Como você explicaria a diferença entre a cultura popular e a cultura de massa

O termo cultura de massa foi cunhado pelos filósofos e sociólogos da Escola de Frankfurt (considerados pensadores da teoria crítica): Theodor Adorno e Max Horkheimer. A ideia de cultura de massa perfaz uma noção de que existe um tipo de produção cultural industrial para satisfazer as necessidades de uma indústria capitalista, que vende os seus produtos culturais como se fossem algo que se compra em um supermercado.

Nesse sentido, a indústria cultural apropria-se da arte e faz dela um subproduto produzido em massa para render lucros a uma indústria, que pode ser cinematográfica, televisiva, musical ou das artes plásticas.

Saiba também: Contracultura: movimento de questionamento e negação da cultura vigente

Características

A cultura de massa é um objeto da indústria cultural. O conceito de cultura de massa diz respeito a uma cultura que não é autêntica. Segundo Walter Benjamin, filósofo e teórico literário alemão do século XX, a cultura tornou-se um elemento de mercado. Para Benjamin, o cinema e a fotografia representaram o ápice do desenvolvimento tecnológico que levou à cultura de massa.

O cinema hollywoodiano é um exemplo de produto da cultura de massa.

Benjamin entendia que a arte, quando reproduzida por alguma técnica, tende a perder a sua autenticidade. Se pensarmos que até o século XIX qualquer forma de arte era reproduzida na hora (a música era tocada na hora, a pintura era feita na hora e a atuação teatral era feita ao vivo), no início do século XX, a reprodução da obra de arte pela tecnologia era uma novidade.

A cultura de massa tornou-se, no vocabulário da teoria crítica, uma manifestação cultural inautêntica, pois é fruto de um movimento de massificação da cultura, ou seja, de produção de elementos culturais para satisfazer os anseios de um mercado capitalista de vender tais produtos e utilizá-los para a propagação de um ideal de vida capitalista e consumista.

Para funcionar corretamente, a indústria cultural criou uma fórmula específica: pegar elementos da cultura erudita (a cultura de elite) e misturá-los à cultura popular (a cultura produzida pelo povo, nas periferias e fora da elite). Quando tal mistura reproduz-se com as técnicas de reprodutibilidade, temos os elementos da indústria cultural.

A cultura de massa atende à lógica mercadológica capitalista. Por isso, ela não faz distinção da individualidade e do gosto estético de cada pessoa e de cada cultura. A ideia é, para a indústria cultural, tornar todos os cidadãos uma única massa, que não tem rosto e nem individualidade e anseia o simples consumo do que a mídia lhe impõe.

Cultura de massa e consumo

A cultura de massa está estreitamente ligada ao consumo. As propagandas que são veiculadas na televisão e na internet têm o propósito de levar o espectador a consumir os produtos propagados. Não obstante, às propagandas também são veiculados ideais de vida. Do mesmo modo que as propagandas passam tais ideais, a cultura de massa também é utilizada com tal objetivo. Filmes, novelas, músicas, séries e estampas comerciais são exemplos desse tipo de cultura.

A indústria de bens de consumo aliou-se à indústria cultural para propagar os seus ideais. Nesse sentido, a indústria cultural virou uma maneira vender os produtos do mercado, além de propagar os ideais de vida burgueses do capitalismo. Nesse sentido, a cultura de massa é uma espécie de propaganda daquilo que é vendido como padrão de vida, além de ser uma espécie de produto autônomo, que sustenta a lógica do consumo capitalista.

Ao contrário do que o senso comum pensa, a cultura de massa e a cultura popular não são sinônimos. Cultura popular é uma manifestação autêntica de um povo, sem interferências externas e sem qualquer lógica de mercado e venda. Como exemplos de cultura popular brasileiras, podemos elencar o samba, a música sertaneja de raiz, a literatura de cordel, o axé e o funk carioca. Todos esses elementos são frutos de uma cultura popular autêntica e representam as pessoas que os originaram.

A cultura popular é autêntica por representar a vida, os hábitos e os costumes de uma população. Ela não é reprodução e não é uma tentativa de massificação das pessoas. A cultura popular, ao contrário da cultura de massa, visa atender a simples criação e não a busca dos padrões de venda de um mercado capitalista.

Leia também: Festa Junina: uma festa da cultura popular brasileira

Cultura de massa e filosofia

Os filósofos e sociólogos alemães da Escola de Frankfurt (representantes da teoria crítica) Theodor Adorno e Max Horkheimer foram os primeiros a falar de uma cultura de massa. Para os teóricos, a indústria cultural foi um meio de propagar-se o capitalismo e os seus ideais via arte e cultura.

Como você explicaria a diferença entre a cultura popular e a cultura de massa
Adorno (na frente, à esquerda) cumprimentando Horkheimer (na frente, à direita).

A influência marxista dos teóricos da Escola de Frankfurt fê-los enxergar as armadilhas do capitalismo liberal da primeira metade do século XX como um todo capaz de utilizar-se de vários subterfúgios para manter a população magnetizada pelos domínios consumistas. Nesse sentido, várias distorções sociais foram provocadas concomitantemente à indústria cultural, e esta fez com que tais distorções fossem normalizadas. Um exemplo dessas distorções foi o holocausto judeu.

Como alemães judeus, Adorno e Horkheimer analisaram o ideal de esclarecimento iluminista à luz do que aconteceu na Alemanha nazista. Para os filósofos, não havia qualquer traço de emancipação numa sociedade que evoluiu muito tecnologicamente, mas usou essa evolução apenas para a promoção do capitalismo e a serviço de governos sanguinários, como o governo nazista.

Para criticar o ideal iluminista não concretizado e questionar a lógica capitalista e as aberrações produzidas por essa no século XX, Adorno e Horkheimer escreveram o livro Dialética do esclarecimento. Nesse escrito, os filósofos tentaram compreender o que falhou para que a lógica iluminista de emancipação e melhoramento social da humanidade não fosse comprovada no século XX.

A resposta, segundo os teóricos da Escola de Frankfurt, estava na utilização da razão como instrumento para algo (no caso o capitalismo) sem reflexão e pensando apenas no lucro. Como meio de propagar as ideologias desse sistema, a indústria cultural surgiu para levar à população as ideias de consumo importantes para a manutenção da ordem vigente.

A cultura erudita se refere à cultura clássica, e, na maioria das vezes é associada à cultura elitizada. Vemos que a cultura de massa é aquela considerada, por uma maioria, sem valor cultural real, geralmente diretamente associada a indústria cultural.

Um exemplo são as festas populares em que determinadas funções passam de pai para filho ou de mãe para filha. Já a cultura erudita trata-se de uma manifestação cultural ou artística que foi gerada após estudos prévios e que somente indivíduos especializados podem exercê-la.

A cultura popular se refere a cultura que surge de forma espontânea entre o povo, não possui qualquer objetivo a não ser transmitir alguma forma de saber ou de viver. ... Já a cultura de massa está associada à intensão de comercializar o objeto cultural, é algo voltado a venda e intenção de lucro.

Como a cultura pode ser transmitida?

Características da Cultura é adquirida por meio das relações sociais de um grupo; é transmitida para gerações posteriores; não é estática, sendo influenciada por novos hábitos.

O que é indústria cultural Cite exemplos?

O que são as indústrias culturais? ... Exemplos de indústrias culturais são a indústria discográfica, cinematográfica, editoriais, companhias de teatro… em que os bens ou serviços culturais que produzem são considerados principalmente com um critério industrial e comercial.

Normalmente as pessoas não costumam entender direito as diferenças entre cultura de massa, popular e erudita, assim, acabam usando os conceitos de forma equivocada em discussões ou textos acadêmicos e escolares, que porventura podem fazer.

Assim, diferenciar esses termos é essencial para saber enquadrá-los em cada tipo de demonstração cultural. Ademais, é perfeitamente normal que algum tipo de confusão possa vir a ocorrer, por isso que estamos publicando esse artigo.

O primeiro passo é compreender os motivos pelos quais precisamos fazer essa separação de termos culturais. Cada expressão cultural é feita por uma pessoa ou grupo de pessoas que estão envolvidas em uma determinada parcela da sociedade.

Essas demonstrações acabam por revelar algum tipo de vivência que cada uma dessas separações vive e acredita ser a melhor maneira de expor aquilo que tem em mente. Deste modo, temos os três tipos de produções artísticas.

A cultura de massa, cultura popular e cultura erudita, cada uma delas expressando e atuando em um setor da sociedade. Não existe nenhuma melhor ou pior, mas cada tipo expressa algo que é vivenciado em distintas realidades vividas por cada pessoa ou grupo.

Em geral, algumas são mais preparadas justamente por ter um respaldo técnico maior, mas isso não significa que são mais populares ou que consigam expor perfeitamente aquilo que estão tentando passar.

Diferentemente de uma fabricante de etiquetas adesivas, por exemplo, cada expressão cultural tem como objetivo transmitir algum tipo de mensagem para o maior número de pessoas possíveis.

Assim, a interpretação que cada um desses grupos fará perante a produção artística será diferenciada pela maneira como cada parte da sociedade entende aquele determinado tema ou expressão.

Neste artigo abordaremos os seguintes aspectos da cultura de massa, erudita e popular, são eles:

  • Para quem são feitas?
  • Como são feitas?
  • Como são recebidas?
  • De onde que vieram?

Entender esses pontos é essencial para fazer um melhor enquadramento de cada um dos milhares de conteúdos aos quais somos submetidos diariamente, bem como que fazem, ou não, parte de nossas vidas cotidianas.

Entenda o que é a cultura de massa

É importante começarmos pela cultura de massa, pois é a que mais se afasta de uma criação artística. Podemos substituir o termo por “cultura pop”, ou seja, algo que cai fácil no gosto da maioria das pessoas.

Sabe aquela sensação de ter escutado uma música ou visto algum filme que parece ser muito parecido com outro que já vimos ou ouvimos? Com a explosão das mídias sociais, cada vez mais esse tipo de sensação está presente em nossas vidas.

Um produto feito para a massa ou que seja pop, é normalmente consumido por quase todos os públicos de diferentes classes sociais e idades. Seja em uma escola pública ou em empresas terceirizadas de limpeza e conservação.

A sua criação tem o único e exclusivo objetivo de vender o máximo possível. E é importante dizer que isso não significa que seja algo ruim ou errado, afinal a produção desses itens costuma ser totalmente industrializada, o que acaba dando oportunidade para muitas pessoas.

Exemplos claros de filmes de romance entre vampiros ou filmes de super heróis mostram que as produções para a cultura de massa têm como objetivo trazer o maior número de pessoas a consumirem aquele produto cultural.

A indústria cultural e a cultura de massa

O termo indústria cultural foi criado na escola de Frankfurt, na Alemanha, por Max Horkheimer, sendo que ganhou o mundo após a Segunda Guerra Mundial e com o início da Guerra Fria.

É necessário entender que o principal meio de controle social vem das produções culturais e o controle midiático. Deste modo, é como se as indústrias criassem e fizessem a publicidade de seus próprios produtos para que a população os consumisse.

Deste modo, você padroniza os meios de produção cultural e faz com que as pessoas consumam apenas um tipo de produto, e o mais importante, não percebam que estão sendo influenciadas por isso.

Trata-se, então, de uma fórmula concreta e extremamente eficiente de vender algum tipo de produto, discurso e ideal, pensando que a maioria das pessoas não estão interessadas em saber como, para ou por que essas produções são lançadas.

Entenda o que é a cultura erudita

Muito se fala que a cultura Erudita é criada somente por pessoas da elite intelectual. Falar dessa maneira parece soar algo meio pejorativo e distante, por isso precisamos entender a origem da expressão ‘Elite’, para então compreendermos a cultura erudita.

Há muito tempo não existia câmeras e sequer empresas que fizessem a instalação de alarme ou de transmissões. O que se tinha eram cartas e livros, sendo que as pessoas passavam informações umas para as outras deste modo.

Esses escritos foram passados de pessoas para pessoas, e ensinados de pais para filhos, até serem criadas as escolas artísticas e universidades. Deste modo, antigamente, existia uma parcela da população que detinha de todos esses conhecimentos e criavam arte.

As produções artísticas eram muitas e variadas, mas somente podiam ser consumidas por pessoas que pudessem pagar pelo preço. A palavra Elite no contexto social, que infelizmente foi deturpado anos depois, vem das pessoas que detinham o conhecimento.

Esse modelo ajudou muitas produções a atingirem níveis de excelência enormes além de construir e desenvolver tudo o que temos hoje como padrão para se criar uma música, peça de teatro, escultura, acessórios pet atacado e afins.

Esse modelo de expressão gerou enorme influência no mundo todo, principalmente no ocidente, onde a grande maioria dos países foi colonizado por europeus.

É equivocado dizer que apenas aqueles que atendiam o padrão europeu eram vistos como uma expressão de arte. O maior exemplo disso foi com o compositor Carlos Gomes (1836-1896), criador do incrível trabalho mundialmente famoso, O Guarani.

Existe o fato de que grandes compositores, cientistas e artistas europeus como Leonardo da Vinci, Pablo Picasso, Beethoven e Mozart foram conhecidos graças à influência colonial e imperial, muitas obras deles são utilizadas em uma empresa de advocacia ou restaurantes.

Vale a pena destacar que o imperador Dom Pedro II é conhecido por investir fortemente na arte e na ciência do Brasil. Esse investimento gerou pessoas como Machado de Assis, Monteiro Lobato, Heitor Villa Lobos, Santos Dumont e André Rebouças.

Mais cedo ou mais tarde toda pessoa que quiser desenvolver a mais perfeita obra de arte deverá passar pelos estudos preservados pela cultura erudita. Atualmente, com a explosão de outros tipos de expressão artística, ela é consumida por um público bem menor.

Em geral, a maioria das pessoas já ouviu diversos trechos das músicas eruditas que são usadas em canções para cestas natalinas e outros fins.

A sociedade é capaz de criar suas próprias obras, sem a necessidade de que ninguém a ensine, e foi assim que a cultura popular surgiu. Por meio de pessoas curiosas em aprender algo a mais e dispostas a transmitir uma mensagem, criaram suas próprias artes.

É importante diferenciar a cultura de massa da cultura popular, pois a cultura popular não foi criada para vender, mas para transmitir alegria, tristeza, rancor, medo e outros sentimentos que envolvem as obras de arte.

A capoeira, por exemplo, é um exemplo de luta e dança criada pelos escravos e, posteriormente, utilizada por milhões de brasileiro. O samba é um outro exemplo de cultura popular, assim como o carnaval e o axé.

A cultura popular está no conhecimento de todos, seja em um fretado para empresas ou no restaurante mais caro do país. Diferentemente da cultura de massa, que é praticamente imposta, ela transcende as diferenças sociais e passa a ser parte da vida das pessoas.

A cultura popular se mistura com a crença das pessoas, a linguagem, a moral seguida por todos que se transformam em hábitos e até tradições. Ela também foi passada de geração em geração. O interessante é que ela não foi escrita, mas vivida por todos.

Podemos ficar aqui dando diversos exemplos da cultura popular brasileira, como as músicas folclóricas, moda de viola, Bossa Nova. As festas? Temos Carnaval, Festa Junina, Bumba meu Boi e outras.

Considerações finais

Cada uma dessas culturas que explicamos ao longo do artigo exercem funções diferentes na sociedade. É possível curtir todas elas consumindo o que você mais gosta, mas sem perder tempo com discussões de qual é melhor, pois não existe resposta.

Hoje, a cultura erudita utiliza das criações populares, assim como a cultura popular também utiliza da cultura erudita. Por trás de todo grande palco, existem pessoas que precisam levar comida para casa, o que torna um negócio para a cultura de massa interessante.

Já pensou um carnaval seja no Rio de Janeiro, Bahia ou São Paulo sem uma montagem de estruturas metálicas para carregar todos? Sem uma logística e uma organização?

Agora que já entendemos a influência que cada uma dessas culturas e como cada uma age em nossas vidas, é possível consumir aquelas que melhor atendem aos nossos gostos pessoais.

Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.