Mestre em Ecologia e Evolução (Unifesp, 2015)
Graduada em Ciências Biológicas (Unifesp, 2013)
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O termo biodiversidade refere-se à diversidade biológica existente num determinado local, podendo ser compreendida em diferentes níveis que vão desde a diversidade de genes presentes num indivíduo, passando pela diversidade de espécies, até a diversidade de ecossistemas.
Entretanto, não é novidade que a diversidade biológica encontra-se ameaçada, o que significa, em última instância, que muitas espécies correm o risco de desaparecer para sempre e muitos processos ecológicos podem ser perdidos. As maiores razões para isso estão relacionadas à ação humana, vejamos abaixo algumas das principais ameaças à biodiversidade.
Destruição de habitat
A destruição de habitat, um dos principais fatores que ameaçam a biodiversidade, pode ocorrer como consequência de diversas atividades de origem antrópica, como o desmatamento ― para a extração de madeira, substituição de florestas por monoculturas ou áreas de pastagem, urbanização etc. ―, a poluição e as mudanças climáticas.
Além de, obviamente, diminuir as áreas disponíveis à ocupação das espécies (reduzindo as populações), a destruição de habitat pode resultar na fragmentação, processo pelo qual um determinado habitat é dividido em fragmentos menores, isolados por ambientes diferentes do original (dividindo as populações), o que leva a diversas consequências.
A fragmentação compromete o potencial de dispersão das espécies, o que pode afetar a capacidade de uma espécie explorar os recursos do ambiente ou se reproduzir, além de levar à perda de diversidade genética, entre outros impactos. Todos esses fatores podem afetar a sobrevivência das espécies e consequentemente contribuir para a sua extinção.
Introdução de espécies exóticas
A introdução, através de atividades humanas, de espécies em locais fora de sua área de distribuição natural pode ocorrer tanto de forma acidental como intencional, visando por exemplo o controle de pragas, produção de novos produtos agrícolas ou gerar oportunidades recreativas.
A introdução de espécies pode levar a consequências drásticas. Em locais onde não ocorrem naturalmente, espécies exóticas podem se proliferar descontroladamente ― pois comumente não encontram predadores ou competidores ―, além de levar novas doenças, colocando em risco as espécies nativas e seus ecossistemas.
Sobre-exploração de recursos naturais
A exploração dos recursos naturais de maneira insustentável — sem levar em consideração as taxas naturais de mortalidade e capacidade reprodutiva das espécies — é outro fator que pode levar à perda de biodiversidade. Podemos citar como exemplo desta ameaça práticas como a caça e a pesca descontroladas, a extração ilegal de madeira, além do tráfico de animais e plantas.
Além do potencial econômico e para saúde, a biodiversidade é essencial para o equilíbrio dos ecossistemas, o que afeta também a humanidade. Sendo assim, é urgente que a população se conscientize sobre o seu valor e que se adotem medidas para a sua conservação e uso sustentável.
Leia também:
- Efeitos das mudanças climáticas na biodiversidade
Referências:
Townsend, C. et al. Fundamentos em Ecologia. 2ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2006.
Texto originalmente publicado em //www.infoescola.com/biologia/ameacas-a-biodiversidade/
VER INFOGRÁFICO: O que os humanos podem fazer para cuidar dos animais? [PDF] Link externo, abra em uma nova aba.
CAUSAS DA EXTINÇÃO DE ANIMAIS
Mais de 99 % dos organismos que viveram na Terra já não existem. Em linhas gerais, as espécies se extinguem pelas seguintes causas:
Fenômenos demográficos e genéticos
Por um lado, as espécies com populações pequenas correm maior risco de extinção. Por outro, a seleção natural faz seu trabalho mantendo as características genéticas benéficas e eliminando as deficientes. Existem animais com bom patrimônio genético, são fortes, com maior adaptabilidade a circunstâncias exógenas não previstas, e outros mais fracos.
Destruição de habitats silvestres
A mão do homem é uma causa direta da extinção de espécies: dos oito milhões existentes, um milhão está em perigo devido ao excesso de exploração dos recursos terrestres e marinhos. Além disso, uma quinta parte da superfície terrestre está degradada — as florestas hospedam mais de 80 % das espécies terrestres — e o lixo marinho e a acidificação causam estragos nos oceanos.
Introdução de espécies invasoras
A introdução de espécies exóticas invasoras de forma artificial, intencional ou acidental, em habitats que não são os seus pode alterar a biodiversidade dos ecossistemas. Os novos habitantes deslocam as espécies nativas que, na pior das hipóteses, morrem e se extinguem. Na Europa, segundo a ONU, uma de cada três espécies está ameaçada de extinção em decorrência disso.
Mudanças climáticas
O aumento da temperatura global e do nível do mar tem um impacto negativo na biodiversidade. De acordo com a ONG WWF, a metade das espécies de plantas e animais nas áreas naturais mais ricas do mundo poderia sofrer uma extinção local no final deste século devido às mudanças climáticas. Mesmo não ultrapassando os 2 °C estipulados no Acordo de Paris, 25 % de suas espécies poderiam desaparecer.
Caça e tráfico ilegal
O mercado negro, que movimenta entre 8 e 20 bilhões de euros por ano, coloca em cheque mais de 300 espécies que já estão à beira da extinção. Segundo o World Wildlife Crime Report, elaborado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), mais de 30.000 elefantes, 100 tigres e 1.000 rinocerontes são assassinados a cada ano.
DIEZ ANIMAIS RECENTEMENTE EXTINTOS NO MUNDO
De acordo com a Lista Vermelha da UICN, até novembro de 2020 três animais foram extintos no mundo: um peixe (Sympterichthys unipennis), um morcego (Pipistrellus sturdeei) e um inseto (Pseudoyersinia brevipennis). Animais quase desconhecidos que demonstram que esse fenômeno pode afetar qualquer ser vivo. A seguir, enumeramos algumas das extinções mais relevantes dos últimos anos:
Sapo dourado (Incilius periglenes)
Considerada a primeira vítima direta das mudanças climáticas, sua característica cor alaranjada fluorescente deixou de decorar a Costa Rica em 1989, embora não tenha sido considerado extinto até 2004. Os sapos abandonavam seus ovos porque os brejos das florestas secaram.
Foca-monge-caribenha (Neomonachus tropicalis)
Vítima da ânsia insaciável de comercializar sua pele e gordura, foi declarada extinta em 1994. Dócil e confiante, foi uma presa fácil para o ser humano que devastou todos os exemplares que povoavam o mar do Caribe e a costa centro-americana.
Burcado ou íbex-dos-pireneus (Capra pyrenaica pyrenaica, subespécie da Capra pyrenaica)
Esta subespécie de cabra-montês, extinguiu-se há uma década. Originária dos Pirineus, com pelagem longa e grandes chifres, foi vítima da caça indiscriminada e da falta de previsão para oferecer um plano de conservação.
Kamao (Myadestes myadestinus)
Ave solitária marrom, de bico curto e grosso e canto melódico que chegou a ser a mais comum da ilha de Kauai (Havaí). Sua extinção ocorreu em 2004 por causa da introdução de outras aves e das doenças transmitidas por mosquitos não nativos, além do desmatamento de suas áreas habituais.