

As placas tectônicas são algumas partes que compõem a crosta terrestre e existem graças à fina espessura dessa camada e à grande pressão exercida pela movimentação do magma localizado na região do manto.

O que provoca a movimentação das placas tectônicas?

As placas tectônicas movem-se graças à ação das chamadas células ou correntes de convecção, que são os movimentos circulares exercidos pelo magma e que funcionam como uma espécie de “esteira” que, ao girar, provoca o deslocamento dessas placas.

Como essas placas se movimentam?

As placas tectônicas movimentam-se e interagem-se a partir de dois movimentos principais: a orogênese e a epirogênese.

A orogênese refere-se a movimentos horizontais realizados pelas placas tectônicas, os quais são responsáveis pela aproximação ou afastamento entre elas. Eles costumam ocorrer em regiões instáveis e geologicamente recentes, provocando a ocorrência de terremotos e vulcanismo, além da formação de cadeias de montanhas.

A epirogênese refere-se aos movimentos verticais realizados pelas placas tectônicas, geralmente associados à emigração ou imigração de magma do subsolo, provocando o soerguimento ou a declinação do relevo. Ocorre, geralmente, em zonas continentais, longe das placas tectônicas, regiões estáveis e de formação geológica recente.

Nas zonas de encontro – também chamadas de zonas endógenas de tensão – entre as placas tectônicas, existe uma classificação que segmenta os diferentes tipos e suas consequências. De um lado, temos as zonas de convergência e, de outro, as zonas de divergência.

As zonas de convergência, como o próprio nome sugere, ocorrem quando as placas tectônicas se convergem, em função de se deslocarem uma em direção à outra. Elas ocorrem de duas formas, quando os movimentos das placas são opostos (subducção) e quando eles são tangentes (obducção). Observe os esquemas abaixo:

O tectonismo e responsável por fenômenos como formação de cadeias montanhosas

Os movimentos de convergência de obducção e subducção

As zonas de divergência, por sua vez, acontecem com o afastamento das placas tectônicas, fenômeno que costuma ocorrer em regiões oceânicas, provocando a formação de fossas, também conhecidas por dorsais oceânicas.

O tectonismo e responsável por fenômenos como formação de cadeias montanhosas

O movimento de divergência das placas tectônicas

Quantas placas tectônicas existem?

Existem 12 placas tectônicas, a saber: Africana, Antártica, Arábica, Caribeana, dos Cocos, Eurasiática, Filipina, Indo-Australiana, de Nazca, Norte-Americana, do Pacífico e a Sul-americana. É nessa última onde se encontra o território brasileiro.

Quais as principais consequências do tectonismo?

Além dos terremotos e vulcanismos, geralmente presentes nas regiões de fronteira entre duas placas tectônicas, o movimento das placas tectônicas provoca a modelagem do nosso relevo, como as montanhas, as falhas, depressões e dobramentos na superfície. Além disso, é graças a esses movimentos que os continentes encontram-se em sua atual forma, pois, antes, sua distribuição sobre a superfície da Terra era bem diferente.

No início, segundo a teoria da Deriva Continental, havia apenas um continente, chamado de Pangeia, que se dividiu por várias e várias vezes, formando a Gondwana e a Laurásia, que novamente se dividiu, dando origem aos atuais continentes. Como as placas tectônicas continuam se movimentando, é possível que daqui a alguns milhares de anos as configurações das terras emersas do planeta sejam diferentes das atuais.


Por Me. Rodolfo Alves Pena