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a média de 264 réis por kilo! Considerando o pezo especisico desta rarão este emprehendimento ; de modo que a exportação de nossas especie de madeira, vemos que estes ppeços são até mesmo fabulosos. gnificas madeiras continuará a ser por muito tempo apenas um sonho, Si ainda pudessem ser reduzidos os impostos e as tarifas ferroviarias, difficil de se transformar em realidade... Em tal contingencia talvez não actualmente em vigoi, creio que o assumpto não permittiria mais muita seja muito fóra de proposito, nos lembrarmos das nossas patrioticas aggrediscussão quanto á sua viabilidade.
miações como a Sociedade Nacional da Agricultura e a sua congenere Tambem é de suppôr que o governo não fará opposição á redue- no Estado de São Paulo. Já não são poucos os serviços levados a ção de impostos de exportação. Tal reducção, de facto, não virá preju- effeito pela iniciativa destas aggremiações. Não seria agora de bom aviso dicar o lisco, reduzindo suas rendas actuacs, visto esta exportação ter que estas sociedades assumissem a iniciativa de organizar um serviço sido até agora quasi nulla e porisso existir ainda ausencia quasi com- para exploração de nossas madeiras ? Ou não seria mesmo conveniente pleta de tal renda.
que se organizasse, nos moldes destas sociedades, um novo centro excluEm taes condições não seria impossivel que o governo, a titulo sivamente para a exploração das madeiras nacionaes ? Amparado pelos de experiencia, fizesse reduzir ou supprimir estes impostos.
poderes publicos tal centro poderia organizar um serviço adequado, pouco O que, porém, embaraça a resolução do problema, é a difficul- dispendioso e pratico para as nossas condições particulares. A sua ordade, que existe, em organizar-se um serviço de exploração, adequado ás ganização por ora ainda pode ser um assumpto aberto a livre discussão; nossas circunstancias e nos moldes requeridos pelo commercio deste pro- odavia desde já devemos ter em vista a creação de um deposito ou reducto.
servatorio, ou muitos delles, para onde afflúa de todos os recantos qualNão ha duvida que á primeira vista o assumpto não parece tão quer quantidade das nossas preciosas essencias florestaes. Ha muita complicado como é na realidade.
madeira em toda parte, que se perde, por falta de comprador que a adSabemos que não têm faltado a iniciativa e alguns estudos para quira promptamente em qualquer quantidade. Reunir esta riqueza nalevar a esleito faes emprehendimentos, mas as difficuldades foram tama- cional e envial-a para mercados extrangeiros de um modo simples e pranhas que os esforços resultaram inuteis.
tico, deveria ser o alvo de uma tal aggremiação que, com o tempo, Effectivamente, um serviço desta ordem exige capitaes avultados, poderá dar lucros rasoaveis a nosso favor no intercambio commercial
Esses capitaes. assim empregados, não são de muito prompta com os paizes extrangeiros. remuneração. Lecocq, engenheiro belga, que no fim do anno de 1913
Ao terminar estas considerações desejamos fazer um appello aos realizou na Sociedade Central Florestal da Pielgica uma interessante con
nossos patricios. Infelizmente já generalizou-se a moda de negar a06 ferencia sobre as florestas do Brasil, calculou que para a conveniente
brasileiros a força de vontade. Cada vez que se trata de questões que exploração das nossas mattas era preciso um capital, pelo menos, de
exigem resoluta iniciativa e energica acção da nossa parte, ouvimos sempre tres milhões e meio de francos. Naturalmente, o calculo, que fez dos lu
as já habituaes lamentações; que os brasileiros são somnolentos, frouxos cros, era animador ; mas tomamos a liberdade de objectar, que era
e incapazes de dar qualquer impulso decisivo. Vem a proposilo citar theorico. Vejamos como elle encara o assumpto: Segundo o jorna
aqui um trecho dum artigo do collaborador d' “O Estado de S. Paulo", Indépendence Belge, diz o conferencista que para uma exploração metho
que se firma J. Silva, escripto ha um anno e meio, sobre as notabilissidica das florestas do Brasil seria necessario atacar as florestas situadas
mas qualidades intrinsecas do nosso mangue de pendão, que segundo as nas proximidades de um rio visinho ao mar e que seria tambem preciso
analyses feitas, parece realizar o ideal em materia de madeira para calconstruir uma estrada de ferro de bitola larga, empregando-se tambem
çamento urbano. Diz o alludido collaborador concluindo o seu artigo: estradas Decauville para o transporte para a via principal, etc.
“Com esleito, como se vê, e segundo as experiencias feitas no ConserQuanto aos meios de transporte, o projecto talvez não mereça vatorio Nacional das Artes e Officios de Pariz, e as que o foram nos reparos. O que, porém, não nos parece razoavel é a escolha da floresta
“apodrecedores experimentaes, da companhia franceza de estradas de ferro nas condições indicadas. A não ser na zona equatorial, não temos flo- Pariz - Lyão - Mediterraneo, o nosso mangue vermelho, rei dos mangues, restas nas proximidades de rios visinhos ao mar, como seria muito dese- mangue verdadeiro ou mangue de pendão (Rhizophora racemosa, Meyer). javel. As nossas grandes correntes fluviaes tomam um curso exquisito, é uma madeira notavel que não apodrece, não dá de si, não verga, não para ... as Republicas visinhas; e as margens das outras estão bastante se deixa infiltrar, e é quatro vezes mais resistente que o pinho e duas devastadas.
que o carvalho. Com esseito a sua densidade é de 110, ao passo que Mais acertado é o projecto do Schüler, que, no seu livro Brasi- a do carvalho só attinge a 70, quando a do pinheiro não passa de 40. lien, ein Land der Zukunft, salientando a importancia da exportação das
Fosse isso na Europa, e, sabidas taes cousas, desde logo teriam nossas madeiras, faz tambem calculo para uma empreza exploradora de
surgido medidas legislativas no sentido da protecção e da cultura indusmadeiras, que se eleva igualmente a diversos milhões de marcos,
trial deste lenho verdadeiramente maravilhoso. que nos primeiros annos ainda não espera remuneração immediata. Este
Aqui lê-se um artigo desses, de interesse profunda e demonstraauctor já faz considerações sobre as difficuldades da empreza e censura
damente economico, boceja-se põe-se o jornal de um lado e pergunta-se : o modo por que está sendo feita a exploração actualmente, chegando,
Que ha de novo na politica ?” assim, mais perto do alvo pratico ; mas é evidente que tambem os calculos delle não deixam de ter um cunho theorico.
Isto até um certo ponto pode ser verdadeiro. Mas é um grande Vemos, pois, que o problema em questão não dos mais faceis
erro nos deixarmos avassalar pelo pessimismo, que é absolutamente im
productivo e nunca deu remedio a cousa alguma. Para elle ser levado a effeito é necessario muita abnegação e fé que em nosso meio ainda são cousas pouco communs.
O paiz tem dado provas de sua vitalidade. Fortes tendencias reNão quero, entretanto, como já disse acima, que se abandone por
generadoras vão se accentuando. O movimento espontaneo que se nota completo este problema, mas, sim, procurar meios que nos levem á sua
em prol da pecuaria e em prol da organização do credito agricola, a mais facil solução.
adopção de novos methodos na agricultura etc., etc., são indicios seguros Longe de pretender que a minha opinião seja absolutamente per
de que vae abrir-se para nós uma nova era economica e um futuro lisonfeita, é minha intenção lembrar um alvitre, que, ao meu ver, é razoavel.
geiro. Confiar neste futuro e com esta fé pôr mãos a obra
deve ser Pelo exposto vemos que a solução do problema reclama grandes
o nosso lemma e o gesto mais nobre da nossa vida. capitaes, cuja prompta remuneração, para cumulo, ainda parece ser du
S. José dos Campos, 21 de Abril de 1915 vidosa. E' certo que por esse motivo os capitaes tão cedo não procu
JULIO MALVES