Qual o possível contexto de produção de texto toda criança tem direito a não ser campeã?

Em 20/11/1959 foi proclamada a Declaração Universal dos Direitos da Criança e, apesar desta já não ser assim tão jovem, certo é que muitas são as pessoas que se esquecem dela ou, simplesmente, nem a conhecem. Se pensarmos no desporto, então, diríamos que faz muita falta ter esta declaração em loop.

De facto, numa época em que tudo acontece ao segundo, em que a informação é imediata, em que o tempo é mais escasso que o petróleo, as crianças são seres à mercê de valores instalados que não levam em conta - e, até, desvalorizam - o que realmente importa.

Na passada 4ª feira foi o dia da família e, se pensarmos no triste que é já termos de dedicar um dia específico para relembrar algo que faz parte do nosso quotidiano, pior é ver que pouco impacto tem de verdade...

Muitos foram os que enalteceram a celebração do dia, mas nas redes sociais, atrás dos PC's ou smartphones e muito provavelmente em pleno horário de expediente e no seu local de trabalho...

Quer isto dizer que, para a família que tanto enalteceram, foi um dia normal, em que cada um fez a sua rotina diária, afastados uns dos outros. Mas não quer isto dizer que não gostem uns dos outros e que não queiram o melhor uns para os outros. Quer apenas dizer que estamos trocados... muito trocados.

Pegando no exemplo concreto das crianças: não há dúvida nenhum que a maioria dos pais quer o melhor para os seus filhos. O problema surge quando "querer o melhor" se confunde com "querer que seja o melhor".

Hoje em dia, a pressão que se exerce sobre as crianças é, se pensarmos bem, esmagadora. A criança tem de ser a mais inteligente, a mais educada, a mais bem sucedida na escola, artes e desporto. E todos os dias lhes é dito que têm de se exceder em tudo o que fazem.

Se o romper com as nossas barreiras e excedermo-nos a nós próprios não é, em si, algo negativo, o constante pressionar para esta excelência irracional, a mais das vezes, só para exibição dos próprios pais, é algo que passa o limite de qualquer razoabilidade.

A vertente competitiva incessante, que é algo que não nasce com as crianças, mas antes lhes é incutida diariamente pelos adultos, acaba por ser o cerne de muitos dos problemas da sociedade moderna. E se é certo que nada se consegue nesta vida sem um pouco de ambição, determinação e força de vontade, o "vencer a todo o custo" não poderá vingar como um valor dos tempos modernos. E o desporto, ainda que com toda a nobreza de valores que encerra em si, acaba por ser o "campo" onde mais se deturpa a salutar competitividade.

Diz o art. 79º da Constituição da República Portuguesa que todos têm direito ao desporto e quantas vezes sabemos nós que a prática de desporto salva a vida a muitas crianças, tirando-as das ruas, dando-lhes objectivos e, a mais das vezes, o único porto seguro que conhecem na vida.

Então como é que se transforma algo tão positivo em algo tão nocivo? Quando se incute que a criança tem de ser a melhor entre os seus pares, quando brincar passa a ser uma futilidade face aos treinos que se transformam numa obrigação, quando fazer amizades entre colegas e mesmo adversários - e não rivais (e acreditem, há diferença!) - é encarado como desnecessário e mesmo um entrave à prossecução do objectivo vitória, quando não se elogia um jogo ganho, mas se critica cada passo em falso ou se castiga cada derrota, quando se pretende que uma criança veja o mundo e o desporto pelos olhos de um adulto. É aí que perde o desporto, perde o mundo e perde a humanidade...

E é por isso que é importante relembrar, no meio desta vida tão corrida, que todas as crianças têm direito a serem campeãs, mas também têm direito a não o serem. Têm direito a brincar, a divertir-se, a gozar a vida, como só uma criança o sabe fazer. Basicamente, toda a criança tem direito a ser criança.

E é aqui que entra o Princípio 7º da Declaração: "A criança deve ter plena oportunidade para brincar e para se dedicar a actividades recreativas, que devem ser orientadas para os mesmos objectivos da educação".

Quando vemos crianças que cada vez mais cedo praticam desporto de alta competição, quando vemos que horas de estudo e de brincadeira (tão necessárias ao pleno desenvolvimento das capacidades cognitivas daquele ser humano) são substituídas por dias inteiros de treinos intensivos, na busca do próximo Ronaldo ou Messi desta vida, é preciso perguntarmos a nós próprios se estamos realmente a proteger e cuidar do superior interesse da criança.

E é claro que as crianças devem ser incentivadas quando se denota que a prática desportiva a alto nível é algo inato e da qual disfrutam. O problema é quando o desporto é algo que a criança faz apenas para agradar a outrem e se sente desmotivada e até frustrada por não conseguir atingir as metas que alguém estipulou para ela.

É preciso fazer uma pausa para reflectir e reposicionar valores. O que o mundo precisa, em primeira mão, é de bons seres humanos e se os conseguirmos formar, certamente teremos bons desportistas (os que assim o entenderem ser) e, com isso, os verdadeiros valores desportivos só terão a ganhar.

Não podemos todos ser campeões e todos temos o direito a não o ser, mas devemos todos ser bons seres humanos e, tal como diz a Declaração Universal dos Direitos da Criança, a Humanidade deve dar à criança o melhor que tem para dar.

Qual o possível contexto de produção desse texto Toda criança tem direito a não ser campeã?

Essa afirmação pode ser ilustrada por meio da reflexão dos motivos que levam um. adulto a matricular uma criança na educação formal ou em uma “escolinha” de. esportes. Quando levamos uma criança para o seu primeiro dia de aula, dificilmente.

O que é possível inferir a partir do título do artigo texto Toda criança tem direito a não ser campeã?

Resposta: O título é "Toda criança tem o direito a não ser campeã." É possível concluir do título que nem sempre as crianças irão vencer e precisam aprender a lidar com isso sem cobranças desnecessárias. A perfeição não deve ser algo exigido delas.

Quais são os direitos que as crianças têm?

Garantir que todas as crianças e adolescentes tenham o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária é dever não somente dos pais, familiares e do Poder Público, mas de toda ...

O que é possível inferir a partir do título do artigo Toda criança tem o direito?

Resposta verificada por especialistas É possível inferir a partir do título do artigo de opinião "Toda criança tem direito a não ser campeã" que não devemos estabelecer que todas as crianças sejam as melhores em algum aspecto, pois nem todas as pessoas do mundo podem conseguir este feito.

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