Todos os elementos químicos encontrados na natureza são constituintes essenciais das biomoléculas

A an�lise qu�mica elementar da mat�ria viva diz-nos que apenas 22 dos mais de 100 elementos qu�micos s�o essenciais aos seres vivos e destes, apenas 16 podem ser encontrados em todas as esp�cies. 

Estes 16 elementos encontram-se nos seres vivos em propor��es muito diferentes das do meio f�sico, sendo 99% da massa das c�lulas composta por carbono, hidrog�nio, oxig�nio e azoto. O s�dio, pot�ssio, magn�sio, c�lcio, enxofre, f�sforo e cloro representam entre 1 a 2% da massa total das c�lulas. Os restantes elementos surgem em quantidades inferiores a 0,01% e s�o, por isso, designados oligoelementos.

De todos os compostos, a �gua � o mais abundante na c�lula, atingindo 95% da sua massa total, servindo de meio de dispers�o para as restantes mol�culas e ajudando na sua interac��o.

Os compostos org�nicos caracterizam as c�lulas pois n�o existem no meio f�sico, sendo por isso chamados biomol�culas. Nas biomol�culas incluem-se os gl�cidos os l�pidos, os pr�tidos e os �cidos nucleicos.

�tomos e liga��es qu�micas Fundamental para a compreens�o das biomol�culas que comp�em as c�lulas � a composi��o do �tomo.

Todos os elementos s�o formados por �tomos, por sua vez formados por part�culas menores: prot�es e neutr�es (concentrados no n�cleo) e electr�es, que orbitam o n�cleo.

No n�cleo est� concentrada a massa do �tomo, embora o seu di�metro seja muito menor que o do �tomo (por vezes descrito como uma mosca no centro de um campo de futebol). Os prot�es, carregados positivamente, est�o em n�mero constante em todos os n�cleos de �tomos do mesmo elemento, identificando esse elemento pelo chamado n�mero at�mico.

Os neutr�es t�m a mesma massa que os prot�es e tamb�m se localizam no n�cleo mas n�o t�m carga, s�o electricamente neutros. O n�mero de neutr�es pode variar em �tomos do mesmo elemento, dando origem a is�topos, sem que se alterem as propriedades qu�micas do �tomo. No caso do hidrog�nio, por exemplo, existem 3 is�topos: 

  • um prot�o - pr�tio ou hidrog�nio-1
  • um prot�o + um neutr�o - deut�rio ou hidrog�nio-2
  • um prot�o + dois neutr�es - tr�tio ou hidrog�nio-3

Somando o n�mero de prot�es e neutr�es do n�cleo dos �tomos obt�m-se o n�mero de massa, que caracteriza cada is�topo, pois revela a diferen�a no n�mero de neutr�es. Os is�topos do mesmo elemento s�o quimicamente semelhantes, podendo mesmo substituir-se entre si, mas t�m comportamento f�sico diferente devido � massa diferente.

Os electr�es s�o muito menores, com carga el�ctrica igual mas de sinal contr�rio � dos prot�es, movendo-se como uma nuvem em volta do n�cleo. O �tomo � geralmente neutro porque existem tantos electr�es negativos como prot�es positivos.

O �tomo representa-se atrav�s do seu s�mbolo qu�mico (composto por uma ou duas letras) com o n�mero de massa em cima � esquerda e o n�mero at�mico em baixo � esquerda.

Os electr�es disp�em-se em volta do n�cleo em camadas electr�nicas, designadas 1,2, 3, etc. de acordo com a dist�ncia a que se encontram. Cada uma destas camadas t�m uma lota��o determinada: primeira camada 2 electr�es, �ltima camada 8 electr�es e as camadas interm�dias (N) ter�o N electr�es, ou seja, N = 2n2 em que n � o n�mero da camada.

No entanto, a maioria dos �tomos tem a �ltima camada electr�nica incompleta, tendendo por isso a ligar-se a outros para adquirir a configura��o dos gases raros. Os electr�es da �ltima camada designam-se electr�es de val�ncia e s�o os que interv�m nas liga��es qu�micas. O objectivo do estabelecimento de uma liga��o qu�mica � que, em volta de cada n�cleo, o n�mero de electr�es passe a ser igual a 2 ou a 8.

Todos os electr�es t�m a mesma massa e carga electr�nica mas o seu n�vel de energia varia com a dist�ncia ao n�cleo: quanto mais perto do n�cleo maior a atrac��o nuclear e menor � o n�vel de energia. Ao percorrer cada �rbita o electr�o n�o sofre varia��es de energia mas se ela lhe for fornecida, de modo a vencer a atrac��o nuclear, pode acontecer que:

  • o electr�o passe para um n�vel de energia superior - excita��o;
  • o electr�o abandone o �tomo transformando-o num cati�o (i�o positivo) - ioniza��o.

Quando o electr�o excitado retorna ao seu n�vel tradicional de energia liberta exactamente a mesma quantidade de energia que provocou a sua excita��o. Esta situa��o � comum em fen�menos associados a radia��es luminosas, como a fotoss�ntese, mas podem acontecer atrav�s de outras fontes de energia, como no caso da respira��o. Todos estes fen�menos tanto podem acontecer com �tomos, como com mol�culas.

Existem diversos tipos de liga��o qu�mica mas todas t�m como objectivo formar em volta de cada n�cleo at�mico uma configura��o de g�s raro. As liga��es qu�micas podem ser:

  • liga��o covalente - trata-se de liga��es formadas por partilha de electr�es, ou seja, os n�cleos aproximam-se e os electr�es passam a girar em volta dos dois n�cleos;
  • liga��o i�nica - esta liga��o resulta da atrac��o entre i�es produzidos pela transfer�ncia de electr�es de �tomos com tend�ncia para os perderem para �tomos com tend�ncia para os receberem. A atrac��o deve-se � exist�ncia de i�es de sinal contr�rio mas carga igual.

Para quebrar uma dada liga��o entre dois �tomos � necess�rio despender (ou fornecer aos �tomos) uma dada quantidade de energia. � essa energia, geralmente sob a forma de calorias, que nos indica a for�a de uma liga��o.

Mol�culas

Da liga��o qu�mica entre �tomos resultam mol�culas, algumas formadas por um conjunto de �tomos iguais e outras com �tomos diferentes, ou seja, subst�ncias simples e compostas, respectivamente.

Certos conjuntos de �tomos surgem nas mol�culas de v�rios compostos, conferindo a esses compostos propriedades semelhantes e designando-se por radicais ou grupos caracter�sticos. Os principais radicais que podem ser encontrados nas mol�culas org�nicas s�o:

  • grupo hidroxilo - representado por -OH, este radical � caracter�stico dos �lcoois pois s�o esses os compostos obtidos pela substitui��o de um ou mais �tomos de hidrog�nio pelo radical -OH ligado covalentemente. O radical -OH pode localizar-se em qualquer local da cadeia num 'esqueleto' hidrocarbonado. � temperatura ambiente s�o sempre l�quidos ou s�lidos, como por exemplo, o �lcool et�lico ou o glicerol;

  • grupo carboxilo - representado por -COOH, este radical confere caracter�sticas �cidas e apenas se pode localizar na extremidade de uma cadeia hidrocarbonada. S�o exemplos destes �cidos, o �cido ac�tico ou o l�ctico;

  • grupo amino - caracter�stico das aminas, deriva do amon�aco (NH3) por substitui��o de um dos hidrog�nios por radicais org�nicos, levando a que o �tomo de azoto fique ligado directamente a um �tomo de carbono. Nos amino�cidos surge em simult�neo com o grupo carboxilo, ligados a um �tomo central de carbono que tamb�m se liga a um hidrog�nio e a um radical org�nico. S�o exemplos de aminas a metilamina e todos os amino�cidos;

  • grupo alde�do - representado por -CHO e tamb�m conhecido por grupo carbonilo, � caracter�stico dos alde�dos, como por exemplo o formalde�do ou o acetalde�do;

  • grupo cetona - representado por -CO e caracter�stico das cetonas, difere dos alde�dos por apresentar o grupo carbonilo C=O ligado a dois radicais org�nicos R-CO-R, como acontece, por exemplo, na dimetilcetona.

Tipos de reac��es qu�micas A energia qu�mica total da mol�cula � a energia necess�ria para quebrar todas as suas liga��es at�micas. Quando as liga��es s�o quebradas os �tomos podem ligar-se de modo diferente, ou seja, pode ocorrer uma reac��o qu�mica. Numa reac��o qu�mica o n�mero  tipo de �tomos dos reagentes � o mesmo que nos produtos da reac��o.

Para que ocorram reac��es qu�micas s�o necess�rias algumas condi��es, nomeadamente:

  • colis�o entre as mol�culas reagentes (quanto maior a taxa de colis�es maior a velocidade de reac��o);
  • energia de activa��o - a exist�ncia deste tipo de energia aumenta o movimento das mol�culas, logo vai exponenciar as colis�es entre elas e, consequentemente, a velocidade de reac��o.

Os organismos vivos realizam as suas reac��es qu�micas com grande efici�ncia pois n�o desperdi�am energia sob a forma de calor e porque acumulam poucos res�duos, por compara��o com as reac��es inorg�nicas. Isto s� � poss�vel por realizam as reac��es em sequ�ncia, onde cada etapa utiliza como reagentes os produtos da etapa anterior.

Existem v�rios tipos de reac��es qu�micas mas em bioqu�mica as mais importantes s�o:

  • reac��o de s�ntese - v�rias subst�ncias ligam-se originando um �nico produto: A + B � AB
  • reac��o de decomposi��o - tamb�m dita de an�lise, neste caso uma dada subst�ncia � decomposta em subst�ncias menores: AB � A + B;
  • reac��o de dupla decomposi��o - neste caso, �tomos ou radicais trocam de lugar entre os reagentes: AB + CD � AC + BD. Um importante exemplo deste tipo de reac��o s�o as hidr�lises R-R' + H-OH � R-H + R'-OH e as suas reac��es inversas, as condensa��es R-H + R'-OH � R-R' + H-OH;
  • reac��o de oxida��o-redu��o - tamb�m conhecidas por reac��es redox, s�o reac��es em que h� transfer�ncia de electr�es entre

    Esquema simplificado de uma reac��o redox

     mol�culas. A oxida��o pode ser definida como a perda de electr�es e a redu��o como o ganho de electr�es. Assim, percebe-se que as oxida��es e as redu��es t�m que ocorrer sempre simultaneamente, pois � imposs�vel um electr�o permanecer isolado. O �tomo ou mol�cula que sofre oxida��o � o redutor e o que sofre redu��o � o oxidante.

Dado que para existir uma reac��o qu�mica � necess�rio que certas liga��es qu�micas se quebrem e outras se formem, deste balan�o podem resultar dois tipos de reac��es:

  • reac��es exerg�nicas - quando as liga��es que se formam s�o mais fortes que as que se quebraram h� liberta��o de energia. Esta energia � frequentemente libertada sob a forma de calor, pelo que � frequente as reac��es exerg�nicas serem tamb�m exot�rmicas;
  • reac��es enderg�nicas - quando as liga��es que se formam s�o mais fracas que as que se quebram h� uma absor��o de energia. Se a energia absorvida tiver sido sob a forma de calor, a reac��o enderg�nica tamb�m ser� endot�rmica.

Mol�culas constituintes das c�lulas

Nas c�lulas actuais, tanto procari�ticas como eucari�ticas, existem 5 tipos de componentes qu�micos principais, onde se incluem quatro categorias de biomol�culas e uma mol�cula inorg�nica:

  • �gua;

  • gl�cidos;

  • l�pidos;

  • pr�tidos;

  • �cidos nucleicos.

As biomol�culas t�m algumas caracter�sticas fundamentais e que as definem:

  • t�m grande dimens�o e peso molecular, sendo por isso designadas macromol�culas;

  • t�m grande variedade dentro de cada grande categoria;

  • a sua estrutura � muito complexa mas formada por um reduzido n�mero de unidades estruturais b�sicas, ou seja, s�o pol�meros de mon�meros;

  • formam estruturas altamente organizadas e com fun��o espec�fica, como a celulose ou a hemoglobina, por exemplo. 

�gua

Tr�s quartos da superf�cie da Terra est�o cobertos de �gua, o que significa que se o planeta fosse plano, toda a sua superf�cie estaria debaixo de 2,5 Km de �gua. Nitidamente, a designa��o correcta para o nosso planeta seria �gua e n�o Terra ...

A �gua � uma mol�cula extraordin�ria, apesar de comum, se n�o fossem as suas propriedades invulgares a Vida n�o teria surgido na Terra, ou pelo menos n�o como a conhecemos pois entre 50 e 90% do peso corporal dos organismos vivos corresponde a esta mol�cula.

No seu todo a mol�cula de �gua � electricamente neutra pois tem igual n�mero de prot�es e electr�es. No entanto, os electr�es partilhados nas liga��es covalentes ficam bem mais pr�ximos do oxig�nio que do hidrog�nio, causando um excesso de carga negativa em volta do O e uma car�ncia de carga negativa em volta dos H, tornando a mol�cula polar.

Estrutura da mol�cula de �gua e liga��es por pontes hidrog�nio (pontes H)

A polaridade da �gua permite a forma��o de liga��es, seja entre mol�culas de �gua seja com outro tipo de mol�cula, atrav�s de pontes hidrog�nio. Este tipo de liga��o � devida a for�as electrost�ticas entre os H+, ligado covalentemente a um �tomo de oxig�nio ou azoto, e outro �tomo de oxig�nio ou azoto.

Deste modo, as mol�culas de �gua podem ligar-se a 4 outras mol�culas por pontes hidrog�nio, situa��o respons�vel pelo facto de a �gua ser l�quida � temperatura ambiente, enquanto mol�culas como o amon�aco se evaporam rapidamente. Outro exemplo de uma mol�cula de estrutura semelhante � �gua em condi��es normais � um g�s � o sulfureto de hidrog�nio, libertado pelos vulc�es e altamente t�xico.

Esta polaridade justifica tamb�m a maior parte das propriedades da �gua:

  • capacidade de dissolu��o;

  • elevado ponto de ebuli��o e fus�o;

  • elevado calor de vaporiza��o - quantidade de calor necess�ria para passar uma grama de l�quido a vapor, que neste caso � elevado precisamente devido � grande estabilidade causada pelas liga��es por ponte hidrog�nio;

  • elevado calor espec�fico - quantidade de calor necess�ria para que a temperatura de um l�quido suba 1�C, no caso da �gua � elevado o que faz com que as varia��es de temperatura da �gua sejam lentas;

  • elevada for�a de coes�o e ades�o com viscosidade baixa - a coes�o (for�a de liga��o entre mol�culas iguais) e a ades�o (for�as de liga��o entre mol�culas diferentes) s�o fundamentais para a eleva��o da �gua no tronco de uma �rvore ou para a capilaridade mas como a viscosidade ainda assim � baixa, a difus�o de solutos em solu��es aquosas � muito f�cil;

  • elevada tens�o superficial - a coes�o entre mol�culas de �gua devido � polaridade e �s pontes H permite que um insecto como o alfaiate literalmente ande sobre �gua;

  • aumento de volume durante a congela��o - devido ao rearranjo espacial das mol�culas de �gua, o gelo flutua, permitindo que apenas uma fina camada de �gua congele nos mares, rios e lagos, mantendo-se as �guas abaixo no estado l�quido e a temperaturas aceit�veis para a Vida;

  • absor��o de radia��es - a �gua � praticamente transparente �s radia��es vis�veis, embora haja uma ligeira absor��o na zona do vermelho (da� as grandes massas de �gua serem azuis ou esverdeadas) mas absorve fortemente na zona do infravermelho (calor).

A �gua l�quida, dadas as numerosas liga��es por pontes H, forma uma gigantesca macromol�cula em cada lago, rio ou oceano.

No gelo, a �gua est� numa estrutura altamente regular de malha hexagonal, deixando um espa�o livre no centro de cada hex�gono (por isso o gelo flutua sobre a �gua l�quida). Com a fus�o, a �gua passa a uma malha quadrangular com um espa�o central menor, o que explica o motivo porque a �gua l�quido ocupa menos espa�o que o gelo. Esta situa��o � invulgar pois na fus�o h� um aumento da energia das mol�culas e a maior parte dos l�quidos t�m as suas mol�culas mais afastadas que os s�lidos.

A �gua � considerada o solvente universal, pois � capaz de dissolver mais subst�ncias que qualquer outro l�quido, sejam elas polares (hidrof�licas), que formam pontes H ou i�es que fiquem aprisionados em 'gaiolas' de �gua. As mol�culas apolares (hidrof�bicas) geralmente n�o se dissolvem em �gua, embora algumas possam permanecer nos espa�os entre elas.

Eis alguns exemplos cl�ssicos das capacidades de dissolu��o da �gua:

Dissolu��o da sacarose (mol�cula apolar) Dissolu��o do cloreto de s�dio (composto i�nico) Dissolu��o do cloreto de hidrog�nio ou �cido clor�drico (composto covalente polar)
Os cristais de sacarose difundem-se pela �gua uniformemente ligando-se � �gua atrav�s de pontes hidrog�nio. O vulgar sal de cozinha � formado pelos i�es Na+ e Cl- logo existem for�as de atrac��o entre as mol�culas polares da �gua e estes i�es: o cati�o s�dio atrai o p�lo negativo da mol�cula de �gua e o ani�o cloro atrai os p�los positivos. Os i�es libertam-se da superf�cie do cristal e permanecem em meio l�quido, isolados e totalmente envolvidos por mol�culas de �gua (hidratados). Ficam, portanto, uniformemente distribu�dos pela solu��o atrav�s de uma fen�meno conhecido por dissocia��o. Dada a polaridade de ambas as mol�culas, h� atrac��o entre os respectivos p�los opostos. Esta atrac��o � t�o forte que quebra as liga��es covalentes entre o hidrog�nio e o cloro, permanecendo, no entanto, o electr�o com o n�cleo de cloro. Assim, obt�m-se ani�es cloro totalmente envolvidos por mol�culas de �gua (hidratados) e cati�es hidrog�nio, que s�o atra�dos para o p�lo negativo da �gua e originam o cati�o hidr�nio H3O+. Este processo designa-se ioniza��o.

Para al�m disso, a �gua tamb�m � considerada um catalisador universal, pois devido ao seu car�cter polar favorece a ioniza��o de muitas mol�culas. � este o motivo porque a maioria das reac��es in vivo serem reac��es redox e o oxig�nio e o hidrog�nio serem participantes activos nelas.

Na �gua l�quida h� tend�ncia para um dos hidrog�nios de uma mol�cula se ligar ao oxig�nio de outra, originando dois i�es: OH- e H3O+. A �gua pura continua a ser neutra electricamente pois existe sempre o mesmo n�mero de cada um dos i�es (eles formam-se � custa um do outro) mas em solu��es aquosas com outros componentes isso nem sempre se verifica:

  • solu��o �cida - cont�m maior quantidade de cati�es H3O+;

  • solu��o b�sica - cont�m maior quantidade de ani�es OH-;

Para definir o grau de acidez de uma solu��o utiliza-se a escala de pH, ou seja a 'pot�ncia a que se eleva a concentra��o do cati�o H. Na �gua pura tem-se 1/10000000 mol de cati�o H, ou seja, [H+] = 10-7 ou seja pH = 7. Desta forma, se o pH de uma solu��o for inferior a 7 ent�o a concentra��o do cati�o H ser� maior que a da �gua pura e a solu��o ser� considerada �cida, o inverso para um pH superior a 7, onde a solu��o ser� considerada b�sica.

Gl�cidos

Os gl�cidos formam um dos maiores grupos de subst�ncias naturais. S�o centro de processos metab�licos atrav�s dos quais os seres vivos acumulam energia luminosa (fotoss�ntese) ou da que � libertada durante a oxida��o dos alimentos (respira��o). S�o a mais importante fonte de energia para animais e plantas, podendo tamb�m ter fun��o de reserva e estrutural. At� a vitamina C � um gl�cido.

Os gl�cidos foram inicialmente classificados como hidratos de carbono devido ao facto de serem biomol�culas compostas por carbono, hidrog�nio e oxig�nio e por se considerar que tinham origem na hidrata��o do carbono: Cn(H2O)m. No entanto, os glic�deos n�o se formam por hidrata��o do carbono e a f�rmula gen�rica anterior n�o inclui todas possibilidades para esta biomol�cula: a desoxirribose C5H10O4 � um gl�cido n�o pode ser a ela reduzida e o �cido ac�tico C2(H2O)2 pode ainda que n�o o seja.

Assim, a defini��o correcta de gl�cido refere que s�o alde�dos ou cetonas polihidroxilados. As propriedades comuns das mol�culas devem-se precisamente � exist�ncia de um ou v�rios radicais -OH e de, pelo menos, um grupo alde�do ou cetona.

Os gl�cidos s�o classificados em fun��o da complexidade das suas mol�culas, distinguindo-se 3 grandes grupos:

Monossac�ridos

S�o os gl�cidos mais simples, com uma mol�cula formada por um �nico mon�mero. S�o as unidades b�sicas da constru��o dos gl�cidos mais complexos.

O n�mero de �tomos de carbono da mol�cula serve de base � classifica��o dos monossac�ridos:

  • diose - dois carbonos, apenas existe um exemplo o alde�do glic�lico;

  • triose - tr�s carbonos, como por exemplo gliceralde�do, hidroxicetona;

  • tetrose - quatro carbonos, como por exemplo eritrose, ribulose;

  • pentose - cinco carbonos, como por exemplo ribose, desoxirribose;

  • hexose - seis carbonos, s�o as formas energ�ticas dos gl�cidos, como por exemplo glicose, frutose, galactose;

  • heptose - sete carbonos, como por exemplo heptulose.

Note-se que o monossac�rido mais simples ter� que conter um radical -OH e uma fun��o alde�do logo tem que ter dois carbonos (H-COOH � um �cido carbox�lico pois os radicais carbonilo e hidroxilo est�o no mesmo carbono).

Conforme a fun��o presente no monossac�rido, t�m-se aldoses (grupo alde�do) e as cetoses (grupo cetona). A fun��o alde�do e a cetona, ainda que em menor grau, pode ser oxidada, originando um �cido carbox�lico: R-C=O (H) + O -> R-C=O (OH)

Esta oxida��o � muito f�cil o que torna os monossac�ridos alde�dicos redutores. A oxida��o pode dar-se em presen�a de reagentes particulares como o Licor de Fehling, que, por ter uma reac��o colorida, � um indicador da presen�a de a��cares redutores:

               R-C=O (H) + 2 CuO  ->  R-C=O (OH) + Cu2O

Note-se que todas as mol�culas de hexose t�m o mesmo n�mero de �tomos constituintes C6H12O6, no entanto as suas propriedades s�o diferentes devido ao diferente arranjo espacial das mol�culas (isomeria).

Oligossac�ridos Estes gl�cidos resultam da liga��o de um n�mero reduzido de mon�meros (2 a 10) e s�o vulgarmente conhecidos por a��cares por serem doces e sol�veis em �gua.

De acordo com o n�mero de monossacar�deos que cont�m, designam-se por dissac�ridos (2 como por exemplo, lactose, maltose ou sacarose, os mais importantes e todos is�meros de f�rmula qu�mica C12H22O11. Note-se a 'falta' de dois �tomos H e de um O devido � condensa��o que resulta da forma��o da liga��o glicos�dica), trissac�ridos (3 como por exemplo, rafinose), tetrassac�ridos (4 como por exemplo a estaquinose), etc. Os oligossac�ridos s�o as formas de transporte dos gl�cidos.

Forma��o de lactose, um dissac�rido, atrav�s da uni�o da galactose e da glose por uma liga��o glicos�dica

Os monossac�ridos que formam um oligossac�rido unem-se entre si atrav�s de liga��es glicos�dicas, donde resulta a forma��o de uma mol�cula de �gua.

Os dissac�ridos mais importantes, como j� foi referido, s�o:

  • Sacarose - extra�da da cana-de-a��car ou da beterraba, resulta da uni�o atrav�s de uma liga��o glicos�dica de glicose e frutose. A sacarose n�o � redutora pois n�o apresenta nenhum �tomo C ligado a um -OH livre, n�o sendo detectada pelo Teste de Fehling;
  • Maltose - formada pela uni�o de duas glicoses atrav�s da liga��o glicos�dica, pode ser detectada pelo Teste de Fehling pois � redutora;
  • Lactose - formada pela uni�o de uma glicose e uma galactose, tamb�m � redutora. Comp�e cerca de 5% do leite dos mam�feros, sendo um dos a��cares menos doce e menos sol�vel. Tem grande import�ncia para o desenvolvimento dos juvenis devido ao poder anti-raqu�tico e � necessidade de galactose para a adequada forma��o das cartilagens e do tecido nervoso.

Polissac�ridos Os gl�cidos resultantes da uni�o, atrav�s de liga��es glicos�dicas, de n�mero elevado de monossac�ridos (pelo menos v�rias centenas) designam-se polissac�ridos e t�m solubilidade reduzida na �gua, n�o sendo doces.

Os polissac�ridos podem ser agrupados em dois conjuntos, ainda que ambos possam ter uma estrutura simples ou ramificada:

  • Homopolissac�ridos -  formados por apenas um tipo de monossac�rido, como o amido ou a celulose, que s�o pol�meros de glicose;
  • Heteropolissac�ridos - formados por mais que um tipo de monossac�rido, como as hemiceluloses ou as gomas.

Dada a grande complexidade de alguns dos polissacar�deos, a sua classifica��o faz-se com base na sua fun��o celular: polissac�ridos de 

reserva, onde se incluem o amido ou o glicog�nio, e polissac�ridos estruturais, como a celulose ou a quitina. Vejamos alguns exemplos:

Gr�nulo de amido visto ao MEV, revelando as camadas de deposi��o conc�ntricas em volta do hilo

  • Amido - � a forma de reserva de gl�cidos presente nas plantas, encontrando-se geralmente sob a forma de gr�nulos (sintetizados no interior de amiloplastos) cuja morfologia varia com a esp�cie. A deposi��o do amido nos gr�nulos � feita em camadas conc�ntricas, a partir de um ponto central chamado hilo. Trata-se de um p� branco insol�vel em �gua fria mas que a quente forma uma solu��o conhecida por cozimento de amido. Geralmente � composto por dois pol�meros:
    • Amilose - pol�mero n�o ramificado e linear, formado por liga��es semelhantes �s presentes na maltose, o que leva a que tenda a enrolar-se em h�lice. Pensa-se que a caracter�stica reac��o do amido com a �gua iodada � devida ao facto de o iodo ficar retido no interior da h�lice por atrac��es entre cargas. Com o aquecimento a cor azul desaparece pois a h�lice desenrola-se mas volta a surgir ap�s o arrefecimento;
    • Amilopectina - pol�mero ramificado, cada ramifica��o formada por cerca de 20 mol�culas de glicose. As extremidades livres das cadeias est�o enroladas em h�lice como na amilose, logo a amilopectina tamb�m cora de azul em presen�a de iodo mas de forma menos intensa.

    A raz�o amilose/amilopectina varia geralmente entre 1:6 e 1:3, embora haja situa��es de uma total aus�ncia de amilopectina. A hidr�lise laboratorial do amido, em �gua acidulada, permite seguir a sua degrada��o em dextrinas, maltose e, eventualmente, glicose.

    Compara��o entre a estrutura de alguns pol�meros de glicose

  • Glicog�nio - � caracteristicamente o polissac�rido de reserva nos animais, ainda que tamb�m surja em fungos. � armazenado nas c�lulas musculares e do f�gado e tem uma estrutura muito semelhante � da amilopectina, ainda que com cadeias mais curtas e mais fortemente ramificadas. � mais sol�vel em �gua quente que o amido e cora de vermelho com �gua iodada.
  • Celulose - logo a seguir � �gua � o composto mais abundante nas plantas. Trata-se de uma mol�cula com fun��o estrutural, n�o ramificada de grandes dimens�es, r�gida e distendida o que leva a uma estrutura em forma de fibrilha. As fibrilhas s�o formadas por conjuntos paralelos de mais de 2000 pol�meros e unem-se, por sua vez, em fibras. Estas formam a parede celular das c�lulas vegetais.
  • Quitina - � um polissac�rido estrutural presente em Artr�podes, onde forma o exosqueleto, e em fungos, onde faz parte da parede celular. In vivo est� sempre associada a prote�nas, o que a torna especialmente resistente.

L�pidos A designa��o l�pido utiliza-se para designar um conjunto bastante heterog�neo de compostos, extremamente diferentes entre si em termos de estrutura qu�mica e fun��o biol�gica, que pouco mais t�m comum que uma reduzida solubilidade em �gua e uma solubilidade em solventes org�nicos (�ter, clorof�rmio, benzeno, acetona, �lcool, etc.). O termo l�pido tamb�m implica, muitas vezes, o facto de poder ser utilizado pelos animais como fonte de energia.

A reduzida solubilidade dos l�pidos em �gua resulta de as suas mol�culas serem essencialmente hidrocarbonadas, ou seja, altamente hidrof�bicas. Tal como os gl�cidos, tamb�m os l�pidos s�o formados apenas por carbono, oxig�nio e hidrog�nio.

Existem v�rias categorias de l�pidos, de acordo com a fun��o que desempenham:

Reac��o de esterifica��o com forma��o de um triglic�rido, que � armazenado nos animais no tecido adiposo

  • Glicer�deos - tamb�m conhecidos por glic�ridos, estes l�pidos s�o �steres do �lcool glicerol e de �cidos gordos. Esta reac��o de s�ntese de glic�ridos designa-se esterifica��o, devido � forma��o de liga��es �ster entre os radicais -OH e -COOH. Os �cidos gordos que comp�em um glic�rido podem ser todos iguais mas geralmente s�o diferentes e � precisamente a sua natureza que determina as propriedades do l�pido, sendo o factor mais importante o grau de satura��o das mol�culas. 

    Os �cidos gordos s�o lineares, apesar da disposi��o em zig-zag da parte hidrocarbonada, mas quando surgem liga��es duplas a mol�cula fica imediatamente encaracolada. Assim, cadeias de �cidos gordos saturados ficam mais ordenadas e r�gidas, originando gorduras, glic�ridos s�lidos � temperatura ambiente. Os �cidos gordos insaturados t�m uma estrutura mais espa�ada, originando �leos, glic�ridos l�quidos � temperatura ambiente. 

    Os glic�ridos s�o l�pidos de reserva em plantas e animais, nestes �ltimos acumulando-se em c�lulas especiais (adip�citos) ou em dep�sitos subcut�neos que funcionam como protec��o contra o frio e os golpes mec�nicos.

  • Ceras - tamb�m se trata de �steres de �lcool e �cidos gordos mas neste caso com �lcoois de cadeia longa, como por exemplo, o �lcool cet�lico. As ceras s�o compostos reactivos e imperme�veis, pelo que n�o funcionam como reserva mas antes como protec��es, especialmente em plantas, contra a desidrata��o das estruturas. A cera das abelhas tamb�m pertence a esta categoria de l�pidos.

Alguns ester�ides de import�ncia biol�gica, nomeadamente o colesterol e a forma como torna as membranas mais flex�veis, e algumas hormonas sexuais ester�ides

  • Ester�ides - completamente diferentes, do ponto de vista de estrutura qu�mica, dos anteriores, este l�pidos t�m uma estrutura c�clica complexa e fun��es reguladoras. Fazem parte das membranas (colesterol), circulam no sangue dos animais (hormonas ester�ides, como a testosterona ou a progesterona), s�o vitaminas ou pigmentos fotossint�ticos (caroten�ides) entre muitas outras situa��es.
  • Fosfol�pidos - como o seu nome indica, trata-se de l�pidos que apresentam f�sforo na sua composi��o. Ao contr�rio dos l�pidos anteriores, estes desempenham exclusivamente um papel estrutural, sendo o componente base das membranas celulares. 

    S�o �steres de glicerol, mas neste caso apenas duas das liga��es do �lcool est�o esterificadas com �cidos gordos, a terceira liga��o est� sempre esterificada com �cido fosf�rico. 

    Estrutura qu�mica e representa��o de um fosfol�pido

    Este, por sua vez, est� ligado a uma amina ou a um outro �lcool. Os fosfol�pidos t�m uma estrutura fortemente assim�trica: um extremo hidrocarbonado formado pelos �cidos gordos apolar e hidrof�bico, e um extremo com o grupo fosfato polar e hidrof�lico. Esta assimetria designa-se anfipatia e � uma propriedade que permite aos fosfol�pidos formar espontaneamente micelas (esfera formada por fosfol�pidos organizados lado a lado com as caudas para dentro e as cabe�as para fora, em contacto com a �gua). 

    Assim, os fosfol�pidos dissolvem-se em �gua mas n�o formam solu��es homog�neas pois as micelas t�m cargas negativas � superf�cie e repelem-se mutuamente. Por este motivo os fosfol�pidos s�o detergentes naturais, a cauda apolar liga-se �s gorduras e seguidamente forma-se uma micela com a gordura ao centro. Agita��o mec�nica arrasta a gordura e o detergente. 

    Certamente, no entanto, a sua mais importante fun��o a n�vel biol�gico � a capacidade de formar mono e bicamadas membranares, a base da constru��o das membranas biol�gicas.

Pr�tidos Os pr�tidos s�o os constituintes essenciais de numerosos tecidos vivos e estruturas por eles produzidas, sejam vegetais ou animais, como a pele, os m�sculos, cabelos, seda, l�, etc., para al�m de terem um importante papel nos processos metab�licos. Ao contr�rios dos anteriores tipos de biomol�culas, cuja principal fun��o era energ�tica, os pr�tidos s�o essencialmente estruturais e enzim�ticos.

Nos pr�tidos a ordem pela qual os mon�meros (que s�o bem mais numerosos que nos gl�cidos ou �cidos nucleicos) se encontram � fundamental, o que as torna capazes de desempenhar fun��es espec�ficas.

Os mon�meros dos pr�tidos, os amino�cidos, cont�m carbono, oxig�nio, hidrog�nio e azoto, este �ltimo geralmente presente sob a forma de g�s na atmosfera. Apenas alguns microrganismos s�o capazes de captar o azoto gasoso e incorpor�-lo em compostos org�nicos (nitritos e nitratos) que as plantas retiram do solo. De seguida, os vegetais incorporam o azoto nos seus amino�cidos. Os animais s�o capazes de sintetizar alguns amino�cidos aproveitando o azoto retirado de prote�nas que ingerem, mas existem alguns que n�o conseguem produzir e que se dizem amino�cidos essenciais: lisina, triptofano, treonina, meteonina, fenilalanina, leucina, valina e isoleucina, no caso humano. Um amino�cido tamb�m cont�m enxofre, a ciste�na. 

Tal como no caso dos gl�cidos, existem tr�s categorias de pr�tidos, de acordo com a sua complexidade estrutural:

Estrutura base de um amino�cido (o radical -R � que varia para originar os cerca de 20 amino�cidos conhecidos) e a forma��o da liga��o pept�dica com liberta��o de �gua

  • Amino�cidos - estes mon�meros s�o derivados de �cidos carbox�licos em que um dos hidrog�nios foi substitu�do por um grupo amina. O radical -R varia entre os cerca de 20 amino�cidos que s�o conhecidos e que podem ser agrupados nas seguintes categorias:
    • arom�ticos - apresentam na sua constitui��o um anel arom�tico com 6 carbonos (benzeno);
    • heteroc�clicos - apresentam na sua estrutura outro tipo de an�is arom�ticos, diferentes do benzeno;
    • alif�ticos - o radical � composto por cadeias hidrocarbonadas.

    Os amino�cidos nunca se apresentam com estrutura neutra em solu��o, est�o sempre ionizados da forma que se observa na figura ao lado, com um excesso de cargas positivas na extremidade amina e um excesso de cargas negativas na extremidade carboxilo. Pensando numa defini��o de �cido (dador de H+) e de base (receptor de H+), � f�cil perceber que o pH de uma solu��o afecta o grau de ioniza��o dos amino�cidos e a estrutura que eles originam.

  • P�ptidos - uma importante propriedade dos amino�cidos � a capacidade de polimerizarem atrav�s da liga��o pept�dica que une um grupo amina a um grupo carboxilo, libertando �gua. Assim, como se pode observar na figura acima, os pol�meros resultantes (p�ptidos) apresentam sempre duas extremidades distintas, uma amino e uma carboxilo. Os p�ptidos n�o t�m uma forma plana mas antes em zig-zag, ainda que o efeito total seja linear. Os p�ptidos t�m, de modo geral, algumas dezenas de amino�cidos unidos por liga��es pept�dicas.
  • Polipeptidos ou prote�nas - de modo geral considera-se uma prote�na quando existem mais de 50 amino�cidos. Estas mol�culas s�o geralmente de grandes dimens�es, sendo as maiores conhecidas as hemocianinas com peso molecular de 9x106 e as do v�rus da gripe com 320x106 . As prote�nas podem ser agrupadas em dois grandes conjuntos:
    • prote�nas simples - formadas apenas por cadeias polipept�dicas, uma ou v�rias;
    • prote�nas conjugadas - formadas por uma ou mais cadeias polipept�dicas associadas a outras subst�ncias conhecidas por grupos prost�ticos, podendo assim originar-se fosfoprote�nas, lipoprote�nas, glicoprote�nas, metaloprote�nas, etc.

    N�veis de organiza��o de uma prote�na

    As prote�nas s�o muito diversificadas pois os 20 amino�cidos podem estar presentes em percentagens muito vari�veis e em sequ�ncias muito distintas.

    As liga��es pept�dicas entre amino�cidos n�o s�o as �nicas presentes nas prote�nas, existem liga��es secund�rias entre radicais ionizados de alguns amino�cidos, que determinam formas espec�ficas para cada prote�na. Assim, distinguem-se v�rios n�veis de organiza��o nas prote�nas:

    • estrutura prim�ria - corresponde � sequ�ncia de amino�cidos na cadeia polipept�dica;

    • estrutura secund�ria - as prote�nas n�o formam cadeias lineares de amino�cidos mas antes enrolam-se e dobram-se sobre si pr�prias. Do esqueleto formado pelos sucessivos grupos amino e carboxilo ligados por liga��es pept�dicas surgem liga��es secund�rias por pontes hidrog�nio que originam duas estruturas distintas: a h�lice alfa (caracter�stica de prote�nas ditas globulares como a hemoglobina) e a folha pregueada beta (caracter�sticas de prote�nas ditas fibrosas, como a queratina ou a miosina);

    • estrutura terci�ria - nas prote�nas globulares, ao contr�rio das fibrosas de estrutura alongada, as cadeias enrolam-se ainda mais sobre si pr�prias, originando uma estrutura esf�rica ou elipsoidal. Estas dobras s�o mantidas em posi��o por liga��es entre os diversos radicais -R dos amino�cidos. Dado que estas for�as s�o fracas, podem ser facilmente quebradas originando a desnatura��o da prote�na e a perda de actividade biol�gica;

    • estrutura quatern�ria - neste caso, a prote�na � formada por mais do que uma cadeia polipept�dica ou subunidade, cada uma incapaz de realizar a fun��o do todo.

    As prote�nas t�m v�rias fun��es biol�gicas e uma das mais importantes � a cat�lise. Nem todas as prote�nas s�o capazes de catalisar reac��es mas todos os catalisadores biol�gicos (enzimas) s�o prote�nas. Muitas prote�nas regulam as fun��es celulares, atrav�s do controlo da actividade enzim�tica ou por serem hormonas. Prote�nas espec�ficas chamadas anticorpos ou imunoglobulinas, t�m uma fun��o de defesa, impedindo que invasores destruam o tecido vivo. 

    Outras prote�nas transportadoras permitem que subst�ncias pouco sol�veis (metais, l�pidos, oxig�nio, di�xido de carbono, etc.) que t�m que circular atrav�s do sangue possam atingir as c�lulas. Prote�nas de suporte mant�m a estrutura das c�lulas e tecidos, como o colag�nio nos tend�es e ossos, a reticulina e a elastina nos vasos sangu�neos, actina e miosina nas c�lulas musculares, etc. As alfa e beta-queratinas s�o prote�nas de revestimento, formando os p�los, l�, cabelos, penas, bicos, escamas, cascos, arma��es, etc. A fun��o de reserva surge em sementes (cereais ou leguminosas, por exemplo) ou em ovos de animais (albumina na clara e vitelina na gema) ou no leite (case�na e lactalbumina). Tamb�m existem prote�nas nos l�quidos lubrificantes das articula��es animais e nas toxinas produzidas por animais e bact�rias.

Enzimas: prote�nas com fun��o catal�tica � sabido que a maioria dos compostos org�nicos s�o altamente est�veis em solu��es aquosas, a temperaturas e pH semelhantes aos da c�lula. Por esse motivo, mesmo quando as reac��es s�o exerg�nicas, as reac��es com biomol�culas geralmente n�o ocorrem espontaneamente.

Ac��o das enzimas na redu��o da energia de activa��o de uma reac��o

Para que elas ocorram � necess�rio formar um complexo activado, obtido fornecendo energia de activa��o, ou seja, fazendo colidir com um m�nimo de energia as mol�culas envolvidas. A 20�C poucas s�o as mol�culas que colidem com energia suficiente mas se a temperatura for de 100�C muitas mais realizaram a reac��o de forma mais r�pida. � este o princ�pio por tr�s da utiliza��o de aquecimento e �cidos ou bases fortes por parte dos qu�micos para realizar as suas reac��es.

No entanto, na c�lula esta situa��o n�o � vi�vel e ainda assim as reac��es r�pidas a temperaturas baixas (entre os 10 e os 40�C), com pH neutro ou perto disso, � press�o atmosf�rica, etc. O motivo porque tal � poss�vel reside no facto de existirem na c�lula catalisadores biol�gicos chamados enzimas, espec�ficas para cada reac��o e capazes de controlar a sua velocidade.

Apesar de as enzimas terem uma tremenda capacidade catal�tica n�o s�o m�gicas, elas apenas aumentam a velocidade da reac��o, n�o alteram o seu ponto de equil�brio e sem desencadear reac��es que n�o fossem j� poss�veis. 

Enzimas: estrutura

As enzimas s�o prote�nas globulares, apresentando uma estrutura terci�ria e quatern�ria. Por esse motivo, podem ser desnaturadas, revers�vel ou irreversivelmente.

� sabido que nem todos os amino�cidos constituintes de uma prote�na est�o directamente envolvidos na sua actividade biol�gica. No caso das enzimas chama-se centro activo ao conjunto de amino�cidos envolvidos na cat�lise. Por este motivo, existem as chamadas isozimas, ou seja, enzimas com estrutura tridimensional diferente mas com o mesmo centro activo.

Muitas enzimas necessitam de componentes n�o proteicos para actuarem, componentes esses que se designam coenzimas e grupos prost�ticos. As coenzimas s�o substratos absolutamente necess�rios � reac��o catalisada, logo, como todos os substratos alteram-se durante a reac��o. Para reverter a coenzima ao seu estado inicial � necess�ria outra reac��o, como no caso das transforma��es verificadas em mol�culas transportadoras de electr�es: NAD+ > NADH. J� os grupos prost�ticos permanecem inalterados durante a reac��o, fazendo antes parte do centro activo. Geralmente os grupos prost�ticos s�o formados por metais.

Enzimas: modo de actua��o

O primeiro passo da actua��o enzim�tica � a combina��o revers�vel de enzima com o substrato sobre o qual actua, originando o complexo enzima-substrato. Ap�s as transforma��es qu�micas terem sido realizadas (s�nteses ou degrada��es), os produtos separam-se da enzima, deixando-a inalterada. Esta reac��o pode ser representada pela equa��o:

E + S =>ES =>E + P

Dado que o substrato se liga � enzima atrav�s do centro activo, que, em �ltimo caso, � modelado pela estrutura prim�ria da prote�na, pode compreender-se a especificidade revelada pelas enzimas:

  • especificidade absoluta - enzima apenas actua sobre uma mol�cula de substrato;

  • especificidade relativa ou de grupo - enzima actua sobre todas as mol�culas que apresentem o mesmo grupo funcional.

A especificidade est� pode ser relacionada com os modelos de ac��o enzim�tica, ainda que n�o se esgote neles:

  • modelo de Koshland ou do encaixe induzido - neste modelo de ac��o enzim�tica a enzima � vista como uma estrutura male�vel, a n�vel do centro activo, alterando-se quando em presen�a do substrato, de modo a que este se ajuste ao centro de reac��o. Este modelo tem associada a possibilidade de regula��o alost�rica, ou seja, as enzimas nesta situa��o t�m n�o um mas dois centros activos. O segundo centro de reac��o, o chamado centro alost�rico, tem uma localiza��o diferente da do centro de reac��o principal e a ele vai ligar-se uma mol�cula reguladora. Essa liga��o provoca uma altera��o de forma do centro activo, permitindo ou impedindo a liga��o do substrato;

  • modelo de Fischer ou da chave-fechadura - este modelo de ac��o enzim�tica considera que a enzima � uma estrutura r�gida e inalter�vel, � qual o substrato se ajusta por complementaridade.

Enzimas: factores que afectam a velocidade de reac��o

Existem v�rios factores que afectam a velocidade de reac��o de uma enzima:

  • concentra��o da enzima - mantendo constante a concentra��o de substrato, quanto maior a concentra��o de enzima maior ser� a velocidade de reac��o;

  • concentra��o do substrato - para concentra��es baixas de substrato, e mantendo constante a concentra��o enzim�tica, h� uma proporcionalidade directa entre a concentra��o de substrato e a velocidade de reac��o. No entanto, para concentra��es elevadas de substrato a velocidade estabiliza pois h� satura��o dos centros activos;

  • pH - as enzimas apenas s�o activas num intervalo restrito de pH, havendo um valor de actividade m�xima designado pH �ptimo. O valor de pH �ptimo geralmente � pr�ximo do neutro mas depende da enzima. O efeito do pH deve-se � altera��o do estado de ioniza��o dos componentes da enzima, nomeadamente a altera��o de cargas pode levar � perda de estruturas superiores (desnatura��o), a altera��o da orienta��o de cargas no centro activo pode impedir a liga��o ao substrato (que � feita essencialmente por atrac��o de cargas) ou a ioniza��o do substrato pode impedir o seu encaixe no centro activo;

  • temperatura - este par�metro exerce dois efeitos perfeitamente antag�nicos nas reac��es enzim�ticas: aumenta a velocidade de reac��o pois fornece energia de activa��o �s mol�culas, favorecendo a forma��o do complexo enzima-substrato, que, como j� se viu, � a fase cr�tica da reac��o. No entanto, a partir dos 50�C (para a maioria das enzimas) as mol�culas enzim�ticas come�am a ser desnaturadas. A conjuga��o destes dois efeitos define a temperatura �ptima para a enzima, o ponto de equil�brio entre os dois fen�menos;

  • inibidores - trata-se de subst�ncias que interferem com a actividade enzim�tica, bloqueando o processo catal�tico. Existem dois tipos de inibidores:

    • inibidores irrevers�veis - ligam-se � enzima bloqueando-a permanentemente de forma irrevers�vel. S�o disso exemplo os gases dos nervos usados na segunda guerra mundial, que inibem uma enzima do sistema nervoso central;

    • inibidores revers�veis - t�m actua��o tempor�ria, a enzima recupera a sua ac��o quando o inibidor � removido, como por exemplo o �cido cian�drico ou cianeto HCN, que inibe a respira��o celular. Tamb�m os inibidores revers�veis podem ser de dois tipos:

      • inibidores competitivos - a mol�cula de inibidor e do substrato competem entre si pela liga��o ao centro activo da enzima. Estes inibidores s�o subst�ncias semelhantes ao verdadeiro substrato da enzima;

      • inibidores n�o competitivos ou alost�ricos - neste caso, a enzima liga-se simultaneamente ao substrato e ao inibidor logo este �ltimo tem que se ligar num local diferente do centro activo, o centro alost�rico. No entanto, esta liga��o altera a configura��o tridimensional da enzima, impedindo a liga��o do substrato ao centro activo e reduzindo a velocidade de reac��o. Salienta-se que neste caso, a subst�ncia alost�rica pode ser tanto um inibidor como um activador.

Classifica��o das enzimas

O nome das enzimas obt�m-se acrescentando -ase ao nome do substrato sobre que actua. Seguidamente, ser�o agrupadas de acordo com o tipo de reac��o que catalisam, tendo-se:

  • hidrolases - desdobram subst�ncias por reac��o com a �gua: A + H2O => B + C . S�o exemplo as osidases, l�pases, prot�ases, etc.;

  • oxirredutases - catalisam reac��es redox: Ared + Box => Aox + Bred . S�o exemplo as enzimas:

    • desidrogenases - removem hidrog�nio do substrato;

    • oxidases - removem hidrog�nio e entregam-no ao oxig�nio, originando �gua;

    • hidrogenases - incorporam hidrog�nio no substrato, ou seja, reduzem-no;

    • oxigenases - incorporam oxig�nio no substrato, ou seja, oxidam-no;

  • descarboxilases - retiram CO2 de �cidos carbox�licos;

  • isomerases - catalisam a forma��o de is�meros, ou seja, altera��es � forma da mol�cula sem entrada ou sa�da de �tomos;

  • ligases - unem dois substratos;

  • liases - degradam subst�ncias, sem que haja hidr�lise.

�cidos nucleicos

Estrutura comparativa do DNA e RNA

A designa��o de �cidos nucleicos surgiu devido ao facto de as primeiras mol�culas deste tipo terem sido detectadas no n�cleo das c�lulas. Actualmente sabe-se que estas mol�culas n�o existem apenas no n�cleo mas tamb�m noutras zonas da c�lula, ainda que a designa��o tenha sido mantida.

Os �cidos nucleicos existem em todos os seres vivos, sendo os respons�veis e os coordenadores da informa��o gen�tica e heredit�ria dos organismos. Os �cidos nucleicos englobam dois tipos de mol�cula, diferen�a que deriva dos diferentes mon�meros usados na sua forma��o (desoxirribonucle�tidos ou ribonucle�tidos):

  • �cido desoxirribonucleico (DNA) - encontra-se no n�cleo das c�lulas, onde forma os cromossomas, e nos cloroplastos e mitoc�ndrias;
  • �cido ribonucleico (RNA) - encontra-se essencialmente no citoplasma e dele existem tr�s tipos: riboss�mico, de transfer�ncia e mensageiro.

Os �cidos nucleicos s�o as maiores mol�culas presentes nas c�lulas mas s�o formadas por um n�mero espantosamente reduzido de mon�meros, ditos genericamente nucle�tidos.

Nucle�tido A principal diferen�a entre os mon�meros das restantes biomol�culas e os nucle�tidos � o facto destes �ltimos ainda poderem ser hidrolisados em tr�s constituintes complexos:
  • grupo fosfato - �cido fosf�rico geralmente ionizado;
  • pentose - gl�cido monossac�rido com cinco carbonos;
  • base azotada.

Ainda assim, este facto n�o invalida a sua classifica��o como mon�meros pois estes tr�s compostos j� n�o podem ser considerados �cidos nucleicos, ainda que sejam mais do que �tomos.

As principais bases azotadas constituintes dos �cidos nucleicos s�o a adenina, citosina, guanina, timina e uracilo. Estas bases s�o agrupadas em purinas (adenina e guanina) e pirim�dicas (citosina, timina e uracilo), conforme derivem da purina ou da pirimidina. Alguns animais tamb�m usam a guanina como pigmento reflector, como nas escamas dos peixes ou nas carapa�as dos insectos.

Al�m destas cinco bases azotadas existem bases mais raras, delas derivadas e que geralmente t�m efeitos no SNC como venenos poderosos quando em quantidade elevada. Est�o presentes no ch�, no caf� ou no cacau mas n�o fazem parte dos �cidos nucleicos.

A pentose tamb�m pode ser de dois tipos: desoxirribose ou ribose, que diferem apenas na presen�a de um grupo -OH extra no segundo caso. Ambos os monossac�ridos s�o aldoses.

Quando se une um gl�cido a uma base azotada obt�m-se um nucle�sido. O nucle�tido funcional resulta da uni�o do �cido fosf�rico, atrav�s de uma liga��o �ster (�cido com carboxilo). Todos os nucle�tidos podem estar ligados n�o apenas a uma mol�cula de �cido fosf�rico mas a duas ou mesmo tr�s. Assim, teremos:

Base (desoxi)ribonucle�sido (desoxi)ribonucle�tido-monofosfato abreviatura
adenina adenosina adenosina-monofosfato AMP ADP ATP
guanina guanosina guanosina-monofosfato GMP GDP GTP
uracilo uridina uridina-monofosfato UMP UDP UTP
citosina citidina citidina-monofosfato CMP CDP CTP
timina timidina timidina-monofosfato TMP TDP TTP

Os nucle�tidos-trifosfato desempenham importantes fun��es celulares:

  • o ATP � o principal transportador de energia na c�lula pois a separa��o dos diversos grupos fosfato liberta grande quantidade de energia;
  • o ATP � uma coenzima essencial a muitas reac��es celulares;
  • nucle�tidos-trifosfato s�o a forma usada na s�ntese enzim�tica dos �cidos nucleicos.

Temas relacionados:

�cidos nucleicos   Hereditariedade   C�lulas   Fotoss�ntese   Respira��o

Que elementos químicos são essenciais para a formação de biomoléculas?

As biomoléculas precisam de seres vivos para desempenharem seu papel. Além do carbono, elas são compostas também por outros átomos, os principais são o oxigênio, nitrogênio, fósforo e enxofre.

Qual a constituição de biomoléculas?

As biomoléculas são formadas por átomos de carbonos. São dezenas a milhares de carbonos reunidos em um esqueleto carbônico ligado a a outros elementos químicos em menor quantidade. Os átomos de carbono se unem por ligações simples ou duplas e formam cadeias lineares, ramificadas ou cíclicas.

Quais são as biomoléculas mais abundantes encontradas na natureza?

2) Os carboidratos ou glicídios são as biomoléculas mais abundantes na natureza. São encontrados principalmente nos vegetais, sendo considerados o principal produto da fotossíntese.

Quais são as principais biomoléculas?

Confira abaixo os principais grupos funcionais de biomoléculas:.
Hidrocarbonetos. Apresentam ligações com Hidrogênio. ... .
Oxigênio. Ligação com Oxigênio. ... .
Nitrogênio. Apresentam ligações com Nitrogênio. ... .
Enxofre. Ligações com Enxofre. ... .
Fósforo. Tem ligações com o Fósforo. ... .
Carboidratos. ... .
Proteínas. ... .
Lipídeos..

Toplist

Última postagem

Tag