O que é fisiologia do movimento

A Fisiologia é o ramo da Biologia dedicado à compreensão do funcionamento de um organismo, sendo responsável por desvendar todos os processos físicos e químicos envolvidos na manutenção da vida. Estudar a fisiologia dos seres vivos é extremamente importante, pois não basta saber, por exemplo, quais são os órgãos que compõem um organismo, é fundamental compreender todo o seu funcionamento e as atividades desenvolvidas por cada uma dessas estruturas.

Para compreender a Fisiologia é necessário ter conhecimento básico de várias áreas da Biologia, tais como Anatomia, Morfologia, Biologia Celular, Bioquímica, Ecologia e Biofísica. Isso se faz necessário, pois todas essas áreas estão interligadas, e o funcionamento de um organismo está relacionado com processos que ocorrem em vários níveis de organização.

O que é fisiologia do movimento
Na Fisiologia, estuda-se como o organismo funciona. A circulação sanguínea é um dos temas abordados nessa área.

→ Fisiologia humana

A fisiologia humana preocupa-se com o entendimento do funcionamento do corpo humano, integrando, desse modo, conhecimentos químicos, físicos e, é claro, anatômicos. Essa área estuda desde as células até os sistemas que compõem o corpo. Dentre os processos estudados nessa área, podemos citar a digestão, a excreção, a circulação e a respiração.

O que é fisiologia do movimento
Na fisiologia humana, estuda-se o funcionamento do corpo humano.

Quando compreendemos a fisiologia humana, entendemos o funcionamento correto do organismo e, com isso, torna-se mais fácil entender alterações nesse funcionamento e criar métodos que façam com que o corpo retorne ao equilíbrio. Podemos concluir, portanto, que essa área é extremamente importante no campo da medicina.

Leia também o texto Corpo humano para aprender mais sobre as células, tecidos, órgãos e sistemas que formam o nosso organismo.

A fisiologia vegetal é a parte da Botânica que estuda todos os processos que ocorrem em um vegetal, permitindo, desse modo, o entendimento de como as plantas funcionam. Nessa área são analisados todos os eventos químicos e físicos que ocorrem na planta e garantem seu crescimento e desenvolvimento.

O que é fisiologia do movimento
A fotossíntese é um dos temas abordados na fisiologia vegetal.

Dentre os fenômenos estudados na fisiologia vegetal, podemos destacar a fotossíntese, respiração, ação dos hormônios vegetais, movimento de água e nutrientes pelo corpo da planta e os movimentos vegetais.

Leia também: Conceitos botânicos

→ História da Fisiologia

O estudo da fisiologia iniciou-se na Grécia por volta de 2500 anos atrás. O termo fisiologia é oriundo das palavras gregas phýsis e logos, que, juntas, significam literalmente “conhecimento da natureza”.

Uma das figuras mais influentes no campo da fisiologia da Antiguidade foi Cláudio Galeno (129-200 d.C.), um médico conhecido por tratar gladiadores. Galeno realizou diversos trabalhos com animais e seguia uma doutrina conhecida como “quatro humores”. Essa doutrina partia da ideia de que o corpo era formado por quatro diferentes fluidos: sangue, fleuma, bile amarela e bile negra. Segundo esse médico, o coração, o fígado e o cérebro eram os principais órgãos do corpo humano.

Outra figura que merece destaque é Andreas Versalius (1514-1564), que publicou, em 1543, a obra intitulada De Humani Corporis Fabrica. Esse trabalho ficou conhecido como um grande marco tanto no estudo da anatomia como para a fisiologia moderna, iniciando uma nova forma de compreender o funcionamento do corpo.

Outro estudo que merece destaque é o de William Harvey (1578-1657). Ele propôs a teoria de que o sangue circulava por todo o organismo graças ao bombeamento garantido pelo coração. Até esse momento, a teoria mais aceita afirmava que o sangue era constantemente produzido, e não que ele circulava pelo corpo. O trabalho de Harvey, sem dúvidas, foi fundamental para a compreensão de diversos outros processos fisiológicos.

O maior avanço dessa área da Biologia aconteceu, no entanto, ao longo do século XIX, em especial na Alemanha e na França. Nessa época, houve o entendimento da teoria celular e o desenvolvimento da fisiologia experimental. Nesse último caso, devemos destacar os trabalhos de Claude Bernard, que é considerado o pai da fisiologia experimental contemporânea e destacava a importância da experimentação.

No século XX, diversos processos foram desvendados, e o entendimento da bioquímica e da biologia molecular foi fundamental para o aprofundamento do conhecimento em fisiologia. Com os avanços tecnológicos, essa área continua a crescer e muitos processos ainda serão entendidos.


Por Ma. Vanessa dos Santos

Artigos Fisiologia

Mestre em Neurologia / Neurociências (UNIFESP, 2019) Especialista em Farmácia clínica e atenção farmacêutica (UBC, 2019)

Graduação em Farmácia (Universidade Braz Cubas, UBC, 2012)

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O músculo esquelético é um órgão formado por células multinucleares fibrosas capazes de promover contração e se alongar. Os músculos podem ser classificados de acordo com suas características sendo eles o cardíaco, o liso e o estriado. O último é o mais difundido no corpo com cerca de 600 espalhados, representando cerca de 40 a 50% do peso corporal. Dentre as funções que podemos citar está a produção de movimentos corpóreos, como caminhar, correr, levantar entre outros movimentos. A estabilização das posturas, através das contrações, há a estabilização das articulações e equilíbrio do peso favorecendo o indivíduo a permanecer em pé por exemplo, além disso também favorece a movimentação de substâncias ao longo do corpo pelo processo de contração, funcionando como uma segunda bomba, auxiliando o coração. A geração de calor e a regulação do volume de alguns órgãos também são funções importantes para o corpo humano.

Esse órgão funciona como um transformador de energia química, transmitida pelo sistema nervoso central, em energia mecânica (em movimento). Para que essa ação mecânica ocorra é necessário um conjunto de fibras com proteínas contráteis capazes de agir em conjunto e sincronismo: a actina e a miosina, ambas compõem filamentos finos e grossos respectivamente, essas estão inseridas nas miofibrilas que fazem parte das fibras musculares. As miofibrilas estão dispostas de forma paralela formando bandas escuras e claras inseridas em série, formando o padrão conhecido e caracterizando as estrias musculares, limitando os sarcômeros, que são consideradas as unidades contráteis, estão os discos Z, local onde a tinina e a nebulina se ancoram na alfa Actinina.

O processo de contração muscular se dá através do encurtamento das fibras musculares e ocorre quando a concentração do cálcio [Ca2+] aumenta gerando assim diversos eventos intracelulares que promovem a interação da miosina com a actina, onde a actina desliza sobre a miosina gerando encurtamento dos sarcômeros e consequentemente das fibras musculares em série. Esse aumento de Cálcio se dá através da liberação de Acetilcolina, um neurotransmissor, que ativa receptores muscarínicos na fenda neuromuscular promovendo o influxo de Sódio na célula muscular causando despolarização das células musculares. Essa despolarização (ou potencial de ação) se propaga por todas as fibras levando ao aumento de cada vez mais cargas positivas por toda membrana celular. O potencial de ação faz com que retículo sarcoplasmático, presente dentro das células musculares juntamente com os túbulos T, libere Cálcio e esse promove o encontro da miosina com actina e o consequente encurtamento da fibra (isso de maneira simplificada já que o processo envolve outros fatores mais complexos como o envolvimento das proteínas DHP entre outros).

As moléculas de miosina formam, em disposição ordenada, um filamento mais grosso que a actina, essas moléculas são formadas por dupla hélices e em uma das pontas há duas cabeças globulares que funcionam através da ação da Adenosina trifosfato ou também conhecido como ATP elevando a miosina levando ao encontro com os filamentos mais finos de actina. Os filamentos de actina por sua vez são formados por actina globular que se entrelaçam formando a actina filamentosa e essa estará ligada a tropomiosinas fixadas pelas troponinas. O cálcio liberado do retículo sarcoplasmático se liga a troponina e essa, alterando sua conformação, expõe a tropomiosina fazendo com que a cabeça da miosina se projete e consiga se ligar a tropomiosina. Com a ação da adenosina trifosfato, há o deslizamento dos filamentos de actina sobre os filamentos de miosina aproximando as extremidades dos sarcômeros e produzindo força de contração ao longo de toda a fibra muscular.

A massa muscular pode sofrer variação em diversas espécies ao longo do tempo, inclusive a espécie humana, ao avançar da idade perdemos cerca de 30 a 40% de massa muscular naturalmente. Por conta da diminuição de massa muscular há a perda de força de contração, consequentemente, pessoas acima de 65 anos de idades são mais suscetíveis a quedas, o que são fatores que contribuem para a morbidade e mortalidade. Para se ter uma base da frequência que idosos sofrem com aproximadamente uma queda por ano.

Bibliografia:

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Brooks SV and Faulkner JA. Skeletal muscle weakness in old age: underlying mechanisms. Med Sci Sports Exerc 26: 432– 439, 1994.

Geeves MA, Holmes KC. Structural Mechanism of Muscle Contraction. Ann Rev Biochem 1999; 68: 687-728. 4. Brooks SV.